quarta-feira, junho 07, 2006

ACM precisa ser processado

(por Valter Pomar, secretário nacional de Relações Internacionais do PT)

Na manhã desta quarta-feira 7, o jornalista Alexandre Garcia disse no telejornal Bom Dia Brasil que o vandalismo na Câmara dos Deputados lembra fato ocorrido em 1989, quando, segundo ele, petistas teriam seqüestrado Abílio Diniz.

Ocorre que os seqüestradores não eram petistas. O PT foi acusado de envolvimento, graças à postura de parte da mídia e graças à "ajuda amiga" do governo de São Paulo, que obrigou pelo menos um seqüestrador a vestir a camisa do PT.

A afirmação de Alexandre Garcia é tão abusiva, que parece ato falho. Aliás, há pelo menos três hipóteses para o quebra-quebra na Câmara: a primeira, que o MLST tenha decidido fazer o que fez. A segunda, que as pessoas presentes à manifestação não tivessem preparo político e ideológico, daí o total descontrole. A terceira hipótese é que tenha havido infiltração e provocação.

A divulgação, pela TV Câmara, de uma fita de vídeo onde estaria registrada a reunião onde se planejou a ação, reforça esta última hipótese. Neste sentido, Alexandre Garcia pode ter razão: este episódio parece com o seqüestro do Abílio Diniz. Parece uma armação, extremamente conveniente para a oposição de direita, que está com dificuldades para crescer nas pesquisas.

A direção e a bancada do PT condenaram o vandalismo. Bruno Maranhão foi afastado da executiva nacional. Cabe agora investigar o que de fato ocorreu. E fazer uma defesa enfática das liberdades democráticas.

A direita exigiu que Aldo Rebelo, presidente da Câmara dos Deputados, convocasse as "tropas" para dentro do Congresso. Há quem pense que a oposição queria uns cadáveres, para neutralizar os efeitos da política de insegurança praticada pelos tucanos no estado de São Paulo. A direita aproveitou do episódio para defender a criminalização dos movimentos sociais, quando o que este país precisa é de mais mobilização e de mais governos que respeitem os movimentos.

O mais grave, entretanto, foi o posicionamento do senador Antonio Carlos Magalhães. Vejamos suas palavras, ditas no plenário do Senado, tal como foram divulgadas na imprensa:

"Eu pergunto: as Forças Armadas do Brasil, onde é que estão agora? (...) Foi uma circular do presidente Castelo Branco, em março de 64, mostrando que o presidente da República não poderia dominar o povo sem respeitar a Constituição, que deu margem ao movimento de 64. (...) As Forças Armadas não podem ficar caladas. Esses comandantes estão aí a obedecer a quem? A um subversivo? Quero dizer, neste instante, aos comandantes militares, não ao ministro da Defesa porque ele não defende coisa nenhuma (...), reajam enquanto é tempo. Antes que o Brasil caia na desgraça de uma ditadura sindical presidida pelo homem mais corrupto que já chegou à Presidência da República".

Lembremos que em 1964 era corrente a acusação de que Jango e Brizola queriam uma "república sindicalista". O senador deveria ser processado por incitação ao golpe. Afinal de contas, há vários tipos de vândalos. O senador é do tipo mais perigoso.

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