terça-feira, setembro 23, 2008

Ipea apura ascensão social de 14 milhões de brasileiros

Rio de Janeiro, 23 de Setembro de 2008 - Quase 14 milhões de brasileiros ascenderam socialmente no País entre 2001 e 2007, de acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo a pesquisa "Pobreza e Mudança Social", 10,2 milhões de brasileiros passaram da classe de renda mais baixa (até R$ 545,66) para a faixa de renda média (de R$ 545,66 a R$ 1.350,82), e 3,6 milhões saltaram da renda média para a classe mais alta (acima de R$ 1.350,82).

A análise foi feita com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No período, o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 23,8% e a renda familiar per capita 15,6%.
"As pessoas caminharam socialmente superando a inflação e o crescimento médio do País entre 2001 e 2007", disse a jornalistas o economista do Ipea Ricardo Amorim. "Foi uma mobilidade social importante no País que não se via há muito tempo, desde os anos 80", disse ele, creditando a ascensão aos programas de transferência de renda (Bolsa Família), à política de aumento real do salário mínimo e ao crescimento da economia.

O Ipea traçou também um perfil do brasileiro que avançou socialmente. "Para os estratos mais baixos há influência mais forte do salário mínimo e transferências de renda e para a renda maior há um claro impacto do mercado de trabalho melhor", disse Amorim.

Metas do Milênio

O estudo mostra que o País está adiantado no cumprimento da primeira das Metas do Milênio, estabelecidas pela ONU, de reduzir à metade a extrema pobreza. Em 2001, uma parcela de 17,3% da população estava na extrema pobreza (viviam com renda per capita mensal inferior a R$ 87). Em 2007, esse percentual caiu para 10,2%.

A queda média ao ano foi de 7,2 pontos percentuais e a meta era de reduzir 2,2 pontos percentuais ao ano. "A extrema pobreza está caindo em uma velocidade três vezes maior do que o proposto pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O que fizemos não foi um milagre; foi um conjunto de políticas públicas que precisam continuar e melhorar", afirmou o economista do Ipea Ricardo Paes de Barros, que estima em um dígito o percentual em 2008.

O Ipea aponta ainda que a desigualdade social no Brasil diminuiu de forma acelerada entre 2001 e 2007. O índice de Gini, que mede o grau de distribuição de renda, caiu 1,2% ao ano no período ou 7% de 2001 a 2007. "Se olharmos nossa desigualdade, ela ainda é uma das maiores do mundo, mas estamos entre os países que mais reduzem desigualdade no mundo", disse Paes de Barros.

Entre 2001 e 2006, a renda per capita dos 10% mais pobres cresceu 7% ao ano, enquanto a dos 10% mais ricos aumentou 1% ao ano. "Os 10% mais ricos crescem como se estivessem no Senegal, e os 10% mais pobres como se estivessem na China", comparou Paes de Barros ao lembrar que o Brasil já esteve entre os 5% dos países com a maior desigualdade de renda e hoje está no grupo dos 10% mais desiguais no mundo.
Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5. Reuters

sexta-feira, setembro 19, 2008

De supercoitados e superinteligentes

Tem uma crise nos Estados Unidos, que vocês estão acompanhando pela imprensa. Uma crise muito forte, que tem levado a maior economia do mundo a sobressaltos extraordinários. Eu vejo, com uma certa tristeza, bancos muito importantes que passaram a vida dando palpites sobre o Brasil, que passaram a vida dizendo o que a gente deveria ou não fazer, que passaram a vida medindo o risco deste país, que passaram a vida fazendo propaganda para investidores sobre se o Brasil era ou não confiável - era como se eles fossem os superinteligentes, e nós os supercoitados - é com muita tristeza que esses palpiteiros estão quebrando, estão entrando em concordata. Na verdade, determinaram nos últimos anos, no mundo, não que o capital pudesse circular livremente pelo mundo, gerando empregos e riqueza. Mas determinaram que a especulação financeira, o cassino do sistema financeiro internacional pudesse determinar a lógica da economia.

(Lula, em discurso de inauguração da plataforma P53, no RS ontem)

quarta-feira, setembro 17, 2008

Recomendamos

Acompanhamento da mídia: jornais
Relatório da cobertura

Na última semana, o prefeito e candidato à reeleição Gilberto Kassab e a candidata a prefeita e vereadora Soninha, tiveram percentual de reportagem favorável maior do que o percentual de reportagem desfavorável.

Do total de reportagens que trataram a candidatura de Gilberto Kassab como foco principal, 53,8% foram favoráveis e 13,5% desfavoráveis. Do conjunto de reportagens que trataram da candidata do PPS como foco principal do texto, 30,8% foram favoráveis e 15,4% desfavoráveis.

Em relação às três principais candidaturas segundo as pesquisas de intenção de voto, a cobertura feita pelos jornais observados teve as seguintes características:

1 - Aumentou o viés desfavorável do conjunto da cobertura feita pelos jornais da candidatura da petista Marta Suplicy: o percentual de reportagens desfavoráveis aumentou de 40,8% para 44,7% e o percentual de favoráveis caiu de 32,6% para 10,6%.

Nas últimas quatro semanas, o percentual de reportagens favoráveis à candidatura da petista diminuiu de 45,7% para 10,6%, sem que tenha acontecido alguma mudança significativa nos índices de intenção de voto, no apoio do presidente Lula ou no programa eleitoral da candidata, que segundo as pesquisas divulgadas tem sido bem avaliado. A arrecadação e as condições estruturais da campanha também não sofreram alterações (leia na íntegra)

Os números não mentem...

Nassif, credibilidade e credulidade

Primeiro agradeço à Clarice pelo convite para escrever aqui, retomando a amizade e a afinidade intelectual que remonta ao tempo da faculdade.

Ontem a blogosfera progressista (vamos dizer assim) foi assombrada pela revelação feita por Luiz Nassif, acerca do que lhe contou uma fonte não identificada, mas, segundo ele, de dentro dos acontecimentos.

A fonte, contou ele, disse que o governo (Lula e Dilma, mais especificamente) tinha acertado um acordo com a Veja e a Abril para levar adiante a operação-abafa da Operação Satiagraha, com o afastamento de quem fosse preciso e a desqualificação das informações até aqui juntadas ao inquérito. Seria a forma de entronizá-los, Lula e Dilma, no alto salão da elite, onde a impunidade reina e o dinheiro para campanhas presidencias verte como cachoeira.

Quem acompanhou os comentários viu que o público se dividiu, uns incrédulos, outros decepcionados com o governo. Uma coisa me chamou a atenção. A postura absolutamente segura do blogueiro, que avalizou 100% sua fonte e meio que "bateu no peito" pra dizer que o off se justifica neste caso, já que ele tem credibilidade para tanto.

Fui dormir com essas noções e acordei com o título deste post. Uma coisa é ter credibilidade, e acho que o Nassif ainda merece um voto de confiança. Mas também fica claro que embarcou - comprando barato - com uma credulidade atípica, numa versão absolutamente fantasiosa e interessada das movimentações que ocorrem nos intestinos (opa!) da Satiagraha vis a vis o governo.

Sabe-se que Lula tem horror à Veja, e não é pra menos. E que um acordo desses com um "parceiro" tão confiável como são a Veja e a Editora Abril não é um risco razoável nem para um débil mental- ainda mais para quem não precisa delas nem para governar bem, nem para ser bem popular.

Sabe-se que tem muito interesse grande em volta do que a Satiagraha já descobriu e do que pode descobrir nos HDs e documentos apreendidos na casa de Daniel Dantas (Gilmar Dantas, digo Mendes, que o diga). Para quem desconfia do presidente, supõe-se que ele tema o que virá. Para quem como nós do Votolula (obrigado, KK!) confia no presidente, Lula nada teme. Sabe-se, enfim, que existe uma distância enorme entre São Paulo e Brasília.

O fim da novela de ontem se deu com dois desmentidos: um "palaciano" (fonte não identificada) dizendo que não tem como provar que a fonte secreta de Nassif está errada, e somente o tempo dirá que o governo não fez acordão pra abafar nada. O outro, do ministro Tarso Genro, que teria ligado para Nassif para dizer que a fonte dele não tem razão, nem informação suficiente.

Ou seja, com o seu "post bomba" de ontem, Nassif, o jornalista, escudado no direito e na legitimidade do off, fez a mesmíssima coisa que a Veja (que ele tanto combate) faz diuturnamente. Assaca a opinião de alguém não identificado que, protegido pelo anonimato garantido, coloca em dúvida a reputação do presidente, invertendo o ônus da prova sem se dar o trabalho de mostrar um dado sequer que confirme a veracidade do que foi dito.

Pelo que, perguntaria, tal como perguntou à Veja sobre os grampos que a Abin teria feito no STF: "cadê o áudio", Luiz Nassif???

PS - o que ocorreu serviu para deixar claro que a luta obsessiva de Paulo Henrique Amorim contra o banqueiro DD o deixou lesado. Pediu - pasmem - o impeachment do presidente. Sem noção.