quinta-feira, agosto 10, 2006

Soberania e integração continental

A política externa do governo Lula vem sendo criticada duramente pela campanha Alckmin. Segundo o ex-governador paulista, trata-se de uma política externa "ideológica".

Os apoiadores da candidatura Alckmin, tanto nos meios de comunicação quanto em alguns círculos acadêmicos, consideram que a política externa do governo Lula é uma coleção de fracassos. Dependendo do crítico, a relação de "fracassos" inclui a "pretensão" de uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, a prioridade dada ao Mercosul, a relação com a China, as negociações comerciais no âmbito da OMC, o comando das tropas da ONU no Haiti, a importância dada para a África, as relações com Evo Morales e Chavez.

Cabe perguntar aos defensores da candidatura Alckmin: o que mudaria na política externa do governo federal se os tucanos voltassem ao governo? A resposta foi dada, de maneira explícita, pelo próprio candidato, há alguns meses atrás, quando recolocou em pauta o tema da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Ou seja: a política externa voltaria a ser dominada pelos interesses dos Estados Unidos.

Os tucanos e pefelistas gostam de falar de mercado, mas quando o assunto é política externa, eles ficam constrangidos. Pois no governo Lula, ao contrário do que ocorreu durante o governo FHC, a balança comercial brasileira tem sido superavitária.

Em parte isso se deve ao ambiente econômico internacional. Mas em parte se deve, também, à política externa que Geraldo Alckmin considera "ideológica". Na verdade, toda política tem ideologia. A "ideologia" do governo Lula, nas relações internacionais, é assentada em alguns princípios básicos: a soberania nacional; a defesa da paz e de uma nova ordem mundial, diferente daquela preconizada pelo hegemonismo norte-americano; a integração continental, as relações sul-sul e o aprofundamento das relações com o continente africano, com quem possuímos uma dívida histórica.

Quais os resultados que esta política externa tem produzido? Primeiro, a ampliação e a diversificação das relações econômicas (não apenas comerciais) do Brasil com o mundo. Segundo, a afirmação do Brasil como um protagonista ativo nas relações internacionais. Terceiro, o progresso na constituição da integração continental, essencial para a segurança e para o desenvolvimento de todos os países da região, a começar pelo Brasil.

Há dificuldades no caminho? Claro, estranho seria se elas não existissem. "Facilidades", aliás, só existem para quem baixa a cabeça para os poderosos do planeta, como querem os tucanos e pefelistas. Mas, na história do Brasil, quem sempre pagou o preço destas "facilidades" foi o povo trabalhador e nossa soberania nacional.

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