domingo, setembro 10, 2006

Livres dessa raça?

"O senhor não está desencantado com tudo isso que acontece no Brasil?"

"Desencantado? Pelo contrário. Estou é encantado, porque estaremos livres dessa raça pelos próximos 30 anos."


Assim o Senador Jorge Bornhausen, presidente nacional do PFL, analisou o quadro político brasileiro há exatamente um ano. Naquele momento, os principais cientistas, jornalistas e políticos concordavam com esse vaticínio. Roberto Freire, presidente nacional do PPS, chegou a afirmar em inserções de rádio e televisão que o Governo havia acabado e apontava sugestões para a imediata sucessão. O fato estava dado, o PT acabado e a direita se considerava de volta ao poder.

A quem me lê, adianto que este não se trata de um libelo revanchista. Nem uma lição para que os sociólogos de plantão revejam suas premissas e teses na busca por explicar o fenômeno Lula e sua reeleição iminente. O debate se pauta, sim, sobre a inversão do constrangimento e também sobre de qual campo ideológico o povo brasileiro está se libertando neste momento da luta política.

Há um ano, o constrangimento foi imposto aos petistas e aos defensores da sustentação do Governo Lula. Agora, acompanhar famosos líderes tucanos e pefelistas renegando seu candidato à presidência, e, mais que isso, disputando na Justiça o suposto direito de veicular imagens suas ao lado do Presidente Lula, causa um impacto imensamente maior do que a revolta originada nas declarações preconceituosas de Jorge Bornhausen. E não são casos isolados.

Mendonça Filho, candidato a Governador do PFL em Pernambuco; Lúcio Alcântra, do PSDB, postulante do mesmo cargo no Ceará; Roseana Sarney, PFL do Maranhão. E dezenas, centenas de candidatos ao parlamento e de prefeitos da base oposicionista sentem-se constrangidos a apoiar o Presidente que apresenta índices de aprovação e intenção de voto recordes na história de nossa democracia.

Mais que isso: Heloísa Helena, virtual terceira colocada na sucessão, é recém expulsa do PT. Cristóvam Buarque, que deve alçar o quarto lugar na disputa, recém dissidente também do PT. Perceba-se, portanto, que dos quatro possíveis primeiros colocados, três têm suas raízes justamente na "raça" cujo fim foi profetizado.

Por outro lado, aliás, muito do outro lado, Jorge Bornhausen não teve sequer condições de se candidatar à reeleição. Aproveitou para comunicar seu desligamento da vida pública, e, - que ironia! – nos livramos dele para sempre. Arthur Virgílio, que ameaçou surrar o Presidente, apanha nas urnas e não será eleito Governador do Amazonas. Roberto Freire, sem condições políticas nem votos para disputar nada pelo partido que preside, aceitou como prêmio de consolação por serviços prestados a vaga de suplente da candidatura de Jarbas Vasconcelos ao Senado em Pernambuco. Alckmim e seu alter-ego, Geraldo, seguem abandonados até por Fernando Henrique – para quem "Serra é mais preparado" - e Aécio Neves que, agora, negam a paternidade de sua candidatura.

Desde o Movimento Estudantil aprendemos que a política é dinâmica. Mas que não é mágica e, portanto, nada acontece por forças sobrenaturais. A disputa de hegemonia se dá com elementos concretos, na vida real. E a realidade, que agora estupefata a tantos, não surpreende aos que têm acompanhado sem a arrogância elitista as transformações profundas que o Governo Lula tem garantido à vida das pessoas.

O povo miserável que sempre dependeu de se subjugar ao poder coercitivo da cesta básica no período eleitoral está livre para decidir quem o representa, porque a comida chega o ano inteiro, como política pública, e não como assistencialismo eleitoreiro.

A consciência de que a classe trabalhadora pode dirigir o país de forma soberana e democrática é mais uma liberdade para os que sempre foram tratados como incapazes e "raça" inferior.

Essas conquistas são bons elementos para que os sociólogos, cientistas políticos e jornalistas iniciem um novo método de análise e para que a direita brasileira aprenda a ler a realidade crua, sem os temperos de uma falsa "opinião pública" inventada por seus pares.

Liberdade, ainda que tardia!

(Louise Caroline, Vice-Presidente da UNE - artigo enviado por email por BRU no Bauru)

2 comentários:

Ricardo disse...

Um título alternativo para o artigo do FHC seria, em minha opinião, o seguinte: "Xi, Fudeu, o Que Fazemos Agora?"

Anônimo disse...

PENSANDO BEM...

FREUD EXPLICA...
LULLA MAIS UMA VEZ NÃO SABIA DE NADA...

dá pra acreditar?

Lulla decretou:
O corno agora é o penúltimo a saber, o último é sempre eu, o presidente Lulla...




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