quinta-feira, março 22, 2007

O novo PIB e a diferença entre notícia boa e notícia ruim (2)

Até a Folha de S. Paulo teve de desdizer a forçação de barra que cometera há algumas semanas, quando publicou o último índice do PIB medido segundo a antiga metodologia. Anunciara mentirosamente, em primeira página, que o crescimento da era Lula vinha sendo igual ao do primeiro mandato de FHC. Hoje, sem o mesmo destaque e sem a menor cerimônia, podemos ler no jornal o seguinte:

“A revisão mostrou que a média de crescimento do PIB nos três primeiros anos do governo Lula (2003-05) foi de 3,2%, acima dos 2,6% apurados no modelo anterior. Em sete anos de FHC (1996-02), o crescimento médio foi revisado ligeiramente para baixo: de 2,1% para 2%.”


Não apenas a Folha, mas a mídia conservadora em geral não está engolindo com facilidade a história do novo PIB. O Correio Braziliense não deixa de levantar a suspeita de uma motivação política no trabalho de aperfeiçoamento do indicador, feito pelo IBGE: “Coincidência ou não, o novo método fez a economia crescer no governo Lula e cair nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso”

A mesma confiança desconfiada tem a porta-voz da era FHC, Miriam Leitão: “Mas claro que, para qualquer brasileiro, a notícia ficou parecendo que é aquela frase definitiva inventada por ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola: no Brasil, até o passado é incerto.” Esclareço nós do Votolula nos incluímos fora desta.

Já o Estadão, pra não perder o costume, investe num dado capcioso, irrelevante mesmo, relacionado com a participação do Brasil no comércio mundial – para não ter de encher suas páginas da edição de hoje (22/02) somente com notícias favoráveis ao governo que tanto combate: “Em 2006, a participação do Brasil no comércio internacional manteve-se entre 1,1% e 1,2%. Com isso, o País deve cair uma posição no ranking mundial elaborado pela OMC neste ano.”

A notícia do Estadão tenta claramente minimizar o mais importante – e que a matéria admite! “Apesar de o governo destacar que o valor das exportações em 2006 bateu o recorde do País, com US$ 137,4 milhões, o aumento em relação a 2005 não foi suficiente para que o Brasil subisse no ranking da OMC.”

O Estadão acha que não basta, a cada ano, sermos melhores do que nós mesmos. Pura maldade.

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