Apoiadores da reeleição citam avanços da gestão petista, como a não criminalização dos movimentos sociais, a paralisação das negociações da Alca e das privatizações.
(Luís Brasilino, da Redação da Agência Brasil de Fato)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o candidato mais forte destas eleições. Apoiado também por PCdoB e PRB, sua vitória no primeiro turno foi confirmada na maioria das pesquisas de intenção de voto feitas nos últimos três anos e meio. Lula está muito à frente de seu principal oponente, Geraldo Alckmin (PSDB), em grande parte pelo desastre que foi o governo de seu antecessor, do também tucano Fernando Henrique.
Baseado nisso, dirigentes petistas como o deputado estadual Raul Pont (RS) mostram irritação diante da tese da "falsa polarização entre PT e PSDB". "Isso é ma-fé ou provocação", rebate Pont, secretário-geral nacional do PT. Para ele, Lula representa o campo democrático popular, de defesa da soberania nacional e de construção de políticas públicas voltadas para a maioria da população. "(A polarização) é o elemento básico da conjuntura eleitoral que vivemos", analisa Pont.
Altamiro Borges, secretário de comunicação do PCdoB e editor da Revista Debate Sindical, ressalta, entre os dados positivos do governo Lula, a não criminalização dos movimentos sociais, a paralisação das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), a manutenção do controle sobre as estatais, a retomada da contratação de servidores públicos.
Borges também enumera os históricos de alguns assessores de Alckmin para combater o argumento da "falsa polarização". "Na questão sindical e trabalhista, o assessor é o José Pastori (economista da Universidade de São Paulo), ícone da flexibilização trabalhista no Brasil e defensor do desmonte do sindicalismo. Na política agrária, o assessor é o Xico Graziano, aquele que diz que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra é banditismo social", alerta Borges.
Alternativas à esquerda
Para Pont, a candidatura de Heloísa Helena é muito mais de crítica ao Lula e ao PT do que um projeto de governo: "Eles não têm unidade programática para governar o país. Se o PSOL e o PSTU tiverem que definir posições com a complexidade que se enfrenta em qualquer governo, explodem em 20 pedaços". Borges acredita que o PSOL vai enfrentar um dilema durante a campanha: "Quero ver eles irem à televisão dizer que concordam com a política externa positiva, com as políticas sociais abrangentes. Para se afirmar, vão ter que atacar o governo Lula e, querendo ou não, contribuirão com a oposição de direita".
Um dos trunfos do Movimento Consulta Popular (MCP) com a postura de não entrar na disputa eleitoral é evitar fazer esse papel. Borges, entretanto, lembra das eleições presidenciais realizadas dia 2, no México. A Outra Campanha, promovida pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional, também optou por não assumir posição e o resultado oficial do pleito apontou uma diferença de 220 mil votos em favor do candidato da direita. O mesmo poderia acontecer no Brasil sem o apoio da militância da Consulta.
Para Raul Pont, faltou ao MCP capacidade de avaliação da conjuntura: "Hoje, existem vários partidos que se reivindicam do movimento popular ou da esquerda. Não é possível que nesse quadro não tenha alguém mais ou menos sintonizado com a Consulta Popular".
quarta-feira, julho 26, 2006
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