O texto abaixo dignifica o dignatário, quer dizer, limpa bastante a barra do prefeito de São Paulo. Acho que é extremamente positivo ele ter botado a mão na consciência e feito o mea culpa. Sinal de que não é de todo desajuizado. Um exercício de humildade vindo de um dos mais destacados quadros do PFL é de se reparar e abrir o devido espaço. Fica o registro.
"Errei. Não tinha o direito de perder a calma, e perdi. Peço desculpas ao senhor Kaiser, à cidade e aos brasileiros. Faço-o de coração aberto"
POLÍTICA é persuasão, é convencimento. Política é a arte e a ciência de transformar vontade e esforço coletivos em ações em favor do bem comum. Assim, desde sempre, e mesmo numa época e numa sociedade em que a imagem tem supremacia, o principal instrumento da política é a palavra. A palavra que convence, que agrega, que dá rumo e sentido aos desejos da sociedade e os transforma em realizações destinadas a melhorar a vida das pessoas.
Engenheiro e economista por formação, político e administrador público por vontade e vocação, eu acredito na palavra e na persuasão. Acredito no convencimento. Acredito que o papel do político é formar maiorias que permitam à sociedade avançar. E que dêem ao administrador público o as condições para materializar esses avanços. Acredito que a principal tarefa é desenhar um projeto que melhore as condições coletivas de vida e, a partir daí, usar a palavra, o convencimento para fazer valer a vontade da sociedade por uma vida melhor.
A essa atividade de tornar sonhos coletivos em realidade pela via democrática -pela palavra, pelo convencimento- se dá, genericamente, o nome de liderança política. Como prefeito de São Paulo, é nisso que penso ao sair de casa, todos os dias, para trabalhar. Minha missão é transformar sonhos e desejos em ações que ajudem a melhorar a vida da imensa maioria dos paulistanos.
E era isso o que eu estava fazendo quando o destino me pregou uma peça. No último dia 5, fui ao bairro de Pirituba, na zona norte, para inaugurar mais uma AMA, as unidades de assistência médica ambulatorial que estamos implantando. As AMAs são dessas realizações que dão alegria a um homem público. São unidades médicas intermediárias entre os postos de saúde (as UBS) e os hospitais. Têm especialistas, fazem exames e pequenas cirurgias. Foram criadas nesta administração para aliviar o caos dos postos de saúde e hospitais municipais.
Em menos de dois anos, já entregamos 41 AMAs, com a de Pirituba. Juntas, elas atendem mais de meio milhão de paulistanos por mês. O problema do atendimento de saúde no município foi resolvido? Não. Mas avançamos: além das 41 AMAs, já reformamos 194 UBSs e 21 hospitais e prontos-socorros e estamos construindo dois novos hospitais, além do programa Remédio em Casa, da contratação de novos médicos etc.
Foi com esse espírito que fui à inauguração da AMA de Pirituba, convicto de que era mais um passo no árduo trabalho de melhorar a vida dos paulistanos. Visitava a unidade quando fui informado que uma pessoa, o microempresário Kaiser da Silva, se encontrava na recepção protestando contra o projeto Cidade Limpa.
O Cidade Limpa é outra das boas iniciativas que vão melhorar a vida na nossa cidade. Aprovado pela Câmara Municipal, tem o objetivo de diminuir a poluição visual e acabar com a propaganda irregular ao ar livre. Como era de esperar, algumas pessoas foram contra o projeto, pois ele altera condições de sobrevivência econômica de empresas. Não tenho dúvida de que, a curto prazo, pessoas como o sr. Kaiser tiveram prejuízos. Mas o Cidade Limpa tem um mérito inegável: sobrepõe os interesses da maioria ao interesse individual ou de grupos.
São, portanto, dois bons projetos e duas boas realizações: inaugurar AMAs, melhorando o atendimento de saúde, e implantar o Cidade Limpa, diminuindo a poluição visual.
Então, fica a pergunta: como é que duas boas notícias para a cidade descambaram no descontrole do prefeito? Não tem explicação, a não ser no âmbito das imperfeições humanas, das minhas, na esteira das vastas emoções e pensamentos imperfeitos.
Não vou tergiversar, não uso meias-palavras. Errei, me excedi. Perdi a cabeça. Não tenho sangue de barata e reajo, às vezes, como muitos reagiriam. Não tinha o direito de perder a calma, e perdi. Foi um acidente. Mas nada o justifica. Mostrei-me como não sou. No dia seguinte, pedi desculpas. Não tenho problemas em reconhecer um erro. Faço-o novamente agora, por escrito. Peço desculpas ao senhor Kaiser, à cidade e aos brasileiros. Faço-o de coração aberto.
O prefeito de São Paulo vive sob a pressão das demandas de uma metrópole gigantesca, mas necessitada; milionária, mas miserável; pujante, mas carente. Vive sob marcação cerrada de adversários que nem sempre agem com espírito público. Vive sob a angústia dos recursos escassos.
Mas isso é próprio do cargo, como os de controladores de vôo, médicos, bombeiros e outros profissionais que vivem sob pressão. Como prefeito, sou -e serei- sensível às opiniões, cobranças e queixas dos paulistanos.
E agirei como sempre agi (até a escorregada desta semana): com serenidade, ouvindo, argumentando, persuadindo, acreditando no poder da palavra e no trabalho que está sendo feito.
Como prefeito, tirarei do episódio uma lição que, tenham certeza, me ajudará a melhorar nossa cidade e a vida dos cidadãos. Vamos em frente!
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Um comentário:
belo texto! e tem gente que ainda não sabe pra que serve uma assessoria de comunicação...
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