quarta-feira, outubro 04, 2006

O PSOL em silêncio obsequioso?

(Flávio Aguiar, Agência Carta Maior)

A noite de ontem e a manhã desta quarta-feira foi rica de notícias, em contraste com os dois dias anteriores, em que as partes em disputa pareciam contar mortos, feridos, sobreviventes e vitoriosos.

Ganhou manchetes a incômoda notícia de que Garotinho e Rosinha Matheus deram apoio a Geraldo Alckmin e este aceitou agradecido. Também deu manchete a estranha declaração do ex-governador de S. Paulo de que Lula estaria à sua direita, e que ele (Alckmin) seria "mais à esquerda no apreço à democracia e no sentido econômico". Mesmo levando em conta que Lula não fez um governo de esquerda na política econômica, é difícil o ex-governador de S. Paulo reivindicar qualquer passo à esquerda nesse campo, herdeiro que é do campeão de privatizações FHC, sem falar nas específicas de S. Paulo, enquanto Lula estancou esse processo.

A Polícia Federal revelou que não encontrou indícios da participação de Freud Godoy na operação Tabajara em torno do dossiê Vedoin/Serra/Barjas Negri. Quando da menção feita pelo ex-PF Gedimar Passos - que também precisa ser explicada - de que o assessor do Planalto estaria envolvido, a foto dele foi parar nas meanchetes. A notícia da PF escorregou sorrateira para as páginas interiores. O destaque ia para a suposição de que a PF deve ou pode pedir a prisão de Hamilton Lacerda, ex-assessor da campanha de Mercadante em São Paulo.

Mas a nota mais curiosa do momento foi o pronunciamento da senadora Heloisa Helena na tribuna do Senado, proibindo os seus correligionários de partido de se pronunciarem publicamente sobre sua preferência entre Lula ou Alckmin, e ainda ameaçando os que o fizerem de exclusão (repetindo o que o PT fez com ela). E ainda permitiu: "Lá na urna tudo bem".

Ora, sabe-se que há um processo de debate muito intenso no PSOL em torno da possibilidade de dar ou não um apoio crítico a Lula, numa visão de repúdio à uma candidatura claramente direitista - pecha que Alckmin deseja evitar, assim como fez de tudo no passado para evitar a pecha de que pertenceria ou seria simpatizante da Opus Dei. No PSOL a declaração de Heloisa Helena provocou perplexidade, inclusive nos deputados reeleitos Chico de Alencar e Ivan Valente que, na Folha de S. Paulo, manifestaram desconforto com a idéia de se manterem numa "neutralidade insossa" ou na impossibilidade de mostrar "o que é mais nocivo para o país" (declaração de Valente).

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