Lula foi preciso em Davos: não existe outro modo de conter o alto custo da Previdência Social além, é claro, de fazer-lhe uma boa gestão e trabalhar para o Brasil crescer e tornar o "gasto social" mais leve para quem paga, ou seja, a sociedade. E mais uma vez lembrou ao jornalista que lhe fez uma pergunta sobre o assunto, de que a Constituição de 1988 inclui nas despesas da nossa previdência pública, itens de política social, como a aposentadoria - sem contribuição prévia - dos trabalhadores rurais. Veja agora a historinha pinçada por Luis Nassif, sobre o assunto. Exemplar e esclarecedora.
Sem medo do social
Por Luis Nassif
"Aos poucos o governo Lula vai perdendo o medo de não parecer “moderno”, defendendo o social. O social entrou definitivamente na agenda. E, de repente, toda a argumentação dos cabeções contra gastos sociais ficou velhíssima. Quando se olha para trás, é difícil acreditar que o tipo de questionamento que foi feito ao Mantega tenha ganhado tanta sobrevida nesse país, como se fosse posição "moderna".
Veja trecho da entrevista concedida a Fernando Dantas, do "Estadão" por Mantega em Davos.
O sr. concorda com as declarações do presidente Lula de que o déficit da Previdência deve-se, na realidade, à política social?
Não tenho a menor dúvida de que ele está certo. A Constituição de 1988 colocou na rubrica Previdência o que era na verdade assistência social. Pessoas que nunca tinham contribuído para a Previdência passaram a ganhar uma aposentadoria. Não é aposentadoria, é uma renda, é renda mínima...
Mas não é alto demais para renda mínima?
A aposentadoria rural é a mínima, é o menor possível, é um salário mínimo. Como que é alta?
A política social vinculada ao salário mínimo representa gastos superiores a R$ 100 bilhões por ano. A melhor forma de fazer política social é via Previdência?
E você acha que a melhor forma de fazer política social é deixar 7 milhões de agricultores pobres morrerem de fome? Isto foi decisão do Congresso Constituinte de 1988 e não está em discussão.
Comentário meu: Meu Deus! Este país é tão surpreendente que o óbvio, quando surge, precisa ser aclamado."
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