terça-feira, agosto 22, 2006

Dulci: "Não é nossa intenção acalmar os movimentos socias"

Reproduzido da IstoÉ

No segundo semestre do ano passado, quando era mais intensa a discussão na oposição quanto a um eventual impeachment do presidente Lula por conta do mensalão, um grupo de líderes sindicais e da sociedade civil, como o MST, procurou o presidente. Eles estavam dispostos a iniciar um movimento de resistência para proteger seu mandato. A lembrança foi feita pelo ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, a ISTOÉ. A recordação é a evidência de como a relação dos movimentos sociais com o governo é forte e como Lula pode se escorar nela, caso queira.

No calor da campanha eleitoral, esses movimentos parecem hoje em lua-de-mel com o governo. Não há invasões de terra, não há greves, não há manifestações. O secretário, porém, garante que "a questão da participação social não é um expediente tático". Mas desdenha da oposição: "Quando eles criticam a força que temos no movimento social, na verdade nos fazem um elogio involuntário."

O que foi feito para se obter a atual tranqüilidade junto aos movimentos sociais?

Não é nossa intenção acalmar os movimentos sociais. Para nós, a participação social não é um expediente tático, é uma concepção de democracia participativa, que está escrita na Constituição, mas nunca tinha acontecido na prática. Nós tiramos a idéia do papel criando instrumentos para que esses movimentos pudessem participar ativamente das políticas públicas.

Mas há uma inegável identificação da grande maioria desses líderes com o PT. A falta de reivindicações agora poderia estar relacionada a essa vinculação e ao desejo de reeleger o presidente Lula?

Esses movimentos são autônomos e se mobilizam para reivindicar de qualquer governo, inclusive os que as lideranças possam ter apoiado eleitoralmente. É verdade que muito desses líderes apoiaram o Lula e acredito que o estejam apoiando novamente, mas isso não impede - ao contrário - que eles se mobilizem, pressionem, reivindiquem, cobrem, às vezes com muita irreverência, enfim, as medidas. O que acontece é que boa parte do calendário nacional dos movimentos sociais brasileiros está concentrada no primeiro semestre.

O presidente Lula tenta contrapor a sociedade civil ao Congresso, como diz a oposição? Existe risco de golpe populista?

A participação social na definição e na execução das políticas públicas não substitui o Parlamento, não tem esse propósito. Ao contrário, ela enriquece as instituições representativas. Agora, nós consideramos as críticas da oposição, nesse caso, um elogio involuntário. E é verdade que quando uma parcela da oposição, menos madura, com menos responsabilidade institucional, tentou decretar o impeachment do Lula, os movimentos sociais saíram a campo, sim, para defender a democracia e as suas conquistas econômicas e sociais.

O sr. está nos dizendo que houve, então, um início de mobilização para defender o mandato de Lula?

As organizações sociais, de maneira autônoma, por iniciativa delas, vieram trazer ao presidente Lula naquela ocasião o seu apoio. E se colocaram à disposição. O presidente agradeceu e disse não achar que isso fosse necessário.

Como abordar os erros que o PT cometeu no "escândalo do mensalão"?

O partido já os assumiu. Erros em relação a financiamento irregular de campanha, cometidos, ao que tudo indica, por todos os partidos, mas que a maioria não assumiu. O PT tirou importantes lições dos erros e já os corrigiu.

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