A Folha assume hoje, em editorial, aquilo que fez durante esses últimos cinco anos: prejulgar e negar os inquéritos policiais.
O primeiro inquérito sobre o assassinato de Celso Daniel, acompanhado pelo Ministério Público de São Paulo e pela Polícia Federal – esta, a pedido do PT –, concluiu por crime comum e indiciou os assassinos, muitos presos e sendo julgados. A pedido da própria Folha, da família e do Ministério Público, houve outro inquérito policial, que confirmou o crime comum.
São cinco anos de investigações e não há nenhum indício (ao contrário do que diz a Folha), testemunha ou prova de que o crime foi político e por supostas razões ligadas à Prefeitura de Santo André ou a financiamento de campanhas do PT. Mas a Folha não se contenta em julgar e condenar o PT e substituir a polícia e o Judiciário. Quer reinterpretar a Constituição, substituir ou tomar o lugar do Supremo Tribunal Federal.
A polícia Judiciária tem a iniciativa e preside inquéritos. Nos Estados, é a Polícia Civil e na União, a Polícia Federal. A Constituição é clara sobre isso e foi votado na Constituinte. O Ministério Público tem usurpado, de forma ilegal e inconstitucional, essa função de polícia judiciária. Mesmo com isso, o Ministério Público de São Paulo e a Folha tiveram cinco anos para investigar a morte brutal e covarde de Celso Daniel e nada provaram que ligasse esse crime à política.
O único julgado e condenado nesse crime foi e é a própria vítima, que, sem poder se defender, já que a própria família não o fez, teve sua memória e biografia enxovalhada e caluniada durante todos esses anos. Também o PT e eu mesmo sofremos essa sórdida campanha e essa flagrante violação de nossos direitos constitucionais da presunção da inocência e do devido processo legal.
Com esse editorial de hoje, a Folha assume um triste papel ao lado do arbítrio e da negação do Direito. Infelizmente, não é a primeira vez.
Por José Dirceu
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Um comentário:
Recomendo a leitura da reportagem de capa da Carta Capital desta semana. O excelente Raimundo Rodrigues Pereira faz uma cronologia bem completa das investigações e aponta as diversas vezes em que a imprensa escreveu o que bem quis, a despeito dos resultados das investigações, sempre sustentando que o crime era de mando, mesmo que não houvesse uma prova sequer disso.
Com 20 anos de atraso, o Big Brother de George Orwell cria sua realidade e não sossega enquanto não a impuser para o resto do mundo!
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