sábado, março 17, 2007

O dinheiro da TV Senado é público e a iniciativa do Nelson Motta é privada



[Nelson Motta promovendo seu segundo livro, "Mocinhas e bandidos", na TV Senado]

Nem sei se o Nelson Motta mora no Leblon. Acho que é na Vieira Souto, em Ipanema. Mas ele se comporta como se fosse integrante da República do Leblon. Hoje, sexta-feira, dia 16 de março de 2007, ele decidiu falar sobre televisão. Escreveu "Fora do ar", na Folha de S. Paulo. Não falou ontem. Nem anteontem. Não falou contra a TV Cultura de São Paulo.

O Nelson Motta quer fechar a TV Cultura de São Paulo?

Ele está preocupado com o custo das tevês públicas. Eu pergunto: e o custo para a prefeitura que abriu as calçadas para a instalação dos cabos que levam as emissoras privadas até a casa dele? Ele sabe se isso custou aos cofres públicos ou foi bancado pelas empresas privadas?


[Paulo Markun: cabide de emprego?]

Nelson Motta diz que, se for criada a Rede Pública de Tevê, serão abertas "centenas de novos empregos públicos para amigos e correligionários que não conseguem trabalho em emissoras melhores".

Quais são as emissoras melhores, Nelson Motta? Aquelas que te dão emprego? Aquelas que te entrevistam? Você quer dizer que o excelente Paulo Markun está pendurado num cabide?

"A maioria absoluta dos programas desses canais poderia dispensar as antenas e ser apresentada em circuito fechado aos seus escassos telespectadores, num bar ou num ônibus. Sairia mais barato do que colocar no ar"
, diz o Nelson Motta.

Ou seja, baixou nele, repentinamente, uma tremenda preocupação com o público.Pois eu gosto do Roda Vida. E dos shows gravados pela TV Cultura de São Paulo.

De uma só vez, o Nelson Motta ofende os profissionais que trabalham na TV Cultura e todos aqueles que preferem a emissora aos canais comerciais - embora a distinção esteja ficando cada vez menor.

Mas o Nelson Motta está preocupado com a audiência.

"Quase todos [os canais públicos] são cabides de emprego, com programação pífia e audiências que somadas não chegam a um ponto de share"
, diz o Nelson Motta.

Eu vou ligar para o Heródoto Barbeiro, que é da CBN, para saber se ele concorda que a TV Cultura é um cabide de emprego. Quem arrumou o emprego do Heródoto? Qual foi o padrinho dele?

Ah, o Nelson Motta descobriu o share. Vai ver que ele tem em casa um medidor do Ibope e fica acompanhando o share da TV pública. E quem é que diz que a audiência deve ser o único objetivo de uma concessão pública?

Eu não sei se o Nelson Motta sabe disso, mas as emissoras comerciais do Brasil são concessões públicas e elas também custam ao contribuinte, porque toda uma infraestrutura foi criada para permitir que elas existam.

Quantos terrenos em que estão implantadas antenas repetidoras no país foram comprados pelas emissoras comerciais?

O Nelson Motta sabe? Repito: as tevês a cabo custam ao contribuinte brasileiro, mesmo àqueles que não tem dinheiro para assinar.

Quem é que pagou pela abertura das calçadas para a instalação dos cabos, as calçadas por onde passeiam os integrantes da República do Leblon?

Eu gostaria que o Nelson Motta pesquisasse e nos desse a resposta.

"Quando o governo, qualquer governo, fala em rede pública de tevê, a idéia é sempre "oferecer opções" (as deles) ao público"
, diz o artigo.

Sim, Nelson Motta, porque eu não quero ter as mesmas opções que você.

Eu quero outras. Ou não posso escolher? Se você pode pagar a conta da tevê a cabo e tem acesso a 100 canais, parabéns. Se você pode pagar e tem uma coleção de DVDs, parabéns. Você faz parte do público do Big Brother? Duvido.

Mas eu acho que uma tevê pública vale a pena, sim, justamente porque poderá - se tiver dinheiro para tanto - oferecer aos moradores de Belém do Pará, ou pelo menos àqueles que não tem TV a cabo, uma cobertura mais abrangente do círio de Nazaré.

Você, que pode pagar, assista ao Manhattan Connection. Com uma tevê pública de tevê, quem sabe a gente vai assistir a transmissão do Boi de Parintins, no Amazonas.

A transmissão do Boi não vende cotas no Sul Maravilha, não é Nelson Motta? Além de ofender a todos os jornalistas e profissionais que trabalham em emissoras públicas, que produzem muitos programas de alta qualidade, o Nelson Motta agora quer dar uma de censor e nos manter "fora do ar".

Quando você passear pela calçadas do Leblon ou de Ipanema, caro coleguinha, não se esqueça de se perguntar: quem pagou a conta para enterrar os cabos que levam 100 canais até o meu apartamento?

A República do Leblon quer o Brasil dela para todos, às custas do dinheiro público. Os integrantes dela amam a BBC, a ZDF e a NHK - todas redes públicas/estatais. Mas não viram e não gostaram da emissora que nem entrou no ar. Por quê? A quem não interessa uma rede pública bem feita? Será que é àqueles que usam concessões públicas para extorquir governos - federal, estaduais e municipais?

Aqui você fica conhecendo todos os profissionais que o Nelson Motta ofendeu:

http://www.tvcultura.com.br/

http://www.tvebrasil.com.br/

Nelson Motta escreve:

"É ótimo para a democracia que se possam acompanhar as sessões da Câmara e do Senado. Mas ninguém precisa das "programações culturais", ou pior, "jornalísticas", desses canais que só vêem quando pega fogo o circo das CPIs".

Ok, coleguinha. Então por quê você foi promover seu livro na "programação cultural" da TV Senado? Você usou uma empresa pública para promover uma iniciativa privada.

No caso, a SUA iniciativa privada com o NOSSO dinheiro público.

De: Vi o Mundo