terça-feira, agosto 01, 2006

Pesquisa do Ibope colhe amostra desfavorável a Lula

(Nelson Breve – Carta Maior)

BRASÍLIA - Logo após a divulgação da mais recente pesquisa do Ibope sobre as intenções de voto para presidente, feita na terça-feira (25) pelo Jornal Nacional da TV Globo, pensei que não iria escrever nada a respeito. O cenário era o mesmo apontado pelos outros institutos de pesquisa na semana anterior. Portanto, não havia novidade que justificasse um texto jornalístico, a não ser para quem considera as pesquisas eleitorais o evento mais importante de uma eleição.

Comentando o assunto com um colega, no mesmo dia, fui surpreendido com a seguinte avaliação e definição do valor das pesquisas eleitorais: "Para mim, essas pesquisas são todas manipuladas. Pesquisa de opinião é um ramo de negócio que vende dois tipos de produto aos candidatos no período eleitoral: um é o que pensa o eleitorado, para que as campanhas orientem suas estratégias e decisões; o outro, é alterar o pensamento do eleitorado para favorecer o cliente, para que ele tenha melhores condições de arregimentar apoios e conseguir financiadores. Não acredito que os institutos deixem de vender esse produto que tem muito valor neste momento da campanha".

Discordei logo da avaliação dele. Acompanho pesquisas com interesse profissional há muito tempo. Nesse período, os institutos tiveram de se adaptar a exigências legais, especialmente em períodos eleitorais. É difícil manipular dados porque o questionário tem de ser registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com antecedência mínima de cinco dias da divulgação. Foi por causa dessa obrigatoriedade que, no início do ano, a imprensa descobriu que uma pesquisa do Ibope divulgada pela revista IstoÉ da Editora Três tinha vestígio de ser uma encomenda do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, pois havia várias perguntas específicas sobre ele.

Com a exigência de explicar a metodologia e apresentar a base do eleitorado da qual foi extraída a opinião, os institutos ficam expostos à fiscalização da imprensa, dos especialistas em estatística e dos concorrentes. O que acaba inibindo a manipulação de dados, seja na ponderação dos resultados ou na definição das cotas da amostra. Meus argumentos não convenceram o colega, que é da velha guarda do jornalismo e está perto de se aposentar como professor de uma respeitada faculdade de comunicação. Nosso encontro se encerrou com um conselho dele: "Não perca o espírito crítico".

No dia seguinte resolvi dar uma olhada, como sempre faço, nos quadros com os cruzamentos de dados da pesquisa, comparando com os do levantamento anterior do mesmo instituto, para observar tendências em faixas etárias, regiões, faixas de escolaridade e renda. Às vezes, captamos sinais que ajudam a entender melhor o cenário eleitoral. Levei um susto ao comparar o perfil dos entrevistados. Na pesquisa divulgada esta semana, o Ibope ouviu 31% de eleitores com escolaridade até a 4ª série do ensino fundamental e 34% de eleitores com ensino médio. Na pesquisa anterior, encomendada pela mesma TV Globo e divulgada no início de junho, a amostra estava invertida: 35% até a 4ª série e 31% no ensino médio.

No mesmo instante, me lembrei das observações do professor. Todos que acompanham as pesquisas eleitorais sabem que a intenção de voto no presidente Lula é predominante no eleitorado de baixa escolaridade, e diminui consideravelmente a partir dos eleitores de nível médio, que alguns comentaristas gostam de qualificar como eleitorado mais informado. O contrário ocorre com o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Será que o Ibope manipulou a amostra para favorecer o ex-governador tucano, que está precisando mostrar potencial de vitória neste momento delicado da campanha, quando se consolidam os palanques regionais? Não posso acreditar. Mas não consigo evitar a lembrança de que a campanha de Lula contratou os serviços do Instituto Vox Populi, enquanto a da coligação PSDB/PFL anunciou que repartiria suas demandas entre vários prestadores desse serviço.

Fui conferir outros dados da amostra. Chamaram minha atenção as cotas por faixa de renda e raça. Curioso: o total de eleitores que possui renda familiar acima de cinco salários mínimos cresce de 13% para 17% da pesquisa anterior para esta, enquanto a soma do eleitorado com renda de até dois salários mínimos diminui de 50% para 46%. Houve variação, também, na amostra por raça: aumentou de 37% para 39% a quantidade de entrevistados da raça branca e de 12% para 14% da raça negra, enquanto diminuiu de 48% para 42% os pardos ou morenos. A coincidência, nos dois casos é que na pesquisa mais recente aumenta a base de eleitores propensos a voltar em Alckmin e diminui a dos que estão inclinados a votar em Lula.

(...)

Não há elementos concretos para sustentar a existência de manipulação de pesquisas para favorecer candidaturas. Especialmente em relação aos institutos mais conhecidos nacionalmente. No entanto, podemos constatar que as pesquisas não têm a confiabilidade que a própria imprensa procura dar a elas. Nem é possível dizer que pesquisa é uma fotografia do momento. Como existem distorções mais do que razoáveis nas bases de levantamento de alguns institutos, podemos concluir que são imagens tremidas, como se fossem registradas fora de foco.

Neste momento, a vantagem de Lula para os demais candidatos pode ser de dois pontos para mais ou menos, mas pode ser de três ou quatro se a amostra estiver distorcida. Alckmin pode estar mais perto dos 30% ou dos 25% e a candidata do PSol, Heloisa Helena, pode ter 4% ou 12%. Ninguém pode afirmar com certeza. E cada candidato fica à vontade para interpretar os resultados como quiser. Por isso, só dá para confiar nas projeções quando várias pesquisas feitas em um intervalo curto de tempo apontam para um mesmo cenário. Mesmo assim, é bom ficar de olho e desconfiar sempre dos resultados. Afinal, não podemos perder o espírito crítico. Como diz a sabedoria popular: "eleição e mineração, só depois da apuração".

(leia a matéria completa aqui.)

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho que tá perdendo mesmo...
eu mesmo vou votar na Heloisa Helena...

PT nunca mais...

Anônimo disse...

Chega a hora dos corruptos estão contadas!!! hahahaha... as crianças estão aprendendo q desonestidade é burrice e muita maldade!! Tá chegando a hora de uma sociedade mais justa!!! hahahaha estou rindo de vcs políticos ricos e sujos!!!! Suas vidas falsas banhadas a ouro roubado não me seduzem e nem a maioria da população brasileira!!!
Podem chorar pq vão ter q parar de roubar!!!HAHAHAHAHAHAHAHA