sábado, março 31, 2007

Mico de Arthur Vírgílio mostra até onde a oposição pode chegar

O senador tucano Arthur Virgílio não comete propriamente um "mico" quando divulga da tribuna que a Amazônia estaria em vias de ser privatizada - tomando como verdade o roteiro de uma promoção do Guaraná Antárctica divulgado pela internet. Ele apenas dá seguimento à sua constumeira desonestidade no trato das coisas que interessam ao país, em que a manipulação de fatos e a distorção da verdade são a regra, no ilimitado afã de desconstruir a imagem do governo.

O episódio desta semana, é bom que se diga, apenas desnuda o modus operandi de boa parte da oposição, que faz da mentira sua matéria prima, acobertada que é pelo enorme aparato de comunicação que reúne os grandes veículos da mídia privada. Uma mídia que, ela também, vem se aperfeiçoando a cada dia na arte da dissimulação e da desinformação, fazendo da disputa pela opinião pública um jogo feroz em que os princípios de isenção, imparcialidade e do respeito à inteligência do cidadão são sacrificados em nome da luta contra os avanços da democracia promovidos pelo governo Lula, com suas nada desprezíveis inversões de prioridade.

O "mico" não nos faz rir. Ele apenas assusta, pois mostra até onde a nossa oposição pode chegar.

sexta-feira, março 30, 2007

Lula é destaque em jornais internacionais

Em artigo assinado nesta sexta-feira no diário Washington Post, o Presidente Lula defende a parceria Brasil-Estados Unidos para produção de etanol, e diz que o dilema entre biocombustíveis e preservação ambiental é um "mito"."É um primeiro passo importante no sentido de comprometer nossos países a desenvolver fontes de energia limpas e renováveis (garantindo) a proteção ambiental", afirma Lula.O artigo escrito pelo Presidente Lula é publicado um dia antes da visita que Lula fará ao seu colega americano, George W. Bush, em Camp David, e um dia depois de o líder cubano Fidel Castro ter criticado a iniciativa no jornal oficial do Partido Comunista cubano, Granma...Leia mais aqui no Washington Post, ou aqui no terra

Lula se encontra com Bush em busca de 'novo paradigma'


No encontro que o Presidente Lula terá com o presidente americano George W. Bush em Camp David, neste sábado, o Brasil vai se apresentar “com um novo paradigma de cooperação em terceiros países”, de acordo com o subsecretário de Assuntos Políticos do Itamaraty, Everton Vieira Vargas.o Brasil quer se colocar com um parceiro em pé de igualdade com os Estados Unidos, disposto a utilizar seu conhecimento tecnológico ou solidez institucional em países mais atrasados. Leia mais no BBC Brasil

Brasil virou país 'emergido' com novo PIB, diz 'Le Monde'

O Brasil passou de país "emergente" a "emergido", depois que o recálculo das riquezas nacionais levou o Produto Interno Bruto (PIB) a mais de US$ 1 trilhão, diz em sua edição desta sexta-feira o diário francês Le Monde...Continue lendo aqui no Le Monde ou aqui na BBC Brasil

Thanks to Amigos do Presidente Lula

Carta Capital: CPI do "apagão aéreo" é desculpa para privatizar Infraero

A revista Carta Capital que chega às bancas neste final de semana traz uma reportagem que mostra que, por trás da tentativa da oposição de instalar a CPI do “apagão aéreo”, está a intenção de privatizar a Infraero.

O autor da reportagem – que tem o título “Caninos Afiados” – Leandro Fortes, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta sexta-feira, dia 30, que sempre houve um movimento das companhias aéreas para privatizar toda a infra-estrutura aeroportuária no Brasil (aguarde o áudio).

Fortes disse que a discussão da privatização da Infraero sempre esbarrou nos números relativos aos aeroportos. Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), há 67 aeroportos administrados pela Infraero.

Segundo a reportagem de Leandro Fortes, desses 67 aeroporto, somente 12 são lucrativos. Fortes disse também que os aeroportos que lucram sustentam os deficitários.

“Quando se fala em privatização eles querem privatizar somente o filé (...) Um aeroporto como Congonhas que é importantíssimo, todo mundo quer privatizar a parte de infra-estrutura aeroportuária. Mas ninguém quer privatizar o aeroporto de Tabatinga, lá no Amazonas”, disse Fortes.

Do Conversa Afiada

quinta-feira, março 29, 2007

31 deputados federais do PFL já foram de outro partido

Independente do mérito da decisão do TSE que estabelece, na prática, o respeito à fidelidade partidária, entendendo que o mandato dos parlamentares eleitos pertence ao partido, o ex-PFL – que agora quer recuperar os mandatos dos parlamentares eleitos pela legenda e que mudaram de sigla e se indigna com o “troca-troca” partidário - tem metade de seus atuais parlamentares oriundos de outras siglas partidárias.

De acordo com dados do portal da Câmara dos Deputados, excluindo-se as trocas de Arena para PDS e posteriormente para PFL, dos seus atuais deputados federais (58 em atividade e 5 licenciados), 31 iniciaram sua carreira política em outros partidos. O próprio presidente recentemente eleito dos Democratas, Rodrigo Maia, teve uma passagem pelo PTB, entre 1999 e 2001.

O campeão de “troca-troca” no PFL é Francisco Rodrigues, que já trocou 6 vezes, passando por 7 partidos: começou no PMDB em 86, foi para o PTB em 89, teve uma passagem rápida pelo PSD em 95 e foi no mesmo ano para o PPB atual PP. Em 97 teve uma passagem rápida pelo PFL no mesmo ano foi para o PTB. Em 99 foi para o PFL. Outros dois deputados peefelistas trocaram de partido 5 vezes, três deputados trocaram 4 vezes e 4 deputados trocaram 3 vezes.

Destes 31 atuais deputados do PFL que vieram de outros partidos, 15 o fizeram na última legislatura, sendo 11 em 2005.

Ou seja, o ex-PFL que agora posa de defensor intransigente da fidelidade partidária, sempre se beneficiou, sem reclamar, do “troca-troca” que agora condena.

Vai entender.

Do blog do Zé Dirceu

quarta-feira, março 28, 2007

PIB DE LULA É 45% MAIOR QUE DE FHC

Quando o IBGE fez a primeira divulgação do PIB de 2006, a mídia conservadora celebrou a fraqueza do número: 2,9%.

Era o “pibinho” do Lula.

A Folha de S. Paulo chegou ao opróbrio de comparar o pibinho de Lula ao de FHC – de fato, quase uma ofensa pessoal ao presidente Lula.

Agora, o IBGE reviu os cálculos (*), inclusive do período FHC, e chegou à conclusão de que o crescimento do PIB em 2006 não foi de 2,9% mas de 3,7%.

Não é uma “fragata inglesa”, mas dá uma goleada no período de ouro do neo-liberalismo brasileiro, o chamado FHnistão.

O Pibinho do Lula é 45% maior do que o Pibão do FHnistão.

Acompanhe esses números:

Média do crescimento do PIB de 1995-1998 (1º mandato de FHC): + 2,44%

Média do crescimento do PIB de 1999-2002 (2º mandato de FHC): +2,27%

Média do crescimento do PIB de 1995-2002 (os dois mandatos de FHC): + 2,29%

Média do crescimento do PIB de 2003-2006 (quatro primeiros anos do governo Lula): + 3,34%

(CÁLCULOS: PROFESSOR ALCIDES LEITE, DA TREVISAN ESCOLA DE NEGÓCIOS)

(*) Nem a Miriam Leitão, a Controladora Geral da República, viu defeito na revisão do IBGE...

Do Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim

O que é mesmo que dizia a Folha sobre o "pibinho"???

Quando o IBGE, há cerca de um mês, anunciava o PIB de 2006, a grande imprensa fez a festa. Pibinho pra lá, pibino pra cá, a Folha mentindo em primeira página para forçar uma similitude entre índices das eras FHC e Lula etc. e tal. Na semana que passou veio o anúncio da revisão dos índices dos anos anteriores. Causou esturpor, choro e ranger de dentes à maledicência opinativa dos jornalões. E agora? Atualiza-se o índice de 2006 também, com um razoável incremento do produto interno bruto, para além de qualquer expectativa, dentro ou fora do governo. Não há repercussão alguma. Não há análise, não se fala nada. Por isso, vamos de Paulo Henrique Amorim.

8 milhões de brasileiros deixam a baixa renda, diz pesquisa

Inflação controlada, crédito e salário maior explicam ascensão de trabalhadores

(Márcia De Chiara, para o Estadão - ó!)

SÃO PAULO - Em apenas um ano, mais de 8 milhões de brasileiros deixaram a baixa renda e ascenderam para níveis da população com maior poder de consumo. Isto é o que revela a pesquisa O Observador 2007, feita pela financeira francesa Cetelem, em parceria com o instituto de pesquisas Ipsos Public Affairs.

De acordo com a pesquisa, as camadas D e E reuniram 84,8 milhões de pessoas no ano passado ou 46% da população. Em 2005, o contingente dessas classes sociais era de 92,9 milhões ou mais da metade da população brasileira (51%). Foram ouvidas 1.200 famílias no fim de 2006 em 70 cidades do País. Elas foram avaliadas não só pela renda recebida, mas também pela posse de bens.

Os dados mostram ainda que a população de mais baixa renda migrou para as classes imediatamente superiores. Com isso, a classe C, que reunia 62,7 milhões habitantes em 2005, encerrou o ano passado com 66,7 milhões de brasileiros. O topo da pirâmide, isto é, as classes A e B, recebeu nesse período 6,3 milhões de pessoas.

"2006 foi um ano extremamente bom para as classes menos favorecidas", afirma o diretor de Marketing e Desenvolvimento da Cetelem, Franck Vignard Rosez.

Segundo ele, uma combinação favorável de fatores contribuiu para a mobilidade social da população. Entre esses fatores, ele aponta o aumento da massa salarial, a inflação controlada e, especialmente, o crescimento do crédito. Por meio de prazos esticados e juros cadentes, o crédito fez o dinheiro render mais nas mãos do consumidor.

Virada

Prova disso é que, pela primeira vez, sobrou dinheiro no bolso do brasileiro de baixa renda no ano passado. Em 2006, as famílias das classes D e E conseguiram ter um troco de R$ 2,49 no fim do mês, depois de quitar todas as despesas, mostra a pesquisa.

O saldo parece insignificante, mas indica o começo de uma virada no poder de compra da baixa renda. Em 2005, faltavam para essas mesmas famílias R$ 16,56 para fechar as contas no fim do mês.

Também nesse período, a situação melhorou para a classe C. A renda familiar disponível, isto é, os recursos que sobram após cobrir as despesas do mês, que era de R$ 122,34 em 2005, subiu para R$ 191,41 em 2006. O ganho foi de 56%.

Em contrapartida, as classes A e B viram a renda disponível cair 18% no período, de R$ 631,79 em 2005 para R$ 518,29 em 2006. O recuo é reflexo da renda líquida familiar desse estrato social, que teve queda de 6%. Além disso, gastos que não são essenciais, como combustível, telefone, TV por assinatura, entre outros, consomem 44% da renda dos mais ricos.

O grande destaque da pesquisa é o Nordeste, que reúne 25% dos brasileiros. Foi a região do País que registrou, no ano passado, o maior crescimento da renda média familiar disponível. A alta foi 38%. Rosez destaca que, dos 12 itens de compra analisados em 2005 e no ano passado, a intenção de adquirir esses itens aumentou em 11 deles. "Tudo melhorou no Nordeste".

A intenção de ter computador em casa mais que dobrou em um ano, de 7% para 15%. O interesse de comprar a casa própria passou de 6% para 10%.

terça-feira, março 27, 2007

Sobre os "Democratas" (sic)

Lê-se hoje na Folha o artigo do neo-presidente direitoso do neo-partido autodenominado ‘Democratas” (sic), Rodrigo Maia:

O Democratas, com seu apelo popular (sic!), de aliança social para apoiar os que vivem na miséria (sic!), é projeto de poder. Ao contrário do oposicionismo vazio, o combate efetivo, com idéias (sic!), propostas e projetos (sic!), à mediocridade dos atuais detentores do poder (sic!!!).”

Inacreditável.

Choque de gestão gaúcho

Notícia de hoje nos jornalões: no Rio Grande do Sul, o choque de gestão tucano de Yeda Crusius bloqueia por um mês o pagamento dos servidores públicos do Estado, no montante que exceder o valor de R$ 2.500,00.

Se Lula fizesse isso um dia, hein? Já imaginou a grita? Impeachment seria pouco.

segunda-feira, março 26, 2007

Entrevista de Márcio Thomas Bastos para a Folha revela o que pensa a Folha

O teor das perguntas formuladas por Kennedy Alencar ao ex-ministro da Justiça revela o que pensa e como se orienta politicamente o maior jornal do país. É uma chuva de lugares-comuns e de preconceitos enraizados contra a pessoa de Lula, seu governo, sua trajetória. O cara não tem o menor respeito e tampouco - o que é pior - a menor noção da importância de Lula para a história do nosso país. Não obstante, o ex-ministro dá um show de bola.

Após 50 meses no governo, ex-ministro da Justiça defende ações da polícia, nega ter atuado como advogado do presidente e caracteriza Lula como um "democrata"


O EX-MINISTRO Márcio Thomaz Bastos revela que ouviu "reclamações de todos os lados", do governo e da oposição, a respeito das operações da Polícia Federal em seus 50 meses à frente do Ministério da Justiça. "É uma questão de resistir às pressões e tocar numa linha republicana", diz.

Um dos auxiliares mais próximos do presidente no primeiro mandato, ele nega ter sido mais advogado do que ministro, acusação que críticos lhe atribuem. Aos 71 anos, Bastos retoma a atividade de advogado criminalista -uma carreira de 50 anos só interrompida na passagem pelo governo. Escreveu 17 cadernos com um diário do primeiro ao último dia de governo "só colocando os fatos tal como os via, equilibrando objetividade e subjetividade". Não sabe ainda que "uso" fará deles. Falou à Folha em seu novo escritório em São Paulo, na quinta-feira passada.

FOLHA - A PF fez grandes operações em sua gestão, mas críticos apontam um viés de marketing. Ela também não elucidou o dossiegate e o caso da violação do sigilo do caseiro, que envolviam figuras do governo e do PT.

MÁRCIO THOMAZ BASTOS - A PF trabalha de uma maneira impessoal. Não persegue e não protege. Foi reconstruída em equipamentos, em treinamento de pessoal, em motivação, em liderança e em planejamento estratégico. Houve uso intenso de inteligência. Atingiu gente de todos os partidos. Gente próxima ao governo, gente de oposição ao governo. Os dois casos citados foram esclarecidos, relatados e enviados ao Ministério Público.

FOLHA - Não se sabe a origem do dinheiro de compra do dossiê até hoje nem o mandante.

THOMAZ BASTOS - Talvez nem se saiba. Existem casos em que a investigação tem um limite.

FOLHA - Em reuniões reservadas, o presidente e o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, reclamaram das ações da PF que atingiram o governo e o PT, suspeitando de uso de setores dela pela oposição. O sr. recebia pressão para controlar a PF?

THOMAZ BASTOS - Não. Sempre disse que não controlava a PF nem queria controlá-la. Houve reclamações? Houve reclamações de todos os lados. Do mesmo jeito quando atingia gente ligada ao PSDB e ao PFL.

FOLHA - O presidente e José Dirceu reclamaram?


THOMAZ BASTOS - O Lula nunca reclamou.

FOLHA - Questionava?

THOMAZ BASTOS - Nunca questionou, mas eu explicava e contava as operações para ele, sobretudo as que atingiam muita gente. Em alguns casos, ele ficou chocado.

FOLHA - Por exemplo?

THOMAZ BASTOS - Aquele do dólar na cueca. Contei para ele logo após uma cerimônia no Palácio do Planalto, após uma solenidade. A primeira reação foi não acreditar, achar que era um pesadelo. Nunca houve uma ordem "não faça isso, não faça aquilo", apesar de muitas vezes ele ter recebido pressões enormes do partido dele, de aliados e da oposição.

FOLHA - E Dirceu, reclamava?

THOMAZ BASTOS - Comigo não. Agora, ninguém gosta de ser investigado pela PF. O sujeito mais culpado do mundo não gosta. É uma questão de resistir às pressões e tocar em uma linha republicana. Paulo Lacerda [diretor-geral da PF] é inegavelmente a maior vocação de policial que conheço.

FOLHA - O sr. defende que Tarso Genro [novo ministro da Justiça] o mantenha em definitivo?


THOMAZ BASTOS - Deveria continuar o resto da vida pela probidade, pelo brilho e pela liderança. Uma liderança dos atos e não do que diz.

FOLHA - Uma crítica ao sr. é que teria agido mais como advogado do governo, impedindo que Lula fosse acusado de crimes de responsabilidade, do que como ministro da Justiça. É atribuída ao sr. a tese de que o mensalão foi crime eleitoral -forma de admitir um delito menos grave e minimizar danos políticos.


THOMAZ BASTOS - Não sou advogado do presidente. Eu era antes de assumir o Ministério da Justiça. Como ministro, eu era ouvido a respeito das questões. Não articulei nem criei essa tese de crime eleitoral. Foi se criando uma lenda.

FOLHA - Por quê?

THOMAZ BASTOS - Uma série de circunstâncias. Havia uma oposição encarniçada, para a qual não era má idéia derrubar o ministro da Justiça. Por outro lado, me superavaliavam como advogado. Achavam que eu era um Maquiavel, um sujeito capaz de organizar coisas e montar versões. Quando assumi o Ministério da Justiça, sabia que devia duas lealdades. Uma lealdade com o presidente e uma lealdade maior com as instituições. Depois de quatro anos, posso afirmar que minha lealdade ao presidente não toldou minha lealdade às instituições.

FOLHA - No episódio do jornalista Larry Rohter, essas duas lealdades estiveram em choque? Se Lula tivesse insistido na decisão de cassar o visto de permanência do correspondente do "New York Times" [por ter escrito texto no qual citava comentários sobre suposto uso de álcool por Lula], o que equivaleria politicamente à expulsão, teria cruzado o limite da democracia?

THOMAZ BASTOS - A reconsideração foi uma decisão sábia do presidente. Me orgulho de tê-lo ajudado a tomar essa decisão. Naquele caso, o jornalista foi enormemente injusto. Não checou suas fontes. Fez uma matéria altamente equivocada. Entretanto, a decisão de expulsá-lo teve um estrépito tão grande que obscureceu o erro dele e criou a imagem de um governo prepotente. A reconsideração atendeu àquela lição da Suprema Corte americana e que está na nossa Constituição.
A Constituição não quer que a imprensa seja justa. Quer que a imprensa seja livre.

FOLHA - Por que é ruim a relação de Lula e do PT com a imprensa?


THOMAZ BASTOS - Desconfiança recíproca. O governo desconfiava da isenção da imprensa brasileira. E a imprensa desconfiava dos caminhos que o governo queria tomar e das lisuras das intenções do governo em relação à própria imprensa. Acredito que o presidente aprendeu, e a imprensa aprendeu. No segundo mandato, poderão ser corrigidos os erros que sombrearam a relação com a imprensa.

FOLHA - O PT e o governo não têm uma visão autoritária sobre o papel da imprensa? Não a vêem como instituição, mas como instrumento, contra ou a favor?

THOMAZ BASTOS - Todo governo tem essa visão, com diferentes níveis de tolerância. Todo governo tende a achar que a imprensa está errando porque um dos papéis da imprensa é criticar o governo. A crítica à oposição é "en passant". E aqueles partidos e grupos políticos que têm a certeza de que estão trabalhando pelo bem da nação e que têm um grande fim a ser atingido muitas vezes tendem a achar que tudo que atrapalhe aquilo é inimigo.

FOLHA - O sr. é a favor da rede pública de TV que Lula deseja criar?

THOMAZ BASTOS - Depende muito de como isso será colocado. Uma TV de governo, não. TV "Voz do Brasil", de jeito nenhum. Mas uma TV pública, como nas democracias avançadas, pode ser considerada com muito cuidado e estruturada após longo debate. Com gestão independente, conselho curador, de modo que não possa ser manipulada.

FOLHA - O estilo do presidente, de dizer "nosso Delúbio", de se referir aos petistas envolvidos no dossiê como "meninos", não transmitiu excesso de cordialidade e informalidade que contribuiu para que ocorresse o mensalão e o dossiegate?

THOMAZ BASTOS - Não. Conheço o Lula bem. Ele me conhece bem. Gosto muito dele. Ele gosta muito de mim. Ele demonstra afetividade. Esse estilo cordial faz parte da natureza dele.

FOLHA - O homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda?


THOMAZ BASTOS - Nem um pouco. Ele tem um respeito pelas instituições republicanas que foi adquirindo na prática. Aprendeu no sindicato, na vida política na oposição e no governo. Nas crises, vários ministros ligadíssimos a ele saíram do governo. Eram sujeitos que faziam parte da vida afetiva dele, mas ele não hesitou em tomar as decisões que precisava. O discurso de posse de Milton Campos no governo de Minas em 1947 parece um tratado de política republicana. Ele disse "um governo mais da lei do que dos homens". O governo Lula é também dos homens, mas é muito mais da lei.

FOLHA - Não houve momentos de tentação autoritária?

THOMAZ BASTOS - Queria fazer uma biografia do Lula com suas três ressurreições. No primeiro momento, superou os obstáculos da saga de um nordestino pobre que migra para o Sul e melhora de vida. A segunda saga é a política. Funda o PT. E perde quatro eleições majoritárias, uma atrás da outra. Perde em 1982, para o governo de São Paulo. Em 1989, 1994 e 1998 perdeu três disputas presidenciais. Ninguém na história das repúblicas ocidentais perdeu quatro eleições seguidas e sobreviveu. François Mitterrand [presidente da França entre 1981 e 1995] perdeu duas. Há casos de políticos que perderam uma ou duas e ganharam a seguinte. Lula perdeu quatro, renasceu e se elegeu em 2002. Imaginou que tivesse chegado ao paraíso. Aí veio a crise de 2005, na qual ele perdeu a liderança nas pesquisas, sofreu baixa de popularidade e se recuperou em 2006. Enfrentou uma crise no primeiro turno, a do dossiê, e se reelegeu com mais de 60% dos votos no segundo turno porque fez um governo bom, que distribuiu renda com uma política macroeconômica consistente. Nessas sagas, ele sempre agiu como um democrata. Lula nunca cruzou as linhas democráticas e institucionais.

FOLHA - Esse discurso inaugural, do "nunca antes neste país", não é injusto com as conquistas acumuladas em outros governos e que ajudam a gestão Lula?

THOMAZ BASTOS - Claro que ele trabalha em cima de conquistas. Mas é o entusiasmo de quem está empolgado pelo trabalho que faz.

FOLHA - Não soa gabola?


THOMAZ BASTOS - Pode soar gabola. Mas passei 50 meses ao lado dele e vi como ele aprendeu a governar, como nós todos. Eu era uma coisa em 2003. Ele era uma coisa em 2003. Ele é outra. Em 2007, tem o governo na mão. Sabe o que quer. Tem um ceticismo saudável em relação à máquina pública. É um homem maduro para fazer um grande mandato.

FOLHA - Lula tem se comparado a JK e Getúlio, muitas vezes dizendo que seu governo foi melhor do que o deles. Não é exagero?

THOMAZ BASTOS - Lula é uma grande liderança política, como talvez nunca tenha havido no Brasil. Daqui a alguns anos, a era Lula será citada como a mais nítida e a mais importante do Brasil. Vai obscurecer muitos outros presidentes. Será um marco tão importante que provocará efeitos nas outras gerações, como Getúlio provocou. Lula sabe que, nesse mandato, ele joga a sua sorte de grande líder e presidente.

FOLHA - Lula pode ser candidato em 2014?

THOMAZ BASTOS - Tem chance de ser. É uma liderança com nitidez e prestígio no mundo inteiro. A figura do Lula e o seu governo provocam admiração no Brasil e lá fora. É um homem saudável, que se cuida mais no governo. Está mais vaidoso.

domingo, março 25, 2007

O PT e a coalizão

Quero fazer uma pequena observação sobre a matéria “Para analistas, reforma enfraquece PT”, da Folha de hoje (só para assinantes).

O que realmente interessa ao PT é a coalizão, apoiada na aliança histórica com o PC do B e o PSB e, agora, com o maior partido do Congresso Nacional, o PMDB. A coalizão se consolida com o PR, PP e PTB, além do PDT e PV.

Foi em nome dessa coalizão que o PT não assumiu o Ministério das Cidades. O resto é uma mistura de desinformação, com o velho preconceito contra a ex-prefeita Marta Suplicy, agora Ministra do Turismo. Temem sua força política em São Paulo e sua competência administrativa. É só comparar a sua gestão com a gestão tucana-pefelista na cidade. Como Marta Suplicy é um nome nacional, fica exposta a um tipo de campanha de desconstrução que conhecemos bem no país.

Ter menos ministérios, não significa que o PT perdeu importância do ponto de vista estratégico. Na verdade, se consolidarmos a coalizão, o PT construiu o que realmente conta e o Brasil precisa. Se é para fazer mudanças para valer.

Do blog do Zé Dirceu

Mais um oportunismo tucano

O Secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, deu uma informação aterrorizadora para os defensores da derrubada do veto do presidente Lula à chamada Emenda 3: os Estados governados pelos tucanos - São Paulo e Minas Gerais - têm leis antielisão como a emenda 3, e, pasmem, a cidade de São Paulo, governada pela coalizão PFL-PSDB, também tem essa norma. Mesmo sabendo disso, Everardo Maciel, que foi durante oito anos Secretário da Receita Federal do tucanato, saiu-se com essa pérola: "A administração tributária do país não está madura para trabalhar com a regulamentação de normas antielisao". Ele quer que o Congresso derrube o veto do presidente.

Do blog do Zé Dirceu

sábado, março 24, 2007

Leia a boa entrevista de Franklin Martins à Folha de sábado, 24/03

O jornalista Franklin Martins, 58, futuro ministro que comandará as áreas de imprensa e publicidade do governo, diz que esses "guichês serão separados".

"As empresas de comunicação no Brasil, de modo geral e em sua maioria, são empresas sérias. Não aceitariam misturar os guichês. Eu sou uma pessoa séria e não aceito misturar os guichês."

Fala, porém, que a imprensa "não está numa redoma" e "será criticada sempre que avançar o sinal". Na sua visão, isso ocorre quando a mídia "pretende puxar a sociedade pelo nariz para um lado e para o outro".

Indagado se o governo incentivaria a criação de órgãos de imprensa simpáticos, como prega o PT, diz: "Não cabe ao governo plantar, regar e colher veículos de comunicação simpáticos a ele".

Prega a criação de uma rede pública de TV, dizendo que ela não deve funcionar com lógica comercial. Afirma que o governo fará indicação inicial de diretoria, mas sem partidarismo. "Senti na conversa com o presidente que é TV pública e não estatal. Plural e não partidária."

Defende encontro entre Lula e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para que se mantenha agenda comum nacional que quase se perdeu na crise do mensalão devido a "luta política" entre PT e PSDB. A agenda tem cinco pontos: democracia, estabilidade monetária, responsabilidade fiscal, crescer com distribuição de renda e combater a exclusão social.

"Os dois precisam conversar. Seria muito bom para os dois e para o país, mantendo as opiniões e divergências. Cada macaco no seu galho. E, do seu galho, cada um pode conversar com o outro."

O novo ministro manterá o processo contra o jornalista Diogo Mainardi, da revista "Veja", porque ele o acusou de crimes. "Fiz o que se faz em qualquer estado de direito." Diz que tratará a Globo profissionalmente, empresa da qual foi demitido após o episódio Mainardi. "Quem olha para trás vira estátua de sal."

Diz ter "orgulho" de ter combatido a ditadura militar de 1964. "Lutei do lado certo." Com olhos marejados, demonstra emoção ao falar desse assunto. "Vivi na clandestinidade cinco anos e meio. Vivi cinco anos e meio no exílio. No entanto, não vivo mais na clandestinidade. Muita gente que torturou e matou é clandestina até hoje, até para a sua família", afirma.

Indagado a respeito do que achava hoje de o manifesto dos seqüestradores do embaixador americano Charles Elbrick defender a matança de torturadores e carrascos da ditadura, afirma: "Naquela época, quem fizesse oposição ao regime estava sob o risco de ser preso, torturado e morto. Eram outras circunstâncias, circunstâncias de guerra".

Imagina que seria negado um pedido de visto de entrada nos EUA devido à sua participação no seqüestro de Elbrick, ação de um grupo formado por militantes de duas organizações guerrilheiras, a Ação Libertadora Nacional e o Movimento Revolucionário 8 de Outubro, que seqüestrou o embaixador americano para forçar a ditadura a libertar 15 presos políticos, entre os quais José Dirceu, hoje ex-ministro da Casa Civil.

"[O visto] É uma questão secundária. Tanto os Estados Unidos quanto eu sobreviveremos a esse detalhe", diz, num tom bem-humorado.

Franklin acumulará a função de secretário de imprensa com a de ministro até indicar um substituto para o cargo hoje exercido pelo jornalista André Singer. Para porta-voz, nomeará alguém de fala "concisa". Convidou o jornalista Eugênio Bucci a permanecer à frente da Radiobrás e aguarda resposta. A seguir, a íntegra da entrevista dada em sua casa, em Brasília, na tarde de sexta-feira:

Folha - Por que o presidente o convidou?

Franklin Martins - A idéia do presidente é passar para a sociedade a idéia de que deseja ter uma relação de comunicação forte, mais intensa e mais profissional. Simbolicamente, ao chamar um profissional como eu, quis passar essa idéia. Comunicação é falar e ouvir. Não é só falar.

Folha - Lula é criticado por ter dado raras entrevistas coletivas no primeiro mandato.
Franklin - Isso correspondeu a um momento. O presidente tem dado entrevista quase todo dia, falando ao final dos eventos.

Folha - Mas foge ao formato de coletiva e às exclusivas em que pode haver o pingue-pongue entre entrevistado e entrevistador.
Franklin - Cabe o formato de coletiva, que não é para se fazer todo dia. O presidente fará uma coletiva em breve. E cabem essas entrevistas de saída de eventos em que dará a palavra do presidente sobre o assunto do dia, o que é fundamental para os jornalistas. E cabem os formatos de conversas com jornalistas e entrevistas para órgãos de imprensa. O presidente terá uma comunicação muito mais intensa e profissional.

Folha - E por que o sr. aceitou?
Franklin - Um pouco de vaidade com essa coisa de ser ministro. Gosto de desafios. Profissionalmente, estava no auge da minha carreira. Comentarista respeitado, prestigiado junto aos colegas e às fontes. Mas, no fundo, queria fazer coisas novas, diferentes. Tem a ver com as circunstâncias políticas do país. Passamos por uma crise política extremamente dura, selvagem em alguns momentos, e estamos saindo dela. Foram cometidos erros de lado, do governo e da imprensa. O povo brasileiro demonstrou maturidade. Quis a apuração dos fatos. Mas também olhou e disse: eu também quero que o país continue a melhorar, a enfrentar os seus problemas reais. Não vamos confundir disputa política com solução dos grandes problemas nacionais".

Isso baixou a intoxicação do debate político. Na campanha, quando os candidatos subiram de tom, tiveram queda nas pesquisas. O recado era "menos, gente".

Lula venceu com grande vantagem, demonstrando que a opção do eleitor não foi fortuita. Mas o eleitor disse: "Não quero perder os avanços que nós temos devido a luta política tumultuada".

Folha - Não foi só luta política. Houve escândalos de corrupção sérios. Houve o dossiegate. O sr. acha que a imprensa exagerou?
Franklin - Falando ainda como jornalista, não como ministro, a imprensa cumpriu um papel importante no primeiro momento da crise, forçando a realização das CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito). De certa forma, pautou os primeiros momentos. Trouxe à tona o caixa dois, os recebimentos de dinheiro por parlamentares. Entretanto, a partir de determinado momento, era preciso avançar e responder a uma questão crucial que eu repetia como um mantra nos comentários: "De onde veio o dinheiro do valerioduto?" Por quê?

Essa resposta permitiria que a investigação desse os passos seguintes. Hoje, não contamos a história. Há a suspeita. Evidente que o dinheiro do valerioduto foi para maior número de parlamentares do que o apontado pela CPI. O dinheiro havia sido aplicado para financiar troca de partidos, uma hipótese bastante plausível. Por que a CPI não quebrou o sigilo desses parlamentares? Não houve da parte da CPI esse interesse. E a imprensa não fez uma investigação independente para saber de onde veio e para onde foi o dinheiro do valerioduto, o que permitiu que o processo ficasse apenas com aparência de discurso político.

A partir de um determinado momento, a imprensa parou de pautar a CPI e passou a ser pautada pela CPI. Prevaleceu não a investigação, mas o discurso. E a população percebeu isso e se afastou, o que é ruim, pois nos afastou de conhecer melhor e mais o que aconteceu.

Folha - Colocar numa mesma pasta a verba publicitária do governo e a relação com a imprensa não traz o risco de tentativa de manipulação política da mídia?

Franklin - Traz. Viver é muito perigoso, como dizia Guimarães Rosa. Risco sempre existe, mas não é um risco novo. Em todos os Estados da Federação, é assim. No governo federal, sempre foi assim. Já tivemos casos em que o porta-voz do presidente [diplomata Sérgio Amaral no governo FHC] era também quem controlava a verba de publicidade. E não houve nada demais.

Folha - No segundo mandato, FHC separou as funções. E Lula as deixou assim no primeiro mandato.
Franklin - O Sérgio Amaral controlou a verba de publicidade e isso não resultou em coisa escusa, malandragem. Não houve nada.

Folha - Separar publicidade e imprensa não é uma fórmula mais imparcial?

Franklin - A maioria esmagadora dos recursos de verba publicitária é das estatais. O governo não controla. As campanhas de publicidade do governo têm uma dimensão política e técnica. Vou indicar alguém da minha absoluta confiança, íntegro e com conhecimento do mercado de publicidade, com experiência de trabalho executivo, para cuidar da parte técnica. Serei responsável em última instância.

Na dimensão política, deve-se discutir qual o sentido da campanha que o governo realiza ou vai realizar. Se há dúvidas sobre um programa social do governo ou uma medida do governo, talvez caiba uma campanha para esclarecer melhor. O acompanhamento da mídia é fundamental para sentir, por exemplo, se há dúvidas sobre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Colhe-se isso também na relação com a imprensa, que expressa as mais variadas posições da sociedade. Uma eventual inflexão da propaganda poderá esclarecer tais dúvidas.

É um conceito de unificação da comunicação do governo, não é para misturar dois guichês. Os guichês serão absolutamente separados. As empresas de comunicação no Brasil, de modo geral e em sua maioria, são empresas sérias. Não aceitariam misturar os guichês. Eu sou uma pessoa séria e não aceito misturar os guichês. O governo é sério e não aceita misturar os guichês.

Folha - Concorda com as teses do PT de que é preciso democratizar os meios de comunicação? Acha que deve ser estimulada a criação de veículos de comunicação simpáticos ao governo, dando-lhes financiamento oficial direto ou indireto?
Franklin - Essa questão de democratização dos meios de comunicação é uma fórmula na qual cabe tudo. Sou a favor, óbvio. Quanto mais democrática e plural a circulação de idéias na sociedade, melhor. Mas não cabe ao governo plantar, regar e colher órgãos de comunicação simpáticos a ele. Quem cria órgãos de comunicação é a sociedade. O governo tem uma função na relação com a imprensa: garantir a liberdade de imprensa. Ponto. O resto é a sociedade quem faz.

Folha - A rede pública de TV não corre risco de virar uma nova Radiobrás ou TV Voz do Brasil? Ela é necessária?
Franklin - É necessária. A intensidade com que essa discussão surgiu mostra que o país estava precisando discutir isso. Em qualquer discussão que se inicia, as posições, às vezes, vêm truncadas. Esse processo ajuda a avançar. O governo não pretende criar uma TV do governo, estatal. Mas estimular, fazer crescer e dar forma a uma rede pública de TV.

Folha - Com qual formato em termos editoriais, de gestão e de financiamento?

Franklin - Não vai funcionar guiada pela questão comercial. Isso coloca limitações para uma série de TVs que necessitam adquirir uma determinada escala de audiência e respondem a estímulos comerciais porque são empresas que visam lucro. Essas TVs privadas não podem entrar em determinadas áreas, fazer determinadas programações, que são importantíssimas.

Folha - Mas não é importante ter audiência?
Franklin - É importante. Estou falando de escala de audiência. Não tem obrigação de concorrer para liderar o horário nobre. Na Inglaterra, na época em que fui correspondente, havia duas TVs públicas, BBC 1 e BBC 2, e dois canais privados, ITV e Channel Four. A BBC 1, com programação mais educativa, competia com o Channel Four. A BBC 2, com a outra, que tinha programação mais comercial. A BBC 1 tinha audiência de seis e sete pontos, o que é um índice bom. Essa situação ajudava a melhorar o padrão de produção de todas as TVs.

Os mecanismos de gestão e de financiamento devem ser discutidos e feitos com base na experiência exitosa de outros países e aqui, como a TV Cultura, por exemplo.

Folha - Quem vai escolher a diretoria?
Franklin - Evidentemente, a escolha inicial parte do governo. Mas o governo não precisa escolher os partidários do governo. Não existe ainda um formato definido. A discussão ainda não está madura. O que senti na conversa com o presidente é uma TV pública e não estatal. Plural e não partidária. Aberta para contribuição e presença das diferentes identidades regionais e não com uma programação de uma cara só. [Deve ter] programação variada, com jornalismo, com parte cultural voltada para cidadania.

Isso é diferente da Radiobrás, que tem um papel que deve continuar, funciona como uma agência noticiosa do governo. Nesse aspecto, a gestão do Eugênio Bucci foi importante, sem caráter de chapa branca. Tanto que convidei-o para permanecer na Radiobrás. E ele ficou de me dar a resposta.

Folha - O governo deverá colocar recursos vinculados, haverá possibilidade de corte no orçamento dessa rede pública?
Franklin - Honestamente, ainda não tenho idéia. O governo vai ter de botar verba. Há discussões se vale a pena trabalhar com patrocínio privado, como existe na TV Cultura. Não publicidade comercial. Os modelos de financiamento e de gestão devem ser discutidos. Será bom para o Brasil ter uma TV pública.

No Brasil, a gente se assusta com tudo que significa mudança, modernidade e novidade. Depois, descobre que é muito bom. Não sei por que o Brasil se assusta com a possibilidade de ter uma BBC.

Folha - As primeiras reações de parte dos veículos privados têm sido de reticência.
Franklin - Foram reações próprias de um debate inicial. Editoriais, como os da Folha, criticavam a TV do governo, mas, se for uma TV pública, a coisa muda de figura. Podemos discutir. Isso é parte do debate político. Estamos saindo de um momento muito tumultuado de disputa política. Passou a ser óbvio, de entrada, desqualificar a outra posição para não ter que entrar no mérito da discussão.

O que mais quero como ministro da comunicação social é ajudar a qualificar o debate político, o debate público. Liberdade de imprensa não é só informar, mas também qualificar o debate público. Fazer com que se exprimam as diferentes posições da sociedade, que se choquem, e a sociedade escolha a melhor.

Pode haver gente tão a favor da liberdade de imprensa quanto eu, mais a favor não tem. Meu pai foi jornalista e preso na ditadura Vargas por não aceitar o autoritarismo. Eu passei a minha juventude lutando contra a ditadura [militar de 1964].

A liberdade de imprensa é o nome que se dá ao direito de a sociedade ser informada.

Folha - Como diz o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, a Constituição deseja que a imprensa seja livre, não determina que seja justa.
Franklin - Isso. Quando a imprensa não é justa, ela paga um preço. Não é o Estado que paga. Paga pela crítica feita a ela pela sociedade. A imprensa também não está numa redoma. O presidente pode ser criticado, o ministro pode ser criticado, o papa pode ser criticado, a imprensa pode ser criticada e será criticada sempre que avançar o sinal. Quando ela avança o sinal? Quando vai além do trabalho de dar informação, de fazer circular a informação e de aumentar o debate público. Quando pretende puxar a sociedade pelo nariz para um lado e para o outro. Essa não é uma função da imprensa.

Folha - O sr. identifica veículos que avançam sinal hoje?

Franklin - A sociedade pode fazer essa crítica. Não sou eu quem devo fazer. Evidente, nesse período de crise, teve gente que se comportou de uma forma, teve gente que se comportou de outra. Dentro de nossas redações, há jornalistas que foram mais longe. Eu sempre disse que seríamos julgados pelo nosso comportamento, o que é positivo, não é ruim. A imprensa sairá melhor e já está saindo melhor dessa crise do que entrou. Como o governo está saindo melhor do que entrou. A crítica é o que faz pessoas crescerem desde que elas consigam perceber o que fizeram de errado. E quem critica a imprensa e muda a imprensa é a sociedade, não é o governo. Não é o leitor. O leitor de um jornal pode até estar gostando desse jornal. Mas o debate na sociedade pode levar aquele leitor a perceber que não era bem assim.

Folha - Como ministro, o sr. manterá o processo contra o jornalista Diogo Mainardi?
Franklin - Vou manter.

Folha - Por quê?
Franklin - Não estou fazendo nada contra a liberdade de imprensa. Manter o processo contra esse senhor não tem nada a ver sobre o que eu penso ou o que ele acha que eu penso. É um direito que ele tem. Isso não discuto. Entrei com processo contra ele porque ele me acusou de crimes. Me acusou de ter praticado tráfico de influência e de ter participado da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa.

Fez essas acusações sem nenhum elemento. Mais do que isso, ele e a revista dele ["Veja"] se recusaram a publicar a minha resposta, a minha explicação. Que liberdade de imprensa é essa na qual um lado fala e sequer publica o outro lado. Fiz o que se faz em qualquer estado de direito. Quando acha que sua honra foi atingida, recorre à Justiça. Quem pode definir se essa honra foi atingida? Eu? O colunista da revista? Não, a Justiça. No processo, peço que seja publicada a minha resposta e peço reparação por danos morais.

Folha - Como ministro, não ganhará mais peso esse processo em seu favor?
Franklin - A Justiça não vai agir assim porque sou ministro. Pelo ritmo no Brasil, a Justiça só terá julgado esse processo depois que eu deixar de ser ministro. Ele terá toda a oportunidade de provar que todas as acusações de que cometi crimes são verdadeiras. E, se for isso, quem vai ficar mal sou eu.

Ele também pode, se quiser, dizer: "Eu errei. Volto atrás". Mas hoje em dia pega mal para ele. Acho que dificilmente o fará. Não vou abrir mão de defender a minha honra da única forma num estado de direito, que é ir à Justiça.

Folha - Esse episódio foi determinante para o seu afastamento da função de comentarista do "Jornal Nacional" e da saída da Rede Globo?

Franklin - Não. Eu já havia deixado de ser comentarista do "Jornal Nacional". A direção da TV Globo chegou à conclusão de que deveria tirar toda e qualquer opinião do jornal porque ele era basicamente informativo.

Folha - E em relação à saída?

Franklin - Fiz essa pergunta à direção, e eles disseram que não. A alegação que me deram é que eu estava com imagem fraca como jornalista, muita gente não me conhecia. Eu disse a eles que achava que a explicação não me convencia. A pergunta tem de ser feita à TV Globo.

Folha - O sr. tem mágoa da Rede Globo e de sua cúpula atual?

Franklin - Não. Tive oportunidades profissionais fantásticas na TV Globo. Trabalhei lá durante oito anos e meio. Fui comentarista dos principais jornais. Participei do núcleo que coordenou a cobertura das eleições de 2002, que foi um marco na história da TV Globo. Fui diretor de jornalismo em Brasília, sempre com uma relação excepcional com a Central Globo de Jornalismo. Portanto, sou grato à TV Globo. Aconteceu uma coisa que não entendo.

Folha - Como o sr. pretende se relacionar com a Globo?
Franklin - Digo sempre que não vou olhar para trás. Quem olha para trás vira estátua de sal. Tenho muitos amigos na Globo. Deve haver pessoas que não gostam de mim. Será um relacionamento profissional.

Folha - Qual é a sua avaliação da cobertura da imprensa de modo geral a respeito do governo Lula?

Franklin - Vou falar como acho que deve ser daqui para frente. Profissional, séria, crítica, sem preconceito.

Folha - O sr. está proibido de entrar nos EUA por causa do sequestro de Charles Elbrick?

Franklin - É uma versão que corre, provavelmente verdadeira. Mas nunca pedi visto para o governo americano, até porque imagino que não me dariam. Outras pessoas que estiveram na mesma situação que a minha, de seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, receberam sinais de que não conseguiriam.

Folha - O sr. vai com Lula para Washington no final do mês?
Franklin - Não sei. É uma questão secundária. Tanto os Estados Unidos quanto eu sobreviveremos a esse detalhe.

Folha - O sr. participou da luta armada contra a ditadura militar de 1964. Como avalia hoje aquele período? Valeu a pena? Foi o melhor caminho? Arrepende-se de algo? Faria diferente?
Franklin - Faria muitas coisas diferentes com a visão que tenho hoje. Não me arrependo do que é central. Lutei do lado certo. Lutei do lado da democracia contra a ditadura.

Folha - O manifesto dos seqüestradores do embaixador falava em matar carrascos e torturadores do regime militar. O que acha disso hoje?

Franklin - Fica difícil discutir porque hoje não existe uma polícia como um instrumento de opressão política do Estado sobre as pessoas. Hoje, as pessoas fazem oposição livremente, falam livremente. Naquele época, quem fizesse oposição ao regime estava sob o risco de ser preso, torturado e morto. Eram outras circunstâncias, circunstâncias de guerra.

Com todas as suas diferentes nuances, o povo brasileiro superou a ditadura militar. Participei das manifestações estudantis de 1968 que praticamente inviabilizaram o modelo de ditadura que eles tinham. Então, partiram para o terrorismo de Estado aberto. Em 1974, a vitória do MDB, inviabilizou o terrorismo de Estado. As diretas, em 1984, inviabilizaram a distensão que pretendia manter uma ditadura sob controle. Estive do lado certo. Tenho o maior orgulho de ter lutado. Tenho um certo pudor de bater no peito e ficar proclamando, parece que estou contando vantagem.

Tenho o maior orgulho de ter lutado contra a ditadura. Posso contar tudo o que fiz, inclusive os meus erros, para os meus filhos, os meus netos, discutir abertamente na sociedade.

Os que estiveram do outro lado não podem. Vivi na clandestinidade cinco anos e meio. Vivi cinco anos e meio no exílio. No entanto, não vivo mais na clandestinidade. Muita gente que torturou e matou é clandestina até hoje, até para a sua família.

Folha - O sr. foi preso e torturado?
Franklin - Fui preso durante dois meses, mas não fui torturado. Saí um dia antes do AI-5 [ato institucional número 5, de 13 de dezembro de 1968, que suspendeu direitos políticos e tornou mais bruta a ditadura militar de 1964]. Se estou aqui até hoje, é porque sou um sujeito que teve muita sorte.

Folha - O sr. participou de alguma ação em que morreram pessoas? Matou alguém?

Franklin - Não, não.

Folha - Nas eleições, Lula chegou a dizer que desejava um acordo com a oposição, encontrar uma agenda comum. É possível haver algum entendimento entre PT e PSDB, duas forças com algumas características em comum, mas que se digladiam?

Franklin - No auge da crise, o Brasil correu o risco de perder uma coisa que ele construiu quase sem saber. E poderia ter perdido sem saber que construiu, que é uma agenda política comum nacional. Essa agenda tem cinco pontos. O primeiro é a democracia. Vamos resolver nossos problemas pela via democrática. Queremos eleições, queremos respeito aos direitos e garantias individuais. A oposição tem o direito de fiscalizar, mas não tem o direito de impedir o governo de governar. O governo tem o direito de governar, mas não tem o direito de impedir a opinião de se expressar. Se há uma direita no Brasil, o que se discute [risos], ela é mais democrática do que era antes. A esquerda é mais democrática do que era antes.

O segundo ponto é a moeda. Queremos estabilidade monetária. Houve uma época em achávamos que podíamos conviver com a inflação alegremente graças ao overnight, ao gatilho salarial, à escala móvel de salário. O preço estamos pagando até hoje.

Terceira questão: responsabilidade fiscal. Não basta o governante ir gastando e pendurar a conta no cabide ali em frente. Temos de ter seriedade com o dinheiro público. Quarta questão. Tudo isso é muito importante, mas é preciso crescer, gerar emprego, gerar oportunidades para a juventude. E a quinta é que não basta crescer. Temos de combater a exclusão social.

Essa agenda vem sendo construída ao longo do tempo. Parte dela foi construída durante a ditadura. Parte no governo Fernando Henrique Cardoso. Parte no primeiro governo Lula. Essa agenda corresponde a um pensamento de 70% a 80% das forças políticas do país. A vantagem disso é que a luta política pode se dar num terreno razoavelmente delimitado. Nessa crise, quase jogamos isso pela janela. Se a crise tivesse ido um pouquinho mais longe e se o povo brasileiro não tivesse dito "calma, pessoal, eu não quero perder essa coisa".

Folha - O que seria ter ido mais longe? A oposição patrocinar o impeachment do Lula? O Lula tentar dar uma guinada autoritária.
Franklin - Sim. Por que não partiram para o impeachment? Por que o Lula não endureceu? Porque a sociedade disse: "Não quero". Temos essa agenda comum. Grandes programas que começam a dar certo são apoiados por muito mais partidos do que os que estão no governo. O Bolsa Família era tido como uma "Bolsa Esmola". Hoje, a maioria das forças políticas reconhece que é um vigoroso programa de transferência de renda que deve ser mantido e aprimorado. É uma conquista que não dá para abrir mão. O atual programa de melhoria da qualidade da educação incorpora coisas que vieram do governo FHC. Nos últimos 25 anos, construímos coisas em comum e quase jogamos fora na crise.

Folha - Lula se queixa de FHC ter sido muito duro com ele na crise. FHC se queixa de Lula não ter mantido a cordialidade a que ele deu início com a transição de governos. O sr. acha que eles deveriam se encontrar e conversar?
Franklin - Os dois precisam conversar. Seria muito bom para os dois e para o país, mantendo as opiniões e divergências. Esse negócio de agenda comum não é aderir ao governo. A oposição está na oposição por vontade do eleitor. O governo está no governo porque o eleitor mandou. Cada macaco no seu galho. E, do seu galho, cada um pode conversar com o outro.

sexta-feira, março 23, 2007

Franklin Martins assume a comunicação do governo com missão espinhosa

O jornalista Franklin Martins aceitou (quinta, 22) o convite do presidente Lula para ser o ministro encarregado da área de comunicação social do governo. "Tive hoje uma segunda conversa com o presidente e aceitei o convite", disse Franklin ao jornalista Ricardo Amaral, da agência Reuters.

O jornalista vai cuidar de relações com a imprensa, publicidade e também do projeto de uma rede nacional pública de TV, com status de ministro. No entanto, Franklin não será o porta-voz do governo. Atualmente, ele é comentarista da TV Bandeirantes e mantém um blog no portal iG.

A escolha revela uma ligeira audácia de Lula em relação às poderosas Organizações Globo.

Um dos mais prestigiados jornalistas de Brasília, Franklin perdeu o emprego de comentarista político da TV Globo pouco depois de ter sido atacado pelo colunista Diogo Mainardi, na revista Veja. Mainardi o acusou de fazer jornalismo chapa-branca, movido, entre outras coisas, pela conquista de boas posições para parentes seus no serviço público federal.

O jornalista foi brindado com a solidariedade dos colegas e dos políticos (inclusive da oposição), que não compraram a interpretação do colunista para a trajetória profissional de integrantes da sua família. Filho do ex-senador Mário Martins (MDB-RJ), cassado pela ditadura militar, Franklin é irmão da premiada escritora Ana Maria Machado, recentemente contemplada com uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, e de Victor Martins, diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Mas não teve a mesma solidariedade da Globo, que logo em seguida o demitiu. Em entrevistas a veículos especializados da área, embora de modo elegante, o jornalista manifestou publicamente sua estranheza com a coincidência entre a crítica ofensiva de Mainardi – a quem ele processa na Justiça – e seu afastamento da Globo. A emissora, como costuma fazer em situações do tipo, não se pronunciou. Mas, obviamente, não gostou.

Ex-militante do MR-8, Franklin Martins foi um dos principais responsáveis pelo seqüestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, em setembro de 1969. Assim como o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que também participou da operação, até hoje Franklin é proibido de entrar nos Estados Unidos.

O jornalista nasceu em 1948, em Vitória (ES), mas foi criado no Rio de Janeiro. Estudou na Faculdade de Ciências Econômicas da UFRJ e foi vice-presidente da União Metropolitana dos Estudantes do Rio de Janeiro, no período de maior enfrentamento entre o movimento estudantil e o regime militar. (Site Congresso em Foco - Sylvio Costa e Rodolfo Torres).

quinta-feira, março 22, 2007

O novo PIB e a diferença entre notícia boa e notícia ruim (1)

Vamos dar, solenemente, uma banana para os profetas do apocalipse. Se a Miriam Leitão prefere destacar a queda dos níveis de poupança e investimento com o novo PIB, nós vamos em sentido contrário. Anote aí o que tem de bom pra comemorar:

* Ok, o investimento é mais baixo, mas o crescimento é maior. Este paradoxo se explica pelos ganhos de competitividade da economia, que faz mais com menos. Isso explica por que o consumo final das famílias e do governo cresceu de 75% para 80,4% do PIB, sem aumento de inflação!

* A dívida pública em relação ao PIB caiu com o novo cálculo, de 50 % para 45,7% (44,7% estimados para este ano – e a conquista do “grau de investimento”, que atesta a confiança do investidor).

* A carga tributária, que era de 38%, agora é de 34,5%.

* A renda per capta do brasileiro em 2005 salta de R$ 10.519 para R$ 11.661, uma diferença de 10% a mais.

* O PIB brasileiro passou da 11ª para a 10ª posição mundial, ultrapassando a Coréia do Sul.

O novo PIB e a diferença entre notícia boa e notícia ruim (2)

Até a Folha de S. Paulo teve de desdizer a forçação de barra que cometera há algumas semanas, quando publicou o último índice do PIB medido segundo a antiga metodologia. Anunciara mentirosamente, em primeira página, que o crescimento da era Lula vinha sendo igual ao do primeiro mandato de FHC. Hoje, sem o mesmo destaque e sem a menor cerimônia, podemos ler no jornal o seguinte:

“A revisão mostrou que a média de crescimento do PIB nos três primeiros anos do governo Lula (2003-05) foi de 3,2%, acima dos 2,6% apurados no modelo anterior. Em sete anos de FHC (1996-02), o crescimento médio foi revisado ligeiramente para baixo: de 2,1% para 2%.”


Não apenas a Folha, mas a mídia conservadora em geral não está engolindo com facilidade a história do novo PIB. O Correio Braziliense não deixa de levantar a suspeita de uma motivação política no trabalho de aperfeiçoamento do indicador, feito pelo IBGE: “Coincidência ou não, o novo método fez a economia crescer no governo Lula e cair nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso”

A mesma confiança desconfiada tem a porta-voz da era FHC, Miriam Leitão: “Mas claro que, para qualquer brasileiro, a notícia ficou parecendo que é aquela frase definitiva inventada por ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola: no Brasil, até o passado é incerto.” Esclareço nós do Votolula nos incluímos fora desta.

Já o Estadão, pra não perder o costume, investe num dado capcioso, irrelevante mesmo, relacionado com a participação do Brasil no comércio mundial – para não ter de encher suas páginas da edição de hoje (22/02) somente com notícias favoráveis ao governo que tanto combate: “Em 2006, a participação do Brasil no comércio internacional manteve-se entre 1,1% e 1,2%. Com isso, o País deve cair uma posição no ranking mundial elaborado pela OMC neste ano.”

A notícia do Estadão tenta claramente minimizar o mais importante – e que a matéria admite! “Apesar de o governo destacar que o valor das exportações em 2006 bateu o recorde do País, com US$ 137,4 milhões, o aumento em relação a 2005 não foi suficiente para que o Brasil subisse no ranking da OMC.”

O Estadão acha que não basta, a cada ano, sermos melhores do que nós mesmos. Pura maldade.

quarta-feira, março 21, 2007

IBGE: novo cálculo do PIB vê economia 11% maior

O recálculo do PIB, com nova metodologia aplicada pelo IBGE, mostra que a economia brasileira é muito maior do que se imaginava. Em 2005, o PIB estimado pelo novo cálculo foi de R$ 2,148 trilhões - 10,9% acima do valor calculado anteriormente.

Também foi muito maior o crescimento da economia no governo Lula. Em 2003, 2004 e 2005, respectivamente, o crescimento em relação ao ano anterior foi de 1,1%, 5,7% e 2,9% - pelo cálculo anterior, as taxas eram de 0,5%, 4,9% e 2,3%.

O PIB é a soma de todas as riquezas geradas em um país. Uma fábrica de sapatos que vende um lote por R$ 1 milhão após gastar R$ 800 mil na produção, por exemplo, contribui para o PIB com R$ 200 mil. O trabalho do IBGE é coletar e organizar estatísticas dos mais variados setores econômicos para tentar somar todas essas contribuições e, com isso, traçar um quadro o mais fiel possível do tamanho da economia do país.

O cálculo do PIB feito anteriormente não estava errado - obedecia a uma metodologia aceita internacionalmente, normatizada pela ONU. Ao retratar a evolução de uma economia com milhões de atores e fatores de influência, porém, é impossível atingir precisão absoluta. Com a nova metodologia, o IBGE dá um passo em direção a uma maior precisão. "O cálculo vai melhorar, vai ficar muito mais referenciado na realidade", afirmou, no mês passado, Roberto Luís Olinto Ramos, coordenador de Contas Nacionais do IBGE, que chefia a equipe responsável por mensurar a geração de riquezas no país.

As mudanças metodológicas são complicadas para os leigos. Em termos gerais, pode-se dizer que a nova contabilidade detecta de forma mais precisa o peso do governo na economia - estima-se hoje que o setor público responda por cerca de 15% do Produto Interno Bruto.

Houve uma mudança considerável na base de dados do PIB, com a incorporação de levantamentos anuais do IBGE até então desprezados, como Pesquisa Anual da Indústria, Pesquisa Anual de Serviços, Pesquisa Anual de Comércio e Pesquisa Anual da Indústria da Construção.

O PIB antigo não media com grande acuidade a contribuição das pequenas empresas para o PIB. Essa lacuna foi preenchida com a inclusão de dados do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica no cálculo. Os dados foram cedidos pela Receita Federal - em forma bruta e não individulizada, para não ferir o sigilo dos contribuintes.

Do Terra Magazine

terça-feira, março 20, 2007

"Caixa-preta da Infraero" é o c@r@l#o!

Vai-se consolidando mais uma orquestração da mídia e da oposição para desmoralizar o governo. E vem com o chavão dos chavões, a expressão "caixa-preta", sugerindo-se uma gestão pouco transparente da Infraero, promotora de roubalheira.

O termo é impróprio. A empresa se encontra hoje sob o constante monitoramento do TCU, que examina um por um os processos de compras relacionadas com as reformas importantes que foram feitas nos aeroportos brasileiros a partir de 2003. Há certamente problemas, que não são de hoje, mas que não chegam perto da fantasiosa versão da oposição (que não apresenta prova de nada!), interessada em alimentar na opinião pública a idéia de que ali tem corrupção, e que a corrupção tem tudo a ver com os atrasos e o caos nos aeroportos... Como bem lembrou o blog do Zé Dirceu, repetindo a mentira até que ela se torne verdade.

Não há dúvida, o único objetivo da oposição é confundir e se possível parar o país, a Câmara e os aeroportos, desestabilizando o governo, impedindo ou retardando a aprovação do PAC, fazendo o jogo do quanto pior, melhor, sacaneando a nação.

Duda Mendonça, a Receita e a mídia

Quando Duda Mendonça estava no meio do foguetório, a grande mídia dava manchetes. Quando a Receita Federal divulga que Duda está quites com os tributos e normas legais, a grande mídia faz de conta que de nada sabe. A Receita Federal de São Paulo já confirmou que não existem irregularidades nas movimentações empresariais de Duda Mendonça em 2006. A grande mídia brasileira cumpre essa função anti-cidadã, de execração pública, uma espécie de ditadura, condenação sem processo e sem direito à absolvição, muito menos reparação.

Leia jornais desconfiando sempre.

Do Bahia de Fato

Temporão na Saúde é escolha técnica acertada

A indicação de José Gomes Temporão para Ministro da Saúde é um bom exemplo do critério da competência administrativa na formação do ministério do presidente Lula. Técnico, secretário de Atenção à Saúde do Ministério, ex-diretor do Inca e agora ministro, Temporão tem uma longa carreira e uma vasta experiência na área, sem deixar de ser político, militante da causa da saúde pública.

Tomou posse com um programa direto e objetivo. Fundar uma Escola Pública de Saúde; formar administradores e gestores; priorizar o planejamento familiar; a manutenção do SAMU, do Farmácia Popular, do Brasil Sorridente; a ampliação do Programa Saúde da Família, agora articulado com a Educação; instituir uma política nacional de atenção à saúde do homem, como já temos para a mulher, que será mantida e ampliada; fortalecimento do SUS como política de Estado, não de governo; dar uma resposta ao problema do atendimento ambulatorial nos hospitais do Sistema Único de Saúde; formação de uma equipe técnica no Ministério; repactuação entre União, estados e municípios para gerir a saúde pública; dar uma solução para a crise da saúde do Rio de Janeiro, entre mais de 22 propostas apresentadas ontem no seu discurso de posse.

Com o blog do Zé Dirceu

O que dizer contra a CPI da crise aérea

O líder do PP, o baiano Mário Negromonte, fez uma defesa pertinente do governo hoje. Relembrou, em reunião dos líderes, umas falas bastante curiosas, que vale reproduzir:

"Não se pode aceitar a ditadura da minoria. O que o governo tem feito é legítimo, trabalhando para que o País não fique paralisado por uma CPI (...) Não vamos transformar o Congresso Nacional numa delegacia de polícia, investigando o que já está sendo investigado".


"Seria uma CPI meramente política, que visaria a paralisar o Congresso Nacional e o governo"

O primeiro discurso é de José Carlos Aleluia, vice-líder do PFL, em 2001, quando, na base de sustentação do governo FHC, impediu a instalação da CPI da corrupção.

A outra frase foi pronunciada pelo hoje líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio, que era vice-líder do partido, na mesma ocasião.

Como cantou Caetano Veloso, tempo, tempo, tempo, tempo...

domingo, março 18, 2007

As calúnias de Veja

"A revista Veja desta semana publica mais uma de suas matérias caluniosas e ofensivas à minha honra e à minha imagem. Para dar ao leitor a impressão de que a matéria é verdadeira, mistura fatos reais com mentiras. Sonega informações, como as que eu mesmo dei em entrevista à revista na quinta-feira, desqualifica minha vida profissional, imiscui-se em minha vida familiar e privada. O objetivo é claro: combater-me politicamente, destruir minha vida profissional, desconstruir minha história, prejudicar minha vida pessoal. A revista quer manter sua campanha contra mim e mostrar que tinha razão em me transformar do dia para a noite em bandido e chefe de quadrilha."

Este é o primeiro de dezenas de parágrafos da resposta do ex-ministro José Dirceu à revista Veja. Ponto por ponto, Dirceu demonstra como é feito o "jornalismo" da revista. Leia o resto aqui.

Falácia ideológica pinta o Estado como culpado pelo baixo crescimento

Sob o título "Gasto do governo triplica em 20 anos e trava crescimento", o conservador Estadão insiste na tecla de que é preciso reduzir o tamanho do Estado para se ter crescimento econômico. Publico os argumentos do jornal e, em seguida, apresento uma noticiazinha singela da Gazeta Mercantil que põe por terra a falácia.

"As despesas correntes do governo se multiplicaram por três em 20 anos. Em 1986, estes gastos consumiam 10,3% do Produto Interno Bruto do País. No ano passado já representavam 30,2% do PIB. As contas foram feitas pelo economista Alexandre Marinis, da Mosaico Economia Política, num estudo que mostra o porte do Estado brasileiro como o principal entrave ao crescimento econômico. Marinis obteve dados do tamanho do Estado de 27 países emergentes em 2002 e constatou que o Brasil aparece em sexto lugar. Perde para Israel e Arábia Saudita, mas é 56% maior que o da China e do Chile. O estudo também revela que, em 215 países analisados no período de 1971 a 2005, há uma relação direta entre Estado possante e desempenho esquálido. A média de crescimento nos países onde os Estados gastam até 10% do PIB foi de 4,7%. Naqueles onde o tamanho do Estado equivale a 30% do PIB a média de expansão ficou em apenas 2,4%. "Com um aumento tão expressivo no tamanho do governo brasileiro, a desaceleração da economia que se seguiu não deveria surpreender ninguém", diz Marinis."

Já a Gazeta Mercantil nos brinda com o seguinte:

"A Argentina manteve o ritmo de crescimento vigoroso pelo quarto ano seguido, só superado por Cuba e Venezuela na América Latina. Os dados oficiais do PIB mostraram ontem que o país cresceu 8,5% no ano passado. Analistas projetam expansão de 7,7% para 2007."

Queria ouvir do tal de Marinis, que sustenta a "tese" do Estadão, uma boa explicação para o crescimento robusto dos países com economia mais estatizada da América Latina... O país de Chavez e o país de Fidel.

Ah! Meus sais...

Milagre: Folha elogia plano do governo para educação

Vale reproduzir aqui uma raridade, que é o jornal Folha de S.Paulo elogiar uma ação do governo em editorial.

Um bom plano

Governo acerta ao criar índice de desempenho na educação e associá-lo a repasse de recursos federais e ajuda técnica

O PLANO de Desenvolvimento da Educação (PDE), cujas diretrizes foram apresentadas nesta semana pelo ministro Fernando Haddad, foi recebido com elogios até mesmo por adversários políticos do governo Lula.

A proposta é de fato positiva. Abrangente, ela prevê ações em todas as fases do ensino formal, das creches até a pós-graduação, atingindo os mais diversos atores, de alunos e docentes a diretores. São engenhosos alguns de seus mecanismos -como a criação de um indicador de qualidade que combine desempenho em provas com dados de repetência e evasão.

A espinha dorsal do plano repousa na educação fundamental. Faz sentido. É quase unânime o diagnóstico de que o sistema está fracassando já na fase crucial da alfabetização.

De posse dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira (Ideb, a nota de 0 a 10 composta por indicadores de resultado e fluxo), o MEC vai procurar os prefeitos dos mil municípios com pior pontuação e propor-lhes um pacote de mudanças, que incluem até a forma de escolha dos diretores de escola. A adesão é voluntária.
Os que concordarem receberão assistência técnica, equipamentos e recursos financeiros extras. A continuidade do convênio fica vinculada ao cumprimento de metas, como a melhoria do desempenho no Ideb.

O MEC também pretende criar a Provinha Brasil, uma avaliação para aferir a eficácia das escolas na alfabetização, a ser aplicada em crianças de 6 a 8 anos. A meta do ministério é que todos os alunos aprendam a ler até os 8 anos.

Existem ainda novidades importantes no âmbito do professor. O MEC vai definir um piso salarial nacional para o magistério que deve ficar em torno dos R$ 800. Os recursos para tanto viriam do Fundeb, o fundo federal para o ensino básico.

No que diz respeito à formação, cada professor será vinculado a uma universidade, onde terá de submeter-se a atualizações trienais. Os que ainda não possuem diploma de nível superior terão a oportunidade de obtê-lo.

Embora bem concatenadas, as medidas ensejam algumas dúvidas. É possível que parte dos prefeitos de municípios mal avaliados não concorde com as exigências do Ministério da Educação e não adira ao programa.

É pena também que o governo não tenha aproveitado o PDE para lançar um mecanismo de incentivo à qualidade para as escolas que já se encontram na média nacional ou acima dela. Premiar as instituições que se saem melhor poderia introduzir no sistema uma saudável competição pela busca de excelência.

Há poucos reparos a fazer sobre as linhas gerais do novo plano. É necessário ter em mente, porém, que se trata de diretrizes a exigir ainda um bom esforço de detalhamento - fase em que costumam aparecer os conflitos políticos e burocráticos. Para não mencionar a implementação, de longe a tarefa mais complicada de projetos ambiciosos como o PDE. A conferir.

sábado, março 17, 2007

A Lista de Furnas é verdadeira! Tucanos a encabeçam

A revista Carta Capital que chega às bancas neste final de semana (domingo,18) traz uma reportagem de Sergio Lírio sobre a Lista de Furnas. A matéria, que tem o título “Sem Truques ou Montagem”, diz que “detalhes da perícia reforçam a autenticidade da Lista de Furnas.

Lembram-se da Lista de Furnas? Era a lista dos políticos do PSDB que receberam dinheiro ilegal para a campanha eleitoral. Os mesmos que raivosamente atacavam Lula e o PT.

O laudo do qual a reportagem fala é do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal. A Lista de Furnas apresenta dezenas de candidatos supostamente beneficiários de um esquema de caixa 2, entre eles os tucanos Geraldo Alckmin, José Serra e AÉCIO NEVES.

No auge da campanha eleitoral reproduzi, aqui, denúncia do Blog Os Amigos do Presidente Lula. Foi um deus-nos-acuda. Até hoje tem gente sem falar comigo.

LEIA A NOTA DO BLOG DE HELENA:

Tucanos irritados com Lista de Furnas. Vejam por quê.

O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Jutahy Magalhães Júnior (BA) ficou muito irritado com o Parecer Técnico da Polícia Federal, que comprovou a autenticidade da Lista de Furnas. Em represália, voltou a pedir a demissão do ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, com base em denúncias de remessa ilegal de dinheiro ao exterior não comprovadas.

Por que o deputado Jutahy Júnior se irritou tanto? Não defende a ética na política?

Uma consulta à Lista de Furnas revela o porquê da irritação. Ele próprio, Jutahy, está na lista como tendo se beneficiado de R$ 270 mil. Seu desafeto na Bahia, deputado João Almeida está na lista como tendo recebido R$ 75 mil. José Serra (PSDB) está na lista (R$ 7 milhões); Geraldo Alckmin (R$ 9,3 milhões); Aécio Neves (R$ 5,5 milhões), Eduardo Azeredo (R$ 550 mil).

Tem mais. Dos 156 políticos relacionados, 43 são do PSDB e estes teriam se beneficiado com um total de R$ 4 milhões 625 mil.

A lista é autêntica, a assinatura confere. Pela ética na política Jutahy, que é um homem sério, deveria saudar a competência da Polícia Federal. Fica muito feio desenterrar essa acusação não comprovada contra o ministro da Justiça apenas por represália política. Afinal, tudo deve ser investigado. Os irritadiços parlamentares do PSDB tentaram convocar o ministro da Justiça. Perderam no plenário. Não há nenhuma justificativa para convocação do ministro Bastos. A não ser a represália do PSDB e PFL, implicados até o pescoço na Lista de Furnas.

Estão com medo do quê?

Helena

Fonte: Os amigos do presidente Lula e Bahia de Fato

O dinheiro da TV Senado é público e a iniciativa do Nelson Motta é privada



[Nelson Motta promovendo seu segundo livro, "Mocinhas e bandidos", na TV Senado]

Nem sei se o Nelson Motta mora no Leblon. Acho que é na Vieira Souto, em Ipanema. Mas ele se comporta como se fosse integrante da República do Leblon. Hoje, sexta-feira, dia 16 de março de 2007, ele decidiu falar sobre televisão. Escreveu "Fora do ar", na Folha de S. Paulo. Não falou ontem. Nem anteontem. Não falou contra a TV Cultura de São Paulo.

O Nelson Motta quer fechar a TV Cultura de São Paulo?

Ele está preocupado com o custo das tevês públicas. Eu pergunto: e o custo para a prefeitura que abriu as calçadas para a instalação dos cabos que levam as emissoras privadas até a casa dele? Ele sabe se isso custou aos cofres públicos ou foi bancado pelas empresas privadas?


[Paulo Markun: cabide de emprego?]

Nelson Motta diz que, se for criada a Rede Pública de Tevê, serão abertas "centenas de novos empregos públicos para amigos e correligionários que não conseguem trabalho em emissoras melhores".

Quais são as emissoras melhores, Nelson Motta? Aquelas que te dão emprego? Aquelas que te entrevistam? Você quer dizer que o excelente Paulo Markun está pendurado num cabide?

"A maioria absoluta dos programas desses canais poderia dispensar as antenas e ser apresentada em circuito fechado aos seus escassos telespectadores, num bar ou num ônibus. Sairia mais barato do que colocar no ar"
, diz o Nelson Motta.

Ou seja, baixou nele, repentinamente, uma tremenda preocupação com o público.Pois eu gosto do Roda Vida. E dos shows gravados pela TV Cultura de São Paulo.

De uma só vez, o Nelson Motta ofende os profissionais que trabalham na TV Cultura e todos aqueles que preferem a emissora aos canais comerciais - embora a distinção esteja ficando cada vez menor.

Mas o Nelson Motta está preocupado com a audiência.

"Quase todos [os canais públicos] são cabides de emprego, com programação pífia e audiências que somadas não chegam a um ponto de share"
, diz o Nelson Motta.

Eu vou ligar para o Heródoto Barbeiro, que é da CBN, para saber se ele concorda que a TV Cultura é um cabide de emprego. Quem arrumou o emprego do Heródoto? Qual foi o padrinho dele?

Ah, o Nelson Motta descobriu o share. Vai ver que ele tem em casa um medidor do Ibope e fica acompanhando o share da TV pública. E quem é que diz que a audiência deve ser o único objetivo de uma concessão pública?

Eu não sei se o Nelson Motta sabe disso, mas as emissoras comerciais do Brasil são concessões públicas e elas também custam ao contribuinte, porque toda uma infraestrutura foi criada para permitir que elas existam.

Quantos terrenos em que estão implantadas antenas repetidoras no país foram comprados pelas emissoras comerciais?

O Nelson Motta sabe? Repito: as tevês a cabo custam ao contribuinte brasileiro, mesmo àqueles que não tem dinheiro para assinar.

Quem é que pagou pela abertura das calçadas para a instalação dos cabos, as calçadas por onde passeiam os integrantes da República do Leblon?

Eu gostaria que o Nelson Motta pesquisasse e nos desse a resposta.

"Quando o governo, qualquer governo, fala em rede pública de tevê, a idéia é sempre "oferecer opções" (as deles) ao público"
, diz o artigo.

Sim, Nelson Motta, porque eu não quero ter as mesmas opções que você.

Eu quero outras. Ou não posso escolher? Se você pode pagar a conta da tevê a cabo e tem acesso a 100 canais, parabéns. Se você pode pagar e tem uma coleção de DVDs, parabéns. Você faz parte do público do Big Brother? Duvido.

Mas eu acho que uma tevê pública vale a pena, sim, justamente porque poderá - se tiver dinheiro para tanto - oferecer aos moradores de Belém do Pará, ou pelo menos àqueles que não tem TV a cabo, uma cobertura mais abrangente do círio de Nazaré.

Você, que pode pagar, assista ao Manhattan Connection. Com uma tevê pública de tevê, quem sabe a gente vai assistir a transmissão do Boi de Parintins, no Amazonas.

A transmissão do Boi não vende cotas no Sul Maravilha, não é Nelson Motta? Além de ofender a todos os jornalistas e profissionais que trabalham em emissoras públicas, que produzem muitos programas de alta qualidade, o Nelson Motta agora quer dar uma de censor e nos manter "fora do ar".

Quando você passear pela calçadas do Leblon ou de Ipanema, caro coleguinha, não se esqueça de se perguntar: quem pagou a conta para enterrar os cabos que levam 100 canais até o meu apartamento?

A República do Leblon quer o Brasil dela para todos, às custas do dinheiro público. Os integrantes dela amam a BBC, a ZDF e a NHK - todas redes públicas/estatais. Mas não viram e não gostaram da emissora que nem entrou no ar. Por quê? A quem não interessa uma rede pública bem feita? Será que é àqueles que usam concessões públicas para extorquir governos - federal, estaduais e municipais?

Aqui você fica conhecendo todos os profissionais que o Nelson Motta ofendeu:

http://www.tvcultura.com.br/

http://www.tvebrasil.com.br/

Nelson Motta escreve:

"É ótimo para a democracia que se possam acompanhar as sessões da Câmara e do Senado. Mas ninguém precisa das "programações culturais", ou pior, "jornalísticas", desses canais que só vêem quando pega fogo o circo das CPIs".

Ok, coleguinha. Então por quê você foi promover seu livro na "programação cultural" da TV Senado? Você usou uma empresa pública para promover uma iniciativa privada.

No caso, a SUA iniciativa privada com o NOSSO dinheiro público.

De: Vi o Mundo

sexta-feira, março 16, 2007

Lula: Plano para educação vai recuperar décadas de atraso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira (15) que o governo pretende fazer uma grande reforma na educação brasileira, cujo objetivo é dar um salto de qualidade no ensino e recuperar o atraso das últimas décadas.

A afirmação foi feita durante cerimônia com educadores, professores, reitores, pedagogos e ex-secretários de Educação, no Palácio do Planalto.

O encontro debateu as linhas do Plano de Desenvolvimento da Educação, que prevê investimentos de R$ 8 bilhões nos próximos quatro anos na melhoria da qualidade do ensino.

"A experiência acumulada mostra que o Estado brasileiro, ao longo das últimas décadas, não deu respostas (para os problemas da educação). Houve a universalização do ensino, mas não houve um acompanhamento da melhoria da qualidade da educação. Então, estamos entre os piores do mundo", declarou o presidente.

O presidente afirmou que diversas pessoas foram chamadas para colaborar na elaboração do Plano de Desenvolvimento da Educação, como os ex-ministros Cristovam Buarque (PDT – DF) e Paulo Renato (PSDB-SP). Segundo ele, o governo quer ouvir quem pode contribuir, independentemente de partido.

Violência
Em seu discurso, Lula mais uma vez vinculou a questão da violência e da criminalidade à precariedade do ensino e destacou a importância da educação de qualidade como elemento de combate ao crime.

"Nós temos um estoque de 3 milhões de jovens, de 15 a 24 anos, que pararam de estudar e estão à mercê do crime organizado, de cometer barbaridades que vemos na televisão", disse.

O presidente afirmou, mais uma vez, que é contra a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. "Ao invés de ficarmos discutindo apenas as exceções, que devem ser punidas, precisamos cuidar dos que representam a regra: jovens pobres que precisam estudar", disse.

Prova Brasil
Lula defendeu que o exame Prova Brasil seja aplicado antes da 4ª série como forma de mapear as condições do ensino fundamental.

“Não temos como esperar quatro anos para fazer uma prova. Ou medimos essas crianças mensalmente, quinzenalmente, semanalmente, diariamente, ou não tem jeito.”

O Prova Brasil é desenvolvido e realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). A primeira edição ocorreu em novembro de 2005, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de educação.

O exame aconteceu em 5.398 municípios de todas as unidades da federação, avaliando 3,3 milhões de alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental.

quinta-feira, março 15, 2007

Desfaçatez tucana é a de sempre

Pimenta no olho do outro é refresco. Façam o que eu falo, não o que eu faço. Estes são os pilares da moralidade tucana. Assim se explica o ímpeto para investigar problemas da alçada federal, de um lado, e a luta pra acobertar os erros que levaram ao buraco da linha 4, o buraco tucano.

"Realmente é inacreditável o tamanho descomunal da hipocrisia dos tucanos. Está registrado no Valor de hoje, com todas as letras, na matéria “PSDB obstrui audiência sobre desastre no metrô de SP”. Vejam só: “Na manhã de ontem, o PSDB brigou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para instalar a CPI do Apagão Aéreo, mas à tarde, os tucanos usaram de todos os artifícios para obstruir, na Comissão de Direitos Humanos na Câmara, a realização de uma audiência pública para investigar o desmoronamento na obra do metrô em São Paulo. Num procedimento raro, senão inédito, o deputado João Almeida (PSDB-BA), logo no início da reunião, pediu a verificação de quórum no momento da votação da dispensa da leitura da ata da sessão anterior. É de praxe que, mesmo com apenas um deputado presente, seja dispensada a leitura da ata da reunião anterior”.


Com blog do Zé Dirceu

quarta-feira, março 14, 2007

Emenda 3, também conhecida como “Emenda Globo”, opõe empresários e trabalhadores

A discussão em torno da Emenda 3 ao projeto do governo da Super-Receita, é daquelas que tornam cristalina a visão sobre quem está do lado de quem. Nesta semana temos lido anúncios de jornal defendendo um lado e outro, e a grande mídia claramente desinteressada em esclarecer, mas apenas bombardear a intenção do governo de vetar a danada.

“A emenda 3 proíbe que o Poder Executivo possa, por meio de ações de fiscalização, julgar se há vínculo empregatício entre duas pessoas mesmo que formalmente isso não aconteça. Este impedimento ataca diretamente casos de maquiagem na contratação de um empregado quando este se utiliza de uma pessoa jurídica (PJ) para formalmente aparentar uma relação de prestação de serviços. A autuação em situações como estas só seriam possíveis no âmbito do Judiciário.”

Ou seja: os deputados incorporaram um dispositivo ao projeto do governo que – ao fim e ao cabo – inviabiliza a fiscalização dentro das empresas. A relação entre patrão e empregado passa a ser entre pessoas jurídicas – daí o termo “pejotização” das relações trabalhistas – e o trabalhador fica sem décimo-terceiro, férias, previdência etc.

Ao mesmo tempo, o empregador tem mais facilidade de contratar, posto que o custo social é menor. Explica-se o interesse das empresas de mídia: este é o modelo por excelência que vigora nas redações dos jornalões e nas TVs, de modo geral, e há anos é intensamente combatido por sindicatos de trabalhadores e centrais sindicais.

“O receio das centrais é que, com a medida, uma maioria esmagadora dos empregadores passe a usar contratos com pessoas jurídicas pelo fato de ser mais barato – os impostos sobre esta forma são menores do que os encargos existentes para empregados de carteira assinada. Como pessoas jurídicas, os trabalhadores perderiam os direitos conquistados na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e na Constituição Federal de 1988, tais como férias, 13º salário e recolhimento ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).”

Com Agência Carta Maior

Dinheiro do PAC não engordará superávit

O governo federal utilizará todos os recursos destinados à construção civil, cerca de R$ 106 bilhões em quatro anos, previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A garantia foi dada hoje [13/03/2007] pelo presidente Lula, na abertura da Feira Internacional da Indústria da Construção (Feicon), no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo.

"Não ficaremos com dinheiro em caixa para engordar o superávit primário no final do ano", disse o presidente. Segundo Lula, caso as prefeituras e os governos estaduais não apresentem projetos de construção civil, como de urbanização de favelas, no âmbito do PAC, a União transferirá automaticamente as receitas para outros entes da federação.

"Agora é a lei do 'pão pão, queijo queijo'. E se uma parte não cumprir sua obrigação, o projeto vai para outra parte", ameaçou o presidente, informa a Agência Estado.

Do Congresso em Foco

terça-feira, março 13, 2007

Como é criativa a nossa direita (1)

A direita e seus blogueiros criaram, durante a crise política de 2005/2006, um monte de besteiras pra desqualificar o debate político. Vou publicando aos poucos, mas as colaborações e lembranças são bem-vindas. O clichê dos clichês, hours concours entre tantos “brilhantismos intelectuais” é, com toda a certeza, o apelido de “apedeuta” para o presidente Lula. Estou para apostar que 110% dos que ainda hoje usam o termo só ficaram conhecendo seu significado após consulta ao pai dos burros.

Como é criativa a nossa direita (2)

Essa é mais comum que pão-com-manteiga. Uma entrevista via – como se chama aquela frescura mesmo, pó-de-quésti – do Diogo Mainardi com um famoso blogueiro direitoso especializado, como ele próprio, em falar mal do Lula (apedeuta!) e do governo, dizendo que “não existe vida inteligente na blogosfera lulista”. Tamos conversados, fazer o quê? Enquanto eles nos medirem com a régua deles, jamais passaremos de ano mesmo!

Como é criativa a nossa direita (3)

Quer um texto crítico “denso”? Essa receita é batata. É preciso preparar antes umas citações bem chiques, qualquer assunto pode ser pretexto, pois sempre cabe. Cite (de memória) Bobbio, Santo Agostinho, Stendhal – e até um economista liberal fodão, tipo Milton Friedmann. Encontre um gancho e fale mal dos muçulmanos – aliás, comprove a inferioridade de sua civilização e a incapacidade de haver democracia entre eles. Você pode citar Samuel Huntington, pois ninguém conhece mesmo. Renove sua confiança no acerto da política norte-americana de combate ao terrorismo e se demonstre sensível ao ponto de vista israelense a respeito da questão palestina. Fukuyama cai bem aqui, quem sabe você use até um editorial do NYT. Diga que é católico e temente a Deus (crê na Santa Madre Igreja, não na igreja comunista do padre Lancelotti). Quando falar da pobreza palestina, lembre o leitor do Bolsa-família, chame-o de bolsa-esmola, associe-o a “populismo”. Lembre que fazem melhor no Paquistão. Se chegou até aqui, aproveite e fale mal do Chavez (bufão histriônico é bom); invente algum dado sobre o crescimento da pobreza na Venezuela. Lamente a reeleição do Lula (apedeuta!), fale mal dos pobres que votaram nele, reclame da mídia vermelha (êpa!), da dona Marisa, do filho Fábio, da estrela no jardim do Alvorada, do "dossiê fajuto", trate os petistas como “essa gente”. Tá pronto mais um post instigante e descolado do Reinaldo Azevedo (aquela figurinha de chapéu).

Pisada no tomate

Causou uma péssima repercussão a decisão do BC de reduzir a remuneração da poupança, para dar competitividade aos fundos de renda fixa. Não adianta falar que pro mutuário do SFH a medida é positiva, pois a Caderneta é quase universal, enquanto o financiamento da casa própria não. Há quem diga que a medida favorece a posição do governo na hora de financiar a dívida pública, já que os bancos que lhe compram os títulos na operação de rolagem precisam ser remunerados. Mas, de fato, faltou alguém (Meirelles? Paulo Bernardo?) vir a público explicar – e, sendo possível, justificar – medida tão antipática de favorecimento explícito aos bancos.

Tem de proibir

Emenda contrabando, emenda frankenstein. São os produtos mais acabados do oportunismo político e da desavergonhada falta de decoro de muitos dos nossos congressistas. É preciso que o expediente seja tipificado e vedado, em nome da moralização do processo legislativo.

Olha o terceiro turno aí, gente

Fico a me perguntar onde estavam o PFL, o PPS e o PSDB no ano passado, quando caiu o avião da Gol e, na semana seguinte, começou o caos nos aeroportos. Ali seria a hora de fazer CPI. A iniciativa, neste momento, é estratégia clara pra desgastar o governo, para constranger a “nova aliança” recém-sacramentada entre PT e PMDB.

Deputado íntegro, colunista probo

O colunista direitoso Cláudio Humberto foi veloz ao buscar associar o deputado Aracely de Paula (PR-MG) – cujo assessor foi flagrado pela PRF dia desses com R$ 80 mil em dinheiro sem origem declarada – ao ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR-AM). Nascimento foi identificado maliciosamente como “principal operador político do governo Lula” (sic!). Nenhuma menção ao fato de Aracely ter integrado a equipe de governo do mineiro Aécio Neves (PSDB), como secretário de Turismo.

Começa o choro

Já começam a pipocar aqui e ali as “análises” contrárias ao projeto de uma TV pública com alcance nacional, como cogita o governo. A Agência Estado distribui notícia de que o projeto custará R$ 250 milhões. E informa que o pessoal da radiodifusão está vibrando com a possibilidade de que a nova emissora de TV, ao funcionar, venha a desobrigar as emissoras de rádio comerciais de retransmitir a Hora do Brasil.

segunda-feira, março 12, 2007

Desabafo de um "sem mídia"

Publico aqui partes de um post superlúcido do blog de Eduardo Guimarães - cidadania.com, em que propõe a criação do "movimento dos sem mídia", destinado a enfrentar os grandes veículos de comunicação que mentem e distorcem descaradamente os fatos que envolvem ações do governo. Segundo o autor, "começou a sabotagem", com mídia e oposição tucano-pefelê "a bater bumbo e a pedir CPIs visando paralisar o governo, como fizeram durante metade de 2005 e por 2006 inteiro", em função da crise dos controladores, do ano passado.

Se tentarmos entender a mídia brasileira quando trata de política, ficaremos loucos. Essa mídia corporativa, reacionária, engajada politicamente até a raiz dos cabelos, diz que o governo Lula tem um viés antiamericano e pró-populista, pois o primeiro mandatário teria relações estreitas demais com os ditos populistas Hugo Chávez, Evo Morales, Néstor Kirchner e outros governantes de esquerda que estão ascendendo ao poder na América Latina depois do fracasso retumbante do neoliberalismo tucano-pefelê, oriundo do Consenso de Washington. Quando a política externa de Lula, no entanto, desfaz essa teoria mentirosa e ladina ao entabular diálogo de alto nível com o governo norte-americano, essa mesma mídia esquizofrênica tenta passar, através de fotos, fotinhos, fotões e interpretações manipuladoras dos fatos, a idéia de que Lula se submete aos interesses ianques.

É o samba do crioulo doido. Não há saída para Lula na mídia partidarizada deste país. Nada do que ele faça ou diga receberá uma interpretação minimamente isenta e fidedigna dos fatos. O objetivo diário da mídia é desgastar o governo. Não se pode confiar em nada do que a mídia diz sobre política.

(...) Vira e mexe, o crescimento econômico da Venezuela é contraposto ao do Brasil, numa insinuação de que a política econômica de Chávez seria melhor do que a de Lula.

(...) Tudo é distorcido, manipulado com a conveniência da situação, que é sempre a conveniência de causar o maior prejuízo de imagem possível ao governo de Lula e, sobretudo, ao seu titular. Não se sabe mais o que é verdade e o que é mentira. Não se tem a menor idéia do que a mídia omitiu ou do que ela exagerou. Fica-se sempre em compasso de espera sobre tudo o que dizem os meios de comunicação, à espera de que os fatos confirmem ou desmintam o que deu nos jornais, TVs ou rádios.

O que Míriam Leitão quer dizer quando faz pouco caso da visita de Bush

Altamente esclarecedor o exercício feito por Paulo Henrique Amorim para desnudar o que vai nas entrelinas do discurso dor-de-cotovelo de Míriam Leitão, fazendo pouquíssimo caso da visita que mobilizou a mídia, calou a oposição e fez evaporarem as críticas à política externa pretensamente "anti-americana" do governo Lula.

"Reproduzo abaixo o que disse Miriam Leitão no seu blog em O Globo:

Visita de Bush foi tardia e vazia

A visita do presidente George Bush tomou muitas páginas dos jornais neste sábado, provocou muita confusão no trânsito de São Paulo na sexta, mas produziu muito pouco efeito. Foi uma viagem tardia, um gesto de um presidente perdendo rapidamente seu poder. O debate da imprensa sobre a visita ficou contaminado demais pelos gestos inocuos de Hugo Chavez, levando a sério um suposto conflito Washington-Caracas.

Hugo Chavez é apenas patético com gestos como fazer manifestação de rua em vez de governar seu país que tem sérios problemas. Um deles: a taxa de homicídios em Caracas é quase três vezes maior do que a do Rio e mais de seis vezes maior do que a de Bogotá.

George Bush é apenas um presidente caminhando rapidamente para virar um lame duck, como resultado de ter perdido as eleições legislativas do ano passado e o país já estar pensando na eleição presidencial do ano que vem.

Bush ignorou a América do Sul na maior parte do seu governo. Ao tomar posse ficou mais de um ano sem sequer nomear o sub-secretário para Assuntos Latino-Americanos. Depois do 11 de setembro a política externa ficou definitivamente em torno da questão do terrorismo.

Hugo Chavez seu suposto inimigo na América do Sul faz ótimos negócios com os Estados Unidos. É o país que compra quase a metade de todo o petróleo que a Venezuela exporta, e esse petróleo representa 11% de tudo o que os Estados Unidos importam. Esse produto entra sem pagar imposto no mercado americano e é a garantia de receita da PDVSA. Dos cofres da empresa petrolífera saem os dólares para financiar tudo: a política populista interna e a ajuda a países como Bolivia, Equador e Cuba. O suposto amigo Brasil tem que pagar 48% de tarifa para entrar com seu etanol no mercado americano e este ano, como tem etanol sobrando lá, não deve vender nada. E que não se espere coisa diferente dos democratas. O senador Barack Obama já está hoje nos jornais defendendo o produtor americano, para provar a fama de protecionista dos democratas.

Enfim, uma visita tardia e vazia, que não representa nada mais que isso.

______________

Vamos fazer um exercício de “metalinguagem” e reescrever a coluna de Miriam com O QUE ELA DE FATO QUIS DIZER:

Lula não pode faturar essa visita

A vista do presidente da nação mais poderosa do mundo ao Brasil não deve ser interpretada como uma vitória política do Brasil nem da diplomacia brasileira.

Isso seria péssimo para os conservadores brasileiros como eu e as Organizações Globo para que trabalho.

É importante evitar que se solidifique a impressão de que uma política externa diferente da política pró-americana de FHC possa dar certo.

É importante impedir que um presidente trabalhista como Lula seja capaz de se impor ao presidente da nação mais poderosa do mundo como um político maduro, bem preparado, que sabe o que diz.

A política do Itamaraty é um fracasso.

E Lula é um despreparado.

É preciso fixar a idéia de que um presidente americano com APENAS dois anos de mandato tem tanto poder quanto o presidente da Ilha de Malta.

Que veio ao Brasil com medo do Chávez.

Que só parou no Brasil porque é a melhor escala antes de Montevidéu.

Outra coisa: esse acordo do etanol é irrelevante. Como diz a Folha de São Paulo de hoje, brevemente o Brasil perderá essa efêmera liderança.

O Brasil pode querer ser o maior produtor de cana do mundo, mas, no Governo Lula, NADA será feito para manter e ampliar essa liderança.

Todos os esforços positivos - se houver - se deverão à iluminada liderança do Governador de São Paulo, o homem mais preparado para governar o Brasil, e que saberá dinamizar as pesquisas e manter o que Lula vai perder.

Bush é um pobre coitado. Não manda nada. Hoje, quem manda é o Barack Obama que já disse que não vai ter redução dos subsídios agrícolas.

Aliás, Lula, se fosse minimamente preparado, nessa próxima viagem aos Estados Unidos, não deveria ficar em Camp David, mas visitar Barack Obama, porque é ele quem dá as cartas, nos próximos dois anos.

Bush é tão irrelevante que Fernando Henrique Cardoso sempre debochou dele, nunca o levou a sério. Para que? De que adiantaria ficar amigo de um pobre coitado, como Bush. FHC é que estava certo!

(Ainda bem que as gestões de Mario Garnero e Nelson Jobim para aproximar FHC de Bush não deram certo...)

Quem está certo é o Kirchner, que, sequer, recebeu esse presidente irrelevante, esse tal de Bush.