sexta-feira, junho 09, 2006

Estado brasileiro fez clara opção pelos mais pobres, diz FGV

Uma das principais conclusões tiradas do estudo "O Crescimento Pró-Pobre: o Paradoxo Brasileiro", divulgado ontem (8) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é a de que o Estado brasileiro fez uma clara opção pelos mais pobres, com o objetivo de melhorar as condições de vida dessa população.  

Com isso, segundo o economista Marcelo Néri, chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV, "o governo está reescrevendo a história do país". Ele explicou que o Estado brasileiro começou a gastar mais em programas sociais e isso explica o aumento da renda dos mais pobres e também a redução das desigualdades verificadas com mais intensidade nos últimos três anos.  

O estudo foi elaborado pela FGV em conjunto com pesquisadores da Organização das Nações Unidas (ONU), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A pesquisa mostrou que a adoção de políticas públicas e os reajustes dos benefícios pagos pela Previdência Social vêm produzindo "uma brutal redução" nas desigualdades sociais no Brasil.  

Segundo Néri, essa conjunção de fatores fez com que a desigualdade social no Brasil atingisse em 2004 o seu menor nível desde o Censo realizado em 1960. O estudo indica que o país vem avançando desde o início da década na redução das desigualdades entre pobres e ricos. E uma das constatações é a de que no período de 2001 a 2004 a renda total do brasileiro caiu 1,35% ao ano – entre as classes menos favorecidas, no entanto, a renda cresceu 3,07%. Considerando apenas o ano de 2004, enquanto a renda média do brasileiro cresceu 3,6%, a dos mais pobres chegou a aumentar em 14,1%.  

A situação, para Marcelo Néri, é até certo ponto paradoxal, "na medida em que o grosso do bolo caiu, mas o bolo dos pobres continuou crescendo". Ele acrescentou: "É como se os pobres vivessem na China, país com elevadas taxas de crescimento econômico, e o resto dos brasileiros continuasse morando em um país cuja economia se encontra estagnada – e a renda, em queda".  

Na análise do economista, essa década ficará marcada como a da redução das desigualdades, enquanto a de 1990 foi marcada "pela erradicação dos índices crônicos de inflação e pela conquista da universalização do ensino fundamental". Ele ressaltou ainda que "no Brasil a desigualdade de renda quase não mudou ao longo dos últimos 30 anos".  

E destacou o ano de 2004 como "espetacular do ponto de vista da distribuição de renda, um ano atípico na história do país, e hoje em dia o nível de desigualdade brasileira é o mais baixo das séries históricas".

Um comentário:

Ricardo disse...

É por isso que mantemos este blog.