sexta-feira, maio 19, 2006

Aécio Neves: censura, manipulação e abuso de poder

Na última segunda-feira, 15 de maio, no programa do PT, o deputado Rogério Correia (PT/MG) acusou o governador Aécio Neves de "falar mais do que faz" e afirmou que os professores da rede estadual de educação ainda recebem um salário inferior ao mínimo nacional. Segundo o projeto das tabelas salariais da Educação sancionado pelo governador, um professor de nível médio, pertencente ao grau A, tem um salário base de R$305,00. O de grau B, R$314,15; o C, R$323,57 e o D, R$333,28. Todos, portanto, valores realmente inferiores ao salário mínimo.

Imediatamente, o PSDB entrou com uma ação no TRE contra o deputado, alegando que ele estaria faltando com a verdade, e a esta fala no programa foi suspensa. A atitude dos tucanos reafirma a incapacidade do nosso governador de ouvir verdades que o desmascaram, ao mostrar a verdade por trás de suas fartas campanhas publicitárias, como as que recentemente alardeavam o decreto assinado pelo governador relacionado à Educação.

Ao contrário do anunciado, o decreto não representa um reajuste salarial e não é extensivo a todos os servidores da educação! Ele permite o reposicionamento dos professores somente se eles passarem em duas avaliações de desempenho, que têm aplicação prevista apenas para outubro, e não contempla sequer o reposicionamento por tempo de serviço.

Observando que a censura no Estado atingiu níveis absurdos, o deputado relembra que "o governador em Minas controla tudo, inclusive, a imprensa". Isso não é novidade. O caso mais célebre foi o do jornalista Jorge Kajuru, demitido da Rede Bandeirantes enquanto o programa que apresentava ainda estava no ar, por ter criticado a reserva de ingressos para políticos e autoridades para o jogo da seleção contra a Argentina, no Mineirão.

Em 2004, depois de 23 anos como articulador do jornal Estado de Minas, o cientista político Fernando Massote teve uma crônica vetada e sua participação semanal na seção Opinião foi encerrada sem justificativa. O conteúdo da crônica propriamente dita não atacava o governador, mas Massote havia concedido uma entrevista ao Sindicato dos Jornalistas, dias antes, criticando a relação do Aecinho com a imprensa. Mais do que censura, vingança.

São conhecidos diversos outros casos de transferências ou demissões injustificadas, nos mais variados veículos mineiros. A Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas de Minas já recebeu inúmeras denúncias sobre a pressão nas redações para que não se fale mal do governo estadual, mas as denúncias formais de censura ainda são, infelizmente, inibidas por medo de retaliações.

Em pleno século XXI, tantos anos depois do fim da ditadura, parece que ainda há muito o que se conquistar. Antes, pelo menos, o repressor não fazia tanto esforço pra camuflar suas intenções. O Governo de Minas gasta milhões em publicidade mentirosa e pune quem ousa advertir sobre a nudez do rei. George Orwell, quem diria, era afinal um profeta!

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