segunda-feira, março 05, 2007

Se o presidente fosse FHC, tudo seria diferente

Convido os amigos a um exercício (inútil) de ficção.

Vamos imaginar que o presidente Bush chegasse ao Brasil esta semana para tratar de uma parceria dos produtores de 70% do etanol do mundo – EUA e Brasil.

Vamos imaginar que em lugar do presidente que ocupa o cargo provisoriamente (até a posse do presidente eleito José Serra em 2010), o presidente fosse Fernando Henrique Cardoso, o Farol de Alexandria, aquele que lança luzes sobre o passado.

E que a situação econômica fosse exatamente a que é hoje.

Quer dizer: seria tudo igual, só que o presidente seria FHC.

Vamos ver o que faria a mídia conservadora:

A Miriam Leitão, a Controladora Geral da Republica, escreveria não sobre florestas – como faz hoje no Globo (clique aqui para ler sobre florestas), mas sobre a parceria do etanol. E diria: “Isto só se tornou possível por causa da consistência e da austeridade da política econômica do atual Governo.” E concluiria: “Uma política econômica tão responsável é obra, sobretudo, de um presidente que tem noção das virtudes de arrumar a casa das finanças públicas. Já imaginaram se o presidente eleito fosse o do PT ?”

A Veja colocaria na capa FHC e Bush abraçados e o titulo ufanistico: “A aliança de gigantes – Brasil – EUA”. No sub-título: “”Bye-bye Chávez!”

A Folha de São Paulo: “Acordo do etanol: Brasil e EUA podem dominar o mundo”. Uma pesquisa do Datafolha mostraria que a popularidade de FHC é maior que a do Alemão do Big Brother.

Estadão
: “Visita de Bush: FHC é o líder da América Latina”. Um editorial demonstraria de forma cabal que essa aliança só se tornou possível porque FHC respeita o marco regulatório e coibiu de forma exemplar as invasões no Portal do Paranapanema. Um artigo da colunista Dora Kramer traria o seguinte titulo: “FHC – terceiro mandato – por que não?”

IstoÉ
, sob inspiração de Daniel Dantas: “Acordo do etanol com EUA mostra que a privatização das telefônicas foi um sucesso”.

O Jornal Nacional faria uma reportagem em Nova York sobre o posto que já vende gasolina misturada ao álcool brasileiro e um “povo fala” de consumidores entusiasmados: “We love gas Made in Brazil!”

Paulo Henrique Amorim

Um comentário:

Clarice disse...

ótimo exercício! pelo menos na ficção a gente ainda se diverte com essa turma...