quinta-feira, outubro 12, 2006

O futuro de nossas crianças

Hoje, dia 12 de outubro, recomeçou o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Quem assistiu aos dois programas, pode perceber o que separa as duas candidaturas.

Lula deixou clara a diferença: ele e o candidato da oposição representam dois projetos de Nação.

Um bom exemplo da diferença está no tratamento dado à juventude.

Alckmin terminou seu programa dizendo que o futuro do Brasil depende de como tratarmos nossas crianças.

O governo Lula mostrou, em menos de quatro anos, que tem uma política para a juventude, que envolve cultura, educação, saúde, emprego e várias outras dimensões.

Já a política do governo Alckmin para a juventude, depois de doze anos de tucanato no estado de São Paulo, pode ser resumida num símbolo: a Febem e seu modelo repressivo.

Matéria publicada pela Agência Carta Maior, no dia 9 de outubro de 2006, dá um quadro de como funciona uma unidade da Febem: denúncias de tortura, humilhações e abusos, ocorrências de choques elétricos, espancamentos, trancamento de internos em celas por 75 dias, ameaças de morte, abusos sexuais.

Reproduzimos abaixo alguns relatos, divulgados por Carta Maior, feitos por pessoas que visitaram recentemente uma unidade da Febem.

"Os internos vivem ali dentro como se fossem robôs. Têm que andar de cabeça baixa, com as mãos pra trás o tempo todo. Se reclamam de alguma coisa, recebem tapas na cara. Alguns funcionários batem mais do que outros; alguns cospem na cara dos internos. O divertimento deles é mandar os adolescentes rolarem nus no chão. Outros mandam os jovens tirarem a roupa, ficarem de quatro e latirem como cachorros. É a humilhação completa, a permissividade total. Dessa forma você animaliza qualquer ser humano. Me lembrou Abu Graib (presídio do Iraque que ficou conhecido em todo o mundo depois que fotos de cenas de tortura praticadas pelo exército americano foram divulgadas]", conta Paulo Sampaio, da Associação dos Cristãos para a Abolição da Tortura (ACAT).

Na descrição do representante da OAB, Francisco Lúcio França, o local parece um "campo de concentração nazista (...) Os meninos ficam sentados no cimento durante todo o tempo. Às 22h recebem um colchão, que é recolhido às 6h. O lugar parece uma valeta de cemitério. Vimos três internos nessa situação. Um vai ficar de castigo por 30 dias porque trocou a sandália com o irmão durante a última visita. Outro porque desenhou um menino fumando no caderno", conta Paulo Sampaio. "Um adolescente de 14 anos que já tinha ficado no castigo, ao saber que corria o risco de ir pra lá de novo, tentou se enforcar com uma camisa. Depois levou uma surra porque tentou se matar", relata.

Roseli Diccine Mariano, que era coordenadora pedagógica da Unidade de Internação de Bauru, declarou à Carta Maior que tem "vergonha, como educadora, de ter que denunciar quem deveria estar do nosso lado na educação dessas pessoas. Quando a gente diz que quer recuperar um jovem da Febem, é para recuperar o país. Não vamos desistir da crença no ser humano. Acredito que há uma recuperação, mas pra isso é preciso seguir o caminho certo. Só que é uma atrocidade o que está acontecendo lá dentro. A gente fica doente de ver o martírio dessas crianças. O ser humano dá o que recebe. Se recebe violência, como vai devolver carinho?".

A Febem é um símbolo da política do governo Alckmin para a juventude. Com esta política, não se constrói nenhum futuro, apenas a barbárie.

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