sexta-feira, maio 26, 2006

Por que Lula resiste

As pesquisas vão, as pesquisas vêm. A malta conservadora late. Mas a caravana Lula passa, com aprovações em alta. Por quê?

(Por Flávio Aguiar, professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo (USP) e editor da TV Carta Maior.)

Há um link entre o presidente Lula e a maioria do povo brasileiro que o ataque cerrado das oposições e de jornalistas conservadores na mídia não conseguiu abalar, muito menos desfazer. As tentativas de desestabilizá-lo são evidentes, falando-se até na possibilidade de impeachment. Mas a popularidade do presidente não cai. Ou se cai em breves momentos, se recupera a seguir.

Em recente declaração (http://terramagazine.terra.com.br/interna/) o diretor do Ibope Augusto Montenegro ressaltou:

"Há quase onze meses Lula e seu governo sofrem uma investigação midiática incomparável em relação a outros presidentes do Brasil."

Mas acrescenta que entre as causas da sustentação de Lula está o simbolismo de sua história pessoal:

"Ele criou a maior central sindical da América Latina, um dos maiores partidos da mesma região, e vindo das camadas mais pobres, de uma família de pau-de-arara, se tornou presidente. O simbolismo disso é poderosíssimo e nem sempre pode ser medido em toda a sua extensão. Quando ele entrou na carruagem da Rainha da Inglaterra, todo esse povo, o Nordeste inteiro, entrou com ele."

Na mesma reportagem, diz Marcos Coimbra, do Instituto Vox Populi: "O lulista, o lulismo, é um retrato quase exato da população brasileira; se parece, com algumas exceções, a um corte transversal da sociedade brasileira."

Traduzindo: Lula tem cara, jeito de povo. Por isso é aceito por uns, e é detestado por outros, os que acham que política é coisa só para gente graúda.

Lula passa a imagem de um homem sincero, bem intencionado, esforçado, ainda que por vezes inexperiente. Mas a imagem de completo despreparo para a presidência, que os conservadores tentaram e ainda tentam grudar nele, não colou.

De qualquer modo, em meio à torrente de acusações sobre corrupção contra seu governo e o PT, sua imagem foi de fato preservada. As acusações não o atingiram.

Também não parece ter dado resultado o argumento de que o petismo teria inaugurado um sistema de corrupção inédito no Brasil; a maioria do povo acha que a corrupção existe sim, mas que ela vem de longe.

Entretanto só uma história forte, ou apenas o fato das acusações não terem atingido o presidente, não justificariam a manutenção da popularidade do presidente. A maioria do povo tem uma percepção positiva das políticas e dos programas sociais iniciados ou intensificados pelo governo Lula e também do seu conjunto. Programas como o Bolsa Família, o Fome Zero, as Farmácias Populares (que barateiam muito o custo dos remédios de doenças crônicas), o Brasil Alfabetizado, o Luz para Todos, a Reforma Agrária, o Computador para Todos são pelo menos bem conhecidos pela população, e muitos deles são bem avaliados.

Outros, como o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), o Prouni (para facilitar o acesso de jovens carentes à universidade), são bem conhecidos pelo menos pelas populações que deles necessitam. Outras ações do governo também garantem essa popularidade que até mesmo seus adversários são forçados a reconhecer. Entre elas está o estímulo à carteira assinada das empregadas domésticas; também o crédito para a casa própria, aliado à redução dos preços do material de construção.

Certos programas ganharam popularidade junto a populações específicas, como o da melhora no cadastramento de pescadores, por exemplo. Essas ações impressionam pelo seu conjunto, e também por terem melhorado muito quanto à eficiência, com cadastramentos unificados, embora nisso, como em muitas áreas, ainda haja muito por fazer.

Entre as iniciativas mais recentes, a proposta de ampliação do Farmácia Popular chamou a atenção, pois faz muita diferença para os orçamentos familiares baratear o custo de um remédio que se deve comprar todo mês.

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