quarta-feira, maio 21, 2008

Minc leva Desmatamento Zero a Lula.

Ontem [19/05] à noite o Minc se reuniu com Lula e levou um decálogo de propostas que considera fundamentais para fazer uma boa gestão no Ministério do Meio Ambiente. Estavam entre elas a criação de uma Guarda Nacional Ambiental, com civis e militares; aumento da verba do ministério e a manutenção da resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que exige que o governo não conceda crédito a fazendeiros envolvidos em crimes ambientais. Parece que obteve apoio do presidente para todas elas, e também da ministra Dilma Roussef - tida como madastra da política ambiental por muitos.

Meu vereador mandou bem (sempre votei no Minc quando morava no Rio). Mas o gol de placa foi levar à reunião em Brasília a proposta do Pacto pela Valorização da Floresta e pelo Fim do Desmatamento na Amazônia, ou simplesmente Desmatamento Zero, que foi lançado em outubro passado por nove ONGs - Greenpeace, Instituto Socioambiental, Instituto Centro de Vida, The Nature Conservancy, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Conservação Internacional, Amigos da Terra e WWF.

A Marina era fã desse pacto e Minc parece que também é. Basicamente o projeto prevê o fim do desmatamento até 2015 com a injeção de R$1 bilhão por ano para compensar quem reduzir efetivamente a derrubada da floresta na região, além de pagar serviços ambientais. O dinheiro viria do governo brasileiro e também de outros países, instituições e fundos interessados em manter a Amazônia em pé.

O timing de aceitação do projeto não poderia ser melhor, justamente no momento em que começam a pipocar na imprensa internacional matérias discutindo uma possível internacionalização da Amazônia - a última delas veio do New York Times. Recentemente a BBC também produziu um bom material sobre o tema, bem como os jornais The Guardian e The Independent.

Lula já deu a senha - e Minc e boa parte do movimento ambientalista atuante no Brasil também: a Amazônia é patrimônio da humanidade, mas sob gerência brasileira. Quer ajudar? Financie projetos do Desmatamento Zero no Brasil. A floresta agradece!

O Greenpeace fez uma proposta ainda mais ampla hoje na reunião da Convenção da ONU sobre Biodiversidade, que tá rolando na Alemanha, englobando todas as florestas tropicais do planeta. É um fundo internacional para o qual as nações mais ricas do mundo - e que mais poluíram até hoje - serão chamadas a contribuir para aumentar a governança em países e regiões em desenvolvimento com grandes áreas de florestas, como Brasil, Indonésia e países africanos. Os recursos podem chegar a 14 bilhões de euros por ano.

Parece muito dinheiro, mas não é se levarmos em conta que o desmatamento das florestas tropicais é responsável por aproximadamente 20% das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera – mais do que as emissões de todos os aviões, trens e carros do mundo inteiro. O Brasil é o quarto maior emissor mundial de gases estufa, graças às queimadas promovidas na Amazônia.

E por falar em floresta, o Greenpeace está lançando a campanha Meia Amazônia Não!, para tentar barrar o projeto de lei 6424/2005, do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). O projeto não foi apelidado de Floresta Zero à toa. Se for aprovado, vai diminuir a reserva legal em propriedades privadas na Amazônia de 80% para 50% e promover o plantio dos chamados cultivos energéticos (dendê, eucalipto, babaçu, cana-de-açúcar e afins) na região, além de permitir que áreas desmatadas num bioma sejam compensadas em outras - ou seja, na prática poderá deixar regiões inteiras no país sem mata.

Se você leu este post e tem alguma forma de ajudar a divulgar essa campanha - seja por email, msn, orkut, lista de discussão, blog, facebook, o que for -, peço sua ajuda. A meta é atingir 100 assinaturas para mostrar ao Congresso e ao governo que estamos de olho e não queremos mais destruição na Amazônia.

Visite a página, é bem legal. Ao entrar, vc ganha uma folha e nela outras se agregam cada vez que vc convida alguém. Cada folha agregada começa marrom e vai mudando de cor conforme a participação dessa pessoa - se ela assinar o manifesto, fica amarela. Se além disso convidar outra pessoa para participar, fica verde também.

O projeto Floresta Zero está na bica de ser votado - e mesmo aprovado, já que a pressão da bancada ruralista e de governadores como Blairo Maggi (MT) e Ivo Cassol (RO) tem sido gigante. Os mesmos que vibraram com a demissão de Marina Silva não param de esfregar as mãos com essa possibilidade.

Ou ajudamos a zerar o desmatamento ou eles zeram com a floresta - e sem uma ponta de arrependimento.

(Fonte: Rede Ecoblogs)

Quando a ministra Marina saiu, eu recebi um bocado de comentários apontando o dedo tipo "arrá, tá vendo, seu presidente é antiecológico!", numa demonstração absurda de ignorância. Sim, por que das duas uma: ou a pessoa só consegue ver duas alternativas numa situação, ou ela está dando uma clara confissão de torcida contra, torcendo o nariz antes de saber de qualquer coisa. Eu não respondi porque, ao contrário, não costumo falar do que não sei e realmente não estava por dentro do assunto. Acompanhei as notícias, mostrando que a saída da Marina foi tranqüila, ela elogiando Lula e vice-versa, ela apoiando o Minc, enfim, nenhuma baixaria daquelas que fazem a festa do PIG.

É claro que eu também era super fã da Marina e não gostei de ela ter saído, mas quando vi este post eu fiquei muito feliz de ver confirmada uma esperança que eu alimentava: de que é possível mudar e renovar sem necessariamente destruir o trabalho anterior que vinha sendo feito, de que uma saída como a dela não significa necessariamente o fim de uma era. Como um jogador que deu o sangue durante 70 minutos de jogo, mas passa o lugar em campo para um outro, com outros talentos, descansado, mas do mesmo time, buscando o mesmo gol.

Por isso, este blog segue apoiando o Lula e torcendo a favor do Minc, que afinal joga no nosso time. Como sempre, críticas são válidas, desde que fundamentadas e não baseadas em achismos.

Em tempo, eu já assinei o manifesto Meia Amazônia Não!, e você?