1. São Paulo - ou o amálgama entre os entes estadual e municipal - bem que tentou sair bonito na foto, fazendo, no hotel onde Bush se hospedou, uma decoração de fundo de palco muito bacana. Mas a tentativa de agradar esteve em evidente divórcio com o ânimo do paulistano, que ficou furibundo com o enorme transtorno urbano causado pelo pesado esquema de segurança.
2. Os grandes veículos abriram largo espaço para os protestos. Afinal, com uma pauta pró-governo que se auto-impôs de modo tão forte, era preciso buscar alguma coisa pra contrabalançar e desgastar a imagem do governo. Nem que pra isso fosse preciso mostrar as mais batidas cenas de anti-americanismo. Coisa que, em geral, merece indiferença e pouco caso da mídia.
3. O avião do Bush Jr. é pelo menos 10 vezes maior do que o nosso bem conhecido Aerolula. As TVs, para mostrar o casal presidencial embarcando e desembarcando, focalizaram de longe a aeronave; mesmo assim, foi possível ter dimensão exata do exagero. Por certo, não deve haver um Arthur Virgílio no Congresso norte-americano para dizer que aquilo é fruto da vaidade ou deslumbramento do presidente.
4. Ironicamente, apenas a Globo foi enfática ao informar que Bush não tem poderes para derrubar as barreiras protecionistas contra o álcool do Brasil. As demais se esforçaram para colocar a manutenção do mecanismo na conta de um "fracasso" da visita. Fracasso que mais parece dor-de-cotovelo mesmo.
5. A gravata de Lula, na entrevista coletiva, tinha o mesmo vermelho das bandeiras que protestaram na avenida Paulista e picharam consulados e lanchonetes aqui e ali. Que o presidente opera com maestria os elementos simbólicos, disso já sabíamos. Mas daí ele dizer que o acordo para destravar a Rodada de Doha "depende apenas de se encontrar o ponto G", aí já é arrasar, é quebrar paradigmas!
6. Será que depois de encontrar o "ponto G" das negociações bilateriais, EUA e Brasil voltarão a ter as relações carnais que mantiveram durante anos, em passado não muito longínquo?
7. Quer saber da honestidade de propósitos do governo americano em relação à América Latina? Ou o quanto os EUA se sente à vontade falando de ajuda, de solidariedade, de combate à pobreza e cuidado com o meio ambiente? É fácil. Basta ver a desenvoltura e a naturalidade com que Bush tocou o chucalhinho lá na ONG do Morumbi. "Integração total" é aquilo.
8. E o anti-americanismo da política externa brasileira? Com a palavra, a revista Veja.
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