terça-feira, junho 13, 2006

Depois de Chico Buarque, Paulo Betti e Fagundes também declaram seu voto em Lula

Paulo Betti: "A crise me aproximou ainda mais do PT"

Na contramão de muitos artistas, o ator diz em entrevista à revista IstoéGente,que apóia a reeleição de Lula, fará campanha para o PT se for preciso e conta que, como presidente de uma associação cultural, também assina "pilhas de cheques e documentos, que nem sempre é possível ler":

Por que se afastou do PT nas eleições de 2002?
Sempre quero estar neutro, porque minhas obrigações profissionais exigem. Sou produtor de cinema, teatro e presidente de um centro cultural no Rio – a Casa da Gávea, uma associação cultural sem fins lucrativos. Uma ligação partidária mais direta atrapalha. Quanto mais neutro eu ficar, melhor. Às vezes não consigo e meu desejo de participar se sobrepõe aos meus interesses. Vou um pouco contra a corrente. Quando estava todo mundo gritando PT, antes das últimas eleições, eu estava meio reticente. Hoje, estou um pouco mais PT.

Mesmo com os escândalos de corrupção no governo?
Estamos num momento complexo, onde existe muita poeira e fumaça no ar. Não conseguimos enxergar com clareza o que está acontecendo. Mas tenho profunda simpatia pelo PT. Ajudei a formá-lo e estive com ele desde os primeiros momentos. Agora, no momento mais difícil, fico mais próximo. Dá vontade de ajudar o PT a resolver os problemas. Que são graves e têm que ser resolvidos. Estamos levando porrada e meu primeiro impulso é ajudar a defender. Não tenho nenhuma vontade de bater, mas de defender. Essa crise violenta me aproximou ainda mais do PT.

Seu voto é do Lula?
Meu voto está completamente decidido, eu apóio o Lula. Pelas realizações do governo dele, pelos resultados. Todo mundo vai comparar o governo Lula com o anterior, os índices econômicos, os números. E vai se perguntar: "Qual é o melhor?". Se você pensar nisso hoje, certamente vai votar no Lula de novo. Acho que realmente ele está fazendo um governo melhor que o outro.

Acredita que ele não sabia dos atos de corrupção?
É difícil você saber tudo que acontece num governo. Para se ter uma idéia, sou presidente da Casa da Gávea, que tem cinco funcionários. Não sei tudo que acontece. Assino pilhas de cheques e documentos, que nem sempre é possível ler. Qualquer pessoa que está num cargo executivo sabe disso. Tem que confiar nas pessoas que trabalham com você e imaginar que elas estão fazendo tudo direito. Tenho certeza de que ele não tinha consciência de tudo que estava acontecendo. E nem dava para ter.

Faria campanha novamente?
Se precisar, apareço numa campanha sim, por que não? Se achar que a campanha precisa de mim, se me sentir motivado a participar – e não estiver numa novela – farei. Tenho contrato com a Globo e, se estiver numa novela, não poderei fazer.

Não se sentiria constrangido de, na hipótese de Lula ser reeleito, pedir patrocínio do governo para projetos?
Não penso nisso, não.

***

E pra fazer ainda mais a felicidade da mamãe, Antônio Fagundes, na folha online:

Folha - O sr., que foi garoto propaganda do PT, concorda com as críticas que Paulo Autran e Marco Nanini fizeram da gestão de Gilberto Gil no Ministério da Cultura? Também acha que ele abandonou o teatro?
Fagundes - A crítica pode ser pertinente dependendo do contexto. Se analisá-la do contexto real, não existe ministro da Cultura que consiga fazer o que quer que seja em nenhuma área com 0,1% da dotação orçamentária do governo. Você pode chamar o Goethe, que ele vai ficar fazendo discurso, como o Gil fica cantando, mas é preciso dinheiro.

É preciso impedir que as igrejas comprem os teatros, reformar alguns, criar companhias estatais. O problema é financeiro, vontade política ele tem, mas o que adianta? Isso não é culpa do PT, mas dessa estrutura que vivemos desde 1500. Nenhum partido tem um projeto cultural. O grande projeto cultural seria dar 5% do orçamento para a cultura. O Autran e o Nanini têm razão, mas não pode particularizar.

Folha - E o PT não poderia ter feito isso, em sua avaliação?
Fagundes - Eu não esperava isso deles, porque não via em nenhuma plataforma do PT algo voltado à cultura. O grande mérito do artista relacionado ao PT é que ele já sabia que não ia ganhar nada, todos estavam defendendo melhor distribuição de renda, saúde, educação. Sabíamos que a cultura nunca foi preocupação do PT.

Folha - O sr. voltaria a fazer propaganda para o PT?
Fagundes - Não, parei há anos, quando percebi que o PT chegaria ao poder e que eu não teria a chance de me manifestar. Primeiro porque não sou consultado, depois porque não há espaço. Comecei a me sentir desconfortável em apoiar alguém e saber que se passasse a discordar dela, não teria espaço para falar. Seria interessante que a cada três meses aquelas pessoas que apoiaram voltassem a ser consultadas. Mas continuo votando no PT.

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