sexta-feira, setembro 29, 2006

A cortina de fumaça do falso moralismo

E-mail enviado para este blog por Gustavo Ferreira Santos, Professor de Direito Constitucional da Universidade Federal de Pernambuco e da Universidade Católica de Pernambuco (os grifos são meus):

Caros amigos,

Estou muito preocupado com a radicalização do discurso moral, que tem arrebatado setores muito amplos da classe média, que havia apoiado Lula na outra eleição. Vejo que muitos são impactados pela cortina de fumaça que novo lacerdismo tem produzido.

Reafirmo a todos que encontro, na rua, na família, na universidade, que voto em Lula. Não tenho evitado o debate ético.

Não posso negar os problemas éticos que nos surpreenderam em diversos momentos. Muitas dessas denúncias levarão a processos nos quais pessoas serão inocentadas e outras condenadas. É isso que se espera do Estado Democrático de Direito: transparência no Estado e respeito a direitos fundamentais. Clamo pela punição de culpados e pelo direito de defesa de todos.

Mas sempre lembro às pessoas que, para além dessa onda moralista, estão em jogo concepções de mundo distintas. A ética é um pré-requisito. Todos os jogadores, na política, precisam observar um patrimônio comum de valores. Os que violam tais limites devem ser punidos. Mas a disputa política não se faz entre éticos e não éticos. Essa discussão produz uma política sem política. Com ela, poderíamos legitimar um nazista honesto.

O lacerdismo, de uma direita moralista, infernizou a vida de JK, que saiu do governo com a pecha de ladrão. A alternativa moralista, na época, foi Jânio.

Sendo eu um liberal e esmurrando minha esposa, não ficaria o socialismo mais legitimado. Não seriam as idéias liberais mais convincentes se eu, como socialista, espancasse meus filhos. Esses absurdos no campo pessoal são condenados e merecem punições, sem que as posições políticas em colisão sejam afetadas.

Temos um governo que com todas a dificuldades foi qualitativamente mais próximo de nossas idéias do que todos os anteriores. Discordemos ou não pontualmente sobre algumas medidas tomadas, o balanço é positivo para o governo. Por que então haveríamos de escolher outro candidato e outro partido para governar o país?

Reafirmemos os compromissos éticos, submetamos a julgamento os que se desviam das condutas esperadas, mas tenhamos consciência do que efetivamente está em jogo.

Espero que todos que ainda confiamos na afirmação das mudanças tenhamos ânimo suficiente para, domingo, levarmos a nossa visão de mundo à vitória, com Lula de novo.

Um abraço a todos,
Gustavo Ferreira Santos

E Lula não foi ao debate...

Nota de Lula à Rede Globo, comunicando que não iria ao debate:

"Venho agradecer, respeitosamente, o convite desta emissora para participar do debate sobre as eleições presidenciais, marcado para hoje. Sou um dos políticos que mais participou de debates eleitorais neste país. No entanto, é fato público e notório o grau de virulência e desespero de alguns adversários, que estão deixando em segundo plano o debate de propostas e idéias, para se dedicar, quase exclusivamente, aos ataques gratuitos e agressões pessoais.

Tenho demonstrado, em toda a minha vida, compromisso com os princípios democráticos e disposição para enfrentar qualquer tipo de debate. Somente na TV Globo, participei de três entrevistas ao vivo - no 'Jornal Nacional', no 'Jornal da Globo' e no 'Bom Dia Brasil' – com perguntas livres e contundentes. O tom polêmico destas entrevistas, e a maneira como me comportei, demonstram que não tenho receio de enfrentar o debate franco e democrático. Não posso, porém, render-me à ação premeditada e articulada de alguns adversários que pretendiam transformar o debate desta noite em uma arena de grosserias e agressões, em um jogo de cartas marcadas.

Aproveito para reafirmar o meu respeito à TV Globo e parabenizá-la pelo trabalho isento que vem fazendo na cobertura destas eleições.

Atenciosamente,
Luiz Inácio Lula da Silva"

Eu, particularmente, estava torcendo para Lula ir. Achava que, se os ataques eram inevitáveis, que pelo menos ele estivesse lá para se defender. Mas não o condeno por não ter ido, principalmente com o histórico de "isenção" que a TV Globo carrega... Em time que está ganhando não se mexe, e talvez a estratégia de não ir tenha sido mesmo a melhor. Não vi o debate, fui dormir. Soube que foi morno e previsível.

É curioso ver a tucanalha descendo a lenha por ele não ter ido quando essa sempre foi uma prática deles. O chuchu chegou a dizer que a decisão de Lula mostrou "uma visão arbitrária, de não querer prestar contas. É ser fraco". Ele só esqueceu que seu colega Aécio Neves, candidato à reeleição em Minas, também não foi ao debate da Globo na última terça-feira. A grande diferença é que Lula tem sofrido diversos ataques de todas as frentes e nunca se furtou a respondê-los, em diversas entrevistas ao vivo, como ele próprio bem lembrou. Enquanto isso, aqui nas Alterosas Aecinho manda e desmanda nas redações, censura notícias negativas e demite jornalistas não "enquadrados".

Se foi bom ou ruim Lula não ter ido só as urnas dirão. Hoje, eu acho que não fez muita diferença. Reproduzo abaixo o texto de Flávio Aguiar publicado hoje na Agência Carta Maior, que achei bem interessante:

Lula não foi ao debate: erro ou acerto?

SÃO PAULO – Lembram do poema do Manuel Bandeira: "Vou-me embora pra Pasárgada", "Lá sou amigo do rei", etc.?

Lembrei-me dele ontem ao assistir o debate da eleição presidencial na TV Globo. Os personagens ali presentes, William Bonner, Geraldo Alckmin, Heloisa Helena e Cristovam Buarque lembravam o quarteto de personagens da peça "Esperando Godot", de Samuel Beckett. Eles esperam um Godot que não veio, não vem e não virá. Só Godot pode redimi-los, ou condená-los. Suas vidas, suas palavras perderam o sentido. Eles se limitam a passar o tempo. A peça termina, e eles dizem que continuarão a esperar Godot amanhã.

Mas na peça da Globo o andamento era diverso. Godot não veio, malha-se Godot. Que se viesse, seria linchado também. Acontece que Godot tinha ido para outra freguesia. Estava em seu berço político, a sua Pasárgada, no comício de São Bernardo, frente a frente com o povo que lá foi.

A percepção era nítida: de um lado, três atores meio perdidos, excedendo-se às vezes no tempo, uma ou outra se atrapalhando para caminhar das cadeirinhas (pareciam esperar o ônibus) até o microfone, que mais pareciam detidos no aquário da Globo. Do outro, o personagem se esbaldando em praça pública, como nos velhos tempos em que os comícios eram as armas principais de campanhas.

Não sei como vai se traduzir em votos dentro da urna, mas havia um jogo muito forte ali, um jogo entre o simulacro e o simbólico, entre o puramente virtual e o concreto das ruas.

Repito que não sei o que isso trará para as urnas. Os marqueteiros e os pesquisadores dos institutos que se debatam. Mas achei que Lula teve mais acerto do que erro em não ir. Ele não foi jogar o jogo na casa, no campo, no estádio dos adversários, com as camisetas do adversário. Jogou no seu próprio campo.

Se vai ganhar o jogo, só saberemos no domingo à noite.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Vitória do povo brasileiro

(Jussara Seixas, no blog Por 1 novo Brasil)

Domingo, dia 1º de outubro, vou votar em Lula, o melhor presidente que o Brasil já teve. Vou votar como em 2002, sem medo de ser feliz, com a certeza que estou elegendo o melhor para o meu país. Vou votar na queda da desigualdade social, na diminuição da miséria, na geração de emprego e renda. Vou votar no crescimento sustentável, na solidez econômica. Vou votar no combate à exclusão social, vou votar pela dignidade de um povo. Vou votar em quem pensou e fez o possível e o impossível para melhorar a vida das pessoas e do país. Vou votar para que o PROUNI não acabe, vou votar para que o Bolsa Família não acabe, vou votar para que o crédito consignado não acabe, vou votar para que o Brasil continue auto-suficiente em petróleo.

Vou votar no Lula. Vou votar para que cada vez mais as pessoas tenham oportunidades, tenham um presente e um futuro com dignidade. Vou votar para que cada vez mais pessoas tenham energia elétrica e acesso a crédito para aquisição da casa própria. Vou votar em quem vai fazer a Transposição do Rio São Francisco e, com isso, levar dignidade ao povo nordestino, gerar milhares de empregos e acabar com a seca no Sertão. Voto em quem gerou 6 milhões de empregos, voto em quem acabou com a inflação, voto em quem deu o maior aumento real para o salário mínimo, melhorando o poder de compra do povo.

Voto em quem derrubou os preços dos alimentos, para que as pessoas possam comer mais e melhor. Voto em quem combateu a corrupção como nunca foi feito antes neste país. Voto contra a desigualdade social, voto contra o apagão, voto contra a fome e a miséria, voto contra a elite. Voto contra a volta do FHC, que desgraçou este país, pelas mãos de Alckmin. Voto contra Alckmin, o discípulo de FHC. Voto contra a volta do FMI, contra os juros altos, voto contra a instabilidade econômica, contra o desemprego, contra a privatização da Petrobras, da Caixa Federal, do Banco do Brasil.

Voto contra quem deixou o meu estado, SP, ser dominado pelo crime organizado. Voto contra quem faz acordos com bandidos. Voto contra quem engavetou 70 CPIs para investigar a corrupção em seu governo, voto contra quem protege, apóia e acoberta o contrabando de luxo e a sonegação fiscal. Voto contra quem não repassa verba para a educação e manda a PM bater em estudantes e professores. Voto contra quem faz uso do dinheiro publico, como da Nossa Caixa, para se autopromover, pagando sites e revistas de aliados de FHC, do PSDB. Voto contra quem quer desgraçar o meu país, trazer de volta o caos econômico e social, a miséria e a fome. Os filhos do Brasil não fogem à luta, por isso é Lula de novo com a força do povo.

terça-feira, setembro 26, 2006

Por que não votar em Alckmin

(AVISO: recebi por e-mail sem o nome do autor do texto. Reproduzo porque concordo, mas peço que se alguém saiba a autoria me informe para que eu possa dar os devidos créditos. Obrigada.)

MANIFESTO
Sobretudo, não votar em Alckmin


Diante da proximidade do final do primeiro turno das eleições presidenciais, faz-se necessário vir a público a fim de dizer que não há razão alguma para votar no candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.

Fatos recentes relativos a dossiês e novos personagens envolvidos com o escândalo das sanguessugas aumentaram a temperatura da, até então, mais morna das eleições entre tantas ocorridas desde a redemocratização. Editoriais, diretores de redação de jornais e revistas, articulistas que se apresentam como formadores de opinião pública, todos comprometidos com o chamado jornalismo investigativo e independente, têm vindo a público defender o voto em Alckmin para que o mesmo seja içado ao segundo turno. No entanto, vale a pena lembrar que a forma mais cínica de totalitarismo é a moralidade seletiva.

Desde a eclosão do escândalo dos sanguessugas pairam enormes dúvidas sobre a conivência ou não dos ex-ministros da saúde com o esquema de superfaturamento das ambulâncias. Nesse caso, o tucano José Serra aparece com indícios fortes de implicação direta ou, no mínimo, conivência. Mais de 70% das ambulâncias superfaturadas foram liberadas em sua gestão no Ministério, várias para o Estado de São Paulo, do então governador Geraldo Alckmin. Estranho, para não dizer surpreendente, que o jornalismo investigativo e independente de nosso país não tenha se atentado para essas questões na última semana. Será que estão satisfeitos com a nota publicada por Serra nos jornais se inocentando e dizendo que nada sabia? Por que para o jornalismo independente e investigativo o peso do nada sabia de Serra vale como declaração de idoneidade? Esta "dupla medida" em relação à corrupção tucana indica o que acontecerá em um eventual governo Alckmin.

Pois, a respeito de Alckmin, não seria difícil lembrar aqui que, durante toda a campanha, o candidato tucano contentou-se em remixar um discurso arcaico de direita, com direito a bravata contra impostos, gastança pública, promessa de redução do Estado, de reformismo infinito da previdência e laivos de indignação contra a corrupção (na qual seu próprio partido está organicamente envolvido). Ou seja, nada mais do que um candidato de direita em qualquer parte do mundo faria desde o início do século XX. Acrescenta-se a isto uma simpatia temerária por entidades proto-fascistas como a Opus Dei. Mas vale a pena tecer algumas considerações demoradas sobre os seus dois maiores pilares: ética e competência.

Podemos claramente imaginar o que acontecerá se Geraldo Alckmin ganhar a eleição. Ele irá impor uma lógica de abafamento e impedimento de CPIs que funcionou maravilhosamente bem na Assembléia Estadual de SP. Uma lógica a respeito da qual seu partido é especialista, já que os oito anos FHC foram marcados pela impossibilidade de investigar a fundo todos os escândalos que marcaram o governo. Quem não se lembra da presteza do chamado engavetador-geral da República, Geraldo Brindeiro?

Alckmin aprendeu muito bem esta lógica, tanto que nada foi investigado a respeito das suspeitas de compra de deputados estaduais via Nossa Caixa, das suspeitas de corrupção em órgão públicos como a CDHU, o Rodoanel, as privatizações de São Paulo, as doações de vestidos à sua mulher, a subvenção à revista de seu acupunturista, entre outros tantos. São mais de 60 CPIs arquivadas. Número dificilmente superável. O Brasil quer voltar a esta época da corrupção silenciosa e profissional?

Basta ver que sempre quando um tucano está em linha de mira, quando um mensaleiro tucano é descoberto (Azeredo), quando uma ligação com os sanguessugas é desvendada (Serra, Antero Paes de Barros), quando esquemas de financiamento ilegal são apontados (Furnas), as investigações param, tomam outro rumo e a imprensa perde gradativamente o interesse. Ou seja, nenhuma indignação ética pode justificar um voto em Geraldo Alckmin e seu partido. Alckmin é aquele que, diante do fato de até mesmo FHC reconhecer que seu partido não teve a mínima dignidade ética ao fazer tudo para livrar a cara de Eduardo Azeredo, respondeu nada querer falar sobre o assunto. É com este silêncio que ele tratará todos os escândalos que envolveram seu partido nos últimos dez anos.

Por outro lado, sua alegada competência não resiste a uma análise isenta. Sua política desastrada de segurança pública alimentou a criação do PCC. Ao ver o resultado desastroso de sua política de segurança, baseada apenas na truculência, no encarceramento e no extermínio, Alckmin foi sequer capaz de uma mínima auto-crítica: "se houvesse algum problema, eu já teria identificado", foi o que ele disse a este respeito. Retrato clássico da arrogância de quem não consegue aprender com os próprios erros. Ao contrário, ele preferiu transferir responsabilidades dizendo que o culpado era o governo federal, chegando a insinuar que algo como o PCC só poderia existir devido a algum conluio eleitoral, como se ele nada tivesse a ver com o problema. Isto a ponto de um jornalista ter-lhe dito: "então tudo deu errado porque o senhor fez tudo certo?"

Como se não bastasse, este tocador de obras conseguiu atrasar as datas de entrega de todas suas grandes obras. Sua política de educação colocou as universidades estaduais à míngua, algumas não têm sequer condição de pagar contas correntes. Seu secretário de Educação (Chalita) chegou mesmo a maquiar números a fim de tentar esconder os resultados calamitosos de sua política. Não é por outra razão que, mesmo em seu Estado, Alckmin passou toda a campanha política em segundo lugar. Quem conhece Alckmin não parece disposto a votar em Alckmin.

As razões acima e as dúvidas não respondidas nem pelos candidatos nem pelo jornalismo investigativo e independente dão a certeza de que o voto em Alckmin, de modo algum, representa o resgate da moralidade pública e, muito menos, o avanço das instituições democráticas republicanas. Ao contrário, ele representa a volta da corrupção silenciosa, da complacência da mídia, da criminalização dos movimentos sociais e da agenda direitista mais pura e dura. Por isto, vários movimentos sociais, como o MST, a UNE e a CUT, dizem: sobretudo, não votar em Alckmin.

segunda-feira, setembro 25, 2006

armação tucana?

Essa saiu no Globo Online: "...Em entrevista na tarde de sexta-feira, o delegado Edmilson Pereira Bruno, da PF, insinuou a possibilidade de armação dos tucanos, visto que uma equipe da campanha de José Serra, candidato do PSDB ao governo de São Paulo, estaria aguardando na sede da PF, antes mesmo de qualquer órgão de imprensa, a prisão de Valdebran Padilha e Gedimar Passos. Momentos depois da prisão e antes mesmo da chegada da imprensa, já havia dois carros da produtora dos programas de TV do PSDB, atingido pela divulgação do dossiê. Na coletiva desta sexta, a equipe de filmagem também estava presente. O delegado Bruno, que conduziu as investigações e as prisões, disse não saber por que a equipe tucana já estava na sede da PF em São Paulo antes da chegada da imprensa. O delegado disse que, como não está mais no caso, não vai apurar se houve algum tipo de informação privilegiada. Em Brasília circula a hipótese de que o dossiê tenha sido um armação para atrair os petistas..."

(reproduzido do Blog da Reeleição)

HELLO, VEJA??? JORNAL NACIONAL??? ESTADÃO???
CADÊ VOCÊS PRA COMENTAREM ISSO???

Watergate não é aqui

A edição 1975 da revista Veja é um panfleto eleitoral a serviço da candidatura Geraldo Alckmin. Um panfleto, não: 1.252.978 panfletos dedicados a atacar a candidatura Lula.

Segundo Veja, Lula pode ganhar as eleições, tanto no primeiro quanto no segundo turno; mas também pode vir a ter sua candidatura, sua posse ou seu mandato cassados.

Para tentar sustentar esta conclusão golpista, Veja compara a divulgação do dossiê Serra/Vedoin com o caso Watergate, que levou à cassação do presidente norte-americano Richard Nixon.

Esta comparação é historicamente incorreta. No caso Watergate, ficou provado que o presidente dos EUA, Nixon, obstruiu com mentiras e destruição de documentos a investigação de um crime.

No caso do dossiê Serra/Vedoin, as instituições do governo estão na vanguarda das investigações, tendo todo o apoio e o estímulo do presidente da República.

A revista Veja chega a afirmar que "Lula pode ser eleito" e "não poderá ser diplomado presidente e ficará inelegível por três anos. Novas eleições serão convocadas". Ou, ainda, que Lula poderá ter "o seu diploma cassado e não poderá exercer mais a presidência".

Noutras palavras: uma semana antes do primeiro turno, a revista semanal de maior circulação do país estimula abertamente um golpe contra a vontade popular.

Aquilo que não teve coragem ou disposição de fazer, em 2005, um setor da oposição parece estar disposto a tentar agora.

Ou porque sabe que eleitoralmente não há como nos derrotar. Ou porque acredita que, agindo desta forma, pode levar a eleição para o segundo turno. Ou, ainda, porque quer criar o máximo de dificuldades para o segundo mandato de Lula.

Como se vê, não está em jogo apenas a eleição de Lula, ou de nossos candidatos majoritários e proporcionais em todo o país. Está em jogo a democracia, que inclui o elementar direito do povo escolher o presidente da República.

Em defesa da democracia, precisamos ampliar ao máximo a mobilização em favor da reeleição de Lula. Reforçar as nossas candidaturas ao governo, senado, deputados federais e estaduais. E ficar vigilantes, pois a oposição conservadora tentará lançar mão de todos os meios contra nós.

Contra o golpismo da direita, a força do povo.

(Boletim da campanha Lula Presidente)

domingo, setembro 24, 2006

Estadão continua na torcida por Alckmin

Essa é muito boa, e retiramos do blog do Zé Dirceu. O Estadão está fazendo a festa, e muita figa também, por causa de sua pesquisa que vê redução da distância que separa as intenções de voto em Lula e Geraldo. Pois não é que Dirceu nos lembra que a pesquisa é mais antiga do que a Datafolha de sábado? E com maior margem de erro também? E menor amostra? Vejam só a que ponto o jornalão chegou - e a CBN só fala nisso neste domingo...

O Estadão continua na torcida: "Dossiê Vedoin tira 2 pontos de Lula e cresce chance de 2º turno" – e até se dá ao luxo de mudar o nome do caso atual, que começou sendo chamado de "dossiê Serra, para não citar o candidato tucano ao governo de São Paulo.

A pesquisa destacada pelo Estadão é do Ibope e mostra Lula com 47%, 3 pontos à frente da soma dos demais – Alckmin subiu 3 pontos e tem 33%. Mas o jornal lembra que "Vantagem é maior em outra pesquisa sobre Presidência", sobre os resultados do Datafolha divulgados no sábado. Neste levantamento, Lula tem 49%, 8 a mais do que a soma dos demais – Alckmin tem 31%.

A pesquisa do Ibope foi feita ao longo de três dias, com 2.002 eleitores e em 141 municípios brasileiros, entre os dias 20 e 22 de setembro, com margem de erro de 2 pontos. A do Datafolha é mais recente, foi feita na sexta, e tem uma abrangência maior.

Fonte: http://blogdodirceu.blig.ig.com.br/

sábado, setembro 23, 2006

Mobilização popular contra o golpe



A oposição criminosa de Jereissati e ACM, os fanáticos onanistas da extrema direita e os barões da imprensa movem neste momento uma ação explícita de golpe contra a democracia e o Estado de Direito. O ridículo "escândalo do dossiê" contra José Serra e o PSDB está sendo utilizado como pretexto para melar a eleição e criar um clima de desordem institucional, inclusive com a promoção da baderna nas duas casas do Parlamento.

O momento é gravíssimo, marcado por uma agressiva ação coordenada de toda a grande mídia. Quem assistiu hoje ao Jornal Nacional, da Rede Globo, testemunhou um estarrecedor show de deturpações, exageros e de propaganda golpista. O mesmo está ocorrendo ininterruptamente nos canais das mídias digitais. Todo o sistema de comunicação da maior agência do País, a Agência Estado, por exemplo, está sendo utilizado para desestabilizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O site oficial e os canais particulares de notícia do Grupo Estado estão mobilizados 24 horas por dia nessa missão destrutiva, repetindo o modus operandi dos veículos de informação que prepararam o golpe contra o presidente venezuelano Hugo Chavez.

O fenômeno se repete em outras fontes informativas. A ordem geral, segundo o "consenso de mídia", grupo fortemente influenciado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é explorar ao máximo tudo que seja desfavorável ao governo. Simultaneamente, trabalha-se pela santificação da oposição, desenhada como vítima das "vilanias" petistas.

Vale nos conscientizarmos todos de quatro pontos fundamentais nesta guerra:

1) A compra pura e simples de informação não se constitui em crime. Pode-se admitir a prática de delito apenas em caso de uso ilegal do conteúdo, e desde que se configure em injúria, calúnia ou difamação contra instituição ou cidadão. O material supostamente oferecido pelos Vedoin comprova, sim, a coexistência pacífica entre José Serra e os sanguessugas. Há duas opções: ou ele era partícipe do esquema ou foi incompetente para detectar os graves desvios cometidos no Ministério da Saúde.

2) Todo o esquema para a compra do dossiê foi abortado pela própria PF, o que mostra que o governo não tem utilizado os aparatos policiais do Estado em benefício próprio.

3) O grande réu neste caso é José Serra e seu partido, o PSDB. Depoimentos do criminoso Comendador Arcanjo e dos donos da Planam atestam a parceria entre o PSDB de Mato Grosso e as máfias locais. A manipulação vergonhosa da imprensa brasileira está desviando o foco do debate. É Serra e seu partido de delinqüentes que devem explicações à sociedade brasileira.

4) O Excelentíssimo Senhor Marco Aurélio de Mello, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, extrapola suas funções ao emitir pareceres pessoais e políticos sobre os casos levados a sua magistratura. É de se espantar a alegre e sinistra reunião que fez com os líderes da oposição, no dia 18, desprezando a isenção que deveria nortear seu trabalho.

Portanto, neste momento, é importantíssimo que escrevamos imediatamente para todas as redações de jornais, revistas, TVs e emissoras de rádio para mostrar que não nos calaremos diante da tentativa de golpe. O mesmo se aplica do TSE, que deve saber de nosso alarme com o desvirtuamento da instituição.

Nesta hora, cada um tem assumir a luta em sua trincheira. Cada um tem que oferecer sua parcela de contribuição. Escrever para todos os amigos e familiares, especialmente para aqueles que não se ligam diretamente na luta política. São eles os principais alvos da campanha do golpe.

Esta é uma tarefa para ontem. É começar já!
Lula é muitos!!!

(Mauro Carrara, jornalista)

Eleições no Brasil: os fatos contra os preconceitos

(Antônio Fattore, traduzido do semanal La Rinascita, no site O informante)

As ultimas pesquisas dizem que Lula poderia ganhar já no primeiro turno das eleições de 1 de Outubro.Parecia impossível depois o fogo de barragem que todas as mídias abriram contra ele a partir do mês de Maio do ano passado. Claro! Algumas das acusações de corrupção contra dirigentes do PT e do Governo eram verdadeiras, mas pela maior parte revelaram-se ou simples hipóteses ou verdadeiras invenções.

Em todo caso, verdadeiras ou falsas, todas as acusações foram usadas e abusadas com um só objetivo: acabar o mais rápido possível e sem muitos escrúpulos institucionais com o primeiro governo popular na história do Brasil. E a oposição parlamentar nos seus ataques contínuos e indiscriminados não ficou sozinha porque uma ajuda sistemática veio não somente das mídias, mas também das grandes corporações que dominam a vida cultural e política do Brasil.

Associações dos advogados, dos juristas, dos jornalistas, dos comerciantes, dos professores universitários: todos em nome da tal de "sociedade civil" (identificada sempre nas classes médias) a gritar aos escândalos e ignorando o fato que as denúncias proviam dos partidos historicamente mais corruptos e mais comprometidos nos grandes desvios dos anos 90 ligados as privatizações.

E depois a tal da "justiça mediática", com jornais e televisões agindo como um verdadeiro super partido de oposição, transformaram sistematicamente os inocentes em suspeitos e os suspeitos em culpados. Tudo isso para "dar a satisfação a opinião pública" no mais completo desprezo das regras da civilização jurídica e da deontologia profissional.

Também a Igreja católica oficial não deu um grande exemplo de coerência democrática e de sensibilidade social. Ficou calada frente às numerosas violações dos direitos políticos e das garantias constitucionais e ignorou as melhorias reais nas condições de vida de dezenas de milhões de brasileiros, quais resultaram dos programas sociais do governo Lula.

Quem sabe?! Prevaleceu provavelmente nas altas hierarquias eclesiásticas a vontade de adequar-se aos humores conservadores das classes médias que constituem hoje o ponto forte da presença católica no Brasil (um país no qual a palavra aborto ainda é tabu). A igreja brasileira, é preciso lembrar, é aquela que ajudou o PT a nascer e a crescer nos anos 80 e 90, mas é também aquela que, em nome do anti-comunismo, apoiou nos anos 60 até o inicio dos anos 70 a ditadura militar.

Em relação aos padres progressistas que trabalham nos movimentos sociais de base, tem alguns que com pouco realismo pedem que o governo Lula dê uma forte acelerada no processo de transformações sociais e apóiam as posições radicais de alguns desses movimentos.

Na realidade, tudo foi usado nos meses passados para conseguir a renúncia ou até o impeachment de Lula: campanhas de cartas aos jornais, greves de fome, mini-invasões do parlamento, agressões físicas a dirigentes do PT, falsos "scoops" na imprensa, gravações forjadas, talk shows televisivos com insultos contínuos ao presidente. Porque não é formado, porque não fala inglês, porque se orgulha de ser filho de família pobre, porque é um imigrante nordestino, porque favorece na universidade os negros, porque viaja demais, porque é amigo de Fidel Castro, porque não quer brigar com a Bolívia, etc... Em suma, um concentrado de preconceitos e de verdadeiro desprezo de classe.

E depois também a acusação de preparar um "golpe branco" porque propõe uma lei de regulamentação de todo o sistema da informação. Um sistema que permite atualmente que governadores, deputados e senadores apropriam-se das freqüências e gerenciem a informação televisiva e radiofônica a fins puramente individuais e que gratifica as grandes emissoras com um "bolo" de 300 milhões de euros de isenção fiscal para tal de "horário eleitoral gratuito". E ainda Lula é atacado porque propõe ao congresso uma nova constituinte e que aprovem leis por uma reforma política eleitoral. Reforma absolutamente necessária para colocar fim ao escândalo de deputados que trocam de partidos a cada legislatura (são mais de 40%), e para reduzir as despesas de publicidade eleitoral (a eleição de um senador custa mais de 1 milhão de euros).

Em Agosto surgiu também uma nova acusação: o PT estaria atrás do PCC (Primeiro Comando da Capital) que organizou nos últimos meses rebeliões nos presídios e ataques a polícia nas ruas de São Paulo com dezenas de mortos. Lula havia proposto a utilização do exército, mas a proposta foi recusada pelo governo local comandado pela direita. Vice-versa, ficou claro que as acusações foram armadas pelos mesmos personagens que são envolvidos nos assassinatos de massa nas favelas, e na prática da tortura.

Apesar de tudo isso Lula resistiu e provavelmente será reeleito presidente do Brasil.

A pergunta é: como conseguiu?

Primeiro precisamos considerar que num sistema presidencialista é mais difícil mudar o chefe de governo do que num sistema parlamentar. E depois nesta vez a diferença de alguns de seus antecessores (Vargas, Kubistchek e Goulart) Lula pode contar com a lealdade dos comandos militares que respeitaram rigorosamente as próprias prerrogativas institucionais e que evitaram se envolverem na luta política. Mas importante também foi a não hostilidade do conjunto do mundo empresarial, seja em nível nacional ou no nível das multinacionais.

O que o "establishment" econômico apreciou foi o respeito aos acordos com o FMI , a luta contra a inflação , o apoio as exportações (com abertura de grandes mercados como Índia, China, países árabes), os grandes investimentos na área da energia tradicional (com o Governo Lula a produção interna do petróleo superou pela primeira vez a demanda), as pesquisas na área das energias alternativas (álcool, biodisel), o crédito barato para consumos populares, o câmbio livre.

Mas, sobretudo foi importante o método da negociação nas grandes questões econômicas e sociais. Nisso Lula cumpriu a promessa antes das eleições: aquela de enfrentar sempre todas as questões com a vontade de achar os pontos comuns entre os interesses contrastantes. Em suma o verdadeiro estilo de governo de um presidente ex-sindicalista.

Mas tudo isso não teria sido suficiente para impedir que Lula fosse triturado pela máquina do denuncismo e de uma oposição rancorosa e iliberal. Evidentemente teve algo mais. Primeiro: a personalidade de Lula. Lula reagiu sempre com calma, argumentando e recusando aceitar descer ao nível dos insultos que seu adversários usaram sistematicamente. Ele já havia falado disso no início de seu mandato. Ele não iria cair nas "baixarias" dos ataques pessoais e pedia somente para ser julgado ao fim de seu mandato e na base dos resultados de seu governo. E os resultados não faltaram!

Alguns dos resultados não foram particularmente positivos. É o caso do aumento do PIB que foi inferior em relação aos outros países da América Latina (porém superior ao do governo anterior).

Mas o que foi mais importante em relação ao consenso eleitoral foram os índices de melhoramento das condições sociais e econômicas das classes pobres. Essas classes fizeram a conta no bolso e constataram que nesses anos melhoraram os seus consumos alimentares, diminuiu o desemprego, cresceram os salários, melhorou o acesso a educação e ao sistema de saúde. E em algumas áreas historicamente marginalizadas chegaram finalmente os serviços de água encanada, da eletricidade, dos telefones e dos transportes. Por isso não é o tal de "cinismo dos pobres", que seriam insensíveis a exigência da ética na vida pública e que por isso continuariam a apoiar Lula.

Uma teoria essa, um pouco racista, que continua a ser divulgada na mídia depois que as pesquisas revelaram uma preferência por Lula entre os negros e os habitantes do nordeste que supera os 75%.

A realidade é que as classes pobres e marginalizadas que sempre foram as primeiras vítimas do clientelismo e da corrupção não acreditaram e não acreditam, apesar do contínuo martelamento da mídia, que os corruptos de ontem pudessem ser os moralizadores de hoje. E essas classes reconheceram também que Lula soube afastar rapidamente das próprias funções os que no partido e no governo erraram. E foi com Lula que a Polícia Federal e o sistema judiciário começaram agir com firmeza não somente contra os peixes pequenos do narcotráfico e do contrabando de armas, mas também contra os que através desses negócios enriquecem, corrompem políticos, compram jornais e se infiltram nas instituições.

É por isso que no auge da crise (quando o PT vacilava, os aliados se distanciavam e muitos intelectuais ficavam em cima do muro) o consenso ao Lula entre as classes populares nunca caiu, ao contrário, cresceu progressivamente. E foi esse consenso que levantou uma barreira contra todas as manobras que queriam acabar com o escândalo de um Brasil governado por um operário.

E essa nova unidade e "senso de classe" unidade das classes populares que hoje tiram o sono de uma parte da classe média e da elite. Por isso a maioria da população não vê nenhuma razão para votar no candidato de direita, Geraldo Alkmim, cuja característica principal, além de ser um convicto conservador, é de fazer parte do Opus Dei.

Em relação à candidatura da senadora Heloisa Helena do PSOL (o novo partido nascido de um racha da esquerda do PT) parece caracterizada mais de um espírito de revanche que de um coerente programa de alternativa à esquerda e a demonstração disso é a declaração da senadora contra a despenalização do aborto como prevista no programa de Lula para próximo governo.

Claro os jogos ainda estão abertos e nessas últimas semanas de campanha eleitoral na base de centenas de milhões de euros tudo pode mudar, assim como manobras destabilizadoras são sempre possíveis. Mas uma coisa é clara: se Lula ganha, será a vitória da razão e dos fatos contra a lógica dos preconceitos e das intrigas.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Pesquisa falsa tenta ludibriar o eleitor

A manipulação de informações continua sendo a estratégia dos opositores da campanha do presidente Lula para criar suspeitas sobre a veracidade das pesquisas eleitorais feitas por institutos brasileiros. Circula por aí um e-mail com supostos dados do Ibope em que o presidente Lula estaria com 40% das intenções de voto e Alckmin com 31%, "comprovando" uma redução drástica na preferência popular do candidato Lula.

O texto tem a função clara de propagar a contra-informação. O eleitor, ao se deparar com esses números, presume que os partidos citados tenham informações privilegiadas e que portanto a pesquisa seria fraudada.

Sobre este assunto o gerente de comunicação do Ibope, Marcelo Alvarenga, divulgou uma nota oficial no dia 15/9/2006 para repudiar as informações, afirmando que "não existem, até o momento, pesquisas nacionais do Ibope Opinião com resultados que apontem a vitória do candidato Geraldo Alckmin". O comunicado oficial pode lido logo abaixo:

Esclarecimento público
Comunicado do Grupo IBOPE sobre pesquisas eleitorais


Com relação ao e-mail distribuído via internet, em que a origem de um boletim com supostos resultados de pesquisas eleitorais é atribuída ao IBOPE, o Grupo esclarece que:

Não existem, até o momento, pesquisas nacionais do IBOPE Opinião com resultados que apontem a vitória do candidato Geraldo Alckmin. Esse e-mail é mentiroso.

Todas as pesquisas do IBOPE Opinião realizadas para divulgação estão à disposição para consulta no TSE e também em nosso portal www.ibope.com.br, como rege a legislação eleitoral.

O IBOPE é reconhecido pela imparcialidade, precisão e qualidade das informações divulgadas, não havendo, portanto, qualquer tipo de manipulação das pesquisas. O IBOPE rechaça qualquer acusação desse gênero, pois não se presta a esse papel.

São Paulo, 15 de setembro de 2006.
Marcello Alvarenga
Gerente de Comunicação do Grupo IBOPE



Enquanto isso, pesquisas verídicas confirmam vitória de Lula

As pesquisas dos institutos Vox Populi e Ibope, divulgadas no início da noite de hoje (21) confirmam que, se as eleições fossem hoje, o presidente Luis Inácio Lula da Silva seria reeleito no primeiro turno. Ambas as pesquisas mostraram um quadro de estabilidade, com variações acontecendo dentro da margem de erro.

Na análise do Vox Populi, divulgada no Jornal da Band, Lula obteve 51% das intenções de voto, ante 50% da pesquisa anterior, divulgada em 1º de setembro. Já Geraldo Alckmin (PSDB) passou de 25% para 27%. A variação mais expressiva foi a da senadora Heloísa Helena (PSOL) que caiu fora da margem de erro, de 9% para 5%. Cristovam Buarque (PDT) saiu de 2% para 1%. A sondagem foi realizada nos dias 16 e 19 de setembro, com 2.000 eleitores de todo o país, e tem uma margem de erro de 2,2%.

Na pesquisa Ibope, divulgada no Jornal Nacional, o presidente oscilou de 50% para 49%. Geraldo Alckmin oscilou de 29% para 30%, enquanto Heloísa Helena permaneceu com 9%. Num eventual segundo turno, os números também se mantiveram inalterados: Lula oscilou de 53% para 52%, enquanto o tucano manteve-se com 37%. O instituto ouviu 3.010 pessoas entre os últimos dias 18 e 20. A margem de erro da pesquisa é de 2%.

A força do povo: alerta total

As forças conservadoras do país, capitaneadas pela coalizão PSDB-PFL e por setores da mídia, sabem que Lula vencerá as eleições presidenciais. Mas querem impedir, a todo custo, que isto aconteça já no primeiro turno. Querem, também, que a vitória de Lula não seja acompanhada pelo crescimento das candidaturas a governador, senador e deputados do campo democrático e popular.

Além disso, a direita pretende macular nossa vitória, com acusações de todo tipo, com o nítido propósito de criar dificuldades para o segundo mandato Lula.

A acusação do momento tenta vincular nossa campanha e nosso candidato com a negociação e a divulgação de um dossiê contendo informações que já são de conhecimento público, a saber: que a quadrilha dos Vedoin operava no ministério da Saúde desde a época de José Serra, Barjas Negri e FHC.

Para sustentar suas acusações, a direita precisa desconhecer vários fatos. Entre eles, o comportamento de nosso candidato a presidente, que nunca lançou mão deste tipo de expediente, tendo inclusive repudiado publicamente o procedimento. Segundo, a atuação da Polícia Federal, graças a qual o caso veio à tona e os responsáveis estão sendo investigados. Terceiro, o afastamento dos envolvidos, que reconheceram publicamente que exorbitaram.

A apuração rigorosa dos fatos, que já está sendo feita pela Polícia Federal, revelará a exata responsabilidade de cada um dos envolvidos.

Infelizmente, o rigor que a direita cobra de nossa campanha, ela não adota diante dos supostos vínculos entre cardeais do PSDB e a quadrilha dos sanguessugas. O correto é que todos os denunciados sejam rigorosamente investigados, incluindo o ex-ministro da Saúde e o ex-governador de São Paulo.

A direita brasileira reagiu histericamente frente à divulgação do chamado dossiê "Serra/Vedoin", produzindo um discurso golpista e irresponsável. Abatidas pelo favoritismo do presidente Lula no pleito que se aproxima, manobram para reverter o amplo apoio ao presidente, tentando criar no país um clima de confronto.

Repudiamos esse comportamento antidemocrático e convocamos a militância e todos os ativistas da coligação "A Força do Povo" para intensificar os esforços para a reeleição do presidente Lula. Mostremos nas ruas, com nossos panfletos e bandeiras, que o povo brasileiro está decidido a dar continuidade à construção de uma pátria justa, livre e soberana e assim livremente se manifestará nas eleições do dia 1º de outubro.

(Boletim da campanha Lula Presidente)

CARTEIRA ASSINADA: BRASIL TEM UMA DAS MAIORES TAXAS DA HISTÓRIA

Com mais 226 mil pessoas que passaram a ter carteira assinada em seis regiões metropolitanas em agosto, o Brasil registra umas das maiores taxas de emprego formal da história. A análise é do gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Azeredo, em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta quinta-feira, dia 21 (aguarde o áudio).

“A população ocupada subiu 1,1%, isso é praticamente uma das maiores variações de mês a mês que a pesquisa mensal de emprego aqui do IBGE tem mostrado nos últimos anos da pesquisa”, explicou Azeredo. Segundo ele, 472 mil brasileiros conseguiram um emprego com carteira assinada no último ano.

O desemprego caiu de 10,7 para 10,6% de julho para agosto. Já o rendimento médio do trabalhador brasileiro cresceu 3,5% de agosto de 2005 para agosto de 2006, segundo o IBGE.

Leia os principais pontos da entrevista com Cimar Azeredo:

O mercado de trabalho contrata mais e o nível da ocupação sobe. Há mais pessoas que trabalham com carteira assinada.

O mercado está mais formal e com rendimento mais alto. A situação no mercado de trabalho é favorável hoje.

Com o rendimento maior, a população ocupada passa a ter um poder de compra maior. Isso pode ser considerado um estímulo para as pessoas entrarem no mercado de trabalho.

O setor de serviços cresceu 2,5% de julho para agosto. São trabalhadores ligados às áreas de hospedagem, turismo, alimentação, setor cultural, de recreação, e também de pessoas contratadas para trabalhar na campanha eleitoral, como os cabos eleitorais.

O IBGE não consegue separar quanto desses 2,5% se devem às contratações no período da campanha eleitoral.

Os meses de agosto de 2006 e de 2002, anos eleitorais, são períodos bastante similares, ou seja, a taxa de ocupação aumenta. A eleição dá emprego, mas também gera expectativa que gera a taxa de desemprego.

Cimar Azeredo traçou o perfil dos desempregados. A maioria é jovem; pessoas que buscam o primeiro emprego. Há ainda grande parcela de mulheres que não são responsáveis pelo seu sustento na procura por emprego.

Fonte: http://conversa-afiada.ig.com.br, de Paulo Henrique Amorim

AntiGOLPE

"Um GOLPE, urdido pelas mais arcaicas lideranças deste país, está em andamento, e não 'apenas' contra o atual governo, mas contra o PAÍS e suas GENTES.

Como de hábito, os $inhôs de um phoder exercido por 502 anos, têm o abjeto apoio de $inhá mídia e suas cunhã$.

Esse blogue deve servir como uma LIVRE e DEMOCRÁTICA mídia, bem como para servir de trincheira de resistência para todos que se recusam a ser E$CRAVO$.

Divulguem, se acharem digno de, e, se quiserem, participem (comentando, opinando, repassando textos e reproduções de matérias sobre o assunto); afinal, a casa é nossa - e o PAÍS também!"

O amigo Pirata criou o blog AntiGOLPE e eu dou o maior apoio! É uma aberração o descaramento com que a sujeira está sendo armada bem debaixo do nosso nariz!

quarta-feira, setembro 20, 2006

Estamos ao lado da Justiça

O episódio do dossiê é uma ótima oportunidade para reafirmar os princípios e motivações que nos levam a votar em Lula de novo para presidente do Brasil.

Estamos ao lado da Justiça e da Constituição.

Acreditamos que o governo Lula tem sido o único capaz de dar respostas concretas aos anseios que temos por um país menos injusto, menos desigual economicamente, mais solidário, mais generoso com os humildes e excluídos - a quem, historicamente, tem sido negado o mínimo para sobreviver com decência e dignidade. Lutar com Lula e por Lula é satisfazer este impulso por Justiça na acepção maiúscula, cristã, ético-filosófica, da expressão.

Não aceitamos a ilegalidade. Reprovamos e protestamos contra o uso de expedientes que contrariam as regras do jogo. Optamos por mudar o país (e o mundo) submetendo-nos a estas regras - nem sempre as melhores regras - de convivência e conduta. Optamos por fazer o embate cotidiano para melhorar tais regras, para democratizar a sua feitura, ampliando o espaço - e as condições de participação - daqueles a quem o país deixou de lado desde o avistamento do Monte Pascoal.

O grosso da oposição ao governo Lula é feito por gente para quem a noção de Justiça a que me refiro não faz o menor sentido, e que pouco se lixa para o respeito às regras do jogo. Em inúmeras oportunidades isto pôde ser testemunhado, em grandes e pequenos "momentos" de nossa vida republicana. Um exemplo grande: a aprovação da reeleição, sem incompatibilização, para beneficiar os então ocupantes dos cargos majoritários. Um exemplo pequeno: a recente obstrução da votação do Orçamento da União para 2006, em desrespeito da Carta Magna e a uma secular tradição do Congresso.

Não nos iludimos. Como em toda agremiação, também no PT há gente - uma minoria - que não tem enraizada esta noção fundante da democracia, fundamental para a co-existência da diversidade, do "outro". Talvez se pensem legitimados por um pretenso sentimento de Justiça que carregam. Para o nosso alívio, e para a boa sorte do Brasil, Lula não faz parte desta pequena parcela, que ao nosso ver prejudica o partido, prejudica o projeto democrático-popular, prejudica Lula, ofende a opinião pública, municia os adversários políticos, sempre oportunistas a vociferar a similitude dos costumes do PT aos seus próprios.

Isto dito, aprofundamos a defesa de Lula em relação ao episódio. Temos sua história pessoal. Temos o cumprimento cabal, eficiente e efetivo, pela Polícia Federal - que Lula dirige em última instância - das suas funções. Dito de outra forma: foi o governo quem abortou a malfadada operação, pois coisas como esta, hoje, não são admitidas pelos responsáveis que dirigem as instituições garantidoras da lei. É um alívio para nós que defendemos a Justiça e valorizamos o respeito às regras eleitorais, saber que neste governo a PF desarma golpes como este antes mesmo que se concretizem.

Pra nós é lamentável que os autores do golpe frustrado pela PF tenha ligações com o PT, com a campanha do presidente. É lamentável também porque causa inegável prejuízo para a imagem do partido fundado pelo presidente, já tão hostilizado em função da confissão, no ano passado, de que também o PT fez uso de caixa-dois em campanhas eleitorais, quebrando assim o monopólio dos partidos adversários sobre as fontes de financiamento ilegal do país. Mas é alvissareiro que o "doa a quem doer" típico das bravatas de ontem tenha se transformado hoje em rotina no âmbito do governo federal (e, esperamos, contagie rapidamente o próprio PT).

É triste ver que a mídia se esforça para dar a máxima ressonância a este sério erro da militância petista e, ao mesmo tempo, realize esforço ainda maior para diminuir ou simplesmente omitir o papel de um importante veículo de comunicação - a revista Istoé - na armação do "dossiê", bem como para deixar de lado - como se não fosse parte do escândalo - o conteúdo deste dossiê.

Incomoda os diversificados pesos e medidas da mídia, dos jornalões, dos blogueiros comerciais, dos comentaristas profissionais e amadores na TV e no rádio.

Pois o dossiê não deixa de ser um testemunho que envolve Serra no esquema dos Sanguessugas tanto quanto, há cerca de dois meses, envolveu (e enlameou)o ex-ministro petista e candidato a governador de Pernambuco Humberto Costa. Ao contrário de Serra, entretanto, Costa está pagando caro pela sanha da mídia e a fé - naquele momento cega - que ela depositou nas tristes histórias dos Vedoin. Agora que os Vedoin se tornaram "traficantes de provas forjadas", Serra se torna vítima de maledicência e Costa... bem, sendo Costa do PT, não é merecedor do benefício da dúvida.

Crônica de um golpe anunciado

(Lula Miranda, na Agência Carta Maior)

Vimos acompanhando todos, já faz alguns meses, inúmeros pedidos de impeachment sendo plantados e acalentados pela grande imprensa, semana sim semana também. O esdrúxulo e extemporâneo impeachment não colou, pois, além de não haver base legal que justificasse o impedimento do presidente da República, como se sabe, Luiz Inácio Lula da Silva e seu governo têm altos índices de aprovação junto à população. A "vocalização" do impedimento do presidente na grande imprensa parecia ter apenas a intenção de causar ao governo algum desgaste político. Parecia. Mas, percebe-se agora, visava preparar o terreno para um golpe que pretende desalojar Lula do Palácio do Planalto "na raça", na base do golpe sujo, utilizando-se de métodos escusos.

Os velhos "donos do poder" (utilizando-se de expressão cunhada por Faoro) desejam a chefia do executivo federal de volta às suas mãos de qualquer jeito - pois o poder seria deles "de direito", algo que lhes seria devido, inato. Como a candidatura do "decepcionante" Alckmin não decolou, a última cartada seria mesmo "ganhar no tapetão".

Primeiro, a 15 dias das eleições, arma-se uma arapuca "fatal" para Lula e o PT (seu partido). Com a devida manipulação do episódios na mídia, cria-se um clima de comoção, decepção e desalento, e faz-se, em seguida, pesquisas no calor da hora. Se nem assim o candidato dos "coronéis" (os cordatos e os nem tanto) subir, manipulam-se algumas pesquisas. E, se nem com essa bem urdida "arapuca", conseguirem acabar com a candidatura Lula, o jeito seria embargar sua candidatura na Justiça ou, se eleito, impedi-lo de governar criando várias CPIs e revivendo o turbilhão político do último ano e meio de seu primeiro mandato. O lance é não permitir um segundo mandato, de qualquer jeito. Vamos à cronologia e etapas dos últimos acontecimentos.

Na semana do feriado de 7 de setembro, começaram a circular boatos de que uma "bomba" envolvendo o presidente Lula estava por ser detonada pela oposição - envolveria pessoa muito próxima ao presidente e seria avassaladora. Como esse tipo de "chantagem", boatos e ameaças são comuns ao jogo eleitoral, não lhes dei muita atenção e importância. Na semana seguinte ao 7 de Setembro, já na segunda-feira, 11, porém, os boatos começaram a se intensificar.

Foi quando, para minha surpresa, no dia 14, surgiu pela primeira vez na "blogosfera", mais precisamente no blog do Noblat, a notícia de que vinha, sim, uma bomba, mas era, ao contrário do esperado, um artefato que explodiria no colo da candidatura de José Serra: em entrevista os Vedoin (pai e filho) comprometiam José Serra com a chamada máfia dos "sanguessugas", mostrando, inclusive, farta documentação comprobatória. Noblat postou essa notícia às 21h12 do dia 14 como já dito. Acompanhei a repercussão dessa notícia, durante todo o dia 14, nos sites das grandes empresas jornalísticas. Não houve. Não saiu uma nota sequer. No dia seguinte, procurei nos jornais dos grandes grupos de comunicação: nem uma notinha de pé de página (registro que o "blog do Noblat" é acolhido pelo grupo O Estado de São Paulo, um jornal, todos sabem, "de direita", conservador). Curiosamente, a notícia, inicialmente postada pelo Noblat, só começou a ser veiculada na Folha e em outros "jornalões" quando já se tinha a notícia de que duas pessoas supostamente ligadas ao PT haviam sido presas com R$1,7 milhão que seriam utilizados para comprar um tal dossiê envolvendo José Serra e Geraldo Alckmin (esse seria supostamente o ingrediente novo: o envolvimento de Alckmin) com a máfia das ambulâncias (ou dos "sanguessugas", como queira). O que antes parecia algo restrito a atingir a candidatura de José Serra ao governo do estado de São Paulo, também resvalava em Alckmin. Na verdade, comprovar-se-ia depois, a intenção daquele episódio todo era atingir a candidatura Lula - agora, com a citação em depoimento de um assessor do presidente isso ficou evidenciado. Bingo! O petardo havia então acertado o alvo. O foco central, a notícia sobre o envolvimento de Serra com a máfia dos "sanguessugas", foi abandonado, deixado de lado. O foco da notícia agora passava a ser o Partido dos Trabalhadores e o governo Lula. O PT e Lula estavam de volta ao patíbulo.

O que estava ocorrendo, afinal? - perguntavam-se todos, entre incrédulos e perplexos. Uma bem urdida armação? Uma orquestração? Uma "arapuca" armada pelos tucanos e/ou pefelistas, que haviam buscado aproximar os Vedoin de petistas desavisados? Compraram alguns "petistas" na bacia das almas? - na verdade, pessoas infiltradas no partido? Ou seria mais uma "tremenda vacilada" de algum petista incauto? Para quem ainda se lembrava do inverossímil episódio dos tais dólares na cueca, tudo era possível. Mas, algumas perguntas restam ser respondidas, pois há indícios sérios, mais ou menos evidentes, que nos causam estranheza ou, no mínimo, desconfiança de uma armação.

1. Por que um dos cidadãos detidos foi logo dizendo, de imediato, que era do PT? Só faltou, para ficar bem na foto, a camisa do PT vestindo o meliante. Lembram do seqüestro de Abílio Diniz - hoje com Lula? Não seria esperado que ele, o cidadão detido em flagrante, caso estivesse realmente a serviço do partido, não revelasse essa informação nem sob tortura?

2. Por que supostos petistas comprariam por, repito, R$1,7 milhão um "dossiê" que continha fatos e informações que não valiam nem um tostão furado - disseram que pediram inicialmente R$20 milhões? Aquelas fotos já haviam saído na imprensa e sido amplamente divulgadas.

3. Por que os petistas, sabendo que os Vedoin estavam sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público, não avisariam a própria PF e ao MP sob a tentativa dos indiciados de vender-lhes essas provas? - assim eles obteriam as provas graciosamente e ainda incriminariam mais os verdadeiramente envolvidos com a máfia (os Vedoin e agora, ao que parece, José Serra).

4. Por que só agora resolveram denunciar José Serra? Estavam negociando o dossiê antes com o PSDB?

5. Por que envolveram, de imediato, um assessor da Presidência da República nessa mal contada história - se o depoente não sabia sequer precisar o nome da pessoa. Por que na acareação o acusador tão falante até então, calou-se?

6. Afinal, quem negociou por parte do PT foi o Diretório Estadual, como se disse no início, ou o Nacional, como se diz agora? Não é estranho que um militante recém-ingressado no partido (filiou-se em 2004) seja destacado para tão importante, delicada e "suicida" missão às vésperas da eleição?

7. E esse novo episódio do grampo nos telefones dos ministros do TSE? Não lhes parece estranho? Por que a varredura foi feita? Por que foi divulgada sem que antes houvesse uma necessária investigação? A quem interessaria a essa altura conturbar o processo eleitoral? É da democracia que o presidente do TSE reúna-se com políticos da oposição para estudarem juntos uma forma de impugnar a candidatura do presidente em exercício? Certamente que não!

Enfim, prezado leitores, é tão absurda e impensável toda essa situação que só mesmo aguardando uma competente e acurada investigação da Polícia Federal. Não precipitemos o julgamento. Foi armação? Teria sido uma contramedida de uma dos "gestapos" incrustados no Estado para favorecer José Serra - lembram-se do caso Lunus, que destruiu a candidatura de Roseana Sarney? Lembram do Dossiê Cayman - era verdadeiro ou não? E a lista de Furnas? E a pasta rosa? Há uma vasta oferta de Dossiês no mercado negro da política.

Só que, passado o calor do momento, para o dia 1º de outubro, o estrago na campanha à reeleição de Lula já terá sido fato consumado. Ao passo que a campanha de Alckmin, e, principalmente, a do Serra, passam incólumes. Quem foi a priori condenado nesse episódio, pela grande imprensa, foi, de novo, o PT. Será esse episódio suficiente e necessário para servir como um novo pretexto a um recrudescimento do já evidente parcialismo da grande imprensa pró-Alckmin e pró-Serra? Só nos restar aguardar, e, de olhos bem atentos e vigilantes, reclamar um tratamento mais equânime às candidaturas na mídia. E denunciar, sempre.

E que não insistam em velhas receitas e estratégias golpistas, pois, essa democracia que aí está, com toda sua fragilidade e podridão, hipocrisia e "gansgsterianismo" das máfias políticas, é a que temos, por enquanto, enquanto a tão necessária reforma política não vem. E se o "rei" tentar derrubar o "peão" "no tapetão" sairemos todos às ruas para, como nas Diretas-Já, fazer valer a vontade do povo.

Gregório Fortunato?! Só Freud explica!

O "ato falho" existe e serve para revelar o que realmente passa pela cabeça das pessoas. E das forças políticas. Quando FHC clama por um Carlos Lacerda e quando parte da imprensa compara Freud Godoy com Gregório Fortunato, convém aos apoiadores da campanha Lula entrar em estado de alerta.

Para quem não lembra: Gregório Fortunato, "anjo da guarda" de Getúlio Vargas, foi acusado de ter planejado um atentado contra Carlos Lacerda. A Aeronáutica, que teve um de seus oficiais vitimado no atentado, montou uma investigação paralela para descobrir os responsáveis. Desde o início, o objetivo da investigação estava claro: derrubar Getúlio Vargas. Para furar o cerco, Vargas optou pelo suicídio, precedido da redação da famosa Carta-Testamento.

Feito este lembrete, analisemos o comportamento do governo Lula: foi a Polícia Federal, dirigida por Paulo Lacerda, subordinado ao ministro Márcio Thomaz Bastos, ministro do governo Lula, quem prendeu duas pessoas acusadas de negociar a compra de um dossiê contendo informações relativas ao chamado escândalo das ambulâncias.

Portanto, as instituições funcionam e isto ocorre por determinação e com o total apoio do governo. Não há nenhum, absolutamente nenhum, movimento no sentido de encobrir o que quer que seja.

Na Polícia Federal, um dos presos citou Freud Godoy, assessor do presidente da República. Freud Godoy negou qualquer envolvimento no caso. Mesmo assim, pediu demissão do cargo, deu entrevista à imprensa, apresentou-se à Polícia Federal e colocou todos os seus sigilos à disposição. A P olícia Federal prossegue as investigações e a verdade virá à tona.

Mas o que interessa à oposição tucano-pefelista não é a verdade; o que interessa é atingir a pessoa do presidente da República. Por isso parte da imprensa estabeleceu forçadas analogias entre Freud Godoy e Gregório Fortunato. Por isso, também, o PSDB e o PFL foram ao TSE, colocando em questão o registro da candidatura Lula.

Quais os reais motivos da oposição? Eles são muitos e não dizem respeito apenas às eleições. O fato é que, vindo à luz toda a verdade, pode se confirmar o envolvimento dos tucanos, José Serra e Geraldo Alckmin incluídos, com o chamado esquema dos Vedoin.

Um dos que apontou isto foi o jurista e professor de Direito da Universidade de São Paulo, Dalmo Dallari, que em entre vista ao Terra Magazine disse que o pedido do PSDB e do PFL ao TSE é "pura encenação eleitoral. Esse pedido não tem a mínima consistência. Um dado que me chama a atenção é que essas ameaças de ação judicial estão sendo usadas como cortina de fumaça para que não se pergunte sobre o conteúdo do dossiê. Que tipo de acusações ele tem? Seria essencial conhecer isso".

segunda-feira, setembro 18, 2006

Lula: "a única frustração que tenho é que os ricos não estejam votando em mim"

Terra Magazine - No dia em que se completava o centésimo dia do seu governo, em abril de 2003, o senhor me disse, no Alvorada, que não iria fazer investigações sobre o governo do PSDB, o longo período de Fernando Henrique Cardoso na presidência. O senhor, tendo vivido o que viveu nesse último ano, se arrepende de não ter mandado investigar o governo passado?

Lula: Não, não me arrependo. O Brasil se encontrava naquele momento numa situação muito delicada. Na situação em que se encontrava o país não suportaria isso. A situação não era boa. Se a gente parasse para ficar fazendo guerra interna, quem ganharia com isso? Eu já vi prefeitos e governadores pararem tudo um ano para investigar os adversários e aí, o que acontece? Perdem um ano de governo, não fazem o que devem fazer. O que tem para ser investigado não é função de governo investigar. Eu tinha clareza de que não tinha tempo a perder fazendo investigação. O país tem instrumentos e instituições para investigação, o que eu queria, e fiz, era governar o Brasil. Não me arrependo nem um pouco.

Independente dos fatos, da corrupção, se ela é, foi maior ou menor do que anunciada, o senhor esperava enfrentar a reação que enfrentou?
Olha, eu sempre soube que a política brasileira é isso: lamentavelmente ela é isso...

Isso o quê?
Vive de denúncia, acusações, dossiês, coisas que muitas vezes depois não são comprovadas, nem desmentidas, e ninguém nem faz reparo, as coisas não têm prosseguimento. Todo mundo que é denunciado tem que ter o direito à defesa plena. Se valesse isso, se fosse feito assim em outros tempos, o Vladimir Herzog não teria sido morto. Na medida em que você se precipita no julgamento, você pode condenar um inocente e, da mesma forma, absolver o culpado.


Claro que há inocentes e culpados, mas o senhor não nega que tenha havido mensalão ou algo do gênero?

Eu não nego e nem confirmo. Acho que as coisas têm que ser apuradas, nós precisamos é criar mecanismos para que uma denúncia, quando sai, seja investigada corretamente. Que se ouçam todas as pessoas. Nós vivemos um momento em que as pessoas chegaram a tirar da cadeia bandido condenado a 26 anos para poder dizer coisas contra o ministro da justiça. Eu ficava pensando: quando os deputados vão à cadeia para ouvir um bandido condenado a 26 anos para saber da vida do Márcio Thomaz Bastos, que país é esse?

Um movimento é dos que denunciavam, acusavam o governo por corrupção. O que, na política, impede o presidente de dizer quem fez isso e quem fez aquilo? O que impede um outro movimento, o de um presidente dizer aquilo que todo mundo sabe sobre aqueles que todos conhecem, dizer claramente quem é quem? Qual é a regra da política que impede as coisas de serem ditas com toda a clareza?
O presidente da República não é eleito para criar confusão, é eleito para tentar ajudar a resolver a confusão. Ora, tanto quanto você, vocês, eu conheço a realidade da política brasileira, mas não pode ser assim. Eu não posso ficar acusando. Eu sempre ponderei que toda e qualquer denúncia tem que ser investigada, com o maior cuidado possível. Eu acompanhei o drama daquela família da Escola de Base, que era inocente. Destruíram uma escola, uma família, para depois constatar que o cara era inocente.


Mas o senhor acha que tem alguém que foi cassado, por exemplo, o José Dirceu, ou o Palocci, que foi demitido pelo senhor até, que pode ser comparado ao caso da Escola Base?

Acho que são coisas diferentes... O Palocci cometeu um erro diferente de outros erros. Porque ele teve o problema da quebra do sigilo. E eu entendi que o ministro da Fazenda não tinha o direito de utilizar o poder do ministro para ir atrás do caseiro investigar. E o José Dirceu... veja, eu não sei por que o José Dirceu foi cassado. Vocês sabem?

Porque ele foi acusado de chefiar...
interrompendo) Mas qual é a prova contra isso? Por que o Roberto Jefferson foi cassado?


Ele admitiu que pegou dinheiro.

Não. Foi por quebra de decoro parlamentar. Foi porque ele mentiu. Ora, se ele mentiu significa que parte das coisas que ele falou não era verdade. Ora, eu acho que julgamento eminentemente político pode cometer erros gravíssimos. Chega uma hora em que as pessoas querem condenar o político, sabe, a gente não pode confundir se foi dinheiro para campanha com mensalão...

E o mensalão...
Veja, eu quero ver alguém poder provar. Porque para provar precisava ter quebrado o sigilo bancário dos deputados.
Então o senhor diferencia o erro do Palocci do erro do José Dirceu?
São duas coisas distintas. O Palocci, eu entendia que tinha que ser afastado porque era impossível que o ministério da fazenda tivesse pedido para quebrar o sigilo do caseiro.

Depois o senhor o elogiou...
Elogiei, não. Elogio até hoje. Acho que o Brasil deve ao Palocci. E o Brasil precisa agradecer o que o Palocci significou para este país.

Nesse processo todo houve erros e...
Este momento é desagradável na medida em que você percebe que a sociedade não é informada corretamente. As pessoas fazem julgamentos a toda hora. Você é julgado 24 horas por dia, em 24 manchetes diferentes por dia. Você não tem chance sequer de se defender. O pior momento da minha vida foi quando descobri que tinha gente que torce para que o Brasil não dê certo.

O pior momento foi quando acusaram sua família, seus filhos? Aquilo ajudou, levou-o a reagir quando já parecia batido?
É lógico que sim, é claro que sim...


O senhor não come cenoura (o almoço é servido) porque engorda?

Cenoura tem carboidrato. O Kalil ( médico particular, de São Pulo) era contra eu fazer o meu regime, perdi quinze quilos.Aprendi o seguinte. Faço regime mais duro de domingo à noite até sexta-feira à noite. De sábado a domingo até meio-dia eu relaxo. Se ganhar um quilo no fim de semana, perco na terça e na quarta. Já aprendi que é mais fácil perder um quilo do que quinze.

O que o senhor come?
Eu não janto mais à noite. De noite tomo uma sopa, creme de cebola, creme de aspargos, uma sopa de legumes.

A cerveja o senhor cortou?
Nunca gostei de cerveja. Tomo uma latinha e parece que comi um elefante.

Depois da posse o senhor falava em mudar as leis trabalhistas, o FGTS. O senhor desistiu daquilo?
Eu criei um grupo de trabalho com empresários, com trabalhadores e com o governo. Esse grupo, chamado Fórum Nacional do Trabalho, produziu a reforma da estrutura sindical brasileira, que está no Congresso Nacional. Esse mesmo fórum tem que discutir a reforma trabalhista. Essas reformas são fáceis de falar e difíceis de fazer. Porque as pessoas acham que têm direitos adquiridos e que não pode mexer. As pessoas não percebem a revolução tecnológica, a revolução da informática. As pessoas agem como se fosse 1940, quando foi criada a legislação trabalhista. Eu acho que ela tem que passar por uma adequação. E ninguém melhor do que os trabalhadores para saber qual é o problema. Eles têm essa incumbência.

E tá andando?
Tá.

O palanque é o lugar onde o senhor se sente mais à vontade, não é? É, é onde me sinto bem à vontade.

O senhor disse que um presidente não pode expor o cargo aos adversários. Isso significa que o senhor não vai ao debate (da TV Globo)? Veja, eu acho engraçada a inquietação que as pessoas têm. Em 1998 ninguém perguntou para o Fernando Henrique Cardoso (o motivo de ele não ir aos debates).

O senhor perguntava. Eu não perguntava. Ele não ia, não ia.

Mas o senhor reclamava.
É um direito democrático alguém convidar (para um debate) e é tão democrático quanto a recusa. A democracia não é uma moeda que só tem uma face. Ela tem duas faces.

Então o senhor não vai?
Não sei. Eu quero saber o que eu ganho, o que eu perco. Sou presidente da República independentemente de estar candidato. Eu não posso expor a instituição da Presidência. E veja que não é um problema de estar na frente (nas pesquisas). Em 2002 eu estive na frente durante a campanha inteira e fui a todos os debates. Adoro debates. Aliás, sou fissurado em debates.

Pelo que falou, o senhor não vai.
Eu quero saber quais são as regras.

Num discurso para intelectuais, outro dia em São Paulo, o senhor falou que a fase da posse foi pacífica porque o senhor não quis ficar cutucando. Mas aqueles momentos de emoção na posse foram reais, com o Fernando Henrique. Quando isso se quebrou, em que momento essa percepção mudou? Eu nunca deixei de reconhecer o significado que representou a minha vitória. Não na eleição brasileira. Mas o significado para o setor que eu representava, do qual sou originário, que são os trabalhadores brasileiros. Eu sempre tive isso muito forte. Eu perdi três eleições porque o povo tinha medo de que um igual a ele não pudesse fazer as coisas. Hoje é o contrário. O povo vê que um igual a ele faz mais que os outros.

Seria isso que explicaria o fato de o povo hoje puxar a classe média, e não o contrário? Inventaram o tal de formador de opinião aí. O cara escreve artigo de jornal e forma opinião. E o cara da CUT, não forma opinião? O cara da colônia de pescadores, não é formador de opinião?

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso forma opinião? Forma negativamente. Porque quem tem a rejeição que ele tem, era melhor não dar opinião.
Como o senhor avalia as últimas atitudes dele? Eu não sei. Eu lamento. Procurei o Fernando Henrique Cardoso em 1978, quando ele não era ninguém, para apoiá-lo. Ele estava de regresso ao Brasil. Fomos eu e minha turma, o Alemãozinho. Fomos procurá-lo para apoiá-lo em 1978 contra o Montoro e contra o Cláudio Lembo, que era da Arena. E eu achava que era preciso renovar a política.

Ele reclama porque diz que o senhor nunca o chamou nem para um café.Mas ele também nunca me chamou...

O senhor foi chamado, sim.Ele só me chamou preocupado em saber se eu conhecia alguma coisa das Ilhas Cayman. E eu fui sincero com ele. Quando eu soube, eu falei: não vou entrar nessa, não vou me prestar, na minha idade, a ser porta-voz de denúncia de Paulo Maluf contra o Mário Covas e o Fernando Henrique Cardoso. Chamei o Márcio Thomaz Bastos, entreguei o dossiê para ele. Ele foi conversar com o Serra, com o Fernando Henrique Cardoso. Vamos deixar as coisas claras.

O senhor foi visitá-lo com o Cristovam Buarque no Palácio da Alvorada. Isso foi em dezembro, depois da reeleição dele. Ele pediu para conversarmos. Então ele está sendo muito pessimista. Não estamos em dezembro ainda.

Vencendo as eleições, o senhor vai igualmente chamá-lo para uma conversa? Veja, eu sou uma pessoa que a coisa que eu dou mais valor é a amizade. A única coisa que a gente leva da vida é a relação de amizade que constrói. É mais ou menos a única coisa que sobra. Eu não tenho nada contra o Fernando Henrique Cardoso. Absolutamente nada. A única coisa que eu lamento é que ele não tenha sabido se comportar como ex-presidente da República. Eu espero dar uma lição a ele quando eu deixar a Presidência, sobre como um ex-presidente deve se comportar. Um ex-presidente não dá palpite, um ex-presidente fica quieto. Um ex-presidente, antes de julgar os outros, olha o que fez. Sabe, no Brasil, o único cara que sabe se portar é o presidente Sarney. Ele foi achincalhado pelo Collor e nunca fez julgamento do Collor. Nunca deu palpite sobre o Fernando Henrique Cardoso.

O Itamar Franco sabe se comportar? Melhor que o Fernando Henrique.

O senhor se considerava amigo dele? Eu sei que ele fica ofendido quando eu faço comparações do meu governo com o dele. Mas eu não tenho com quem comparar. Não posso me comparar com o Getúlio Vargas. Se eu ganhar as eleições, não vou mais comparar com ele. Vou me comparar comigo mesmo, comparar o mandato de 2007 a 2010 com o mandato de 2003 a 2006.

E enquanto se compara com ele (FHC), o senhor não cita o Geraldo Alckmin. Não, eu não quero... veja, eu não tenho nada contra o Alckmin, gente. Vocês sabem o seguinte: eu nunca, nunca, tive problemas com pessoas. Eu não pessoalizo. Eu tive uma relação institucional com o Alckmin muito boa. Eu não tive amizade com o Alckmin. Eu tive amizade com o Mário Covas, com o José Serra, com o Fernando Henrique Cardoso. Não tive com o Alckmin, mas tive uma relação institucional muito civilizada. Então eu quero preservar isso. Se ele não quer, o problema é dele. Eu vou manter a minha linha. É assim que eu sou.

O Aécio Neves é seu amigo? É meu amigo. Eu tenho muitos amigos. Muitos. O Aécio é meu amigo, o Lucio Alcântara é meu amigo, o Rigotto, o Requião é meu amigo. Só não é meu amigo quem não quer ser meu amigo. Se quiser, eu estou de braços abertos.

O Aécio quer? O Aécio é um companheiro que conheço desde a Constituinte. É uma figura extremamente civilizada, que sabe ser companheiro, que sabe até na divergência política ser cordato.

O Alckmin está passando do tom? Não fica bem para ele. O Alckmin não tem cara pra ser agressivo. Médico não pode ser agressivo. Senão, como fica o paciente? O Alckmin, sabe... tem que ser do jeito que ele é.

O senhor dá a entender que, caso reeleito, procurará ter uma ótima relação com o Aécio Neves. Eu já tenho ótima relação com o Aécio.

E com o José Serra? Eu tenho ótima relação com o Serra.

Vocês conversam? Nos últimos dias, não. Mas aquilo que eu disse para a imprensa é absolutamente verdadeiro. Ah, mas saiu uma manchete contra o Serra. E daí? Sair uma manchete contrária não prova nada. Eu quero saber é se essa manchete pode ser desmentida amanhã. E, se alguém que disse numa manchete garrafal que alguém é culpado, vai ter coragem de fazer manchete com letra garrafal dizendo que esse alguém é inocente. Eu tenho boa relação com o Serra, participei de debates com ele na campanha de 2002, fizemos uma campanha de nível muito elevado, não houve agressão verbal, nos tratamos como companheiros.

O senhor pode renegociar a dívida dos Estados? Não podemos esquecer que esses governadores todos fizeram festa quando foi feito o acordo. Porque o acordo foi feito permitindo que eles vendessem patrimônio público. Agora acabou o patrimônio e eles se deram conta de que entraram numa gelada. Mas tem a lei de responsabilidade fiscal, que nós não podemos permitir que seja burlada. Então eu acho que a nação não crescerá se os Estados estiverem quebrados. Então vamos ter que encontrar uma negociação sem burlar a lei de responsabilidade fiscal, vendo o que é possível fazer para ajudar em função da particularidade de cada Estado. Fora disso, não tem volta ao passado.

Essa eleição é melhor que as outras? Ela é melhor e é pior. Ter teu trabalho reconhecido é uma coisa maravilhosa. Desse ponto de vista é melhor. Do ponto de vista de ser presidente, é pior. Porque eu nunca sei quando sou presidente e sou candidato. Estou aqui como candidato. Acontece uma desgraça, eu vou para Brasília como presidente. Eu hoje sou um homem convicto de que a reeleição é um retrocesso político para o Brasil. O mandato de cinco anos sem reeleição seria a melhor coisa. Aliás o meu amigo Fernando Henrique Cardoso vai carregar pelo resto da vida o gesto irresponsável de ter aprovado a reeleição. A única explicação para a reeleição chama-se vaidade pessoal, personalismo.

Mas as pessoas podem perguntar ao senhor: se é assim, porque o senhor está disputando a reeleição? Ah! Porque tem o instrumento. Não fui eu que criei. Esse país tem regras, tem regras.

Mas o senhor não era obrigado a se candidatar. Eu era obrigado.
Por quê? Porque eu era o único candidato que poderia derrotá-los. É isso. Agora, eu afirmei na Constituinte, afirmei na época da reeleição e reafirmo agora: a reeleição é perniciosa para o Brasil. Se o cara for adorado pelo povo, fica cinco anos fora e depois volta. Qual é o problema?

O senhor vai tentar fazer a reforma política? E por onde vai começar? Essa é uma coisa que não pode ser do presidente apenas. Mas vão ter que ser discutidas coisas como a fidelidade partidária, o financiamento público de campanhas, o voto distrital misto.

Discutir o sistema de governo também? Parlamentarismo ou presidencialismo? Não. Isso nós já votamos e já perdemos duas vezes. O povo brasileiro é presidencialista.

O senhor tem uma maioria esmagadora entre os pobres e os que têm menos acesso à educação. É a primeira vez na história recente que votos não são distribuídos de forma homogênea por todas as classes sociais. Existe um fosso hoje no eleitorado. Se você não tomar cuidado ao fazer a pergunta, alguém pode interpretar que precisamos mudar de povo. Eu perdi três eleições porque o povo pobre tinha medo de mim. Não acreditava em um igual a ele. E agora eu estou ganhando porque o povo descobriu que um igual pode fazer por ele o que um diferente não conseguiu fazer. Agora, ainda é cedo para falar em resultado de eleição. Sempre tive muito voto nos setores da sociedade organizada, de mais de cinco salários mínimos. Isso está se mantendo.

Mas o fosso preocupa? Não. Agora, a única frustração que eu tenho é que os ricos não estejam votando em mim. Sabe? Porque ganharam dinheiro como ninguém no meu governo. As empresas ganharam mais que os bancos, teve mais crédito que nunca. Depois de vinte anos a construção civil começou a se recuperar fortemente. Então essa é minha única frustração.

O senhor não acha que nessa faixa, de maior renda e escolaridade, as pessoas estão mais informadas sobre o mensalão e as denúncias de corrupção, e isso tem reflexo na eleição? Não é isso o que determina o voto no Brasil. Se isso determinasse o voto no Brasil, essa gente escolheria melhor quem ajudar nas campanhas. Porque cada deputado eleito teve alguns patrocinadores. Perguntem aos que financiam as campanhas se têm coragem de dizer para quem deram dinheiro?

Um presidente não pode dizer com todos os verbos quem são os personagens e como é que o jogo funciona no Brasil em relação ao uso de dinheiro na campanha?
Eu não posso dizer quem são os personagens. Mas qualquer brasileiro sabe. É só pegar a história da política brasileira, desde a proclamação da República, gente. Ninguém está inventando nada. A política brasileira é isso.

O senhor acha então que o Paulo Betti estava certo quando disse que política não se faz sem colocar a mão na...? Eu não concordo. O que eu acho é que a política brasileira tem uma tradição secular. Sempre foi assim e se não mudar o sistema vai continuar sendo assim.

Secular em relação a que? De dependência econômica dos candidatos, de financiamento, de cobrança depois. Aliás, eu vou contar uma coisa para vocês: na história política do Brasil recente muitos corruptos eram tratados pela imprensa como espertos. Ah, fulano de tal é velhaco, malandro, esse sabe fazer política. A imprensa tratava assim. Tratava o bandido como o esperto da política, profissional competente.

Por que o senhor acha que foi tratado com mais rigor? Eu vou te entrevistar e você vai dizer. Você sabe. Mas não vou dizer para não passar por vítima. Mas todo mundo sabe o que aconteceu neste país. Tanto que algumas pessoas ficaram surpresas quando saiu a pesquisa e eu não estava no ralo. Porque essas pessoas que fazem o julgamento não conhecem o país. Não conhecem o povo brasileiro. Não viajam pelo Brasil. Fica cada em seu departamento fazendo julgamento. Tem que descer pras ruas para ver as coisas acontecerem. O povo está comendo mais. Uma dona de casa paga R$ 5,9 pelo arroz Tio João e em 2003 ela pagava R$ 13. Vai falar mal de mim para essa mulher...
Estamos chegando num momento no Brasil em que alguém que queira formar opinião pública vai ter que começar a compreender que o povo não acredita em tudo. Se o formador for sério, não for chapa branca nem formador contra por ser contra, mas se for um cara que com a mesma sensibilidade faz um elogio e faz uma crítica, o povo percebe que a pessoa é verdadeira. Aí sim ele vira formador de opinião pública. Porque ele é justo naquilo que ele traduz. Se o cara aparece todo dia fazendo julgamento, julgamento, o povo diz: vem cá, não tem nada certo? Eu acho que esse país vai passar por um processo de reflexão profunda. Para o bem do Brasil. Vamos ter que avaliar muita coisa.

Como está hoje a situação da Bolívia? Sabe o que eu fico com pena? É que as pessoas tentam tirar proveito da crise da Bolívia para dizer "o Lula tem que ser macho". Tem dois motivos para você demonstrar força: um é quando você está fraco e precisa fazer barulho, gargantear, fazer bravata. Agora, quando está forte, não tem que demonstrar. Eu tenho a nítida noção da supremacia brasileira diante da Bolívia. Então por que tenho que fazer bravata? Olha, se a Petrobras deixar de explorar gás, vai faltar gás de cozinha e gasolina na Bolívia. Quando conversei com o Evo Morales, eu peguei o mapa da América do Sul e mostrei a situação da Bolívia, onde estava a Venezuela. Eu disse "tira a espada da minha cabeça, porque senão eu vou colocar na tua. Se eu não quiser o gás de vocês, vocês vão sofrer mais que nós". É como relação de marido e mulher. Nós precisamos um do outro. Vamos nos entender. Dá uma olhada (estende a mão): eu estou nervoso? Vocês acham que se fosse uma coisa que me deixasse nervoso eu estaria aqui? Eu tenho enorme noção da situação da Bolívia e quero ajudá-los. O Brasil tem que ajudar a Bolívia. Não tem jeito.

Mas e o decreto? Decreto é decreto, não é lei. Isso foi congelado. Outro ministro faz outro decreto.

O senhor dirá que o Evo faz um pouco de bravata? Eu diria que eles têm problemas sérios internos. Eu fico pensando que se nós tivéssemos ganhado as eleições em 89, talvez estivéssemos na mesma situação. Eu sempre agradeço a Deus por não ter vencido em 89 e ter esperado 12 anos para chegar, porque esses 12 anos me deram muita experiência. Então o Brasil precisa do gás na Bolívia, a Bolívia precisa do Brasil. Nós vamos sair dessa numa boa. Veja o seguinte: eu nunca bati no meu filho. Não vou brigar com a Bolívia, o Uruguai, o Paraguai. Eu tenho que saber a dimensão, a correlação de forças. Em 2004, a Marta concorria à prefeitura e eu aumentei os juros. Faltavam 15 dias para a eleição. E agora também faltam. Eu não vou fazer bravata eleitoral. Não é relação de político para político, é de Estado para Estado.

A Marta perdeu. Não por causa dos juros. Ela perdeu porque o Serra teve mais votos que ela.

É verdade que o senhor vai fazer demissões a partir de novembro? O Henrique Meirelles fica no governo? Olha, à priori, todos ficam. Isso é o mais fácil. O mais difícil... o que eu quero é propor um pacto de responsabilidade com o país. Quando eu digo construir um pacto, é estabelecer quais são os principais projetos que não são de interesse do Lula, mas que interessam a todos os brasileiros, como o Fundeb, a lei das micro e pequenas empresas. Em torno disso, vamos pactuar algumas coisas. Porque se você fizer isso, o cotidiano você vai tocando, aos trancos e barrancos. É um pacto de bom senso. É todo mundo tomar algum remédio contra azia de manhã e se encontrar no Congresso para discutir. Se quiser colocar o nome deles para patentear, pode colocar. Eu aceito.

Isso não pode andar junto com a reforma política.
Tem que andar junto, sim. Porque eles também haverão de querer a reforma.

O senhor vai fazer a reforma tributária, e a fiscal, com corte de gastos?
Primeiro, a reforma tributária: em abril de 2003, eu e 27 governadores fomos ao Congresso Nacional entregar a reforma da previdência e a tributária. O que aconteceu é que foi votada a parte federal, e a estadual não. Os governadores queriam continuar fazendo a guerra fiscal. Mas está lá. O relator já terminou.

O senhor vai continuar dando aumentos de salário mínimo? Vou, vou. Quando puder dar mais, eu dou. Quando não puder, dou menos. Mas vamos dar.

sexta-feira, setembro 15, 2006

"Na época de Serra e Negri nosso negócio era muito mais fácil. Foi quando mais crescemos" - Darci Vedoin

José Serra, candidato do PSDB ao governo de São Paulo, é o personagem de capa da última edição da revista IstoÉ. Chegou às bancas nesta sexta-feira. Sob o título “Os Vedoin acusam Serra”, a notícia, escrita pelo repórter Mário Simas Filho, acomoda o tucano no centro do escândalo do superfaturamento de ambulâncias.

A reportagem baseia-se em declarações de Darci Vedoin e Luiz Antonio Vedoin, os donos da Planam. “Das 891 ambulâncias comercializadas pela Planam entre 2000 e 2004, 681, ou 70% do total, tiveram verbas liberadas até 2002, dentro do período de gestão de Serra e Barjas Negri”, anota o texto. Barjas Negri era o secretário-executivo da pasta da Saúde na gestão Serra. Ele assumiu o ministério quando o titular teve de sair para concorrer ao Planalto, em março de 2002.

Os Vedoin contaram à revista que começaram a pagar propinas em 1998, durante a gestão de Serra. "Naquela época, a bancada do PSDB conseguia aprovar tudo e, no ministério, o dinheiro era rapidamente aprovado", disse Luiz Vedoin à InstoÉ. "Na época deles [Serra e Negri] o nosso negócio era muito mais fácil. O dinheiro saía muito mais rápido. Foi quando mais crescemos", ecoou Darci Vedoin.

A notícia informa ainda que os Vedoin acusaram um empresário chamado Abel Pereira de “agir em nome do então ministro Barjas Negri e de receber propina por meio de cheques e em depósitos nas [contas] das empresas Império e Kanguru.” O sítio noticioso Quinovi traz uma versão em PDF das páginas da revista.

Instado a comentar o caso, Serra foi conciso. Disse que a notícia "faz parte do kit baixaria do PT". Ontem, Serra já havia atribuído o envolvimento de seu nome no escândalo das sanguessugas aos destemperos próprios da época eleitoral. Parece claro que debitar a encrenca apenas na conta das querelas eleitorais não é a melhor estratégia para Serra.

O ex-ministro terá de pronunciar meia dúzia de frases de maior consistência. Ou desmonta as acusações ou verá a sua biografia ser arrastada pelo torvelinho que revolve a cena política nacional. Diz-se que os Vedoin, por bandidos, não mereceriam credibilidade. Bobagem. O tucanado vinha dando crédito irrestrito à dupla enquanto as acusações serviram para minar a autoridade do governo Lula e do PT. Experimentam agora uma dose do mesmo veneno. E precisam provar que dispõem de um bom antídoto.

From Blog do Josias

Bancada federal do PT deve aumentar, diz IUPERJ

Ao contrário da maioria das projeções, um estudo do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) mostra que o PT vai eleger em outubro uma bancada maior na Câmara. Segundo a pesquisa o partido deve eleger até 105 deputados federais, disse o editor-executivo da revista Carta Capital, Maurício Dias, em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta sexta-feira, dia 15 (clique aqui para ouvir). O estudo mostra que há um casamento entre a eleição para presidente a eleição proporcional.

A bancada do PSDB deve crescer 5%, puxada pela votação de Geraldo Alckmin. O PFL deve manter a atual bancada, enquanto o PP “desaparece lentamente”, assim como o PMDB, explicou Maurício Dias.

O jornalista explicou que o PT cresce ao “ocupar o espaço da esquerda trabalhista, jogando o PSDB para a direita”. Dessa maneira, o PMDB fica no centro.


Leia a íntegra da entrevista com o jornalista Maurício Dias:
Paulo Henrique Amorim: Maurício, a pesquisa é sobre o Congresso ou a Câmara?

Maurício Dias: A Câmara dos Deputados. É um estudo feito pelos professores Fabiano Santos e Alcir Almeida, do Núcleo de Estudos Sobre o Congresso do Iuperj. A surpresa deste estudo, que foi feito em maio mas está sendo divulgado agora, é que todas as análises sobre a votação proporcional, em função da crise do caixa dois, projetavam uma queda muito grande para a bancada do PT, que elegeu 91 deputados em 2002. Essa associação da queda, além de estar apoiada na suposição de que haveria um impacto grande da crise na eleição, tem uma relação com o fato que todo mundo casa eleição de deputados com eleição estadual. O Fabiano fez um estudo a partir dos fatores nacionais, ou seja, eleição presidencial influenciando na eleição proporcional. Ele tem uma referência muito boa que é 98, com o presidente Fernando Henrique, o PSDB cresceu muito. Em 2002 o PT cresceu muito. Ele não acredita que haja uma desvinculação – a imagem do presidente Lula está muito vinculada ao PT, por mais que tenham escondido a estrela, o vermelho. Ele (Fabiano) faz uma projeção mínima: ou a bancada vai se repetir, com 91 deputados, e pode chegar até 105.

Paulo Henrique Amorim: A bancada está hoje em 91?

Maurício Dias: Hoje não. Com a migração para o Psol está em 82. Acontece que ele não vê racionalidade nas análises que vêem impacto negativo na bancada do PT em função das denúncias de corrupção e impacto positivo na do PMDB. Ele não vê por que em função de ética você sai do PT e corre para o PMDB, que não é necessariamente um partido ético – não digo que seja antiético – mas não tem como identidade a bandeira da moralidade e da ética.
Paulo Henrique Amorim: E por extensão nem para o PSDB?

Maurício Dias: Nem para o PSDB. O PSDB vai crescer 5% em função da votação do Alckmin, ele projeta uma votação de 30%. Essa análise é feita em cima da suposição de que o Lula ganha no primeiro turno. Resta também outra suposição – que a corrupção não faz diferenciação entre os partidos na mente do eleitor.

Paulo Henrique Amorim: É mais ou menos o que o Montenegro já tinha descoberto através de uma pesquisa do Ibope, né?

Maurício Dias: Pois é. Além de tudo o seguinte - isso não é da pesquisa, é uma dedução que eu faço – que na verdade inflaram uma crise que tem mais de moralismo do que ética. Está mais para Lacerda e FHC que para Platão e São Tomás. O resumo bom seria esse. Além de tudo, o PMDB vem caindo sistematicamente. Ele mostra também uma estabilização na votação da Câmara de cinco grandes partidos: o PT, o PMDB, o PSDB, o PFL e o PP. Desses todos o PFL tem mantido, PMDB tem mantido, PT tem crescido, o PSDB vai crescer nesta eleição e o PP está desaparecendo lentamente. Esses são os chamados partidos fortes, que têm no mínimo 10% da bancada da Câmara.

Paulo Henrique Amorim: E desses quem está em crise?

Maurício Dias: Quem está em crise brava é o PMDB porque, no entender dele, ocupou um espaço de esquerda trabalhista. Isso jogou o PSDB para a direita. É o partido hoje que tem mais confiança do eleitor conservador. Ele acha inclusive que entendeu mais essa posição do PSDB no espectro político foi o ex-presidente Fernando Henrique. Qual é o problema do PMDB? Porque a esquerda, ocupada pelo PT, a direita, pelo PSDB, e o PMDB ficou no centro. A lógica da política partidária no Brasil, eleitoral, é centrípeta, é dos extremos para o centro. E o PMDB não tem nada o que fazer, não sabe o que ocupar, então, fica nesse centro sendo namorado pela direita e pela esquerda.

Paulo Henrique Amorim: E o PFL? Qual é o destino do PFL?

Maurício Dias: O PSDB é um partido conservador, não tem vínculos com a ditadura militar, com o autoritarismo militar. O PFL e o PP têm, eles dois nasceram, são da costela da Arena, que era o partido que sustentava os generais. Essa é a posição mais reacionária do espectro político. Agora, o PFL tem mantido uma votação. Agora, a PP vai se esvaindo, assim como o PMDB também.

Paulo Henrique Amorim: Que interessante isso.

Maurício Dias: É uma análise interessante, que tem uma racionalidade. As outras análises são meio à base de suposição.

Paulo Henrique Amorim: O fato de esse estudo ter sido feito em maio, os últimos acontecimentos o alterariam ou você acha que as condições básicas estão mantidas?

Maurício Dias: O Marcos Coimbra, do Vox Populi, me disse isso na matéria...

Paulo Henrique Amorim: Isso que você vai dizer agora está na matéria da Carta Capital?

Maurício Dias: Ele não é tão otimista quanto o estudo feito pelo professor Fabiano. Mas ele acha que aquele desastre anunciado que, aliás, eu expresso com a famosa frase do presidente do PFL, o senador Jorge Bornhausen, você se lembra dela?

Paulo Henrique Amorim: Qual?

Maurício Dias: “Ainda bem que essa raça vai acabar”.

Paulo Henrique Amorim: Interessante é que ele abandonou a política. Ele não é candidato, não tem filho candidato. A bandeira dele, em Santa Catarina, afogou-se.

Maurício Dias: Afogou-se, exatamente. Voltando à sua pergunta, pode ocorrer, talvez não com a mesma intensidade, o que ocorreu na eleição de 2002. Nos últimos dez dias, lembra o Marcos Coimbra, o PT cresceu. O Nilmário Miranda, a dez dias da eleição, tinha 12% e chegou a 30%. A Serys Slhessarenko, do PT, lá no Mato Grosso, foi eleita senadora ganhando do emblemático Dante de Oliveira. O mesmo aconteceu também com a Ana Júlia, no Pará. Todos dispararam. Eu achei muito curioso, inclusive, não estou fazendo aqui nenhum vaticínio, mas a pesquisa do Ibope mostra o crescimento do Mercadante em São Paulo. Você viu que ele cresceu 7 pontos.

Paulo Henrique Amorim: Mas o Serra tem uma vantagem muito grande.

Maurício Dias: Não Paulo, se você olhar, são 7 pontos a vantagem do Serra sobre os outros. Não é tão mais. Não estou dizendo que o Serra não vai ganhar no primeiro turno. Estou dizendo que em função dessa lógica de que o PT tem tradicionalmente uma chegada muito forte, esse crescimento do Mercadante alerta para essa possibilidade. Mas quer dizer que isso vai ocorrer.

Paulo Henrique Amorim: Ou seja, você acha que, em suma, o estudo do Iuperj demonstra que a “crise da podridão”, segundo Fernando Henrique Cardoso, o eleitor não tomou conhecimento dela?

Maurício Dias: Não há nenhum herdeiro disso. O PSDB, que empunhou essa suposta bandeira da ética, ou mesmo os barões do PFL baiano também não são herdeiros.

Paulo Henrique Amorim: E o PFL baiano vive uma situação muito peculiar que é a troca de comando do Antônio Carlos para o Paulo Souto.

Maurício Dias: Isso também é um outro fator interessante.

Paulo Henrique Amorim: Se é que não vai haver mais ainda com a eleição de um senador que seja da corrente direta do Antônio Carlos, né?

Maurício Dias: O fato é que está dando uma balançada. Agora, ele acompanhou todas as projeções das eleições após 1990. E todas as projeções feitas erravam porque nunca consideravam o crescimento do PT. Desde 1982 vem crescendo. É possível que o partido possa repetir a bancada e deixar apenas ter perdido o que poderia ter ganhado. A crise pode ter tirado, talvez, a perspectiva de crescer muito mais. O Montenegro acha, de qualquer maneira, que a bancada vai cair, o Montenegro do Ibope. Mas ele já refaz um pouco aquela visão de que o partido sofreu um impacto com repercussão nos próximos 30 anos. Ele acha que tem impacto, não vai fazer a mesma bancada, não acredita também que será um desastre, aquilo que se prenunciava, aquelas nuvens negras que ficaram em cima do governo e do PT no ano passado.

Paulo Henrique Amorim: A chave da questão é saber se o PT repete a bancada de 91 deputados ou não?

Maurício Dias: Exatamente. E esse estudo projeta isso ou até um pouco mais, até 105 deputados.

Paulo Henrique Amorim: E você que está aí no Rio, o que você está achando do movimento aí: o Sérgio Cabral está absoluto ou a Denise (Frossard) está subindo?

Maurício Dias: A Denise está em viés de alta. E o seguinte: se ela for para o segundo turno, os líderes políticos acreditam que ela tem grande chance de ganhar. E dizem uma coisa: apoio do presidente Lula o Sérgio Cabral não terá.

Paulo Henrique Amorim: Por quê? Porque Sérgio não o apoiou?

Maurício Dias: Não o apoiou, exatamente. Além de tudo, o Sérgio está fazendo uma campanha forte para a eleição do senado do Dornelles. A candidata apoiada pelo governo é Jandira Feghali, que está na frente.

Paulo Henrique Amorim: Está empatada ou está na frente?

Maurício Dias: Está na frente. Está seis pontos à frente, mas já teve muito mais. E o Sérgio Cabral caiu de cabeça na eleição do Dornelles. E o César Maia, com a Denise Frossard, vem correndo por fora. E agora três pontos percentuais separam a existência do fim da eleição no segundo turno para a existência do segundo turno. Está quase dentro da margem de erro.

Fonte - http://conversa-afiada.ig.com.br

Chora, Lavareda: Lula tem 50%, Alkimin 29%, aponta Ibope

Na contramão das especulações dos "analistas de pesquisa" do pefelê-tucanato, especialmente o Antonio Lavareda, segue aí a realidade das intenções de voto no presente momento da corrida presidencial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição, aparece com 50% das intenções de voto em pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta sexta-feira (15/9). Seu principal adversário, Geraldo Alckmin (PSDB), tem 29%. A candidata do PSOL, Heloísa Helena, pontua com 9%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Segundo a CNI, os demais presidenciáveis somariam 3% das intenções de votos. Entre os eleitores entrevistados, 4% não souberam ou não opinaram e 5% votariam em branco ou nulo.

O levantamento realizado para a Confederação Nacional da Indústria foi registrado junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número 16982/2006. O Ibope entrevistou 2.002 pessoas entre 9 e 11 de setembro, em 141 municípios do país.

Pesquisa anterior
A diferença entre os dois principais adversários era de 19 pontos percentuais (44% e 25%) e agora é de 21 pontos. Em pesquisa anterior, realizada pelo Ibope entre 29 e 31 de julho para a CNI, com 2.002 eleitores, os números apontavam Lula com 44% das intenções de voto, contra 25% de Geraldo Alckmin (PSDB) e 11% de Heloísa Helena (PSOL).

Cristovam Buarque (PDT) e Luciano Bivar (PSL) apareciam cada um com 1% das intenções de voto. Os candidatos José Maria Eymael (PSDC) e Ruy Pimenta (PCO) não pontuaram neste levantamento do final de julho, em que os votos brancos e nulos somam 9%, e 9% dos entrevistados não opinaram.

Na época, o número de eleitores que considerava o governo ótimo ou bom estava em 40%, e o índice de aprovação havia recuado de 60% para 55%.

Agora, em setembro, a avaliação positiva do governo Lula subiu para 49%, enquanto a avaliação regular caiu de 40% para 33% e avaliação negativa, quando o eleitor classifica o governo de "ruim ou péssimo", também recuou, de 19%, em julho, para 16%.