quinta-feira, junho 15, 2006

Governo não teme investigação, responde Tarso a Alckmin

O ministro disse que nenhum governo investigou tão profundamente a si mesmo como o atual

(por Tânia Monteiro e Fábio Graner, no Estadão)

BRASÍLIA - O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, respondeu, em nome do governo, às ameaças do candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, de que, se for eleito, fará uma devassa no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para investigar supostas irregularidades.

"O governo Lula não teme nenhum tipo de investigação, muito pelo contrário, nenhum governo investigou tão profundamente a si mesmo como este, seja através da Polícia Federal, seja através das próprias CPIs, como a dos Correios, que o senador Delcídio (Amaral), que é do PT, presidia, seja através da Controladoria Geral da União", disse Tarso.

O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), também saiu em defesa do governo. Ele afirmou que Alckmin, precisa "limpar a boca" para falar de Lula. "Alckmin não tem autoridade para falar de Lula. O povo de São Paulo sabe que ele (Alckmin) nunca aceitou ter seu governo investigado", desabafou Berzoini.

"Graças a Lula, o Ministério Público não tem mais um engavetador-geral. Hoje, o MP tem um procurador-geral autônomo o suficiente para inclusive fazer a denúncia que fez (do escândalo do Mensalão), com a qual não concordamos", afirmou Berzoini. No governo de Fernando Henrique Cardoso, o então procurador-geral, Geraldo Brindeiro, indicado pelos tucanos, era chamado de engavetador-geral da República pelo PT.

Tarso Genro não considera uma ameaça as afirmações de Alckmin, de que vai investigar o governo Lula. "Apurar irregularidades é um dever de qualquer gestor público, mas duvido que haja maiores investigações do que estas que eles estão fazendo agora nas CPIs", insistiu Tarso.

"Não há nenhum temor de qualquer investigação", prosseguiu o ministro, explicando que considera contraditória a iniciativa do ex-governador paulista de exigir investigação do governo Lula. "É uma confissão de que o que está sendo feito agora (por meio das CPIs) é um mero movimento político, de caráter eleitoral e não investigações sérias o que, aliás, eu não concordo. Eu acho que as investigações são muito concretas e em alguns casos até exageradas."

Ricardo Berzoini, por sua vez, declarou que, quem teme investigação, na verdade, é o candidato tucano ao Planalto. "Ele trabalhou para impedir a instalação de mais de 70 CPIS que investigariam o esquema corrupto de seu governo", alfinetou o presidente do PT, que também lembrou os problemas de Alckmin com a Nossa Caixa.

"Seria bom que o ex-governador Alckmin olhasse para o seu próprio governo em São Paulo, onde houve irregularidades na Nossa Caixa". O presidente do PT se referia às denúncias de que o banco estatal celebrou contratos de publicidade da ordem de R$ 28 milhões supostamente direcionados para beneficiar deputados estaduais da base do governo de Alckmin.

O ministro Tarso Genro também respondeu os ataques do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na convenção do PSDB, em Belo Horizonte, quando acusou Lula de ser "fanfarrão", "vira casacas" e "mão suja". E atirou: "Esta é a face B do Fernando Henrique. A face A é quando ele se refere ao presidente Lula no exterior e fala com respeito, como se fosse um grande estadista. Aqui dentro, ele baixa o nível para tentar impressionar uma base eleitoral sectarizada contra o Lula. Portanto, não deve ser levado a sério".

Nenhum comentário: