quinta-feira, agosto 31, 2006

Lula: "Pra dizer que o PT está pior, tem que dizer quem está melhor"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou, durante entrevista ao Jornal da Globo levada ao ar na madrugada desta quinta-feira (31), porque lidera todas as pesquisas de intenção de voto para as próximas eleições. Com clareza e conhecimento de causa, Lula fez um veemente relato das ações de seu governo, respondeu às perguntas com precisão, contestou equívocos de análise e conduziu a conversa para um debate de idéias sobre o país, a economia e a política.

A entrevista foi concedida aos apresentadores William Waack e Cristiane Pelajo. Waack quis saber do presidente como ele via a expectativa de o PT “piorar” seu desempenho nas eleições deste ano. Lula saiu em defesa do partido. “Pra dizer que o PT está pior, tem que dizer quem está melhor”, rebateu.

Na seqüência, lembrou que haverá eleições para vários níveis neste ano, que uns vão perder, outros vão ganhar e que “a vida continua”. Daí por diante, analisou Lula, quem tiver piorado vai ter de rever seus erros para melhorar da próxima vez.

Lula também falou sobre alianças, acordos e governabilidade. Disse ter orgulho dos apoios que recebe, entre eles uma parte do PMDB, e afirmou que não escolhe nem veta as pessoas indicadas pelos partidos para compor seu conselho político.

“Vamos ganhar a eleição, se Deus quiser, e teremos a sustentabilidade que o Brasil precisa", disse.

Carga tributária
O presidente esclareceu que o governo não aumentou a carga tributária, como afirmaram os entrevistadores. A carga tributária brasileira, lembrou, só aumentou na comparação com o PIB (Produto Interno Bruto).

Ele explicou que o que subiu, de fato, foi a arrecadação, porque a Receita Federal passou a ser mais eficiente. "Diga um único imposto que eu criei ou que aumentou em meu governo", questionou Lula a seus entrevistadores, sem obter resposta.

Os jornalistas então perguntaram por que o governo não concedeu nenhum alívio fiscal, uma vez que houve aumento da arrecadação. Lula respondeu: "Mas como não houve alívio fiscal? Acabei de dizer que nós desoneramos diversos setores da economia".

O presidente informou os repórteres que os preços de arroz, feijão, farinha de mandioca, entre outros produtos alimentícios, além de areia, cimento, tijolos e demais itens da construção civil, ficaram mais baratos em seu governo justamente porque ele determinou o alívio fiscal para itens de consumo popular, beneficiando as pessoas mais pobres. "Pergunta para a dona de casa", provocou.

"No total desoneramos R$ 19 bilhões. Houve também a redução das alíquotas do Imposto de Renda", reiterou Lula, lembrando que, quando assumiu, a alíquota não era atualizada havia cinco anos.

O presidente também foi enfático ao revelar que já definiu os pontos básicos da reforma tributária com seu relator, o deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG), e que a reforma só não é votada porque a oposição não quer.

"Se eles quisessem, a reforma sairia ainda neste ano. Mas não permitem que os deputados votem. E depois tem candidato que diz que o meu governo aumenta imposto e não faz a reforma", ironizou.

Crescimento econômico
Lula também refutou a afirmação de que o Brasil tem crescimento baixo se comparado à China e outros países emergentes. O presidente afirmou que seu governo construiu a infra-estrutura sobre a qual o país poderá crescer com estabilidade e distribuição de renda pelos próximos anos.

"Já vi o Brasil sendo comparado com a Índia, com a China e até com o Haiti. Mas o Brasil deve ser comparado é com o Brasil. Nunca houve uma conjuntura de fatores tão positivos para a economia brasileira. As exportações crescem, o crédito é farto, a balança comercial é positiva, as transações correntes são favoráveis", disse Lula.

O presidente explicou aos repórteres que seu governo também vai definir os marcos regulatórios das PPPs (Parcerias Público-Privadas) que permitirão o aumento do capital privado no investimento, um dos motores do crescimento econômico. Segundo Lula, seu governo estuda a expansão do Brasil em mercados em que pode assumir a liderança global, como o de papel e celulose.

"O Brasil nunca esteve tão preparado para dar o próximo passo", concluiu, defendendo um ciclo de crescimento contínuo com investimentos em educação.

Volkswagen
Lula foi questionado sobre o que esperaria de um presidente se ainda fosse líder sindical, diante da crise da Volkswagen, que demitiu 1.800 empregados de sua fábrica de São Bernardo do Campo. O presidente revelou que já chorou na porta da Mercedes-Benz no passado, quando esta anunciou a demissão de 8 mil trabalhadores.

"A Volks se precipitou ao anunciar as demissões sem discuti-las com o governo e com o sindicato", disse o petista, que informou que 27 mil empregos na indústria automotiva foram criados em sua gestão.

Lula afirmou desconhecer em profundidade a atual situação da montadora, mas afirmou que a Volks optou pelas demissões num momento em que "nunca se exportou tantos carros e o mercado interno cresce".

"Eu sei o que é a fome"
O presidente demonstrou irritação diante Waack, que perguntou por que o governo investe mais em programas sociais, "que dão o peixe", do que ações "que ensinam a pescar". Lula disse que o jornalista provavelmente “nunca foi pescador”, porque mesmo o pescador tem de comer alguma coisa enquanto o peixe não vem.

Depois informou que seu governo ataca nas duas frentes e que uma não anula a outra. "Eu sei o que é a fome. A criança que vai para a escola com fome aprende menos. Nossa política social garante três refeições diárias. Isso está na bíblia, deve estar na consciência de todo homem público", afirmou o presidente. "Eu sei o que é uma mãe ter cinco filhos pedindo comida e ela não ter nada para dar".

Na seqüência, os jornalistas abordaram as fraudes no programa Bolsa-Família. Lula respondeu que o programa é fiscalizado pelo Ministério Público e pelo conjunto da sociedade.

"Um programa que atende 11 milhões de famílias pode ter um erro. Mas isso não nos impede de expandi-lo em três frentes: ampliar o número de beneficiados, aumentar a fiscalização e gerar empregos, por meio do crescimento econômico, que seriam a porta de saída do programa".

Educação
O presidente discorreu com desenvoltura ao responder sobre a educação, enfatizando o Fundeb (Fundo para a Educação Básica), que está parado a um ano e meio no Congresso e, quando aprovado, vai destinar R$ 5 bilhões para o setor.

Os jornalistas apontaram apenas 23% das escolas públicas brasileiras com biblioteca, 10% com acesso à Internet e que somente 45% dos professores têm ensino superior completo.

"Este não é um quadro desolador?", perguntou Pelajo. “É”, respondeu Lula, ressaltando que esse quadro resulta dos 500 anos anteriores a seu mandato.

Na seqüência enumerou as ações em andamento e destacou a ampliação da Universidade Aberta, que estará presente em 80% dos municípios brasileiros, com a função de aprimorar a formação dos professores.

O presidente também informou que seu governo passou a mensurar a qualidade da educação com o Prova Brasil, testes para alunos da 4ª e da 8ª séries, em 41 mil escolas, ao contrário do governo de Fernando Henrique Cardoso, quando apenas cerca de 6 mil escolas aplicavam os testes, e só para alunos da 4ª série.

Lula comentou que o único Estado que se recusou a participar da prova foi São Paulo. “Talvez temendo revelar que, embora sendo o Estado mais rico, não liderava o ranking da educação", disse Lula, que completou: "Depois o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) veio mostrar que São Paulo está na oitava posição no país", disse.

31/08/2006 - 03:32

quarta-feira, agosto 30, 2006

Programa de Governo prioriza crescimento com distribuição de renda

O segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá a marca do crescimento econômico com distribuição de renda. O Programa de Governo para os próximos quatro anos (2007-2010), organizado em seis eixos de ação, foi divulgado nesta terça-feira (29) pelo presidente, numa cerimônia em São Paulo. Para fazer o download, clique aqui.

Lula considera que no primeiro mandato foram criadas as condições para que o país cresça de forma sustentada durante vários anos. Para dar continuidade ao crescimento, o programa prevê a execução ou conclusão de grandes obras de infra-estrutura em portos, aeroportos, rodovias e ferrovias.

Na área social serão ampliados os benefícios do Programa Bolsa-Família, e será dada continuidade à política de aumentos reais para o salário mínimo.

"O segundo mandato do Governo Lula continuará avançando na erradicação da fome, manterá e ampliará as bem-sucedidas políticas sociais até agora implementadas no programa Fome Zero, especialmente o Bolsa-Família", diz o texto do programa.

A reforma política terá tratamento preferencial no próximo mandato, especialmente quanto ao financiamento de campanhas eleitorais e da fidelidade partidária.

Na área da Segurança Pública, o presidente pretende fortalecer a vigilância nas fronteiras e consolidar o Sistema Único de Segurança Pública, com a interligação dos órgãos repressores nas esferas federal, estadual e municipal.

Saúde e Educação continuarão tendo especial atenção no segundo mandato. Para isso, Lula quer universalizar o ensino fundamental de nove anos e estabelecer, em parceria com o Congresso, um piso salarial para professores.

Na introdução do documento, de 30 páginas, a coligação PT, PCdoB e PRB, responsável pela elaboração do programa, faz um breve relato da situação encontrada no país em 2002 e critica duramente o que chamou de "herança negativa" deixada pelo governo passado.

As políticas implementadas pela coligação PSDB-PFL, diz o texto, frearam o crescimento, concentraram renda e riqueza, debilitaram o Estado, generalizaram a corrupção.

No texto, a coligação reconhece que, apesar dos avanços obtidos no primeiro mandato, ainda há um longo caminho pela frente e, por isso, defende a reeleição do presidente:

"A reeleição de Lula é a garantia de que não haverá retrocesso, de que a transição para um novo Brasil não terá seu curso interrompido. É certeza também de que as mudanças se farão com o fortalecimento da democracia e a renovação da cultura política do país".

O Programa de Governo ainda contesta a tese neoliberal de que o aumento dos gastos sociais prejudica as contas do país.

"A direita vê esses investimentos sociais (Bolsa Família), assim como o aumento do salário mínimo acima de inflação, como ameaças ao equilíbrio fiscal, tese que foi desmentida pela realidade nos últimos três anos. O projeto da oposição é o de voltar à era FHC, com redução dos investimentos sociais e retomada das privatizações", diz o documento.

Ainda na busca de consolidar o crescimento econômico, o plano de governo de Lula promete aprofundar a redução da taxa de juros, aproximando-a daquela praticada nos países em desenvolvimento.

Essa redução permitiria ao país elevar para a casa dos atuais 20% para 25% a taxa interna de investimentos no setor produtivo. O presidente se compromete em dar continuidade ao Plano Nacional de Reforma Agrária, mantendo a prioridade de implantar assentamentos com qualidade e recuperar os assentamentos existentes.

No caminho do desenvolvimento de longo prazo, o programa lista como prioritária a construção do Pólo Petroquímico e a Siderúrgica do Rio de Janeiro, além da construção do Gasoduto (Gasfor), responsável pelo fornecimento de gás à Siderúrgica do Ceará.

São obras prioritárias na infra-estrutura, entre outras: a continuidade da duplicação da BR-101 Sul, BR-101 Nordeste (com ampliação do trecho em direção à Bahia), construção da BR-163 no Pará, da BR-158 no Mato Grosso, da BR-364 no Acre, duplicação da BR-153 em Goiás e Minas Gerais, e da BR-040 em Minas Gerais.

O programa também prevê a conclusão das obras de recuperação e ampliação de outros eixos estruturais de escoamento de carga e passageiros, como as BR-153/010 (Belém-Brasília), BR-163 em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, BR-116 entre Bahia e Minas Gerais, além da construção do Arco Rodoviário do Rio de Janeiro.

O governo também vai licitar a concessão para o início da construção das hidroelétricas de Rio Madeira e Belo Monte.

Assim como aconteceu no primeiro mandato, o segundo governo do presidente Lula vai aperfeiçoar e fortalecer o SUS (Sistema Único de Saúde), que terá mais controle social.

A meta é identificar as necessidades da população, o atendimento ao interesse público e o combate à corrupção. O cartão SUS será universalizado e pretende ser o carro-chefe da informatização e do acesso aos atendimentos.

Ainda na saúde, serão criados Centros de Atendimentos Especializados de média complexidade, para assegurar o tratamento completo dos usuários do SUS.

Estes Centros poderão realizar consultas especializadas, exames, serviços de reabilitação com fornecimento de órteses e próteses, pequenas urgências e cirurgias eletivas que não necessitam de hospitais ou pronto-socorros e distribuição de medicamentos excepcionais.

O Programa Fome Zero continuará avançando, aprimorando a Bolsa Família e as demais iniciativas que ampliam o acesso dos mais pobres à alimentação, como os programas de alimentação escolar, aquisição de alimentos, restaurantes populares, entre outros.

O Fome Zero também continuará articulando ações estruturantes, como a reforma agrária, a agricultura familiar e os programas de geração de emprego e renda, educação alimentar, em uma política integrada.

terça-feira, agosto 29, 2006

Novas pesquisas confirmam Lula no 1º turno!

Se as eleições fossem hoje, Lula teria 49% dos votos, contra 22% de Geraldo Alckmin e 9% de Heloísa Helena, de acordo com levantamento do Ibope encomendado pelo jornal O Estado de S.Paulo e publicado na edição deste domingo, dia 27. Em relação ao levantamento anterior (15 a 17 de agosto), Lula subiu dois pontos, Alckmin subiu um e Heloísa desceu três.

Pesquisa estimulada CNT/Sensus divulgada hoje, dia 29, aponta novo crescimento das intenções de voto no presidente Lula, que venceria no primeiro turno com 62,4% dos votos válidos. Na intenção declarada de voto, Lula subiu de 47,9% (início de agosto) para 51,4% na sondagem realizada entre os últimos dias 22 e 25. O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, permaneceu estagnado. Tinha 19,7% e foi para 19,6%. A pesquisa também aponta o menor nível de rejeição de Lula desde o período pré-eleitoral de 2005 até agora: 25,5% dos entrevistados afirmam que não votariam no presidente; em relação ao candidato Alckmin, este total é de 42%. Esta é a primeira pesquisa CNT/Sensus realizada após o início da veiculação dos programas no horário eleitoral gratuito.

Já a pesquisa Datafolha realizada hoje e divulgada agorinha no Jornal Nacional confirma a preferência por Lula, que aparece com 50% das intenções de voto contra 27% de Alckmin.

Marco Aurélio Mello: um juiz e vários receios

O presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, pediu que o povo não vote em candidato envolvido em escândalo e atacou a proposta de Constituinte. Estamos diante de algo inédito na história republicana do país. Uma campanha aberta por juízos de valor de quem deveria primar pela isenção.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio Mello, não é uma criação de Luiggi Pirandello, mas seus últimos pronunciamentos deixam no ar a impressão de se tratar de um personagem à procura de autor, embora com roteiro definido.

A ação política teatralizada em nada contribui para o aperfeiçoamento democrático. Revela tão somente a politização do Judiciário, colocando em risco o princípio da separação dos poderes públicos no Brasil. O que Mello tem dito destoa do papel constitucional conferido ao TSE. A esta instância cabe apenas o papel de zelar pela lisura do pleito. Qualquer tentativa de se auto-investir como "lócus da consciência da cidadã" pode reduzir o princípio de independência dos poderes republicanos a uma dimensão meramente nominal.

Marco Aurélio Mello tende a ver a si próprio como portador de uma missão social. Um "juiz militante" propenso a julgar demandas e se pronunciar orientado por configurações conjunturais e tendências ideológicas. A mídia, em última instância, é a tribuna requerida para suas ações espetaculares.

Quem viu o pronunciamento do presidente do Tribunal Superior Eleitoral abrindo oficialmente a campanha assistiu à fala de um cidadão engajado. Tão contundente quanto normativo. Um juiz que solicita aos eleitores que faça dos recortes midiáticos a base de suas escolhas precisa ser examinado atentamente. Ao afirmar que "parlamentares envolvidos em escândalos não são dignos de respeito e muito menos de voto", descrevendo a atual crise "como um verdadeiro escárnio", Mello se esqueceu de um aspecto central do direito moderno. Como nenhum deputado foi punido por decisão judicial transitada em julgado, ele ignorou, em sua peroração judicativa, um princípio elementar do Estado democrático: o direito ao contraditório.

Como orador que busca formatar o senso comum de acordo com os interesses defendidos por uma das partes envolvidas no pleito, beirou à perfeição. Conseguiu o enquadramento adequado à estratégia discursiva do moralismo vazio da direita. Se cálculos políticos embutem uma matriz narrativa, as semelhanças entre suas palavras e o campo semântico da oposição são de valor pedagógico inestimável. Poucas vezes a Justiça brasileira veio a público sem qualquer veleidade de ocultar sua natureza de aparelho ideológico.

"Observe a situação de hoje a exigir de todos nós muita responsabilidade. Sim, devemos exercer a cidadania com os olhos voltados à preocupação com o bem-estar geral, com o patrimônio público". Como ler esta “orientação” ao eleitor? No bombardeio midiático a que temos assistido, ela não opera no vácuo. Elege temas e molda sentidos. Se sobra alguma dúvida quanto a tomada de posição, a crítica à proposta de um dos candidatos a dissolve inteiramente. Marco Aurélio não se esqueceu de atacar a proposta de Constituinte, defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Já se falou em Constituinte. Para quê? Vamos amar um pouco a constituição moderna. Em sua opinião, o Brasil não precisa de mais leis”, mas de homens públicos e de cidadãos que se envergonhem de atos de corrupção”.

Estamos diante de algo inédito na história republicana do país. Uma campanha aberta por juízos de valor de quem deveria primar pela isenção. É muito preocupante para passar despercebido. A instrumentalização político-partidária do campo jurídico embute receios que vão das dúvidas quanto aos critérios que serão utilizados nas demandas dos concorrentes a uma eventual utilização do arcabouço legal para consecução de golpismos brancos. Pisamos no pantanoso terreno das suposições. Mas não há como negar que o cenário se vislumbra assustador

Como ignorar as afirmações abaixo?

"Os fatos que condenem os candidatos devem ser levados em consideração pelo eleitorado mesmo que não tenham sido condenados pela Justiça. Pouco importa a existência ou não da decisão condenatória";

"Gostaria de aplicar o Código de Defesa do Consumidor contra a propaganda enganosa. Isso sempre ocorrerá, mas nós não somos ingênuos”.

São trechos que falam por si. No primeiro, a Justiça é tratada como penduricalho de menor importância. No segundo, a cidadania se desloca para o campo do consumo, e é na esfera de circulação de mercadorias que Mello a vê. Nesse contexto, cabe a indagação: quem fiscalizará o TSE?

Por Gilson Caroni Filho, www.cartamaior.com.br

segunda-feira, agosto 28, 2006

Crise no Ceará: tucano diz que não deixará de usar imagens de Lula

Após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, o governador do Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB), não descartou a possibilidade de usar imagens da reunião em suas propagandas de campanha por reeleição. "Já coloquei o presidente uma vez, colocar agora ou não, não vai fazer diferença", disse.

Questionado se Lula é um bom puxador de votos, o governador respondeu apenas para os jornalistas olharem as pesquisas. Sobre a possibilidade de ser chamado de traidor pelo tucanato, Lúcio disse, sem citar nomes, que "se existe algum traidor, não sou eu".

Na semana passada, o governador cearense provocou polêmica ao usar imagens do presidente Lula em seu programa eleitoral.

O governador cearense alegou ainda que ele é do PSDB, e que o candidato de seu partido é o Geraldo Alckmin e, por isso, o apoiará. Lúcio afirmou também que o ex-governador de São Paulo sempre foi e será bem recebido em suas visitas ao Ceará, dando o exemplo da visita de Lu Alckmin na semana passada.

Segundo Lúcio Alcântara, o encontro com o presidente Lula desta segunda-feira foi apenas institucional, para tratar de obras no Estado. Apesar disso, no entanto, o visitante não soube precisar valores sobre as mesmas. "O encontro foi institucional e administrativo. Eu que pedi o encontro", afirmou.

"O que eu quero mostrar é que é possível administrar bem, mesmo quando há uma política de partidos diferentes, através de parcerias", completou o governador.

Terra.com.br

domingo, agosto 27, 2006

Lacerdismo, doença senil do tucanismo

A Folha de S. Paulo, supostamente porta-voz da ala progressista do tucanato, publicou hoje (24/08) dois artigos criticando a reeleição de Lula.

Um dos artigos é assinado por Otávio Frias Filho, um dos proprietários da Folha. Intitulado "Anistia para Lula", o artigo diz ser "evidente que a decisão do eleitor será soberana (...) Mas se o veredicto for esse [a eleição de Lula], dispensando o segundo turno, a afoiteza do eleitor terá prejudicado a qualidade democrática desta eleição".

E por qual motivo o eleitor estaria sendo "afoito"? Porque, segundo Frias, a eleição no primeiro turno impede o debate programático, que "só existe (...) no segundo turno".

Ao contrário do que diz Frias, o "debate programático" vem acontecendo há muitos anos e se acentuou durante o governo Lula. A Folha sempre teve lado neste debate, o lado dos tucanos. Já a maioria do povo brasileiro está, hoje, do outro lado.

Frias e a maioria dos colunistas políticos não se conformam com isto e apelam para a desqualificação do povo, do voto e dos motivos que explicam o apoio da maioria do eleitorado para Lula.

Frias reconhece que "a população mais carente tem boas razões para estar satisfeita". É exatamente a partir desta experiência, mas também da experiência dos últimos 26 anos (pelo menos), que o povo brasileiro vem participando e tomando partido no debate programático sobre os rumos do país.

É claro que para o diretor de redação da Folha, a experiência vivida pelo povo, a partir do qual vem formando sua opinião política, está longe do rigor exigido de um "debate programático". É por razões semelhantes que Marco Antonio Rocha, colunista de O Estado de S. Paulo, afirmou que "até agora, e até onde é do conhecimento do comum dos mortais, não ficou nada clara qual é, de fato, a diferença entre os principais candidatos a presidente da República".

Não ficou clara para quem, cara pálida?

A impressão que passa é que Rocha e Frias, como estão perdendo a eleição e também o debate programático, começam a apelar para uma espécie de autismo intelectual: "Lula não apresentou seu programa até agora", "nenhum dos presidenciáveis têm programa", "todos os programas são iguais".

Frias chega a dizer que Lula, "no governo, traiu quase todas as idéias-feitas que pregava nas duas décadas anteriores". Suponhamos que isto fosse verdade e que Lula estaria parodiando o FHC do "esqueçam o que eu escrevi". Por qual motivo, então, toda a direita, o grande capital e os grandes meios de comunicação apoiaram a reeleição de FHC, enquanto hoje estão na sua esmagadora maioria contra a reeleição de Lula?

É evidente que, por mais que possam ter havido modificações (e elas ocorreram) nas posições de Lula e do PT, isso não alterou as posições básicas (de classe, políticas, ideológicas) que ambos ocupam na sociedade brasileira, em contraposição a partidos como o PSDB e PFL.

O preocupante, na argumentação de Frias, é que a lógica de seus argumentos o conduz para o golpismo. Vejamos o que ele diz: a "reeleição do atual presidente, se de fato ocorrer", terá um "significado sinistro", pois "a mais alta corte do país, o próprio povo, terá anistiado o escândalo do mensalão".

O cenário pós-vitória de Lula é resumido assim por Frias: "um presidente macunaímico, que se orgulha da própria falta de estudo, seria reconduzido sem trauma nem esforço. O partido que lhe serviu de alavanca, o PT, pode não sair destroçado das urnas, mas será um fantasma do que já foi. Políticos sem doutrina, a maioria, farão fila para apoiar um chefe de governo novamente forte".

Neste contexto, Frias acredita que a proposta de Constituinte para fazer uma reforma política poderia resultar na prorrogação do mandato de Lula, no direito à uma nova reeleição e - palavras de Frias - na determinação de que só poderiam concorrer candidatos "progressistas".

Trata-se de algo tão delirante, que Frias mesmo reconhece que "estamos longe de ver essas fantasias se concretizarem. Mas não custa alertar".

Outro que resolveu "alertar os incautos" é Augusto de Franco, que foi coordenador-geral do Primeiro Congresso do PT (1991) e depois virou tucano de carteirinha.

Segundo este senhor, em artigo igualmente publicado na Folha de S. Paulo de 24 de agosto, "se a reeleição vier, ela (...) será o passo inicial para uma tentativa de mudança autoritária das regras do jogo político (...) as bases de uma hegemonia neopopulista de longa duração no país". Mais: "se consagrado pelas urnas com votação expressiva, Lula e sua tropa atropelarão aliados, adversários e instituições, falando diretamente para as massas".

Entretanto, diz Augusto de Franco, para que se possa consumar a "mudança autoritária das regras do jogo", "algumas coisas 'extraordinárias' deverão acontecer": "a descoberta de corrupção em larga escala nos Parlamentos e as ações terroristas praticadas pelo PCC", fatos "que deverão ser 'produzidos' para causar uma certa comoção na opinião pública, manipulando-a para levá-la a aceitar a adoção daquelas medidas regressivas capazes de permitir a implantação da fórmula lulista".

Leiam novamente: este senhor acusa o PT de conspiração. A nós interessaria "produzir" as ações do PCC e inclusive a "descoberta" de corrupção em larga escala nos Parlamentos, para assim desmoralizar as instituições e implantar o medo na sociedade!!!

Augusto encerra seu artigo dizendo que "a despeito do fato de essa fórmula já estar sendo parcialmente implementada, transformando 2006 em uma ante-sala de 2010 (...) é claro que ela pode não dar certo, sobretudo se encontrar resistência. Mas a insistência em aplicá-la levará o Brasil a uma crise institucional sem precedentes".

Para bom entendedor, meia-palavra basta: tanto Frias quanto Franco estão apresentando argumentos que, se forem tomados a sério, justificariam o golpismo contra Lula. Afinal, seria um governo que conspira contra a democracia.

Para os que acham que esta conclusão é exagerada, lembro das recentes declarações de FHC, que lamentou não existir no Brasil de hoje alguém como Carlos Lacerda, "com capacidade de dramatizar e cobrar", "alguém que dê nome aos bois e arrisque".

Vamos atender ao pedido de FHC e dar nome aos bois: Carlos Lacerda foi um golpista. Aliás, sua trajetória lembra em parte a de Fernando Henrique: ambos foram de esquerda, passaram para a direita e tornaram-se golpistas. A diferença é que FHC, até agora pelo menos, só fala. Lacerda agia. Ajudou a dar o golpe contra Vargas, em 1954; trabalhou pelo golpe contra JK, em 1955; e ajudou a dar o golpe contra Jango, em 1964.

Quem quiser conhecer em detalhes a biografia de Carlos Lacerda, clique aqui.

Lacerda era muito conhecido por suas frases de efeito. Em 1955, disse na televisão que "Juscelino não será candidato; se for candidato, não será eleito; se for eleito, não tomará posse; se tomar posse, não governará". A UDN, partido de Lacerda, tentou impugnar a vitória de JK nas eleições de 1955, usando como argumento que Juscelino recebera o voto dos comunistas.

Por "coincidência", já há tucanos e pefelistas importantes questionando a legitimidade da vitória de Lula, utilizando como argumento qualquer coisa: sua ausência no debate da Bandeirantes, denúncias de corrupção e até mesmo seu apoio nos setores populares, que seria produto de "ações populistas" de governo.

FHC e Frias se deixam trair pelas palavras. O primeiro confessou que está buscando alguém que "arrisque" uma atitude golpista. O segundo diz que a reeleição de Lula seria "sinistra", palavra que em italiano quer dizer exatamente "esquerda".

Este é o problema da direita brasileira: sua alma golpista não se conforma que a esquerda governe o Brasil. Muito menos que consolide uma "hegemonia de longa duração".

É exatamente isto que está em jogo, não apenas na reeleição de Lula, mas principalmente no curso do segundo mandato: a constituição das bases institucionais, sociais, econômicas, políticas e culturais de uma hegemonia democrática e popular de longa duração. Que passa pela disputa dos chamados "setores médios" e pela constituição de uma "opinião pública" de esquerda.

Um pedaço da direita brasileira acredita que uma derrota em 2006, especialmente se acontecer já no primeiro turno, pode ser a ante-sala de uma nova derrota em 2010. Daí a tentação e a retórica golpista. Com o perdão da blague, ainda "estamos longe de ver essas fantasias se concretizarem. Mas não custa alertar". Especialmente num dia 24 de agosto, data do suicídio de Getúlio.

(Valter Pomar, Secretário de Relações Internacionais do PT)

Dados confirmam que PF atua mais no governo Lula

Relatório das ações da Polícia Federal aponta que nunca na história do país se combateu tanto a corrupção. De acordo com o relatório, após assumir a Presidência, em janeiro de 2003, Lula intensificou o trabalho da PF, que de agosto a dezembro de 2003 realizou 21 operações, que resultaram na prisão de 312 pessoas, das quais 223 servidores públicos. Mesmo antes, de janeiro a abril daquele ano, a polícia não ficou inoperante. Neste período foram presos 32 servidores — 22 da Polícia Federal, três da Polícia Rodoviária Federal e sete da Receita Federal.

"Esse número é provavelmente maior do que o resultado deixado por FHC em seus oito anos de governo", afirma o deputado Dr. Rosinha (PT-PR). Segundo ele, "todos sabemos que o Estado brasileiro, historicamente, sempre teve em seu seio a corrupção como um mal a ser debelado. Não se trata de algo próprio do governo Lula, como quer fazer crer a elite - corrupta - brasileira. Esses servidores corruptos não se formaram no governo Lula. Já atuavam e estavam acostumados com o crime, acreditando que a impunidade fosse continuar".

Em 2004, foram desenvolvidas 42 operações e presas 513 pessoas. Desse total, 151 eram servidores públicos. Com independência e autonomia de ação sob o governo Lula, a PF quase triplica o número de operações em 2005, em relação ao ano anterior. Foram 118, com a prisão de 591 pessoas (196 servidores públicos). Até o último dia 11 de agosto, a Polícia Federal já desenvolveu neste ano 99 operações. Prendeu 532 pessoas (213 servidores públicos).

"Em resumo: as ações da PF no governo Lula já somam 280 operações, 3.740 pessoas presas, sendo 783 servidores públicos. Quando que, na história do Brasil, a corrupção e o crime organizado foram combatidos pela PF com tanta eficiência e sem perseguição política ou de classe social? Esse é o medo do PSDB, do PFL e de todos que apóiam o candidato Geraldo Alckmin (candidato do PSDB à Presidência)", afirmou Rosinha.

Segundo o deputado Mauro Passos (PT-SC), é fato que hoje há mais eficiência no combate à corrupção. "Inclusive na semana passada a Polícia Federal estourou a Operação Dilúvio, com sérias consequências para a Secretaria de Fazenda de Santa Catarina. Foi uma grande operação praticada em função de tributos que não estavam sendo pagos. Entre os presos está o consultor Aldo Hey Neto que trabalha na Secretaria da Fazenda. Na casa dele a Polícia Federal apreendeu R$ 1,9 milhão. Ele é o segundo no hierarquia da secretaria. O secretário, Max Berenhort, estava de férias nos Estados Unidos e retornou às pressas. Ele está sujeito a se afastar", disse o deputado.

Transferir renda e superar a pobreza

Temos tido boas oportunidades de debates sobre políticas públicas voltadas para a área social, principalmente no período mais recente, com bons e valiosos estudos e pesquisas acerca dos impactos dessas políticas relativos ao seu objetivo de reduzir a desigualdade e erradicar a pobreza no país.

Muito têm contribuído os institutos de pesquisas - governamentais e não-governamentais - com a produção de necessários indicadores sociais e também a imprensa, na sua função de divulgar esses dados acompanhados de análises críticas. Penso que esses debates refletem um processo de amadurecimento das políticas do setor que, por causa de acertadas decisões governamentais, teve suas ações mais qualificadas, o que dá mais consistência e visibilidade aos resultados.

Com o objetivo de dar minha modesta contribuição a esse debate, pretendo expor algumas considerações sobretudo sobre o impacto das políticas de transferência de renda na redução da desigualdade social, que foi objeto de estudo de reconhecidos pesquisadores do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Os programas de transferência de renda, assim como todas as políticas de Estado voltadas para a área social, são uma conquista da sociedade. No caso do Bolsa-Família, uma conquista que ganhou reconhecimento internacional por sua gestão e pelo papel que cumpre dentro de uma rede de proteção e promoção social.

A perspectiva de políticas integradas é fundamental para que possamos compreender uma de suas mais importantes dimensões. Na rede, cada programa, dentro de suas especificidades, cumpre funções que se complementam, orientadas pela mesma meta de combater a injustiça social.

Esses programas hoje se articulam como políticas de Estado, numa linha republicana e suprapartidária, e guardam uma relação de ações integradas entre si e entre os entes federativos - são ações governamentais orientadas pelo governo federal e que pressupõem contrapartida dos Estados e municípios.

Temos conseguido cumprir nossas metas. O estudo realizado pelo Ipea, com base nos dados divulgados pela Pnad 2004 (Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar), indica que, ao lado dos benefícios previdenciários vinculados ao salário mínimo, as políticas de transferência de renda, considerando o Bolsa-Família e o Benefício de Prestação Continuada, têm forte impacto na redução da desigualdade. Sem eles, a proporção de pobres, que em 2004 era de 31%, corresponderia a 38% da nossa população.

Certamente, cada um desses programas tem um efeito específico: pensões e aposentadorias e o BPC repassam valores maiores do que os programas de transferência de renda e, por isso, se tomados isolados, teriam mais capacidade de retirar as pessoas da indigência e da pobreza.

Em contrapartida, o efeito de outros programas de transferência de renda, apesar do elevado potencial de reduzir a desigualdade - por terem maior cobertura -, tem mais impacto no alívio imediato da pobreza, o que não pode ser desprezado. Afinal, esse é justamente um dos objetivos do maior programa de transferência de renda: o Bolsa-Família, direcionado exatamente às famílias que não têm cobertura das políticas previdenciárias e precisam resolver problemas imediatos para poderem se reorganizar e voltar ao mercado de trabalho.

Os efeitos do programa, além do alívio imediato da pobreza, são a médio e longo prazo, pois o Bolsa-Família não existe sozinho. Articula-se com outras políticas sociais de inclusão e promoção social com o objetivo de promover a emancipação das famílias pobres. Por isso, é importante a ação do Estado ao priorizar a articulação com programas de aumento da escolaridade dos adultos das famílias beneficiárias, de geração de trabalho e renda, de apoio ao desenvolvimento regional, de apoio ao microcrédito etc.

Os estudos do Ipea mostram principalmente que os programas sociais do governo são importantes para reduzir a pobreza e a desigualdade e estão bem focalizados porque chegam aos que mais precisam. Se retirássemos a renda proveniente do piso previdenciário, a pobreza aumentaria em 36%, e a indigência, em 17%.

Essas informações fornecem uma boa idéia da estrutura da rede de proteção e promoção social que está sendo implementada no Brasil. O objetivo final é promover a emancipação de todas as famílias que hoje precisam da ajuda do Estado para superar uma situação de exclusão histórica.

(Patrus Ananias, 53, advogado, deputado federal pelo (PT-MG) licenciado, é o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Foi prefeito de Belo Horizonte entre 1993 e 1996.)

quarta-feira, agosto 23, 2006

Por quê o povo vota em Lula?

"Então, companheiro, pense que há milhões de pessoas (...) que compraram seu primeiro computador, ou que estão tendo o primeiro filho completando o colegial, ou o primeiro filho de 17 anos empregado, ou recebendo o Bolsa Família. Tem intelectual que argumenta: "É tudo fruto de um momento especial da economia internacional, com reflexos no Brasil, em que os juros por aqui podem baixar à vontade porque a inflação estará sob controle e os mercados internacionais, calmos". Você pode se perguntar se isso tudo é fruto da brilhante política econômica do Antonio Palocci, à qual Guido Mantega era contrário.

Mas uma coisa é certa: o presidente da República chama-se Luiz Inácio Lula da Silva. Ele pode ter feito isso sem querer, ou de caso pensado. Tanto faz... Inevitavelmente, os eleitores põem a responsabilidade sobre os seus ombros. Se a economia fosse mal, a culpa era do presidente. Vai bem? Ele é o responsável! E se no país existe o mecanismo da reeleição, Lula está reeleito. Culpa de quem? "Da economia, idiota!", como disse certa vez o marqueteiro de Bill Clinton.

É a economia que está fazendo o tucano Geraldo Alckmin comer grama, sofrer tanto nas pesquisas. Tem uma dosagem de Primeiro Comando da Capital (PCC) aí. Mas o problema mesmo é a economia: como convencer um sujeito que está melhor empregado, comendo mais e até comprando computadores a votar em outro cara que não o presidente atual?"

(trecho do artigo "Comprei um computador de R$ 1 mil!", do jornalista Tales Faria, que pode ser lido na íntegra no site Congresso em Foco)

FHC, LACERDA E BILL CLINTON

FHC é o rei das varadas n'água. Suas manifestações causam constrangimento até mesmo entre seus correligionários. Não por coincidência, seu nome tem sido omitido na campanha de Alkimin e duvido que um Arthur Virgílio da vida, com seus 3% de intenção de votos no Amazonas, se digne a citá-lo como modelo de administração, caso seja eleito governador. Não é que o ex-presidente voltou a se manifestar por "impeachment" do presidente Lula, no exato momento em que a avaliação da atual administração atinge os píncaros da aprovação popular? A análise abaixo consegue traduzir e dimensionar toda a pequenez deste triste personagem.

Por Paulo Henrique Amorim


“As famílias felizes são todas iguais. As infelizes são infelizes cada uma à sua maneira.”


Esta não é uma frase de um correligionário de Geraldo Alckmin, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Esta é a primeira frase do romance Ana Karenina, de Leão Tolstoi. E a mesma frase com que o ministro da Fazenda de Fernando Henrique Cardoso, Pedro Malan, abriu, em Washington, uma reunião de emergência de ministros da Fazenda latino-americanos, para anunciar que o Real e o cambio fixo tinham ido para o vinagre. Isso aconteceu em setembro de 1998.

No dia 4 de outubro de 1998, Fernando Henrique Cardoso foi reeleito Presidente.

De setembro de 98 a 12 de janeiro 1999, o Real sobreviveu, segundo um jornalista americano (1), por um ato de levitação. Quando o corpo finalmente caiu e Malan voltou a Washington e ao FMI, Malan “não tinha menor idéia do que fazer”. (2)

Entre setembro de 98 e janeiro de 99, Bill Clinton reelegeu Fernando Henrique Cardoso.

Porque foram Bill Clinton e seus Secretários do Tesouro, Robert Rubin e Larry Summers, quem “persuadiram” o FMI a sustentar o Real até que Fernando Henrique fosse reeleito. (3)

Se Fernando Henrique fosse outro, teria saudades de Bill Clinton e não de Carlos Lacerda. Pelo menos por gratidão.

Lacerda foi um golpista.

Ajudou a dar o golpe em Vargas.

Trabalhou todos os dias para dar o golpe em JK, na Radio Globo (foi o que me disse JK, numa entrevista, em 1972).

Ajudou a dar o golpe contra Jango.

Lacerda faria qualquer coisa para tomar o poder.

Não fica bem um presidente eleito duas vezes pelo voto popular prever um “curto-circuito”, quando faltam menos de dois meses para uma eleição. E muito menos sentir saudades de alguém como Carlos Lacerda, “... que tinha essa capacidade de dramatizar e de cobrar. A meu ver, cobrava errado mas tinha conseqüência", disse Fernando Henrique. (4)

Que conseqüência ?, pergunta-se. As cobranças de Lacerda tinham a “conseqüência” de provocar um “curto-circuito” institucional ?

Quer dizer, então, que Fernando Henrique prega o golpe ? O curto-circuito, como conseqüência de uma cobrança à Lacerda ?

É disso o que precisamos ?

Ou de eleições, como aquelas que elegeram Fernando Henrique – e Bill Clinton ?

Clinton, como Fernando Henrique, se elegeu presidente duas vezes. Depois que deixou a presidência instalou uma fundação que tem a finalidade de fazer o bem.

Na ultima viagem que fez à África (5), esteve na África do Sul, com Mandela e Bill Gates, no Lesotho, Nigéria e Libéria para inspecionar investimentos da fundação no combate à AIDs; no Malawi e em Ruanda para ver como estão projetos de desenvolvimento.

Daqui para frente, Clinton pretende dedicar a maior parte do tempo à luta contra o aquecimento da Terra.

Desde que deixou a presidência, não se tem noticia de um ato de Fernando Henrique em beneficio do outro.

22/08/2006 14:12h

Alckmin é pego na mentira em seu programa na TV

Após ser desmentido pelo próprio site do governo do Estado de que não havia construído 19 hospitais como afirmou em seu programa de televisão, mas apenas 2, o candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, recuou e mudou o seu programa, fazendo declarações genéricas, sem citar números. Ele fala apenas que teria melhorado a saúde.

Em 12 anos, "o Governo do Estado de São Paulo retomou as obras de 14 novos hospitais" e "construiu outros dois", além de estadualizar um que já estava pronto, afirma o texto oficial do governo de São Paulo. Isso é muito diferente de ter construído 19 novos hospitais, como afirma o candidato Alckmin. Esses dados falsos também são apresentados pelo candidato do PSDB ao governo do Estado, José Serra, em seu programa eleitoral.

Além disso, o site do tucano apresenta como uma conquista o fato de ter retomado as obras do "Instituto Doutor Arnaldo, antigo Instituto da Mulher, na Zona Oeste da capital", "integrado ao Hospital das Clínicas". Esta obra ficou paralisada até a eleição de 2002 e retomada lentamente durante o período eleitoral, mas ainda não foi concluída. Ou seja, um hospital que já estava em processo adiantado de construção ficou parado durante todo o governo tucano e agora é apresentado como uma obra a ser concluída pelo mesmo governo que a paralisou.

A lista de manipulações de dados divulgadas pelo candidato tucano é imensa – e só precisa mentir quem não fez nada. Entre outras mentiras, Alckmin afirma que seu governo construiu 225 mil casas populares. Já o site do governo do Estado afirma que "já viabilizou 165.608 moradias". Estas e outras discrepâncias são estendidas para outras supostas realizações do governo do PSDB no Estado.

(do blog Os amigos do Presidente Lula)

Estudo da FGV reafirma importância do Bolsa Família

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas revela uma forte queda na desigualdade social do Brasil, entre 2002 e 2006, assim como um "crescimento chinês" da renda do trabalhador em 2004.

O coordenador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcelo Neri, avalia que a queda da desigualdade social do país nos últimos anos é conseqüência direta do aumento das transferências de renda do Estado para a sociedade, por meio do programa Bolsa Família, do governo federal. "Um programa altamente focado, onde o dinheiro chega realmente aos mais pobres", qualifica Neri.

O estudo elaborado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação a partir da análise de microdados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, "Redistribuição à Brasileira: Ingredientes Trabalhistas", divulgado ontem (22) pela FGV, mostra que entre 2002 e 2006, a parcela da renda dos 50% mais pobres subiu de 9,95% para 12,2%. Paralelamente, a parcela referente aos 10% mais ricos caiu de 50,2% para 46,89%.

O maior avanço na redução da desigualdade nos últimos anos ocorreu entre os meses de março e junho de 2004, ano que, para Neri, foi uma espécie de "ano chinês" para os pobres brasileiros (a China manteve um ritmo de crescimento médio de 9,5% ao ano, de 1980 a 2004). "O Brasil é o país campeão da desigualdade e neste período sofreu uma forte redução dos índices de desigualdades. Foi um ano em que o bolo não só cresceu, mas cresceu com mais fermento para as classes mais pobres – o que, em se tratando de Brasil, é sem dúvida um ponto fora da curva".

Para Tarso, FHC perdeu o equilíbrio emocional e político

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, afirmou nesta terça-feira (22) que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso "perdeu o equilíbrio emocional e político" ao afirmar que as irregularidades cometidas por petistas no governo justificariam o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Fernando Henrique está desequilibrado, porque vem sendo escondido por seus companheiros do PSDB, e seu governo é ignorado", rebateu Tarso, em entrevista no Palácio do Planalto. "Ele quer se vingar dos seus colegas, porque está sendo isolado. O seu governo não é defendido na campanha, sua figura não é lembrada, e sua fisionomia política é depreciada por seus companheiros", provocou.

O ministro afirmou que o candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin, deveria defender Fernando Henrique em seu programa eleitoral na TV. "Mas, como isso não pode ser feito, houve uma espécie de divórcio no ninho tucano", interpretou Tarso.

Lula amplia vantagem e governo obtém aprovação histórica



A primeira pesquisa de intenção de voto para a Presidência realizada pelo Datafolha após o início da exibição do horário eleitoral gratuito, no último dia 15, mostra os primeiros efeitos da propaganda na TV. Em relação à última pesquisa, o presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu de 47% para 49%. Geraldo Alckmin (PSDB) oscilou de 24% para 25%, enquanto Heloisa Helena (Psol) passou de 12% para 11%.

Cristóvam Buarque (PDT) ficou com 1%. José Maria Eymael (PSDC), Luciano Bivar (PSL) e Rui Pimenta (PCO) não pontuaram. Brancos e nulos somaram 6%, contra 7% dos que se dizem indecisos.

Somando-se apenas os votos válidos, Lula teria hoje 56%, índice suficiente para ganhar a eleição no primeiro turno. Num eventual segundo turno, Lula tem 55% e Alckmin 36%. Na última pesquisa, tinham 54% e 37% respectivamente.

Como já foi dito no post abaixo, o presidente Lula não só aumentou a perspectiva de se reeleger no primeiro turno, como obteve o maior índice de aprovação de seus 44 meses de governo, alcançando 52% de ótimo e bom. Trata-se de uma aprovação histórica. Nenhum outro governo, desde que o Datafolha começou a fazer a medição (1990) teve índices tão altos de ótimo e bom.

Fernando Henrique Cardoso, em seus oito anos de mandato (1995-2002), chegou no máximo a 47%, número alcançado em dezembro de 1996. O teto Itamar Franco foi de 41%, obtido quando o mineiro deixou a Presidência, em dezembro 1994. Já a maior aprovação ao governo de Fernando Collor de Mello foi de 36%, em junho de 1990.

terça-feira, agosto 22, 2006

Aprovação ao governo Lula só aumenta, aponta Datafolha

A quantidade de pessoas que acham o governo ótimo ou bom passou de 38%, em julho, para 52% nas entrevistas feitas ontem. Os que acham ruim ou péssimo diminuíram de 21% para 16%.

A comparação exibida pelo Jornal Nacional mostra evolução dos números favorável ao governo Lula nas últimas três pesquisas.

Foram variações maiores que a margem de erro de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. A avaliação ótima boa saiu de 38%, em 18 de julho, para 45% em 8 de agosto e 52%, ontem.

A opinião "regular" era de 40% em julho, passou a 36% e ontem era de 31% dos entrevistados.

A avaliação ruim/péssima registrou 21%, depois 18% e, ontem, 16%. Para a última pesquisa, o Datafolha ouviu 6.279 eleitores em 272 municípios entre ontem e hoje.

20:45 22/08 - Rodrigo Ledo - Último Segundo/Santafé Idéias

Sindicalista diz que Lula foi o primeiro a negociar com aposentados.

Representantes de diferentes sindicatos e associações de aposentados agradeceram ao presidente Lula o tratamento que tem sido dispensado à categoria durante o seu mandato. O encontro aconteceu na noite de sábado (19), em São Paulo, durante plenária de Lula com sindicalistas.

João Vicentini, representante do Sindicato dos Aposentados da Força Sindical, ressaltou que Lula foi o primeiro presidente a sentar-se à mesa de negociações com a categoria. "A partir de 1º de setembro, já começaremos a receber metade do 13º salário. Esse é mais um resultado de um processo de negociações que iniciamos há quatro anos", disse.

Para Luiz Epaminondas, o Luizão, representante do Sindicato dos Aposentados e Pensionistas da CUT (Central Única dos Trabalhadores), os aposentados estão mais ativos do que nunca. "Temos portas abertas para discutir nossas questões, o que nos dá ânimo para continuar nessa luta", afirmou.

Segundo Edmundo Benedetti Filho, da CGT, este governo designou cinco ministros para conversar com os aposentados. "Hoje, chega gente no nosso sindicato que diz: 'Este remédio que eu pagava 100, agora pago 10.' Isso foi possível graças à Farmácia Popular", lembrou Benedetti Filho.

O ator Sérgio Mamberti, mestre de cerimônias da plenária, leu também uma carta enviada pela Associação Nacional dos Aposentados, agradecendo ao presidente Lula pela conquista obtida com a criação do Estatuto do Idoso.

As empregadas domésticas também levaram seu apoio a Lula. Maria Regia Teodoro, da Federação Nacional de Luta das Domésticas, explicou porque quer Lula de novo. "Em 70 anos de luta da categoria, nunca estivemos tão presentes no Congresso, nunca fomos tanto a ministérios para discutir nossos direitos e anseios", afirmou. "Com mais quatro anos, estaremos incluídas nos direitos trabalhistas", concluiu.

Estavam presentes à plenária representantes de diversas outras categorias de seis centrais sindicais: CUT, CGT, CGTB, Nova Central Sindical, SDS e Força Sindical. Um dos pontos mais citados no encontro foi o avanço na criação de empregos, sem que isso significasse redução de direitos. "Lula gerou mais de 4 milhões de postos formais e não mexeu uma vírgula no direito do trabalhador", lembrou Antonio Fernandes dos Santos Neto, presidente da CGTB.

Artur Henrique, presidente da CUT, ressaltou o caráter pluralista do encontro e reiterou os termos de uma resolução aprovada pelo último congresso da central, que defendia Lula como o único nome entre os candidatos à presidência em condições de governar o país e avançar no processo de mudanças.

Dulci: "Não é nossa intenção acalmar os movimentos socias"

Reproduzido da IstoÉ

No segundo semestre do ano passado, quando era mais intensa a discussão na oposição quanto a um eventual impeachment do presidente Lula por conta do mensalão, um grupo de líderes sindicais e da sociedade civil, como o MST, procurou o presidente. Eles estavam dispostos a iniciar um movimento de resistência para proteger seu mandato. A lembrança foi feita pelo ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, a ISTOÉ. A recordação é a evidência de como a relação dos movimentos sociais com o governo é forte e como Lula pode se escorar nela, caso queira.

No calor da campanha eleitoral, esses movimentos parecem hoje em lua-de-mel com o governo. Não há invasões de terra, não há greves, não há manifestações. O secretário, porém, garante que "a questão da participação social não é um expediente tático". Mas desdenha da oposição: "Quando eles criticam a força que temos no movimento social, na verdade nos fazem um elogio involuntário."

O que foi feito para se obter a atual tranqüilidade junto aos movimentos sociais?

Não é nossa intenção acalmar os movimentos sociais. Para nós, a participação social não é um expediente tático, é uma concepção de democracia participativa, que está escrita na Constituição, mas nunca tinha acontecido na prática. Nós tiramos a idéia do papel criando instrumentos para que esses movimentos pudessem participar ativamente das políticas públicas.

Mas há uma inegável identificação da grande maioria desses líderes com o PT. A falta de reivindicações agora poderia estar relacionada a essa vinculação e ao desejo de reeleger o presidente Lula?

Esses movimentos são autônomos e se mobilizam para reivindicar de qualquer governo, inclusive os que as lideranças possam ter apoiado eleitoralmente. É verdade que muito desses líderes apoiaram o Lula e acredito que o estejam apoiando novamente, mas isso não impede - ao contrário - que eles se mobilizem, pressionem, reivindiquem, cobrem, às vezes com muita irreverência, enfim, as medidas. O que acontece é que boa parte do calendário nacional dos movimentos sociais brasileiros está concentrada no primeiro semestre.

O presidente Lula tenta contrapor a sociedade civil ao Congresso, como diz a oposição? Existe risco de golpe populista?

A participação social na definição e na execução das políticas públicas não substitui o Parlamento, não tem esse propósito. Ao contrário, ela enriquece as instituições representativas. Agora, nós consideramos as críticas da oposição, nesse caso, um elogio involuntário. E é verdade que quando uma parcela da oposição, menos madura, com menos responsabilidade institucional, tentou decretar o impeachment do Lula, os movimentos sociais saíram a campo, sim, para defender a democracia e as suas conquistas econômicas e sociais.

O sr. está nos dizendo que houve, então, um início de mobilização para defender o mandato de Lula?

As organizações sociais, de maneira autônoma, por iniciativa delas, vieram trazer ao presidente Lula naquela ocasião o seu apoio. E se colocaram à disposição. O presidente agradeceu e disse não achar que isso fosse necessário.

Como abordar os erros que o PT cometeu no "escândalo do mensalão"?

O partido já os assumiu. Erros em relação a financiamento irregular de campanha, cometidos, ao que tudo indica, por todos os partidos, mas que a maioria não assumiu. O PT tirou importantes lições dos erros e já os corrigiu.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Com Lula, lucro do setor produtivo foi 2 vezes maior que o dos bancos

Reportagem publicada na Folha Online deste domingo (20) joga por terra a acusação – comum entre partidos oposicionistas, analistas econômicos e boa parte da imprensa - de que o setor financeiro foi o que mais lucrou sob o governo Lula.

Ao contrário, estudo encomendado à consultoria Economática mostra que as empresas do setor produtivo lucraram muito mais do que os bancos entre janeiro de 2003 e junho de 2006. Enquanto a lucratividade dos bancos subiu 80% no período, a dessas empresas aumentou 162,4%.

Diz a reportagem, assinada por Cláudia Trevisan: “O lucro líquido das grandes empresas com ações em Bolsa quase triplicou nos três anos e meio de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em relação ao período da segunda gestão de Fernando Henrique Cardoso, de 1999 a 2002”.

O texto informa que “diminuiu a fatia dos bancos e da Petrobras e aumentou a participação de empresas não-financeiras, como siderúrgicas, mineradoras e de papel e celulose”. O estudo foi feito com base nos balanços de 193 empresas abertas, que são contadas na Bolsa de Valores. Ficaram de fora o agronegócio e a indústria automobilística.

“A soma do lucro líquido das 193 empresas analisadas deu um salto de R$ 103,5 bilhões para R$ 271,6 bilhões entre o último mandato de FHC e a administração Lula. A diferença, de R$ 168,1 bilhões, representa aumento de 162,4%”, assinala o texto.

No cômputo geral de lucros, segundo a matéria, o setor produtivo respondeu por 64% da expansão, a Petrobras entrou com 21% e os bancos com apenas 15%.

Entre as empresas que mais ganharam estão as de siderurgia (441%), do setor químico (242%) e de papel e celulose (180%). “Com a alta da demanda chinesa por minério de ferro, as mineradoras também tiveram um bom período e lucraram 133% a mais na gestão do PT”, diz a matéria.

Na interpretação da Economática, entre os fatores que contribuíram para a mudança de cenário estão o aumento das exportações e a valorização do real frente ao dólar, que diminuiu o peso das dívidas das empresas em moeda norte-americana.

A consultoria também sustenta que o lucro dos bancos no período (R$ 57,6 bilhões) não tem origem na taxa de juros, mas no maior volume de empréstimos concedidos.

A democratização do crédito foi uma das principais ações do governo Lula para o reaquecimento da economia nacional. O governo Lula também teve papel preponderante no estímulo às exportações (com desoneração e abertura de novos mercados), o que permitiu às empresas aproveitaram melhor o que a Economática chama de “cenário externo favorável”.

20/08/2006 - 22:27 - pt.org.br

sábado, agosto 19, 2006

Lula tem 31 pontos de vantagem no Rio

Rio - A vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Estado do Rio se torna cada vez mais fácil. De acordo com a segunda rodada da pesquisa encomendada por O DIA ao Instituto Informa, Lula teria hoje 48% dos votos para presidente, um crescimento de sete pontos percentuais em relação à pesquisa do mês passado. Descontados os votos em branco, nulos e os eleitores indecisos, o presidente teria a preferência de 57% dos eleitores do estado. Foi no Rio que, em 2002, Lula obteve sua maior votação.

Ao mesmo tempo, seu principal adversário, Geraldo Alckmin (PSDB), sofreu queda de nove pontos percentuais e tem hoje 17% das intenções de voto, empatado com a senadora Heloísa Helena, que manteve o índice da pesquisa anterior. Com a queda de Alckmin, a distância de Lula para segundo colocado, que era de 15 pontos percentuais, chega agora a 31 pontos.

Nesta segunda rodada, Cristovam Buarque (PDT), Luciano Bivar (PSL) e José Maria Eymael (PSDC) tiveram 1% das intenções de voto. Rui Costa Pimenta (PCO) não atingiu o índice. Oito por cento dos eleitores ainda estão indecisos e 7% disseram que votariam nulo.

Nilmário diz que Aécio deveria agradecer Lula

"Sem o governo Lula, Minas não teria alcançado bons resultados. Deveria ter agradecido ao Governo Lula, pelos investimentos sociais, investimentos em estradas, em infra-estrutura. Pelo apoio que deu a todos os municípios mineiros. O governador teria sido justo se agradecesse ao Governo Lula", afirmou o candidato petista ao governo de Minas, no horário eleitoral gratuito.

Segundo Nilmário, os projetos apresentados como as principais realizações do atual governo foram executadas em parceria com o governo federal ou com recursos repassados pela União.

O programa Proacesso, para a pavimentação das vias de acesso aos pequenos municípios, por exemplo, só foi implementado graças aos recursos da Cide (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico), que só começaram a ser repassados no governo Lula. "O Proacesso está planejado há dez anos. Mas, não houve recurso para isso porque o governo FHC, do qual Aécio foi líder na Câmara Federal, nunca repassou os recursos da Cide. Só no governo Lula, os recursos foram distribuídos para os Estados e municípios e esse programa pode ser desenvolvido", ressaltou.

Nilmário também lembrou que a distribuição de livros didáticos é feita em parceria com o Governo Federal. "O livro didático é um programa federal também. A parceria entre o Estado, a União e município é muito boa, mas tem que ser dita, senão vira fraude política", criticou.

Nilmário contestou a proposta de Aécio de criar uma Poupança Jovem. Em entrevista ao MG TV 1ª Edição, Aécio afirmou que, em seu governo, concederia uma bolsa mensal de R$1 mil para jovens com idades entre 15 e 18 anos. "Ele disse que era R$1 mil por mês, o que me estranhou muito. Como dar uma bolsa de R$1 mil por mês para um estudante se os professores que vão dar aula para esse estudante ganham um terço disso, o pior salário do Brasil, abaixo do Piauí?"

Nilmário defendeu que a proposta viável para a juventude é ampliar o programa Projovem, implementado pelo governo federal e que atende 5.500 jovens no Estado. "Os jovens participam de cursos de profissionalização. É desenvolvido um trabalho interinstitucional para dar-lhes uma nova oportunidade. O Estado pode ajudar sim, oferecendo a mesma coisa para o segundo grau", propôs.

---

Aproveito este post para comunicar o nascimento do blog Fora, Aécio!, filhote deste, que vem para tentar mostrar ao povo mineiro ao menos um pouco do que o nosso governadorzinho bicudo se empenhou tanto em abafar da mídia durante seu mandato. Para divulgar, já tem até bannerzinho aí do lado! :-)

Sai a primeira pesquisa Ibope após o início do horário eleitoral

A nova pesquisa Ibope/TV Globo, divulgada nesta sexta-feira, mostra que o horário eleitoral não teve impacto nas intenções de votos dos candidatos a presidente. De acordo com a pesquisa, os índices dos três candidatos que estão na frente da disputa continuam iguais. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O Ibope confirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, venceria no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Lula aparece nesta pesquisa com 47%, 26 pontos percentuais a mais que o segundo colocado, o candidato a presidente pelo PSDB, Geraldo Alckmin, que tem 21% das intenções de votos.



Lula, que em julho tinha 44% das intenções de votos, subiu para 46% no dia 4 de agosto e manteve o mesmo índice na pesquisa divulgada no dia 10 de agosto, subiu para 47%. Geraldo Alckmin, que na pesquisa publicada em julho aparecia com 27% das intenções de votos, caiu no mês de agosto. Na pesquisa divulgada no dia 4 ele tinha 25% das intenções, caiu para 21% em 10 de agosto e manteve o mesmo índice nesta pesquisa.

A candidata do PSOL, Heloísa Helena, que em julho aparecia com 8% e subiu na pesquisa divulgada no dia 4 de agosto para 11%, manteve nesta pesquisa os mesmos 12% que aparecia na pesquisa publicada no dia 10 de agosto. Cristovam Buarque (PDT), Luciano Bivar (PSL) e José Maria Eymael (PSDC) aparecem com 1% das intenções de voto. O candidato Rui Costa Pimenta (PCO), que teve sua candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta semana, não pontuou. Votos brancos e nulos somaram 8%, e não souberam, ou não opinaram, 9%.

O Ibope também simulou um segundo turno entre Lula e Alckmin. Se a eleição fosse hoje, o candidato do PT venceria com 53% das intenções de votos, 21 pontos percentuais a mais que o candidato tucano, que aparece com 32% das intenções de votos.

Em julho, Lula tinha 48% das intenções, subiu para 50% na pesquisa realizada em 4 de agosto, foi para 51 na pesquisa realizada no dia 10 de agosto, e agora aparece com 53%. Já o candidato do PSDB caiu. Em julho Alckmin tinha 39%, caiu para 36% no dia 4 de agosto, foi para 33% no dia 10, e agora está com 32%.

Aprovação do governo se mantém estável

O índice de aprovação do governo Lula se manteve estável de acordo com a pesquisa Ibope/TV Globo divulgada nesta sexta-feira. O único quesito que variou fora da margem de erro de dois pontos percentuais foi a quantidade de pessoas que desaprova o governo. Na última pesquisa, realizada no dia 10 de agosto, 37% desaprovavam o governo, valor que caiu para 34% na nova enquete.

A aprovação do governo Lula passou de 56%, no dia 10, para 57%. A quantidade de pessoas que não souberam avaliar subiu de 6% para 8%.

O índice de pessoas que avalia o governo Lula como bom ou ótimo se manteve em 41%. Já o nível de quem acha que o governo foi regular subiu de 35%, no dia 10, para 37%. As pessoas que tacham o governo Lula de ruim caiu de 22% para 21% e as pessoas que não souberam opinar subiu de 1% para 2%.

A pesquisa do Ibope ouviu 2002 eleitores em 140 municípios entre os dias 15 e 17 de agosto e foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número de 13290-2006.

Governo Lula alavanca pesquisa e renda com biodiesel

Depois dos ciclos da cana-de-açúcar, do ouro, do algodão e do café, o Brasil vive hoje o que poderá ser uma revolução na sua matriz energética nacional nos próximos anos, segundo avaliação de especialistas. Lei assinada em 2004 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva torna obrigatório, a partir de 2008, a adição de 2% de biocombustível em um litro de diesel. Até lá, o país precisa multiplicar por quatro sua produção atual, de 200 milhões de litros. A partir de 2013, a adição deverá ser de 5%. O programa brasileiro é tema recorrente nas reuniões mundiais e objeto de textos em publicações internacionais renomadas. O jornal francês Le Monde também publicou matéria em que destaca o programa do governo Lula.

O biodiesel é um combustível elaborado com oleaginosas. A mais utilizada, nos Estados Unidos e na Europa, é a soja. Mas o Brasil quer tirar proveito das suas plantas tropicais, que são fáceis de cultivar pelos pequenos agricultores, como a mamona, a banana, a mandioca, o dendê, o óleo de palma e o algodão - ou até mesmo o sebo animal.

Na avaliação do governo, o novo combustível, além de baratear o custo do diesel, será de melhor qualidade que o atual. O presidente Lula tem afirmado que o óleo diesel nacional vai ser de melhor qualidade porque será diretamente refinado junto com o petróleo. "Pode baratear o preço para o consumidor, pode dar aos produtores de soja, de mamona uma certa garantia de mercado. Ou seja, não ficam dependendo apenas das exportações. Nós poderemos vender esse óleo para outros países e poderemos consumir muito mais internamente", afirma o presidente.

A intenção é que a extração do biodiesel dessas oleaginosas permita ao país um aumento de produtividade no campo e tranqüilidade para os produtores. O combustível será produzido pela Petrobras. Hoje, as pesquisas e os testes com diferentes tipos de sementes estão em ritmo acelerado e cerca de 600 postos de combustível em todo o país já vendem a mistura.

No Rio Grande do Norte a Petrobras iniciou uma experiência inovadora que mobiliza cerca de 5 mil famílias de agricultores em uma fazenda de propriedade coletiva situada em Ceará-Mirim, a cem quilômetros de Natal. Ao lado das lavouras de bananeiras e de mandioca, os fazendeiros plantaram vários hectares de "pinhão-manso" (também conhecido como pinhão-de-purga), uma árvore originária dessa região semi-árida e cuja fruta contém 38% de um óleo destinado à elaboração do biodiesel. Mesmo crescendo no solo arenoso, esse vegetal produz três toneladas de grãos por hectare e oferece duas colheitas anuais. A mamona, que cresce em terrenos baldios, também garante uma renda complementar aos pequenos agricultores.

Inclusão
Para deputados petistas, o programa de biodiesel representa mais do que um programa agrário, tecnológico e energético - é um passo importante na consolidação de uma política de inclusão social, geração de emprego e de compromisso ambiental.

"Vejo o programa de biodiesel como uma revolução no campo e uma alteração profunda e positiva na matriz energética nacional, até porque teremos uma matriz com uma energia renovável mais presente. O conjunto de benefícios para o Brasil será enorme. Não tenho dúvida de que, no futuro, pelas suas condições de solo, clima e recursos tecnológicos, o Brasil se torne o grande produtor de biomassa no mundo", afirmou o deputado Mauro Passos (PT-SC).

Segundo o deputado Luciano Zica, (PT-SP), uma das grandes vantagens para o Brasil é a grande diversidade de suas culturas nacionais. "Essa diversidade nos tira da monocultura, nos leva para a agricultura perene e é uma alternativa ambiental econômica considerável. O biodiesel representa uma guinada mundial na matriz energética brasileira e mundial, porque há outros países tratando dessa questão. Podemos substituir importações de óleo diesel por emprego e renda no campo", destacou.

Na avaliação dos parlamentares, a grande expectativa do programa do biodiesel está ainda associada à atual oferta mundial de petróleo. Nesse sentido, culturas que não se mostravam atrativas economicamente há cinco anos, por exemplo, como o girassol ou o dendê, viram sua competitividade crescer com o aumento do preço do barril de petróleo para entre US$76 e US$78.

Segundo o deputado Fernando Ferro (PT-PE), o programa revela ainda a construção de uma política ambiental extremamente coerente com o debate mundial sobre o meio ambiente. "Tenho participado de seminários internacionais e que são marcados pelas experiências brasileiras de iniciativa para limpar os combustíveis, na linha do desenvolvimento sustentável e da inclusão econômica e social. O biodiesel tem tudo para se tornar uma verdadeira revolução na redução da pobreza e da miséria", afirmou. (Gabriela Mascarenhas, com informações do Le Monde).

sexta-feira, agosto 18, 2006

Lula tem apoio inédito de lideranças da Força Sindical no 1º turno

Lideranças de diversas categorias ligadas à Força Sindical estão mobilizadas em defesa da reeleição do presidente Lula, numa atitude que só ocorreu no segundo turno da eleição de 2002.

Hoje, além do Encontro com lideranças da Força Sindical no Hotel Sofitel (rua Sena Madureira, 1.355, Ibirapuera), às 17h, o presidente Lula deverá receber o apoio destes sindicalistas na Plenária Sindical no Clube Atlético Juventus (rua Juventus, 690, Moóca), às 18h.

O evento da noite reunirá apoios formais e informais de todas as centrais sindicais existentes no país. Serão cerca de 3 mil sindicalistas vindos de todos os Estados.

Dentre as lideranças que apóiam o presidente Lula, está Danilo Pereira da Silva, um dos vice-presidentes da Força Sindical e presidente da Federação dos Químicos de São Paulo. Ele levará as reivindicações da categoria à reunião de hoje.

Em entrevista ao Portal do PT, tanto Danilo quanto o presidente da Força, João Carlos Gonçalves (Juruna), do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ressaltaram a liberdade que sempre foi dada às lideranças da entidade para apoiar quem desejarem no primeiro turno, mas que cresceu em direção a Lula nesta eleição.

Os avanços do governo Lula para o movimento sindical e os direitos dos trabalhadores, assim como as melhorias na economia são apontadas como principais argumentos que tem atraído os sindicalistas da central. Juruna defende que o próximo governo deve ampliar ainda mais a distribuição de renda, continuar reduzindo os juros e investir na área de educação, questões com as quais o candidato já demonstrou estar afinado.

Outro diferencial desta eleição é a participação ativa de lideranças da entidade na formulação do programa de governo de um eventual próximo mandato do presidente Lula. A reunião de hoje é uma prova disso.

Juruna afirmou que não iria aos eventos de hoje, por definição da entidade, que não quer que o presidente abra confronto com lideranças que apoiam as candidaturas de Geraldo Alckmin (PSDB) e Cristovam Buarque (PDT). Apesar disso, o líder da entidade explicou os motivos que têm levado ao crescimento da aposta num segundo governo do presidente Lula por parte de lideranças da Central. Leia, a seguir, a integra da entrevista com Juruna ao Portal do PT:

Qual o caráter do apoio que Lula tem recebido de importantes lideranças da Força Sindical?

A Central não formalizou nenhum apoio, mas deu liberdade para aqueles que queiram apoiar algum candidato neste primeiro turno. O que tem se expressado é o apoio de lideranças sindicais que apostam na candidatura do companheiro Lula. Alguns setores têm feito encontros com o Alckmin, mas a gente observa que houve um certo crescimento de dirigentes nossos que apóiam ao governo Lula já no primeiro turno

O que justifica esse aumento de apoio na entidade?

Primeiro, porque houve uma valorização das centrais sindicais nas negociações de interesse dos trabalhadores, como o salário mínimo, o reajuste dos aposentados. A medida provisória da legalização das centrais sindicais também contribuiu muito para isso. Isso do ponto de vista mais geral. Do ponto de vista social, observamos uma melhoria da renda, do salário mínimo. Nos últimos três anos, houve uma melhoria dos acordos salariais que as entidades levaram a cabo com os empresários. Essa melhoria é fruto também da melhoria da situação econômica do país. Por esse motivo, lideranças nossas vão dar esse apoio. Haverá um outro encontro com o Lula, no sentido de que haja um aumento da participação das instituições nas negociações que haverá no governo nos próximos anos.

Este apoio é inédito?

Na eleição passada, esse apoio ocorreu mais no segundo turno. Mas não havia esse debate que está ocorrendo neste primeiro turno. O entendimento com o Lula vai permitir que haja incorporação de propostas nossas no programa de governo.

De que forma a central pode contribuir para a campanha?

Os sindicalistas podem contribuir caso mobilizem suas categorias em torno da campanha. A Força vai fazer um encontro com os quatro candidatos com maior intenção de voto para um debate na sede nacional. Só falta a confirmação do Lula, mas ele disse que virá.

O que o movimento sindical espera do próximo mandato?

O próximo mandato deve, cada vez mais, pensar a questão da distribuição de renda. Repensar a questão econômica do ponto de vista da alta dos juros e investimentos melhores na área da educação.

Porque essas lideranças optaram pelo Lula e não pelo Alckmin?

A Central nunca se definiu por um candidato. Ela é plural e você vai ver que, mesmo em outras eleições, nossos dirigentes sempre se dividiram entre campanhas distintas.

O que distingue a Força Sindical das demais centrais?

A CUT nasceu num momento muito próximo do PT. Por isso, a maioria de seus dirigentes tem uma coloração partidária mais próxima do PT e daqueles partidos mais comprometidos, nos anos 80, com a luta dos trabalhadores. No meio da Força Sindical, você vai ver pessoas com origem no PT, também, mas que optaram pela pluralidade partidária maior dos nos anos 90. A convivência na central já não se dava mais sob um leque, um matiz de esquerda, mas de diversos outros partidos de centro e esquerda. Não é uma coisa que nos enquadre. Esta pluralidade tem ajudado a central a ter canais com todos os segmentos.

Qual tem sido a relação da Central com o Lula, desde que surgiu?

Conheço o Lula desde os anos 80, quando trabalhava na Villares, embora a central só tenha surgido em 91. Minha relação com ele foi boa, assim como o Paulinho e o José Ibrahim, que foram do PT, e o Medeiros, do partidão, e conviviam com o Lula. A instituição foi fundada em 1991, portanto, já pegou o Lula no patamar político-partidário. Agora, na relação com o presidente da República, desde que o Luiz Marinho assumiu o ministério do Trabalho, creio que melhorou bem a relação entre as centrais sindicais. Com o governo, a relação melhorou, de forma geral, desde a criação do Fórum Nacional do Trabalho e com as negociações que já mencionei.

Quantos sindicatos e trabalhadores a central aglutina, hoje?

A nossa central aglutina 1.300 sindicatos e 6 milhões de trabalhadores. Aqueles que forem apoiar o Lula certamente vão se mobilizar na campanha deste primeiro turno.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Respeito à diversidade

PSDB não tem política para o combate ao preconceito

Nos doze anos do tucanato em São Paulo e nos oito anos de FHC nenhuma política pública foi desenvolvida para os direitos dos gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais. O governo Alckmin não foi capaz nem ao menos de regulamentar e, portanto, dificulta, na prática, a implementação da lei estadual antidiscriminatória, de autoria de um deputado do PT.

Em relação à saúde e à educação, o saldo é igualmente próximo a zero. As únicas iniciativas de capacitação de educadores da rede pública em São Paulo nas questões da diversidade sexual decorreram não de políticas públicas propostas pelo governo, mas de projetos desenvolvidos por organizações não governamentais. Por outro lado, apesar de existir esse Programa Estadual de Direitos Humanos, pouco ou quase nada se avançou em relação à truculência e à postura discriminatória por parte das forças policiais face ao segmento GLBT.

Esse foi o quadro também nos oito anos de mandato de FHC. Os homossexuais foram simplesmente ignorados e nada foi feito para combater o preconceito e a discriminação a que são submetidos cotidianamente.

Alckmin e a coligação que o apóia é conservadora em todos os sentidos. Suas ligações com o grupo fundamentalista Opus Dei o colocam na contramão de todas as demandas democráticas e de ampliação da cidadania. Na contramão do movimento GLBT, do movimento de mulheres, do movimento negro e da juventude. Na contramão do Brasil, que quer continuar avançando nas políticas sociais e no combate a todos os tipos de preconceito e discriminação.

Brasil sem Homofobia

O governo Lula é o primeiro a criar políticas públicas para combater a violência e a discriminação e promover a cidadania da população homossexual. Em diálogo com o movimento GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais), o governo criou o programa Brasil sem Homofobia, um conjunto de ações realizadas por vários Ministérios e Secretarias que, pela primeira vez, combatem o preconceito e a violência contra os homossexuais e promovem os valores de respeito e diversidade.
Na área do ensino, o governo Lula, por meio do MEC, está realizando a formação continuada de professores em educação para a diversidade, respeitando as diferentes orientações sexuais e identidades de gênero e promovendo uma cultura de paz e respeito.

Na área da promoção da vida e garantida de dignidade das pessoas, o governo Lula, por meio da Secretaria Especial de Direitos Humanos, coordena o programa e realiza ações que combatem diretamente as práticas homofóbicas em todo o Brasil, principalmente com a criação de centros de referência GLBT. Ao mesmo tempo, por meio do Ministério da Cultura, o governo Lula financia as Paradas do Orgulho e outras manifestações da cultura GLBT, compreendendo-as como parte da nossa pluralidade e diversidade cultural.

Saúde: direito do cidadão e dever do Estado

No primeiro dia do horário eleitoral gratuito, os principais programas abordaram, entre outros assuntos, o tema "saúde pública". Claro que todos defenderam a importância da saúde. Mas quem está falando a verdade?

Discutir saúde pública é discutir o Sistema Único de Saúde (SUS), cujos princípios fazem parte da Constituição brasileira desde 1988. Desde então, há uma disputa entre quem defende a Saúde como direito e quem trata a saúde como mercadoria. A construção do SUS vem sendo uma obra dos movimentos populares, dos sanitaristas, dos militantes políticos de esquerda, dos parlamentares e governos comprometidos com a saúde pública.

Do outro lado da trincheira, estavam os governos e partidos neoliberais. É por isso que gente como FHC e Alckmin não têm moral alguma para falar que defendem a saúde pública. Seu passado e mesmo o seu presente os desmentem. Embora o SUS seja uma política de Estado, na prática ele ainda depende muito de quem dirige o governo federal, os 27 governos estaduais e cada um dos municípios brasileiros.

O SUS foi construído apesar do governo FHC, pois a concepção dominante nesse governo era contrária a incorporação de milhões de brasileiros ao sistema de saúde, assim como não houve ações efetivas para criar mudanças no aparelho de Estado, capazes de responder aos principais desafios do SUS. O aumento do financiamento público do SUS ocorreu principalmente graças à ampliação dos investimentos feitos na Saúde pelos cofres municipais. Hoje a maioria dos municípios investe recursos financeiros acima do preconizado em Lei.

Enquanto isso, o governo FHC terceirizou o trabalho de maneira precária no Ministério da Saúde, além de incentivar Estados e Municípios a contratar pessoal através de organizações sociais. Nos doze anos dos tucanos à frente do governo de São Paulo, onde pontificava Geraldo Alckmin, a Secretaria Estadual de Saúde ficou conhecida pela forma autoritária como trata os gestores municipais; pelo arrocho salarial e pela desresponsabilização do governo estadual com os servidores públicos, inclusive com os municipalizados; e por entregar a gestão dos hospitais de grande porte, construídos, equipados e custeados com recursos públicos, para interesses privados.

Para o governo Lula, saúde é direito do cidadão e dever do Estado.

Entre suas realizações está a ampliação do acesso e da integralidade na área de Saúde Bucal, com o programa Brasil Sorridente. A área de Saúde do Trabalhador avançou consideravelmente, com a habilitação e repasse de recursos financeiros para expansão da Rede Nacional de Saúde do Trabalhador - Renast, que possibilitaram a implementação dos Centros de Referência de Saúde do Trabalhador em mais de cem municípios.

O enfrentamento do problema das urgências e emergências nas grandes cidades e regiões metropolitanas, com a criação dos SAMU, representou um importante avanço numa área extremamente frágil do sistema de saúde. A ampliação do número de equipes de saúde da família, de agentes comunitários de saúde, de equipes de saúde bucal no PSF, também possibilitou extensão de cobertura e maior possibilidade de acesso na atenção básica.

A política de humanização do SUS, a revisão da legislação, a ampliação dos espaços de participação popular, com a realização da 12º Conferência Nacional de Saúde e das Conferências Temáticas, o fortalecimento dos espaços tripartites de pactuação do SUS, foram outras iniciativas que marcaram a gestão Lula. A criação da Política de Educação Permanente, como uma estratégia de gestão da Educação na Saúde, fomentou espaços de pactuação e acompanhamento da formação dos profissionais de saúde e dos usuários, com o fortalecimento do diálogo com os movimentos sociais na saúde.

É certo que muito há ainda por fazer. Mas quem pode fazer isso é quem já mostrou que acredita e trabalha pela implantação do Sistema Único de Saúde.

Reajustes salariais têm melhor 1º semestre desde 1996, mostra Dieese

SÃO PAULO (Reuters) - Quase todas as negociações de reajuste salarial no primeiro semestre do ano conseguiram pelo menos repor a inflação acumulada nos 12 meses anteriores à data-base, o melhor resultado desde o início da pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), iniciada em 1996.

Das 271 negociações pesquisadas, 82% obtiveram reajuste superior ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e 14% tiveram reajustes iguais à inflação, segundo a sondagem divulgada nesta quinta-feira.

"As baixas e decrescentes taxas inflacionárias verificadas neste ano, que seguem em declínio e passaram de pouco mais de 5% nos 12 meses anteriores à data-base, permitiram que as negociações registrassem os melhores resultados para um primeiro semestre desde que o Dieese começou a realizar esse levantamento", afirmou o estudo.

O comércio foi o setor que mais obteve reajustes salariais superiores à inflação —91%. Na indústria, esse percentual foi de 84%, e no setor de serviços, de 77%.

Em relação ao primeiro semestre de 2005, houve um crescimento superior a dez pontos percentuais na proporção de reajustes que ao menos conseguiram repor a inflação.

17/08/2006 - 10h09(Por Vanessa Stelzer)

Alckmin perde vantagem sobre Lula na capital paulista





Os paulistanos foram rigorosos com o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, que perdeu 7,3 pontos percentuais de intenção de voto na capital paulista, a cidade com o maior colégio eleitoral do país, em um espaço de quase 30 dias. O período coincide com a retomada dos ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado.

Pesquisa da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) divulgada ontem mostra que Alckmin teria 39,6% dos votos na capital contra 31,6% do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição. Foram ouvidos 960 eleitores na capital no último dia 4.

O levantamento da federação coincide com as últimas pesquisas nacionais de intenção de voto (Ibope e Datafolha), que mostraram o crescimento da vantagem de Lula sobre Alckmin nos últimos 30 dias.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Que a noite passe

(Artigo de Mauro Santayana, jornalista e colunista político, publicado no site da Agência Carta Maior)

Em um de seus melhores contos, El hombre de la esquina rosada, que cito de memória, Jorge Luis Borges faz o personagem ansiar para que aquela noite não houvesse, para estar já no dia seguinte. Ele se referia ao constrangimento de assistir a um homem humilhar e ofender o outro. Angustiado com o que via, e não queria ver, desejava que o presente desaparecesse e viesse o dia com o sol da justiça.

Quem examinar a atualidade do mundo e do Brasil sentirá a mesma angústia, diante da humilhação ignominiosa a que estão submetidos os fracos. "La fuerza és el derecho de las béstias", dizia Juan Perón. Tudo se pode dizer do general e de sua emblemática mulher, que foi Eva, menos duvidar de seu patriotismo e de seu interesse pelos pobres.

A força continua fazendo o direito nas relações internacionais e na política interna dos países. Diante do que ocorre no Oriente, com a insistência assassina do Exército de Israel, e diante do que ocorre no Brasil, somos levados a pensar como o Homem da Esquina Rosada, e querer que a noite passe logo, que a manhã chegue em seguida.

Quem analisar a campanha eleitoral entenderá, rapidamente, que o que incomoda no presidente Lula não são os erros de seu governo – e são muitos – mas os acertos. Pela primeira vez, neste País, os ricos e poderosos não se sentem invulneráveis à lei. E o que faz intolerável a vitória de Lula é a possibilidade de que, em seu segundo mandato, a solidariedade para com os excluídos se amplie e se aprofunde, e da mesma maneira se aprofunde e se amplie a ação policial contra os ladrões do Erário.

Toda a retórica de homens como o Sr. Fernando Henrique Cardoso, que acusa Lula de contrapor os pobres às elites, é a escancarada defesa de uma classe – a dos que podem e, podendo, mandam – contra a dos pobres, submetidos a permanente humilhação. Quando ele fala na cisão do país, na hipótese, felizmente improvável, de que seu candidato se eleja, se esquece de que a ele mesmo coube a responsabilidade de aumentar o fosso que divide o país entre pobres e ricos.

Quem está buscando a união nacional é exatamente um governo, como o de Lula, que procura combater a desigualdade, e está conseguindo fazê-lo, com os programas assistenciais e com o aumento do nível de emprego. Se os neoliberais puros, como é o caso do ex-governador de São Paulo, chegarem ao poder, será retomada a política de privatizações e de destruição das empresas privadas nacionais, com mais "reengenharia" empresarial com o desemprego em massa, financiado pelo dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador, administrado pelo BNDES.

Uma testemunha da Revolução Francesa conta o que ouviu de um camponês sobre o movimento: não o incomodavam as dificuldades econômicas impostas pelas guerras, porque ele se sentia, desde que caíram os privilégios feudais, um homem como os outros. "Manteinant, je suis un citoyen".

Quando um trabalhador, acostumado a ser confundido pela polícia com malfeitores, vê um figurão ser algemado pela Polícia Federal - como ocorreu ao Presidente da Assembléia Legislativa e ao Presidente do Tribunal de Justiça de Rondônia - sente-se redimido. Não são apenas os de sua classe que são submetidos à cadeia. Se não pode igualar-se aos poderosos na renda e nas comodidades da vida, os ricos a ele se igualam, diante da repressão policial. A minha memória de jornalista não registra ter visto, antes, grandes banqueiros, políticos de renome e juizes serem algemados a caminho do xadrez. Enfim estamos cumprindo a Constituição, que assegura a igualdade de todos os brasileiros perante a lei.

Há alguns fatos que aborrecem profundamente a elite, sobretudo a elite de São Paulo. Ela não admitiu a ação policial contra a Daslu, templo da alienação e da arrogância diante da penosa situação social do Brasil. As imagens da imensa loja e de suas empresas de fachada sendo invadidas por policiais armados, em busca das provas de sonegação fiscal, fizeram chorar os ricos e poderosos, na solidariedade com os transgressores. Até mesmo o então governador de São Paulo - hoje candidato contra Lula - sentiu-se constrangido com a ação do Ministério Público, da Polícia Federal e do Fisco, e com suas peculiares razões. Senadores conhecidos vociferaram contra a Polícia. Esses que se sentiram incomodados - do outro lado da razão e da ética - com a fiscalização contra os grandes, são os mesmos que pedem a pena de morte contra criminosos comuns e bradam contra as invasões de terras vazias pelos trabalhadores sem terra.

Estamos como el hombre de la esquina rosada. Sentimo-nos humilhados com a humilhação a que os fracos são submetidos, aqui e no mundo. Na fábula borgeana, o solidário vai atrás do valentão que tomou a mulher do humilhado, e lhe faz justiça com o punhal, a fim de antecipar o amanhecer. Aqui, e por enquanto, o voto basta.

PF desarticula quadrilha que fraudava a Receita há 10 anos

Mais de mil policiais federais e servidores da Receita Federal desencaderam uma megaoperação em oito Estados e também em Miami, nos Estados Unidos, para desarticular o maior esquema de fraudes no comércio exterior já identificado no país.

O esquema funcionava há cerca de 10 anos e envolve sonegação de impostos, falsidade ideológica, evasão de divisas e cooptação de servidores. Pelo menos 97 pessoas já foram presas. As investigações da Operação Dilúvio correm sob segredo de justiça.

Pelos cálculos da Receita Federal, as empresas do grupo movimentaram mais de US$ 1,1 bilhão e sonegaram pelo menos US$ 500 milhões em tributos federais aduaneiros nos últimos quatro anos.

"Se fizermos o raciocínio inverso, vai mostrar quantos empregos deixaram de ser gerados por conta disso. São 20 mil empregos pelo menos", destacou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que compareceu à entrevista coletiva sobre o caso.

Resultado de dois anos de investigação, a operação identificou o grupo que fraudava o valor das mercadorias importadas, sonegando impostos, entre outras ilegalidades.

Entre os "clientes" do grupo estariam a botique de luxo Daslu e o empresário Law Kim Chong, que já foram apontados como sonegadores em investigações anteriores.

De acordo com o superintendente da Polícia Federal no Paraná, Jarbas Saad, todos os empresários suspeitos de liderar o esquema já estão detidos. Um deles, que estava em Miami (EUA), se apresentou voluntariamente e está retornando ao Brasil, onde será preso.

Durante as ações de busca e apreensão, foram encontrados US$ 1 milhão em dinheiro na casa de um empresário considerado um dos chefes da quadrilha, em Santa Catarina. De acordo com as investigações, o grupo importava os mais diversos produtos, de roupas e alimentos a equipamentos eletrônicos e pneus.

As mercadorias chegavam a grandes lojas. A operação pretende rastrear todos os beneficiados com o esquema a partir dos documentos que estão sendo apreendidos.

A operação ainda está sendo realizada e conta com cerca de 1,3 mil policiais federais e funcionários da Receita. Ao todo, são 118 mandados de prisão a serem cumpridos pela operação iniciada na madrugada. Destes, nove são para funcionários da Receita Federal.

domingo, agosto 13, 2006

Avanços na luta pela igualdade racial




Pouco depois de receber o apoio de 54 prefeitos baianos (ontem, 12/08), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve um encontro com representantes do Movimento Negro, em frente ao Hotel Tropical, no centro de Salvador. Mas rapidamente o local foi tomado por uma multidão, ansiosa para ouvir as palavras de Lula. A luta pela promoção da igualdade racial no Brasil deu a tônica dos pronunciamentos, com todos os presentes destacando os avanços conquistados nos últimos três anos e meio.

Lula disse que "o preconceito continua arraigado em cabeças pequenas" e que esse preconceito se manifesta duplamente quando a pessoa é pobre e negra. E foi para combater esse quadro que o seu governo criou a Secretaria Especial e o Conselho Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Ao mesmo tempo, lembrou Lula, está sendo feito um grande esforço para democratizar o acesso ao ensino superior, através do Programa Universidade para Todos (ProUni), da criação de dez universidades federais e da implantação e expansão de campus universitários.

Lula afirmou ainda que, no campo das relações exteriores, o Brasil tem promovido uma grande aproximação com os países africanos. "Temos uma dívida imensa com a África, que, se não pode ser paga em dinheiro, pode ser paga com respeito, diálogo e intercâmbio".

A ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, disse que Lula foi o primeiro presidente a fazer do combate ao racismo uma política de governo. "E isso se traduziu em ações concretas", destacou a ministra, citando a aproximação com os países africanos, o reconhecimento e a titulação das comunidades quilombolas e a entrada de 60 mil jovens negros em universidades particulares através do ProUni.

A professora e representante do Movimento Negro, Macota Valdina, também se pronunciou no ato, lembrando que Lula é um presidente que "dialoga com as massas, independentemente da raça, do gênero, da classe social".

Encerrado o encontro, Lula, os representantes do Movimento Negro e as milhares de pessoas presentes no largo do Campo Grande iniciaram uma caminhada até a Praça Castro Alves, onde foi realizado um comício.

Nova MP garante reajuste para aposentados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nova medida provisória que reajusta o benefício de aposentados e pensionistas que ganham mais de um salário mínimo.

Como a Constituição não permite a edição de duas MPs com a mesma proposta, a nova medida foi editada com o índice de 5,01%. Serão beneficiados cerca de 32% dos aposentados. Os demais (68%) já receberam aumento de 16,7%.

A MP 291 que previa aumento de 5% perdeu a validade no dia 10, depois que uma manobra dos partidos de oposição impediu a votação, dentro do prazo, na Câmara.

O líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), afirmou que "a irresponsabilidade do PSDB e do PFL, que tentaram usar os aposentados de forma eleitoreira", impediu a votação da MP 291 dentro do prazo. "Mas para não prejudicar os aposentados, o governo está editando esta nova medida provisória", disse.

Na avaliação de Fontana, os aposentados terão o aumento previsto, mesmo com a "falta de responsabilidade" da oposição, que numa "insistência demagógica tentaram aprovar, através de uma emenda, um aumento de 16,66%, quando sabem que a previdência não tem condições de arcar com este reajuste".

O líder petista afirmou que, com a edição da nova MP, o governo garante o aumento para os milhões de aposentados do país. "O presidente Lula tem um compromisso que foi negociado e acordado de um reajuste 1,6% acima da inflação".

O deputado Nilson Mourão (PT-AC) relatou a MP 291. Para ele, o reajuste dos aposentados "foi usado pela oposição" como palanque eleitoral.

"Os aposentados com quem tenho conversado percebem que a oposição teve uma postura equivocada, tipicamente eleitoreira, com a finalidade de desgastar o presidente Lula. Mas ele deu a volta por cima: a nova medida provisória é mais uma tentativa de garantir o reajuste, enfrentando toda a mediocridade da oposição", disse.

Para o deputado Carlito Merss (PT-SC), o governo está agindo com responsabilidade. "Estamos mantendo a recuperação dos benefícios dos aposentados com responsabilidade fiscal e social, sem cair no conto demagógico da oposição. Vamos manter a recuperação desses valores daqui em diante", afirmou.

Desenvolvimento do Nordeste

Sudene

No programa Novo Nordeste, o candidato tucano afirma que irá recriar a Sudene com "função de planejamento e de integração da representatividade política, social e intelectual". Acontece que a recriação da Sudene é uma proposta do governo Lula, que encaminhou à Câmara dos Deputados o Projeto de Lei Complementar (76/2003). E sabe porque a proposta ainda não foi aprovada? Porque os aliados de Alckmin, entre eles Tasso Jereissati e ACM, querem que os fundos da Sudene sejam disponibilizados diretamente para os governadores.

O Projeto de Lei prevê que o repasse do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional seja repartido entre as regiões de acordo com a proporção entre a população e o PIB da região. Como o Nordeste representa 30% da população, mas apenas 13% do PIB brasileiro, a região deve, então, receber a maior fatia do Fundo, que serviria para viabilizar os programas desenvolvidos pela Sudene.

No caso do FNDR, se o dinheiro for repassado para os governadores o desenvolvimento do Nordeste ficaria prejudicado, pois outras regiões já desenvolvidas teriam a mesma quantidade de recursos. A desigualdade regional continuaria a mesma. Além disso, não há garantias de que a verba destinada diretamente aos estados seria utilizada para este fim.

O governo Lula quer que os fundos da Sudene sejam gerenciados pela própria Sudene. O projeto prevê ainda a criação de um conselho, onde os governadores da região terão influência, além da presença de representantes dos municípios e ministros, garantindo assim uma maior fiscalização e transparência na destinação dos recursos.

O que atiça a cobiça de Tasso e ACM é um fato muito simples: no governo FHC, os valores destinados aos fundos de investimento no Nordeste eram pequenos. No governo Lula, estes valores cresceram muito.

Vejamos o caso do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE). Em 2000, o FNE recebeu aproximadamente R$ 569 milhões. Em 2002, o governo FHC diminui o repasse para o fundo, R$ 254 milhões. Já no primeiro ano de Lula, o Fundo recebeu mais de R$ 1 bilhão. Em 2005, esse número quadruplicou, fechando o ano com R$ 4,173 bilhões.

Assim, se Alckmin quer mesmo recriar a Sudene, deveria pedir aos seus aliados no Congresso Nacional que votem no Projeto de Lei Complementar (76/2003) apresentado pelo governo Lula.

O que Lula já fez pelo Nordeste

O governo Lula aumentou sensivelmente o repasse de recursos para a região. As transferências de renda duplicaram entre 2002 e 2005, e os investimentos aumentaram 48%. O governo Lula tem criado linhas de crédito para micro, pequenas e médias empresas na região. O BNDES liberou R$ 10,43 bilhões até junho de 2006.

Entre 1995 e 1998, a média anual do saldo de empregos ficou negativa, isso quer dizer que mais postos de empregos foram fechados do que abertos no período. No segundo mandato de FHC, o saldo ficou positivo em 68.198 empregos. No entanto, o governo Lula, em três anos de mandato conseguiu criar anualmente 156.238 empregos, um crescimento de 62%.

Diversas refinarias estão sendo construídas no Nordeste. Com isso, aumenta-se o número de empregos, a arrecadação, a extração do petróleo e, principalmente, o emprego de tecnologia.

Com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), o governo federal está presente em 99% dos 1.133 municípios do semi-árido brasileiro. O número de operações quase duplicou e o valor aplicado quase triplicou entre as safras 2003-2004 e 2005-2006. Com o Programa Nacional de Biodiesel, o governo incentiva as famílias a plantarem mamona ou outras oleaginosas usadas na produção do biodiesel. Até o fim do ano, a política trará renda para 80 mil agricultores, 90% desses no semi-árido. O governo determinou a completa desoneração tributária (isenção dos tributos Pis/Pasep e Cofins) do biodiesel fabricado a partir de mamona ou palma (dendê) produzida pela agricultura familiar no Nordeste.

O Bolsa Família atende, só no Nordeste, 5,5 milhões de famílias, ou seja, metade das famílias inscritas no programa. Isso mostra que o governo Lula está preocupado em diminuir a pobreza da região. O governo federal aumentou em 66% o repasse por aluno/dia da Merenda Escolar. Em 2006, foram atendidos 11,9 milhões de alunos nos estados do Nordeste, entre eles 33 mil em comunidades indígenas e 25 mil em comunidades quilombolas.

O programa Brasil Alfabetizado já atendeu 4,2 milhões de pessoas na região. O governo federal investiu também na educação superior da região, com a criação da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, na Bahia, e de campus universitários em oito dos nove estados nordestinos. Mais de 100 mil jovens foram atendidos pelos programas voltados para a juventude, em 2006.

Na saúde, o Programa Saúde da Família já atende 65% da população nordestina. Foram construídas 43 unidades da Farmácia Popular. O Saúde Bucal cobre 65% da população.A taxa de mortalidade infantil vem caindo ano a ano.

Um dos resultados deste esforço é a ampliação da renda domiciliar per capita no Nordeste. Dados do Ipea mostram que em 1995, a renda domiciliar per capita no Nordeste era de R$ 209,31. Passados 8 anos de FHC, a renda no Nordeste subiu para R$ 211,02. Um aumento de R$ 2 reais. Passados menos de 4 anos da gestão Lula, a renda média é de R$ 251,91. Ou seja, enquanto 8 anos de FHC resultaram em 2 reais per capita a mais, quatro anos de governo Lula aumentaram a renda média dos nordestinos em R$ 40.