Reportagem do Valor Econômico de hoje (17/10) mostra que a campanha sistemática da Veja contra Lula pode ter como motivo, além do conservadorismo dos donos da Editora Abril, questões mais concretas. A matéria “Editoras menores vendem mais ao governo federal”, mostra que o governo Lula mudou as regras para a divulgação de livros didáticos nas escolas públicas, favorecendo assim a descentralização das compras e abrindo espaço para editoras de menor porte.
“A portaria número 2.963, publicada em agosto de 2005, proibiu 'realizar a divulgação dos materiais diretamente nas escolas', assim como eventos ou palestras dentro desses locais públicos e o oferecimento de brindes durante o processo de escolha do livro didático - feito de forma descentralizada pelo professor ou diretor da escola. Essas barreiras minaram o poder de fogo de alguns grupos editoriais, que até então destinavam grande parte da verba publicitária ao relacionamento entre seus representantes e esses funcionários públicos”.
“A portaria não foi criada com o único objetivo de proteger as editoras menores. A regulamentação de uma das etapas do processo - período de 40 dias em que os professores e diretores escolhem os títulos - ocorreu devido ao número de reclamações. "Havia situações de denúncias, principalmente da interferência das editoras nessa fase", diz Silvério Moraes da Cruz, presidente da Comissão de Julgamento dos Programas do Livro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Segundo Cruz, a idéia foi isentar o professor da pressão que as editoras fazem e criar uma "situação de regularidade em que todos pudessem participar de igual para igual", informa a matéria.
O governo brasileiro é o maior comprador individual do mundo de livros didáticos. No ano que vem, por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) vai comprar 102 milhões de exemplares para distribuição gratuita nas escolas públicas. A mudança nas regras de divulgação não foi nada boa para a Abril, pois colocou na ilegalidade suas práticas de marketing e divugação junto aos professores. Ao Valor, o diretor-geral da Abril-Educação, João Arinos dos Santos, diz: “Reconhecemos que pode ter havido excessos na divulgação, mas acreditamos que a forma de coibir isso não é proibir a divulgação”.
O descontentamento de Santos mora na queda do faturamento da Abril. Em 2004, as duas editoras de livros didáticos da Abril – Ática e Scipione – ocupavam o primeiro e o quarto lugar entre as maiores fornecedoras, totalizando contratos de R$ 128,7 milhões. Com o fim dos “excessos na divulgação”, perderam 30% do mercado – ambas vão faturar R$ 88,4 milhões – ou R$ 40 milhões a menos do que em 2004. Em 2004, o PNLD gastou R$ 412,4 milhões; no ano que vem, vai desembolsar R$ 456,7 milhões.
Tirado do ótimo blog do Zé Dirceu - http://blogdodirceu.blig.ig.com.br
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