quarta-feira, setembro 20, 2006

Estamos ao lado da Justiça

O episódio do dossiê é uma ótima oportunidade para reafirmar os princípios e motivações que nos levam a votar em Lula de novo para presidente do Brasil.

Estamos ao lado da Justiça e da Constituição.

Acreditamos que o governo Lula tem sido o único capaz de dar respostas concretas aos anseios que temos por um país menos injusto, menos desigual economicamente, mais solidário, mais generoso com os humildes e excluídos - a quem, historicamente, tem sido negado o mínimo para sobreviver com decência e dignidade. Lutar com Lula e por Lula é satisfazer este impulso por Justiça na acepção maiúscula, cristã, ético-filosófica, da expressão.

Não aceitamos a ilegalidade. Reprovamos e protestamos contra o uso de expedientes que contrariam as regras do jogo. Optamos por mudar o país (e o mundo) submetendo-nos a estas regras - nem sempre as melhores regras - de convivência e conduta. Optamos por fazer o embate cotidiano para melhorar tais regras, para democratizar a sua feitura, ampliando o espaço - e as condições de participação - daqueles a quem o país deixou de lado desde o avistamento do Monte Pascoal.

O grosso da oposição ao governo Lula é feito por gente para quem a noção de Justiça a que me refiro não faz o menor sentido, e que pouco se lixa para o respeito às regras do jogo. Em inúmeras oportunidades isto pôde ser testemunhado, em grandes e pequenos "momentos" de nossa vida republicana. Um exemplo grande: a aprovação da reeleição, sem incompatibilização, para beneficiar os então ocupantes dos cargos majoritários. Um exemplo pequeno: a recente obstrução da votação do Orçamento da União para 2006, em desrespeito da Carta Magna e a uma secular tradição do Congresso.

Não nos iludimos. Como em toda agremiação, também no PT há gente - uma minoria - que não tem enraizada esta noção fundante da democracia, fundamental para a co-existência da diversidade, do "outro". Talvez se pensem legitimados por um pretenso sentimento de Justiça que carregam. Para o nosso alívio, e para a boa sorte do Brasil, Lula não faz parte desta pequena parcela, que ao nosso ver prejudica o partido, prejudica o projeto democrático-popular, prejudica Lula, ofende a opinião pública, municia os adversários políticos, sempre oportunistas a vociferar a similitude dos costumes do PT aos seus próprios.

Isto dito, aprofundamos a defesa de Lula em relação ao episódio. Temos sua história pessoal. Temos o cumprimento cabal, eficiente e efetivo, pela Polícia Federal - que Lula dirige em última instância - das suas funções. Dito de outra forma: foi o governo quem abortou a malfadada operação, pois coisas como esta, hoje, não são admitidas pelos responsáveis que dirigem as instituições garantidoras da lei. É um alívio para nós que defendemos a Justiça e valorizamos o respeito às regras eleitorais, saber que neste governo a PF desarma golpes como este antes mesmo que se concretizem.

Pra nós é lamentável que os autores do golpe frustrado pela PF tenha ligações com o PT, com a campanha do presidente. É lamentável também porque causa inegável prejuízo para a imagem do partido fundado pelo presidente, já tão hostilizado em função da confissão, no ano passado, de que também o PT fez uso de caixa-dois em campanhas eleitorais, quebrando assim o monopólio dos partidos adversários sobre as fontes de financiamento ilegal do país. Mas é alvissareiro que o "doa a quem doer" típico das bravatas de ontem tenha se transformado hoje em rotina no âmbito do governo federal (e, esperamos, contagie rapidamente o próprio PT).

É triste ver que a mídia se esforça para dar a máxima ressonância a este sério erro da militância petista e, ao mesmo tempo, realize esforço ainda maior para diminuir ou simplesmente omitir o papel de um importante veículo de comunicação - a revista Istoé - na armação do "dossiê", bem como para deixar de lado - como se não fosse parte do escândalo - o conteúdo deste dossiê.

Incomoda os diversificados pesos e medidas da mídia, dos jornalões, dos blogueiros comerciais, dos comentaristas profissionais e amadores na TV e no rádio.

Pois o dossiê não deixa de ser um testemunho que envolve Serra no esquema dos Sanguessugas tanto quanto, há cerca de dois meses, envolveu (e enlameou)o ex-ministro petista e candidato a governador de Pernambuco Humberto Costa. Ao contrário de Serra, entretanto, Costa está pagando caro pela sanha da mídia e a fé - naquele momento cega - que ela depositou nas tristes histórias dos Vedoin. Agora que os Vedoin se tornaram "traficantes de provas forjadas", Serra se torna vítima de maledicência e Costa... bem, sendo Costa do PT, não é merecedor do benefício da dúvida.

Um comentário:

Clarice disse...

clap clap clap clap clap!!!
assino embaixo, estava vindo tentar postar um texto nessa linha quando vi o seu, exqatamente o que eu penso, mas muito melhor do que eu conseguiria expressar agora!

o que me consola nessa palhaçada toda é que o datafolha de ontem mostrou que o povo continua sabendo diferenciar quem é quem nesse triste espetáculo!