segunda-feira, setembro 04, 2006

DANTAS PODE TORNAR A TRANSIÇÃO MENOS “EDUCADA”

Paulo Henrique Amorim

A transição Lula/Lula vai (ou pode) ser diferente da transição FHC/Lula.

Foi o que o presidente Lula deu a entender na segunda-feira, 28 de agosto, no Hotel Sofitel, em São Paulo, ao se encontrar com intelectuais e economistas.

Logo no começo da exposição, ele disse:

- Vocês se lembram da transição “educada” que houve quando o Fernando Henrique passou o Governo para mim ? Foi “educada”, porque eu não quis “futucar” o que havia lá no Governo Fernando Henrique. A situação era de instabilidade econômica e não deu pra “futucar”. (Essa reprodução não é literal. É produto da reconstituição de um intelectual presente.)

Se Lula vencer no primeiro turno. E se não houver instabilidade econômica, é possível que a transição Lula/Lula não seja “educada”.

O que, provavelmente, explica a irrefletida reação do ex-presidente Fernando Henrique, que, nos últimos dias, pregou duas vezes o golpe de Estado: quando invocou Carlos Lacerda; e quando sugeriu a Geraldo Alckmin que fizesse como os adeptos da Ku Klux Kan, no período da Reconstrução, nos Estados Unidos, contra os abolicionistas, ou os negros “share croppers”: botar fogo no paiol, no celeiro, no palheiro – o que for mais eficaz ...

Se Lula quiser, de fato, “deseducar” a transição, basta recomendar ao Ministro da Justiça que deixe Paulo Lacerda, superintendente da Policia Federal, trabalhar em paz.

Paulo Lacerda tem em mãos documentos que permitem investigar a possibilidade de Dantas “criar”, no exterior, quantas contas de brasileiros quiser.

Nesta sexta-feira, dia 1 de setembro, um delegado da Polícia Federal ouviu Daniel Dantas, no Rio, sobre o mensalão.

Basta ouvir Daniel Dantas também sobre algumas contas que ele, segundo a revista Veja, ajudou a produzir para a Veja.

E consultá-lo sobre os melhores momentos da privatização das teles.

E sobre um encontro com o Presidente Fernando Henrique, no Palácio da Alvorada, que precedeu o massacre da “Noite de São Valentim”, em que cairam fuzilados os diretores da Previ, que, se empossados, se oporiam a Daniel Dantas.

É o que Fernando Henrique mais deve temer. E é a maneira mais rápida de “deseducar” a transição: abrir a caixa-preta (quer dizer, o disco rígido) de Daniel Dantas.

01/09/2006 19:39h

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