domingo, janeiro 28, 2007

Fiesp, quem diria, apóia o PAC com força

Definitivamente, aqueles que ensaiam um coro contrário às medidas para a aceleração do crescimento estão contra o Brasil. É o caso do "economista" e candidato Serra, é o caso do come-quieto e também candidato Aécio. A Força Sindical, contrária ao uso de 10% (dez por cento, apenas isso!) do FGTS para projetos visando alavancar o setor de infra-estrutura, também age sob a lógica de ganhar espaços políticos, não de ajudar o país.

Então. O artigo que se segue, do presidente da Fiesp, é um exemplo de como a boa-fé para com o projeto não significa abraçar de paixão o governo, nem deixar de acreditar em dogmas que foram atropelados pelas urnas em 2006. Não significa deixar de pontuar diferenças e mesmo alegar uma ou outra deficiência que o plano certamente tem. Mas - diferentemente dos tucanos e da Força Sindical - aqui o prioritário é o país e o crescimento econômico, não a disputa política. O texto foi gentilmente surrupiado da Folha de hoje, 28/01/2007.

O novo nome da esperança
PAULO SKAF

O PAC tem vários pontos substantivos. Contudo, é tímido em medidas que possibilitem a queda das despesas públicas



NUNCA É demais repetir que a principal virtude do Brasil é a infinita capacidade de seu povo de reciclar a esperança. E esta já atendeu por diferentes nomes desde a redemocratização nos anos 80: "Diretas Já", "Plano Cruzado", "Constituição Cidadã" (1988) e "Plano Real", entre outros programas governamentais. Nesse processo, há duas inegáveis conquistas: uma política, a democracia; e outra, econômica, a vitória contra a inflação. Resta o desafio de converter ambas em efetivo e duradouro crescimento sustentado do PIB, o elo que falta para um redentor salto do Brasil ao Primeiro Mundo.

É nesse contexto que os setores produtivos devem analisar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), recém-anunciado pelo presidente da República.

É imprescindível que a nação, exercitando o termo em sua plenitude, acompanhe o andamento das propostas, cobrando o Poder Executivo e, também, o Congresso Nacional, que irá apreciar e votar várias medidas. Isso é importante, pois o PAC tem aspectos positivos, sinalizando que o governo finalmente escutou o clamor do crescimento por parte de quem produz e trabalha.

O PAC é lançado pelo mesmo governo que, há tempos, dizia não ter pressa de crescer, refutando tese defendida pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), de que o crescimento sustentado era inadiável. Temos dito que os recordes das exportações, o superávit primário nas despesas correntes da União e o controle inflacionário não disfarçavam a fraqueza de nossa economia e sua paulatina perda de competitividade em relação aos países emergentes, inclusive aos nossos vizinhos da América Latina.

Na defesa dessa bandeira, a Fiesp empreendeu esforços não só em termos de mobilização política, crítica e reivindicatória como também na elaboração e no encaminhamento ao governo federal de aprofundados estudos apontando alternativas para viabilizar o crescimento.

Agora, a entidade passará a concentrar seus esforços na aferição de resultados do PAC. Mostraremos, com clareza, os projetos que estão caminhando e os que se encontram paralisados. Será uma colaboração no sentido de que a sociedade brasileira tenha subsídios para avaliar a execução prática do programa.

A soma dos investimentos anunciados, de R$ 504 bilhões, é expressiva, embora parte substantiva advenha de empresas de economia mista. A parcela relativa à iniciativa privada dependerá da credibilidade que a correta e ágil implementação do PAC suscitará nos investidores.

Com certeza, empresas nacionais e multinacionais não hesitarão em aportar recursos ao sentirem seriedade e compromisso do setor público. Em contrapartida, o descrédito será fatal para o programa, colocando em risco a economia.

O PAC tem vários pontos substantivos. É um grande estímulo e confere fôlego à nação, podendo criar melhores condições para que, finalmente, se realizem as reformas estruturais, em especial a política, a fiscal, a tributária, a previdenciária e a trabalhista, que são condicionantes à edificação de uma economia mais sólida. Contudo, é tímido em medidas que possibilitem a queda das despesas públicas.

Também é essencial mensurar qual será a sustentação que a política econômica dará ao programa, inclusive estabelecendo um câmbio que não roube a competitividade de nossos produtos no mercado internacional.

Bom termômetro para essa aferição será a marcha da Selic, a partir da reunião do Copom em 31 de janeiro e nas suas atas e próximas deliberações. A queda de apenas 0,25% na taxa de juros, verificada no último dia 24 deste mês, foi uma decepcionante sinalização de que alguns poucos músicos da orquestra governamental estão desafinando a "Sinfonia do Crescimento" regida pelo presidente Lula. Não haverá PAC que resista aos juros mais altos do mundo...

Entretanto, ainda mais uma vez, o brasileiro olha o futuro próximo com otimismo. O novo programa é mais uma oportunidade histórica de promover o início de nossa redenção econômica. Tal conquista é tão importante que não devemos deixá-la a cargo apenas do governo. Democracia participativa é a palavra de ordem neste momento, para manter viva a esperança reciclada pelo PAC.

PAULO SKAF , 51, empresário, é o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

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