quinta-feira, junho 01, 2006

Sobre o mito da gastança com pessoal em ano eleitoral

O canto contra o gasto público, principalmente contra o aumento de gastos do governo federal com sua folha de pagamento, vem se repetindo há dias. Hoje (1/6/2006) o assunto expande-se em coro por quase todos grandes jornais, com a honesta exceção da Gazeta Mercantil que, apesar de também criticar "a bondade de boca-de-urna" em editorial, mostra, em reportagem à parte, recorre à história recente para dizer, sozinha, que não se trata propriamente de uma novidade.

Todas as reportagens conduzem para o "comportamento irresponsável" da Presidência da República, motivado unicamente por razões eleitoreiras, a ameaçar o equilíbrio das contas públicas.

A Gazeta Mercantil, no entanto, dissolve essa imagem ao situar a gastança do Executivo em anos eleitorais no tempo quando compara com as medidas anunciadas por Lula com as do último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso, e lembra que a economia não mostrava os sinais de recuperação e crescimento como os apresentados ontem pelo IBGE.

A reportagem "Prática é usual em ano eleitoral" lembra::

"As despesas com o funcionalismo saltaram de R$ 71,9 bilhões em 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, para R$ 105,1 bilhões em 2006, em valores nominais, de acordo com as últimas estimativas oficiais."
"Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), entretanto, esses números representam queda – de 5,34% para 4,99%. O recorde histórico de 5,34% do PIB foi registrado no último ano do governo tucano por causa dos reajustes quase indiscriminados concedidos no final do governo FHC."

"Prática semelhante, de aumento dos salários do funcionalismo público ao final do mandato, também foi adotada pelo ex-presidente Itamar Franco em 1994, quando deixou o Planalto."

"Em 1998, todavia, esses reajustes salariais foram moderados porque a reeleição de FHC estava praticamente garantida e o País estava à beira da crise cambial.

"Os reajustes concedidos a quatro meses da eleição em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é forte candidato a um segundo mandato – com pesquisas indicando até uma vitória já no primeiro turno – não prejudica, porém, a meta mínima de superávit primário das contas públicas neste ano, de 4,25% do PIB".

"A economia de 4,84% do PIB no ano passado para pagamento dos juros da dívida pública, contudo, muito dificilmente será repetida por causa da evolução crescente dos gastos de pessoal e outros, com a manutenção da máquina administrativa do governo federal."

Nota deste blog: a choramingação da oposição e de seus representantes midiáticos é um espasmo dor-de-cotovelo. O governo do Presidente Lula apenas e tão somente usa – com rara competência – dos mecanismos que a nossa governança presidencialista põe à disposição do Executivo. E o faz com a devida moderação, dentro do bom-senso e da legalidade, mas sem receio da instrumentalização eleitoral, que assume tranquilamente como parte do jogo. Estranho mesmo é PSDB e PFL advogarem a ilegitimidade das regras do jogo que eles própios inventaram. "Abaixo a reeleição" - este é o bordão da hora para os oportunistas-casuístas-golpistas desta curriola. Ibope neles, Lula!

Um comentário:

Anônimo disse...

Quer dizer então que eh mintira essa conversa de que o Lula tá comprando os funcionario publico? Os tucano fizero pior? Então prefiro o Lula, que se tivé roubando é qui nem o Robin Wud, é pra dar pros pobre.