Por Etevaldo Dias
Os jornais de hoje anunciam que o governo decidiu pela renovação do programa de recompra de títulos da dívida externa iniciado em 2006. A partir de agora, o programa será permanente, com a novidade que o Tesouro Nacional poderá adquirir no mercado internacional qualquer título, independente do seu prazo de vencimento.
Notícia inimaginável em passado recente. Você se lembra como o país se angustiava com a dívida externa? Era tema permanente de debate entre economistas, políticos, mote de palavras de ordem em manifestações de rua, do tipo “Abaixo o FMI”, “abaixo aos lacaios de Wall Street” e etc.
Pois bem, a dívida perdeu importância econômica e política. Apesar de ainda ser custosa aos cofres públicos, deixou de ser lhe atribuída a culpa por todas as mazelas do país. Hoje nem Heloisa Helena do Psol fala em calote da dívida externa.
Naturalmente, sem calotes, moratórias ou renegociações espetaculares, o Brasil segue trajetória de expressiva redução da dívida externa, com possibilidade de eliminação gradual desse passivo nos próximos anos. Trata-se de uma política que, na análise do economista Raul Velloso, aproxima o país do “investment grade” e torna a economia menos vulnerável a choques internacionais.
Uma das medidas que têm favorecido a queda foi a decisão do Banco Central, desde o ano passado, iniciou agressivo programa de compra antecipada de títulos públicos brasileiros em poder de investidores estrangeiros. Esse plano permitiu ao Tesouro já retirar do mercado US$ 6,1 bilhões de títulos que venceriam entre 2006 e 2024.
A aquisição antecipada reduziu o fluxo de pagamentos externos previsto para os próximos anos em US$ 8,5 bilhões, dos quais US$ 2,5 bilhões em economia com o pagamento de juros.
O Tesouro lembra que quando o plano foi iniciado, em janeiro do ano passado, o risco-país estava em 302 pontos-base. Um ano depois, em 3 de janeiro último, a nota havia caído para 188 pontos-base, o mais baixo nível já registrado.
A dívida externa de longo prazo totaliza US$ 158 bilhões, sendo US$ 75,7 bilhões de responsabilidade do setor público não-financeiro (somente governos e estatais) e US$ 82,2 bilhões do setor privado e bancos públicos.
As reservas brasileiras estão em U$ 87 bilhões, portanto, mais do que suficiente para honrar US$ 75,7 bilhões que correspondem a responsabilidade do setor público e não-financeiro.
Isto é, o Brasil tem mais dólares em depósito do que o montante da sua dívida com a banca internacional.
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Um comentário:
Confesso que economia nunca foi o meu forte. Mas desde que me entendo por gente e já me metia a bicar conversa dos adultos, o que sempre ouvi foi que essa tal dívida externa era tão gigantescamente absurda – e só aumentava – que com certeza jamais seria paga enquanto eu vivesse. Ora, estou com 30 anos, acho que podemos considerar esse um avanço e tanto, não? Onde estão os jornais que não estampam essa extraordinária notícia com destaque na primeira página?
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