Rio de Janeiro, 23 de Setembro de 2008 - Quase 14 milhões de brasileiros ascenderam socialmente no País entre 2001 e 2007, de acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo a pesquisa "Pobreza e Mudança Social", 10,2 milhões de brasileiros passaram da classe de renda mais baixa (até R$ 545,66) para a faixa de renda média (de R$ 545,66 a R$ 1.350,82), e 3,6 milhões saltaram da renda média para a classe mais alta (acima de R$ 1.350,82).
A análise foi feita com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No período, o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 23,8% e a renda familiar per capita 15,6%.
"As pessoas caminharam socialmente superando a inflação e o crescimento médio do País entre 2001 e 2007", disse a jornalistas o economista do Ipea Ricardo Amorim. "Foi uma mobilidade social importante no País que não se via há muito tempo, desde os anos 80", disse ele, creditando a ascensão aos programas de transferência de renda (Bolsa Família), à política de aumento real do salário mínimo e ao crescimento da economia.
O Ipea traçou também um perfil do brasileiro que avançou socialmente. "Para os estratos mais baixos há influência mais forte do salário mínimo e transferências de renda e para a renda maior há um claro impacto do mercado de trabalho melhor", disse Amorim.
Metas do Milênio
O estudo mostra que o País está adiantado no cumprimento da primeira das Metas do Milênio, estabelecidas pela ONU, de reduzir à metade a extrema pobreza. Em 2001, uma parcela de 17,3% da população estava na extrema pobreza (viviam com renda per capita mensal inferior a R$ 87). Em 2007, esse percentual caiu para 10,2%.
A queda média ao ano foi de 7,2 pontos percentuais e a meta era de reduzir 2,2 pontos percentuais ao ano. "A extrema pobreza está caindo em uma velocidade três vezes maior do que o proposto pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O que fizemos não foi um milagre; foi um conjunto de políticas públicas que precisam continuar e melhorar", afirmou o economista do Ipea Ricardo Paes de Barros, que estima em um dígito o percentual em 2008.
O Ipea aponta ainda que a desigualdade social no Brasil diminuiu de forma acelerada entre 2001 e 2007. O índice de Gini, que mede o grau de distribuição de renda, caiu 1,2% ao ano no período ou 7% de 2001 a 2007. "Se olharmos nossa desigualdade, ela ainda é uma das maiores do mundo, mas estamos entre os países que mais reduzem desigualdade no mundo", disse Paes de Barros.
Entre 2001 e 2006, a renda per capita dos 10% mais pobres cresceu 7% ao ano, enquanto a dos 10% mais ricos aumentou 1% ao ano. "Os 10% mais ricos crescem como se estivessem no Senegal, e os 10% mais pobres como se estivessem na China", comparou Paes de Barros ao lembrar que o Brasil já esteve entre os 5% dos países com a maior desigualdade de renda e hoje está no grupo dos 10% mais desiguais no mundo.
Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5. Reuters
terça-feira, setembro 23, 2008
sexta-feira, setembro 19, 2008
De supercoitados e superinteligentes
Tem uma crise nos Estados Unidos, que vocês estão acompanhando pela imprensa. Uma crise muito forte, que tem levado a maior economia do mundo a sobressaltos extraordinários. Eu vejo, com uma certa tristeza, bancos muito importantes que passaram a vida dando palpites sobre o Brasil, que passaram a vida dizendo o que a gente deveria ou não fazer, que passaram a vida medindo o risco deste país, que passaram a vida fazendo propaganda para investidores sobre se o Brasil era ou não confiável - era como se eles fossem os superinteligentes, e nós os supercoitados - é com muita tristeza que esses palpiteiros estão quebrando, estão entrando em concordata. Na verdade, determinaram nos últimos anos, no mundo, não que o capital pudesse circular livremente pelo mundo, gerando empregos e riqueza. Mas determinaram que a especulação financeira, o cassino do sistema financeiro internacional pudesse determinar a lógica da economia.
(Lula, em discurso de inauguração da plataforma P53, no RS ontem)
(Lula, em discurso de inauguração da plataforma P53, no RS ontem)
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quarta-feira, setembro 17, 2008
Recomendamos
Acompanhamento da mídia: jornais
Relatório da cobertura
Na última semana, o prefeito e candidato à reeleição Gilberto Kassab e a candidata a prefeita e vereadora Soninha, tiveram percentual de reportagem favorável maior do que o percentual de reportagem desfavorável.
Do total de reportagens que trataram a candidatura de Gilberto Kassab como foco principal, 53,8% foram favoráveis e 13,5% desfavoráveis. Do conjunto de reportagens que trataram da candidata do PPS como foco principal do texto, 30,8% foram favoráveis e 15,4% desfavoráveis.
Em relação às três principais candidaturas segundo as pesquisas de intenção de voto, a cobertura feita pelos jornais observados teve as seguintes características:
1 - Aumentou o viés desfavorável do conjunto da cobertura feita pelos jornais da candidatura da petista Marta Suplicy: o percentual de reportagens desfavoráveis aumentou de 40,8% para 44,7% e o percentual de favoráveis caiu de 32,6% para 10,6%.
Nas últimas quatro semanas, o percentual de reportagens favoráveis à candidatura da petista diminuiu de 45,7% para 10,6%, sem que tenha acontecido alguma mudança significativa nos índices de intenção de voto, no apoio do presidente Lula ou no programa eleitoral da candidata, que segundo as pesquisas divulgadas tem sido bem avaliado. A arrecadação e as condições estruturais da campanha também não sofreram alterações (leia na íntegra)
Os números não mentem...
Relatório da cobertura
Na última semana, o prefeito e candidato à reeleição Gilberto Kassab e a candidata a prefeita e vereadora Soninha, tiveram percentual de reportagem favorável maior do que o percentual de reportagem desfavorável.
Do total de reportagens que trataram a candidatura de Gilberto Kassab como foco principal, 53,8% foram favoráveis e 13,5% desfavoráveis. Do conjunto de reportagens que trataram da candidata do PPS como foco principal do texto, 30,8% foram favoráveis e 15,4% desfavoráveis.
Em relação às três principais candidaturas segundo as pesquisas de intenção de voto, a cobertura feita pelos jornais observados teve as seguintes características:
1 - Aumentou o viés desfavorável do conjunto da cobertura feita pelos jornais da candidatura da petista Marta Suplicy: o percentual de reportagens desfavoráveis aumentou de 40,8% para 44,7% e o percentual de favoráveis caiu de 32,6% para 10,6%.
Nas últimas quatro semanas, o percentual de reportagens favoráveis à candidatura da petista diminuiu de 45,7% para 10,6%, sem que tenha acontecido alguma mudança significativa nos índices de intenção de voto, no apoio do presidente Lula ou no programa eleitoral da candidata, que segundo as pesquisas divulgadas tem sido bem avaliado. A arrecadação e as condições estruturais da campanha também não sofreram alterações (leia na íntegra)
Os números não mentem...
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Nassif, credibilidade e credulidade
Primeiro agradeço à Clarice pelo convite para escrever aqui, retomando a amizade e a afinidade intelectual que remonta ao tempo da faculdade.
Ontem a blogosfera progressista (vamos dizer assim) foi assombrada pela revelação feita por Luiz Nassif, acerca do que lhe contou uma fonte não identificada, mas, segundo ele, de dentro dos acontecimentos.
A fonte, contou ele, disse que o governo (Lula e Dilma, mais especificamente) tinha acertado um acordo com a Veja e a Abril para levar adiante a operação-abafa da Operação Satiagraha, com o afastamento de quem fosse preciso e a desqualificação das informações até aqui juntadas ao inquérito. Seria a forma de entronizá-los, Lula e Dilma, no alto salão da elite, onde a impunidade reina e o dinheiro para campanhas presidencias verte como cachoeira.
Quem acompanhou os comentários viu que o público se dividiu, uns incrédulos, outros decepcionados com o governo. Uma coisa me chamou a atenção. A postura absolutamente segura do blogueiro, que avalizou 100% sua fonte e meio que "bateu no peito" pra dizer que o off se justifica neste caso, já que ele tem credibilidade para tanto.
Fui dormir com essas noções e acordei com o título deste post. Uma coisa é ter credibilidade, e acho que o Nassif ainda merece um voto de confiança. Mas também fica claro que embarcou - comprando barato - com uma credulidade atípica, numa versão absolutamente fantasiosa e interessada das movimentações que ocorrem nos intestinos (opa!) da Satiagraha vis a vis o governo.
Sabe-se que Lula tem horror à Veja, e não é pra menos. E que um acordo desses com um "parceiro" tão confiável como são a Veja e a Editora Abril não é um risco razoável nem para um débil mental- ainda mais para quem não precisa delas nem para governar bem, nem para ser bem popular.
Sabe-se que tem muito interesse grande em volta do que a Satiagraha já descobriu e do que pode descobrir nos HDs e documentos apreendidos na casa de Daniel Dantas (Gilmar Dantas, digo Mendes, que o diga). Para quem desconfia do presidente, supõe-se que ele tema o que virá. Para quem como nós do Votolula (obrigado, KK!) confia no presidente, Lula nada teme. Sabe-se, enfim, que existe uma distância enorme entre São Paulo e Brasília.
O fim da novela de ontem se deu com dois desmentidos: um "palaciano" (fonte não identificada) dizendo que não tem como provar que a fonte secreta de Nassif está errada, e somente o tempo dirá que o governo não fez acordão pra abafar nada. O outro, do ministro Tarso Genro, que teria ligado para Nassif para dizer que a fonte dele não tem razão, nem informação suficiente.
Ou seja, com o seu "post bomba" de ontem, Nassif, o jornalista, escudado no direito e na legitimidade do off, fez a mesmíssima coisa que a Veja (que ele tanto combate) faz diuturnamente. Assaca a opinião de alguém não identificado que, protegido pelo anonimato garantido, coloca em dúvida a reputação do presidente, invertendo o ônus da prova sem se dar o trabalho de mostrar um dado sequer que confirme a veracidade do que foi dito.
Pelo que, perguntaria, tal como perguntou à Veja sobre os grampos que a Abin teria feito no STF: "cadê o áudio", Luiz Nassif???
PS - o que ocorreu serviu para deixar claro que a luta obsessiva de Paulo Henrique Amorim contra o banqueiro DD o deixou lesado. Pediu - pasmem - o impeachment do presidente. Sem noção.
Ontem a blogosfera progressista (vamos dizer assim) foi assombrada pela revelação feita por Luiz Nassif, acerca do que lhe contou uma fonte não identificada, mas, segundo ele, de dentro dos acontecimentos.
A fonte, contou ele, disse que o governo (Lula e Dilma, mais especificamente) tinha acertado um acordo com a Veja e a Abril para levar adiante a operação-abafa da Operação Satiagraha, com o afastamento de quem fosse preciso e a desqualificação das informações até aqui juntadas ao inquérito. Seria a forma de entronizá-los, Lula e Dilma, no alto salão da elite, onde a impunidade reina e o dinheiro para campanhas presidencias verte como cachoeira.
Quem acompanhou os comentários viu que o público se dividiu, uns incrédulos, outros decepcionados com o governo. Uma coisa me chamou a atenção. A postura absolutamente segura do blogueiro, que avalizou 100% sua fonte e meio que "bateu no peito" pra dizer que o off se justifica neste caso, já que ele tem credibilidade para tanto.
Fui dormir com essas noções e acordei com o título deste post. Uma coisa é ter credibilidade, e acho que o Nassif ainda merece um voto de confiança. Mas também fica claro que embarcou - comprando barato - com uma credulidade atípica, numa versão absolutamente fantasiosa e interessada das movimentações que ocorrem nos intestinos (opa!) da Satiagraha vis a vis o governo.
Sabe-se que Lula tem horror à Veja, e não é pra menos. E que um acordo desses com um "parceiro" tão confiável como são a Veja e a Editora Abril não é um risco razoável nem para um débil mental- ainda mais para quem não precisa delas nem para governar bem, nem para ser bem popular.
Sabe-se que tem muito interesse grande em volta do que a Satiagraha já descobriu e do que pode descobrir nos HDs e documentos apreendidos na casa de Daniel Dantas (Gilmar Dantas, digo Mendes, que o diga). Para quem desconfia do presidente, supõe-se que ele tema o que virá. Para quem como nós do Votolula (obrigado, KK!) confia no presidente, Lula nada teme. Sabe-se, enfim, que existe uma distância enorme entre São Paulo e Brasília.
O fim da novela de ontem se deu com dois desmentidos: um "palaciano" (fonte não identificada) dizendo que não tem como provar que a fonte secreta de Nassif está errada, e somente o tempo dirá que o governo não fez acordão pra abafar nada. O outro, do ministro Tarso Genro, que teria ligado para Nassif para dizer que a fonte dele não tem razão, nem informação suficiente.
Ou seja, com o seu "post bomba" de ontem, Nassif, o jornalista, escudado no direito e na legitimidade do off, fez a mesmíssima coisa que a Veja (que ele tanto combate) faz diuturnamente. Assaca a opinião de alguém não identificado que, protegido pelo anonimato garantido, coloca em dúvida a reputação do presidente, invertendo o ônus da prova sem se dar o trabalho de mostrar um dado sequer que confirme a veracidade do que foi dito.
Pelo que, perguntaria, tal como perguntou à Veja sobre os grampos que a Abin teria feito no STF: "cadê o áudio", Luiz Nassif???
PS - o que ocorreu serviu para deixar claro que a luta obsessiva de Paulo Henrique Amorim contra o banqueiro DD o deixou lesado. Pediu - pasmem - o impeachment do presidente. Sem noção.
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quarta-feira, maio 21, 2008
Minc leva Desmatamento Zero a Lula.
Ontem [19/05] à noite o Minc se reuniu com Lula e levou um decálogo de propostas que considera fundamentais para fazer uma boa gestão no Ministério do Meio Ambiente. Estavam entre elas a criação de uma Guarda Nacional Ambiental, com civis e militares; aumento da verba do ministério e a manutenção da resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que exige que o governo não conceda crédito a fazendeiros envolvidos em crimes ambientais. Parece que obteve apoio do presidente para todas elas, e também da ministra Dilma Roussef - tida como madastra da política ambiental por muitos.
Meu vereador mandou bem (sempre votei no Minc quando morava no Rio). Mas o gol de placa foi levar à reunião em Brasília a proposta do Pacto pela Valorização da Floresta e pelo Fim do Desmatamento na Amazônia, ou simplesmente Desmatamento Zero, que foi lançado em outubro passado por nove ONGs - Greenpeace, Instituto Socioambiental, Instituto Centro de Vida, The Nature Conservancy, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Conservação Internacional, Amigos da Terra e WWF.
A Marina era fã desse pacto e Minc parece que também é. Basicamente o projeto prevê o fim do desmatamento até 2015 com a injeção de R$1 bilhão por ano para compensar quem reduzir efetivamente a derrubada da floresta na região, além de pagar serviços ambientais. O dinheiro viria do governo brasileiro e também de outros países, instituições e fundos interessados em manter a Amazônia em pé.
O timing de aceitação do projeto não poderia ser melhor, justamente no momento em que começam a pipocar na imprensa internacional matérias discutindo uma possível internacionalização da Amazônia - a última delas veio do New York Times. Recentemente a BBC também produziu um bom material sobre o tema, bem como os jornais The Guardian e The Independent.
Lula já deu a senha - e Minc e boa parte do movimento ambientalista atuante no Brasil também: a Amazônia é patrimônio da humanidade, mas sob gerência brasileira. Quer ajudar? Financie projetos do Desmatamento Zero no Brasil. A floresta agradece!
O Greenpeace fez uma proposta ainda mais ampla hoje na reunião da Convenção da ONU sobre Biodiversidade, que tá rolando na Alemanha, englobando todas as florestas tropicais do planeta. É um fundo internacional para o qual as nações mais ricas do mundo - e que mais poluíram até hoje - serão chamadas a contribuir para aumentar a governança em países e regiões em desenvolvimento com grandes áreas de florestas, como Brasil, Indonésia e países africanos. Os recursos podem chegar a 14 bilhões de euros por ano.
Parece muito dinheiro, mas não é se levarmos em conta que o desmatamento das florestas tropicais é responsável por aproximadamente 20% das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera – mais do que as emissões de todos os aviões, trens e carros do mundo inteiro. O Brasil é o quarto maior emissor mundial de gases estufa, graças às queimadas promovidas na Amazônia.
E por falar em floresta, o Greenpeace está lançando a campanha Meia Amazônia Não!, para tentar barrar o projeto de lei 6424/2005, do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). O projeto não foi apelidado de Floresta Zero à toa. Se for aprovado, vai diminuir a reserva legal em propriedades privadas na Amazônia de 80% para 50% e promover o plantio dos chamados cultivos energéticos (dendê, eucalipto, babaçu, cana-de-açúcar e afins) na região, além de permitir que áreas desmatadas num bioma sejam compensadas em outras - ou seja, na prática poderá deixar regiões inteiras no país sem mata.
Se você leu este post e tem alguma forma de ajudar a divulgar essa campanha - seja por email, msn, orkut, lista de discussão, blog, facebook, o que for -, peço sua ajuda. A meta é atingir 100 assinaturas para mostrar ao Congresso e ao governo que estamos de olho e não queremos mais destruição na Amazônia.
Visite a página, é bem legal. Ao entrar, vc ganha uma folha e nela outras se agregam cada vez que vc convida alguém. Cada folha agregada começa marrom e vai mudando de cor conforme a participação dessa pessoa - se ela assinar o manifesto, fica amarela. Se além disso convidar outra pessoa para participar, fica verde também.
O projeto Floresta Zero está na bica de ser votado - e mesmo aprovado, já que a pressão da bancada ruralista e de governadores como Blairo Maggi (MT) e Ivo Cassol (RO) tem sido gigante. Os mesmos que vibraram com a demissão de Marina Silva não param de esfregar as mãos com essa possibilidade.
Ou ajudamos a zerar o desmatamento ou eles zeram com a floresta - e sem uma ponta de arrependimento.
(Fonte: Rede Ecoblogs)
Quando a ministra Marina saiu, eu recebi um bocado de comentários apontando o dedo tipo "arrá, tá vendo, seu presidente é antiecológico!", numa demonstração absurda de ignorância. Sim, por que das duas uma: ou a pessoa só consegue ver duas alternativas numa situação, ou ela está dando uma clara confissão de torcida contra, torcendo o nariz antes de saber de qualquer coisa. Eu não respondi porque, ao contrário, não costumo falar do que não sei e realmente não estava por dentro do assunto. Acompanhei as notícias, mostrando que a saída da Marina foi tranqüila, ela elogiando Lula e vice-versa, ela apoiando o Minc, enfim, nenhuma baixaria daquelas que fazem a festa do PIG.
É claro que eu também era super fã da Marina e não gostei de ela ter saído, mas quando vi este post eu fiquei muito feliz de ver confirmada uma esperança que eu alimentava: de que é possível mudar e renovar sem necessariamente destruir o trabalho anterior que vinha sendo feito, de que uma saída como a dela não significa necessariamente o fim de uma era. Como um jogador que deu o sangue durante 70 minutos de jogo, mas passa o lugar em campo para um outro, com outros talentos, descansado, mas do mesmo time, buscando o mesmo gol.
Por isso, este blog segue apoiando o Lula e torcendo a favor do Minc, que afinal joga no nosso time. Como sempre, críticas são válidas, desde que fundamentadas e não baseadas em achismos.
Em tempo, eu já assinei o manifesto Meia Amazônia Não!, e você?
Meu vereador mandou bem (sempre votei no Minc quando morava no Rio). Mas o gol de placa foi levar à reunião em Brasília a proposta do Pacto pela Valorização da Floresta e pelo Fim do Desmatamento na Amazônia, ou simplesmente Desmatamento Zero, que foi lançado em outubro passado por nove ONGs - Greenpeace, Instituto Socioambiental, Instituto Centro de Vida, The Nature Conservancy, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Conservação Internacional, Amigos da Terra e WWF.
A Marina era fã desse pacto e Minc parece que também é. Basicamente o projeto prevê o fim do desmatamento até 2015 com a injeção de R$1 bilhão por ano para compensar quem reduzir efetivamente a derrubada da floresta na região, além de pagar serviços ambientais. O dinheiro viria do governo brasileiro e também de outros países, instituições e fundos interessados em manter a Amazônia em pé.
O timing de aceitação do projeto não poderia ser melhor, justamente no momento em que começam a pipocar na imprensa internacional matérias discutindo uma possível internacionalização da Amazônia - a última delas veio do New York Times. Recentemente a BBC também produziu um bom material sobre o tema, bem como os jornais The Guardian e The Independent.
Lula já deu a senha - e Minc e boa parte do movimento ambientalista atuante no Brasil também: a Amazônia é patrimônio da humanidade, mas sob gerência brasileira. Quer ajudar? Financie projetos do Desmatamento Zero no Brasil. A floresta agradece!
O Greenpeace fez uma proposta ainda mais ampla hoje na reunião da Convenção da ONU sobre Biodiversidade, que tá rolando na Alemanha, englobando todas as florestas tropicais do planeta. É um fundo internacional para o qual as nações mais ricas do mundo - e que mais poluíram até hoje - serão chamadas a contribuir para aumentar a governança em países e regiões em desenvolvimento com grandes áreas de florestas, como Brasil, Indonésia e países africanos. Os recursos podem chegar a 14 bilhões de euros por ano.
Parece muito dinheiro, mas não é se levarmos em conta que o desmatamento das florestas tropicais é responsável por aproximadamente 20% das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera – mais do que as emissões de todos os aviões, trens e carros do mundo inteiro. O Brasil é o quarto maior emissor mundial de gases estufa, graças às queimadas promovidas na Amazônia.
E por falar em floresta, o Greenpeace está lançando a campanha Meia Amazônia Não!, para tentar barrar o projeto de lei 6424/2005, do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). O projeto não foi apelidado de Floresta Zero à toa. Se for aprovado, vai diminuir a reserva legal em propriedades privadas na Amazônia de 80% para 50% e promover o plantio dos chamados cultivos energéticos (dendê, eucalipto, babaçu, cana-de-açúcar e afins) na região, além de permitir que áreas desmatadas num bioma sejam compensadas em outras - ou seja, na prática poderá deixar regiões inteiras no país sem mata.
Se você leu este post e tem alguma forma de ajudar a divulgar essa campanha - seja por email, msn, orkut, lista de discussão, blog, facebook, o que for -, peço sua ajuda. A meta é atingir 100 assinaturas para mostrar ao Congresso e ao governo que estamos de olho e não queremos mais destruição na Amazônia.
Visite a página, é bem legal. Ao entrar, vc ganha uma folha e nela outras se agregam cada vez que vc convida alguém. Cada folha agregada começa marrom e vai mudando de cor conforme a participação dessa pessoa - se ela assinar o manifesto, fica amarela. Se além disso convidar outra pessoa para participar, fica verde também.
O projeto Floresta Zero está na bica de ser votado - e mesmo aprovado, já que a pressão da bancada ruralista e de governadores como Blairo Maggi (MT) e Ivo Cassol (RO) tem sido gigante. Os mesmos que vibraram com a demissão de Marina Silva não param de esfregar as mãos com essa possibilidade.
Ou ajudamos a zerar o desmatamento ou eles zeram com a floresta - e sem uma ponta de arrependimento.
(Fonte: Rede Ecoblogs)
Quando a ministra Marina saiu, eu recebi um bocado de comentários apontando o dedo tipo "arrá, tá vendo, seu presidente é antiecológico!", numa demonstração absurda de ignorância. Sim, por que das duas uma: ou a pessoa só consegue ver duas alternativas numa situação, ou ela está dando uma clara confissão de torcida contra, torcendo o nariz antes de saber de qualquer coisa. Eu não respondi porque, ao contrário, não costumo falar do que não sei e realmente não estava por dentro do assunto. Acompanhei as notícias, mostrando que a saída da Marina foi tranqüila, ela elogiando Lula e vice-versa, ela apoiando o Minc, enfim, nenhuma baixaria daquelas que fazem a festa do PIG.
É claro que eu também era super fã da Marina e não gostei de ela ter saído, mas quando vi este post eu fiquei muito feliz de ver confirmada uma esperança que eu alimentava: de que é possível mudar e renovar sem necessariamente destruir o trabalho anterior que vinha sendo feito, de que uma saída como a dela não significa necessariamente o fim de uma era. Como um jogador que deu o sangue durante 70 minutos de jogo, mas passa o lugar em campo para um outro, com outros talentos, descansado, mas do mesmo time, buscando o mesmo gol.
Por isso, este blog segue apoiando o Lula e torcendo a favor do Minc, que afinal joga no nosso time. Como sempre, críticas são válidas, desde que fundamentadas e não baseadas em achismos.
Em tempo, eu já assinei o manifesto Meia Amazônia Não!, e você?
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segunda-feira, abril 28, 2008
E o homem não pára de subir!
População aprova 3º mandato e Dilma cresce em todos os cenários
(do blog do Rovai)
Os leitores deste blogue sabem que sou contra a alteração da Constituição para que o presidente Lula possa disputar um terceiro mandato.[*] Mas apesar de dividido, o país já começa a dar sinais de que gostaria de ver Lula na cédula em 2010. Este blogueiro não faz parte dessa maioria. Mas registra-a, até porque se fosse com FHC a mídia já diria que democracia é isso, respeitar a vontade da maioria. Eu acho que democracia é também respeitar as regras do jogo.
Além do aumento da popularidade de Lula e do seu governo, a última pesquisa CNT-Sensus começa a mostrar que a candidatura Dilma pode vir a se firmar neste ano. Leiam com atenção e vejam algumas contas que fiz especialmente para que possa comparar melhor os cenários de fevereiro e o atual. Dilma cresceu em todos os levantamentos onde é citada como candidata. Seus adversários caíram. Num eventual segundo turno com Serra, ela diminuiu a vantagem para o governador em quase 10 pontos desde fevereiro.
Avaliação do Governo
A avaliação positiva do Governo Luís Inácio Lula da Silva situa-se em 57,5%, e a avaliação negativa em 11,3%. Ou seja, o que não é positivo nem negativo é regular. E o que é regular não é negativo como alguns podem querer mostrar nas notícias que estão sendo divulgadas. Se o regular fosse dividido ao meio, a aprovação a Lula seria de aproximadamente 75%.
Em fevereiro de 2008, a avaliação positiva do Governo Lula situava-se em 52,7% e a avaliação negativa em 13,7%. Ou seja, houve um aumento de aproximadamente 10% na aprovação desde fevereiro e uma queda de uns 15% na reprovação.
A aprovação do desempenho pessoal do presidente Lula situa-se em 69,3% e a desaprovação em 26,1%. Em fevereiro de 2008, a aprovação do desempenho pessoal de Lula situava-se em 66,8% e a desaprovação em 28,6%.
Eleições 2010 – 1º TURNO
A Pesquisa CNT/Sensus pesquisou a tendência do eleitorado brasileiro para a eleição presidencial de 2010, em primeiro turno, tanto em votação espontânea, quanto estimulada.
Em votação espontânea foram obtidos os seguintes dados: Lula, 29,4%; José Serra, 5,0%; Aécio Neves, 2,9%; Geraldo Alckmin, 2,4%; Heloísa Helena, 1,7%; Ciro Gomes 1,5%; 54,1% declararam não ter candidato.
Em listas estimuladas, os resultados foram os seguintes:
Primeira lista: José Serra, 36,4%; Ciro Gomes, 16,9%; Heloísa Helena, 11,7%; Dilma Rousseff, 6,2; 29,0% declaram não ter candidato. Os números de fevereiro de 2008 eram 38,2%, 18,5%, 12,8%, 4,5% e 26,1% respectivamente. Nesta lista, a única candidatura que cresceu na pesquisa estimulada foi a de Dilma Roussef.
Segunda lista: Ciro Gomes, 23,5%; Heloísa Helena, 17,5%; Aécio Neves, 16,4%; Dilma Rousseff, 7,0%; 35,7% declararam não ter candidato. Os números em fevereiro de 2008 eram 25,8%, 19,1%, 16,6%, 5,4% e 33,3% respectivamente. Repete-se o fenômeno, a única candidatura que cresceu foi a de Dilma Roussef.
Terceira lista: José Serra, 34,2%; Ciro Gomes, 17,8%; Heloísa Helena, 14,1%; Patrus Ananias, 3,8%; 30,2% declaram não ter candidato. Os números em fevereiro de 2008 eram 37,5%, 19,6%, 13,9%, 3,4% e 25,8% respectivamente. O único candidato a crescer foi Patrus Ananias.
Quarta lista: Ciro Gomes, 23,2%; Geraldo Alckmin, 17,2%; Heloísa Helena, 16,3%; Dilma Rousseff, 7,6%; 35,9% declaram não ter candidato.
Eleições 2010 – 2º TURNO
A CNT-Sensus perguntou sobre a tendência do eleitorado para um eventual segundo turno nas eleições presidenciais de 2010.
Na primeira opção: José Serra, 53,2%; Dilma Rousseff, 13,6%; com 33,3% declarando não ter candidato. Os números em fevereiro de 2008 eram 57,9%, 9,2% e 33,0%, respectivamente. A diferença entre Serra e Dilma, ainda imensa no segundo turno, diminuiu 9,1% desde fevereiro.
Na segunda opção: Aécio Neves, 32,1%; Dilma Rousseff, 18,3%; com 49,6% sem candidato. Os números em fevereiro de 2008 eram 36,9%, 14,5% e 48,7%, respectivamente. A diferença entre Aécio e Dilma diminuiu 7,7%.
Reeleição
Sobre uma eventual alteração na Constituição para permitir uma nova candidatura do presidente Lula já em 2010, 50,4% afirmam ser a favor e 45,4%, contra.
Diante de uma eventual possibilidade de reeleição para terceiro mandato, 51,1% votariam em Lula, 35,7% votariam em José Serra e 13,3% se declararam sem candidato.
___
[*] só para que fique claro, apesar de que eu não acharia ruim ver Lula Presidente de novo, também sou pessoalmente contra a alteração da Constituição, pelo mesmo motivo do Rovai: não concordo em mudar as regras com o jogo em andamento.
(do blog do Rovai)
Os leitores deste blogue sabem que sou contra a alteração da Constituição para que o presidente Lula possa disputar um terceiro mandato.[*] Mas apesar de dividido, o país já começa a dar sinais de que gostaria de ver Lula na cédula em 2010. Este blogueiro não faz parte dessa maioria. Mas registra-a, até porque se fosse com FHC a mídia já diria que democracia é isso, respeitar a vontade da maioria. Eu acho que democracia é também respeitar as regras do jogo.
Além do aumento da popularidade de Lula e do seu governo, a última pesquisa CNT-Sensus começa a mostrar que a candidatura Dilma pode vir a se firmar neste ano. Leiam com atenção e vejam algumas contas que fiz especialmente para que possa comparar melhor os cenários de fevereiro e o atual. Dilma cresceu em todos os levantamentos onde é citada como candidata. Seus adversários caíram. Num eventual segundo turno com Serra, ela diminuiu a vantagem para o governador em quase 10 pontos desde fevereiro.
Avaliação do Governo
A avaliação positiva do Governo Luís Inácio Lula da Silva situa-se em 57,5%, e a avaliação negativa em 11,3%. Ou seja, o que não é positivo nem negativo é regular. E o que é regular não é negativo como alguns podem querer mostrar nas notícias que estão sendo divulgadas. Se o regular fosse dividido ao meio, a aprovação a Lula seria de aproximadamente 75%.
Em fevereiro de 2008, a avaliação positiva do Governo Lula situava-se em 52,7% e a avaliação negativa em 13,7%. Ou seja, houve um aumento de aproximadamente 10% na aprovação desde fevereiro e uma queda de uns 15% na reprovação.
A aprovação do desempenho pessoal do presidente Lula situa-se em 69,3% e a desaprovação em 26,1%. Em fevereiro de 2008, a aprovação do desempenho pessoal de Lula situava-se em 66,8% e a desaprovação em 28,6%.
Eleições 2010 – 1º TURNO
A Pesquisa CNT/Sensus pesquisou a tendência do eleitorado brasileiro para a eleição presidencial de 2010, em primeiro turno, tanto em votação espontânea, quanto estimulada.
Em votação espontânea foram obtidos os seguintes dados: Lula, 29,4%; José Serra, 5,0%; Aécio Neves, 2,9%; Geraldo Alckmin, 2,4%; Heloísa Helena, 1,7%; Ciro Gomes 1,5%; 54,1% declararam não ter candidato.
Em listas estimuladas, os resultados foram os seguintes:
Primeira lista: José Serra, 36,4%; Ciro Gomes, 16,9%; Heloísa Helena, 11,7%; Dilma Rousseff, 6,2; 29,0% declaram não ter candidato. Os números de fevereiro de 2008 eram 38,2%, 18,5%, 12,8%, 4,5% e 26,1% respectivamente. Nesta lista, a única candidatura que cresceu na pesquisa estimulada foi a de Dilma Roussef.
Segunda lista: Ciro Gomes, 23,5%; Heloísa Helena, 17,5%; Aécio Neves, 16,4%; Dilma Rousseff, 7,0%; 35,7% declararam não ter candidato. Os números em fevereiro de 2008 eram 25,8%, 19,1%, 16,6%, 5,4% e 33,3% respectivamente. Repete-se o fenômeno, a única candidatura que cresceu foi a de Dilma Roussef.
Terceira lista: José Serra, 34,2%; Ciro Gomes, 17,8%; Heloísa Helena, 14,1%; Patrus Ananias, 3,8%; 30,2% declaram não ter candidato. Os números em fevereiro de 2008 eram 37,5%, 19,6%, 13,9%, 3,4% e 25,8% respectivamente. O único candidato a crescer foi Patrus Ananias.
Quarta lista: Ciro Gomes, 23,2%; Geraldo Alckmin, 17,2%; Heloísa Helena, 16,3%; Dilma Rousseff, 7,6%; 35,9% declaram não ter candidato.
Eleições 2010 – 2º TURNO
A CNT-Sensus perguntou sobre a tendência do eleitorado para um eventual segundo turno nas eleições presidenciais de 2010.
Na primeira opção: José Serra, 53,2%; Dilma Rousseff, 13,6%; com 33,3% declarando não ter candidato. Os números em fevereiro de 2008 eram 57,9%, 9,2% e 33,0%, respectivamente. A diferença entre Serra e Dilma, ainda imensa no segundo turno, diminuiu 9,1% desde fevereiro.
Na segunda opção: Aécio Neves, 32,1%; Dilma Rousseff, 18,3%; com 49,6% sem candidato. Os números em fevereiro de 2008 eram 36,9%, 14,5% e 48,7%, respectivamente. A diferença entre Aécio e Dilma diminuiu 7,7%.
Reeleição
Sobre uma eventual alteração na Constituição para permitir uma nova candidatura do presidente Lula já em 2010, 50,4% afirmam ser a favor e 45,4%, contra.
Diante de uma eventual possibilidade de reeleição para terceiro mandato, 51,1% votariam em Lula, 35,7% votariam em José Serra e 13,3% se declararam sem candidato.
___
[*] só para que fique claro, apesar de que eu não acharia ruim ver Lula Presidente de novo, também sou pessoalmente contra a alteração da Constituição, pelo mesmo motivo do Rovai: não concordo em mudar as regras com o jogo em andamento.
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quinta-feira, abril 03, 2008
Na íntegra, o dossiê contra o casal FHC
(do blog do Noblat)
A VEJA revelou há duas semanas a existência de um dossiê montado pelo governo sobre despesas sigilosas do casal Fernando Henrique e Ruth Cardoso na época em que ele morava no Palácio da Alvorada.
Na semana passada, a Folha de S. Paulo publicou que o dossiê foi produzido por auxiliares da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil.
Tanto a VEJA quanto a Folha citaram algumas informações reunidas no dossiê. Mas nenhum veículo até hoje o publicou na íntegra - sequer parcialmente.
É o que faz agora este blog. Clicando no pé desta nota, você poderá conhecer na íntegra o dossiê que circulou no Congresso e que foi vazado pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Limitei-me a escanear o dossiê. E a inserir o logotipo deste blog entre cada uma de suas páginas.
O dossiê lista 35 despesas feitas pela ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Elas ultrapassam por pouco a casa dos R$ 53 mil.
Por sinal, dona Ruth é o nome mais ilustre citado nas 13 páginas de planilhas com gastos dos anos de 1998, 1999 e 2001. Não aparecem gastos referentes a 2000 e 2002.
Com exceção de um porta-retrato no valor de 100 dólares dado de presente a um oficial colombiano, as demais despesas de dona Ruth têm a ver com o aluguel de carros.
Como adiantou, ontem, o blog, existe uma parte do dossiê que permanece inédita.
Segue, aqui, a íntegra do dossiê que tem causado tanto barulho dentro e fora do Congresso. Duas das 13 páginas foram reunidas em uma só.
Você poderá abrir o arquivo só para ler ou baixá-lo se preferir. Aumente o tamanho das letras para ler melhor.
Leia mais:
Foi a oposição que divulgou dossiê do governo contra FHC
Álvaro Dias se recusa a entregar sua fonte
Álvaro Dias: Quem deve estar chateado é Lula
Notícia é para ser publicada. E ponto
A VEJA revelou há duas semanas a existência de um dossiê montado pelo governo sobre despesas sigilosas do casal Fernando Henrique e Ruth Cardoso na época em que ele morava no Palácio da Alvorada.
Na semana passada, a Folha de S. Paulo publicou que o dossiê foi produzido por auxiliares da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil.
Tanto a VEJA quanto a Folha citaram algumas informações reunidas no dossiê. Mas nenhum veículo até hoje o publicou na íntegra - sequer parcialmente.
É o que faz agora este blog. Clicando no pé desta nota, você poderá conhecer na íntegra o dossiê que circulou no Congresso e que foi vazado pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Limitei-me a escanear o dossiê. E a inserir o logotipo deste blog entre cada uma de suas páginas.
O dossiê lista 35 despesas feitas pela ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Elas ultrapassam por pouco a casa dos R$ 53 mil.
Por sinal, dona Ruth é o nome mais ilustre citado nas 13 páginas de planilhas com gastos dos anos de 1998, 1999 e 2001. Não aparecem gastos referentes a 2000 e 2002.
Com exceção de um porta-retrato no valor de 100 dólares dado de presente a um oficial colombiano, as demais despesas de dona Ruth têm a ver com o aluguel de carros.
Como adiantou, ontem, o blog, existe uma parte do dossiê que permanece inédita.
Segue, aqui, a íntegra do dossiê que tem causado tanto barulho dentro e fora do Congresso. Duas das 13 páginas foram reunidas em uma só.
Você poderá abrir o arquivo só para ler ou baixá-lo se preferir. Aumente o tamanho das letras para ler melhor.
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Foi a oposição que divulgou dossiê do governo contra FHC
Álvaro Dias se recusa a entregar sua fonte
Álvaro Dias: Quem deve estar chateado é Lula
Notícia é para ser publicada. E ponto
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sexta-feira, março 28, 2008
Top, top, top, ó PIG!
Avaliação positiva do governo Lula atinge maior nível desde 2003, diz CNI/Ibope
(da Folha Online)
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva registrou avaliação positiva de 58% em março deste ano, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira. O índice é o mais alto desde março de 2003, primeiro ano de Lula na Presidência da República. Somente 11% dos entrevistados avaliaram o governo federal como ruim ou péssimo, enquanto 30% consideraram a condução do governo como "regular".
Em dezembro de 2007, na última edição da pesquisa CNI/Ibope, a avaliação do governo foi de 51%. Em março de 2003, o índice de aprovação ao governo federal também foi de 51% – o que foi considerado pela CNI/Ibope como um crescimento considerável para a avaliação do governo federal.
Já a aprovação ao presidente Lula também cresceu em março deste ano. No total, 73% dos entrevistados aprovam a maneira do presidente governar o país. O índice também foi o segundo melhor registrado pela pesquisa.
Somente em março de 2003, a avaliação pessoal do presidente obteve índice maior, de 75%. Em março do ano passado, a avaliação de Lula foi aprovada por 55% dos entrevistados.
Confiança
No mesmo índice de crescimento, a confiança no presidente registrou índice de 68%, enquanto apenas 28% dos entrevistados afirmaram que não confiam em Lula.
Em dezembro do ano passado, o índice de confiança no presidente foi de 60%. Já em abril de 2006, o índice registrou 62%.
Segundo a CNI/Ibope, o movimento expressivo das avaliações positivas também repercutiu na expectativa em relação ao segundo mandato de Lula. Dos entrevistados, 42% afirmaram que o atual mandato de Lula está sendo melhor que primeiro. O percentual dos que consideram o segundo mandato pior que o primeiro caiu de 21% em dezembro para 16%.
A pesquisa ouviu 2.002 pessoas entre os dias 19 e 23 de março, em 141 municípios. A margem de erro é dois pontos percentuais para mais ou para menos.
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quinta-feira, fevereiro 28, 2008
Todos juntos somos fortes!
Recebi por e-mail a proposta deste blog e declaro meu apoio total! Em solidariedade ao jornalista Luis Nassif, que tão bravamente tem denunciado inúmeros podres da revista Veja, a idéia é que todo blog inclua o link para http://luis.nassif.googlepages.com/home sempre que escrever em seu blog a palavra "Veja". Quanto mais gente fizer isso – assim, exatamente do mesmo jeito –, maior a probabilidade da denúncia do Nassif subir cada vez mais posições na lista das buscas por Veja no Google e nos demais mecanismos de busca. É a união dos pequenos revertendo a vantagem da popularidade do inimigo! Genial!
Política vai parar de ganhar com a miséria
Nos primeiros dois anos de governo, os efeitos do Bolsa Família passaram batido. Em parte, por conta de uma reconhecida incapacidade do primeiro governo Lula de divulgar seus feitos. Mas, além disso, pela tendência dos brasileiros "de bem" de subestimarem a extensão da miséria brasileira. E o Brasil é tão pobre e tão desigual que um simples programa de transferência de renda teve enorme impacto sobre a vida das famílias pobres. O país que lê e tem emprego só entendeu a extensão dos resultados do Bolsa Família quando as pesquisas eleitorais, no auge do escândalo do mensalão, passaram a dar a dianteira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre qualquer candidato oposicionista, apesar de ter sido mantido durante longo período sob o fogo cerrado da oposição.
Lula teve uma retumbante vitória, em 2006, nos bolsões de pobreza e nos Estados mais pobres da Federação - os mais beneficiados pelo programa de transferência de renda. Mas os efeitos políticos do Bolsa Família devem transcender uma eleição (a de 2006) e um presidente (Lula). As eleições de 2006 desarrumaram o arranjo tradicional, onde os chefes políticos locais levam o rebanho até o candidato apoiado pelo chefe estadual e este, por sua vez, negocia favores da política nacional. Esse desarranjo foi favorecido não apenas pelo Bolsa Família, mas também pela universalização do uso da urna eletrônica, guardiã do segredo do voto. Como o chefe político local não era o dono do benefício concedido ao pobre - que vinha na forma de um cadastramento feito pela prefeitura, mas que depois se tornava uma relação entre o beneficiado e o banco onde ele recebe o dinheiro - não era também aquele a quem se deveria retribuir com o voto. Aconteceu de forma bastante ampla, em 2006, uma inversão do que ocorria tradicionalmente: em vez do chefe local dizer em quem o eleitor teria que votar - e já não teria total controle sobre esse voto, que é eletrônico -, foi o chefe quem correu atrás do candidato do cidadão pobre. Lula conseguiu apoios nada desprezíveis de prefeitos de todos os partidos. E certamente não foi porque os prefeitos tinham se tornado petistas. Eles simplesmente adiaram um confronto com seus eleitores - reconciliaram-se com eles por meio de uma adesão pontual ao candidato à reeleição para a Presidência.
O efeito Bolsa Família, que foi tão desprezado até o início do processo eleitoral de 2006, é hoje um risco para os políticos tradicionais. A oposição não pode falar contra o programa de transferência de renda - isso é evidentemente impopular -, mas cristalizou uma clara aversão a programas sociais mais amplos, em especial os saídos da lavra deste governo. Não é de se estranhar a reação pronta do ex-PFL, hoje DEM, que promete sustar o programa Territórios da Cidadania na Justiça, por ter sido lançado em ano eleitoral - o que o tornaria ilegal.
O programa anunciado por Lula pode até surtir efeitos eleitorais, mas a sua única novidade - e boa novidade, aliás - é a ação integrada de programas já existentes, em bolsões de pobreza localizados na área rural. O que o governo anunciou, na verdade, foi um conceito de gerência de programas sociais que já se antevia no Bolsa Família, que agregou na sua origem vários programas dispersos, e nas ações do Ministério do Desenvolvimento Social, que articula ações de vários ministérios.
Territórios da Cidadania são conceito gerencial
No caso do Territórios da Cidadania, a coordenação é do Ministério do Desenvolvimento Agrário, mas até o Ministério da Cultura está envolvido. E tem uma lógica que não é simplesmente eleitoral: é voltado para as populações agrárias porque elas são as que vivem nas regiões de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixos do país; atende localidades mais beneficiadas pelo Bolsa Família porque esse é um indicador de miséria; atendem a um planejamento local, feito por colegiados, onde estão representados também prefeitos e representantes dos governos estaduais, além das comunidades. Teoricamente, o fato de abrigar nos colegiados os prefeitos, independente do partido a que pertençam, despem o programa de caráter eleitoral. Mas, na prática, esses colegiados tiram do prefeito, ou dos deputados que são eleitos por essa população, a "autoria" do benefício à comunidade. Os colegiados são a antiemenda parlamentar. Do outro lado, podem diluir a responsabilidade do governo federal sobre os programas, já que todas as unidades da federação estão lá representadas. O jogo está zerado, portanto. O que definirá o voto desses eleitores é como os políticos se adeqüam a uma realidade onde gradativamente são trazidos ao mercado de consumo um grande número de brasileiros, que a partir de então passam a ter novas exigências que não a sobrevivência imediata.
Há um enorme ganho, inclusive fiscal, nesse conceito gerencial. Atender uma região com o Pronaf sem que a agricultura familiar tenha assistência técnica, ou infraestrutura para escoamento da produção, ou mesmo educação para trazer a economia de subsistência para o capitalismo, é jogar o Pronaf fora. Dar Bolsa Família sem viabilizar à agricultura familiar uma atividade produtiva é eternizar o Bolsa Família. Incentivar o beneficiamento da produção em cooperativa sem que a região tenha luz elétrica é jogar produção no lixo. Miríade de programas sociais que não se integram jogam dinheiro público fora e não alteram em nada a vida da população.
Fora alguns conselhos que já se reuniram para debater a prioridade de seus Territórios de Cidadania, ele ainda é uma intenção. Se o governo Lula tiver capacidade para implantar esse modelo gerencial de programas sociais, será um ganho para o país. Isso é com o Executivo. Quanto aos políticos, o que eles devem fazer, se a intenção declarada do governo tornar-se de fato um programa bem-sucedido, é repensar a forma de arregimentar eleitores. Ações que desintermediam o voto podem até beneficiar um primeiro governo, aquele que o implantou (e esse efeito pode ter ocorrido já no passado, na reeleição de Lula), mas depois passam a ser neutras politicamente. Daí, ganha votos quem fizer a melhor política.
(Maria Inês Nassif, editora de Opinião do Valor Econômico - quinta-feira, 28/02/2008)
Lula teve uma retumbante vitória, em 2006, nos bolsões de pobreza e nos Estados mais pobres da Federação - os mais beneficiados pelo programa de transferência de renda. Mas os efeitos políticos do Bolsa Família devem transcender uma eleição (a de 2006) e um presidente (Lula). As eleições de 2006 desarrumaram o arranjo tradicional, onde os chefes políticos locais levam o rebanho até o candidato apoiado pelo chefe estadual e este, por sua vez, negocia favores da política nacional. Esse desarranjo foi favorecido não apenas pelo Bolsa Família, mas também pela universalização do uso da urna eletrônica, guardiã do segredo do voto. Como o chefe político local não era o dono do benefício concedido ao pobre - que vinha na forma de um cadastramento feito pela prefeitura, mas que depois se tornava uma relação entre o beneficiado e o banco onde ele recebe o dinheiro - não era também aquele a quem se deveria retribuir com o voto. Aconteceu de forma bastante ampla, em 2006, uma inversão do que ocorria tradicionalmente: em vez do chefe local dizer em quem o eleitor teria que votar - e já não teria total controle sobre esse voto, que é eletrônico -, foi o chefe quem correu atrás do candidato do cidadão pobre. Lula conseguiu apoios nada desprezíveis de prefeitos de todos os partidos. E certamente não foi porque os prefeitos tinham se tornado petistas. Eles simplesmente adiaram um confronto com seus eleitores - reconciliaram-se com eles por meio de uma adesão pontual ao candidato à reeleição para a Presidência.
O efeito Bolsa Família, que foi tão desprezado até o início do processo eleitoral de 2006, é hoje um risco para os políticos tradicionais. A oposição não pode falar contra o programa de transferência de renda - isso é evidentemente impopular -, mas cristalizou uma clara aversão a programas sociais mais amplos, em especial os saídos da lavra deste governo. Não é de se estranhar a reação pronta do ex-PFL, hoje DEM, que promete sustar o programa Territórios da Cidadania na Justiça, por ter sido lançado em ano eleitoral - o que o tornaria ilegal.
O programa anunciado por Lula pode até surtir efeitos eleitorais, mas a sua única novidade - e boa novidade, aliás - é a ação integrada de programas já existentes, em bolsões de pobreza localizados na área rural. O que o governo anunciou, na verdade, foi um conceito de gerência de programas sociais que já se antevia no Bolsa Família, que agregou na sua origem vários programas dispersos, e nas ações do Ministério do Desenvolvimento Social, que articula ações de vários ministérios.
Territórios da Cidadania são conceito gerencial
No caso do Territórios da Cidadania, a coordenação é do Ministério do Desenvolvimento Agrário, mas até o Ministério da Cultura está envolvido. E tem uma lógica que não é simplesmente eleitoral: é voltado para as populações agrárias porque elas são as que vivem nas regiões de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixos do país; atende localidades mais beneficiadas pelo Bolsa Família porque esse é um indicador de miséria; atendem a um planejamento local, feito por colegiados, onde estão representados também prefeitos e representantes dos governos estaduais, além das comunidades. Teoricamente, o fato de abrigar nos colegiados os prefeitos, independente do partido a que pertençam, despem o programa de caráter eleitoral. Mas, na prática, esses colegiados tiram do prefeito, ou dos deputados que são eleitos por essa população, a "autoria" do benefício à comunidade. Os colegiados são a antiemenda parlamentar. Do outro lado, podem diluir a responsabilidade do governo federal sobre os programas, já que todas as unidades da federação estão lá representadas. O jogo está zerado, portanto. O que definirá o voto desses eleitores é como os políticos se adeqüam a uma realidade onde gradativamente são trazidos ao mercado de consumo um grande número de brasileiros, que a partir de então passam a ter novas exigências que não a sobrevivência imediata.
Há um enorme ganho, inclusive fiscal, nesse conceito gerencial. Atender uma região com o Pronaf sem que a agricultura familiar tenha assistência técnica, ou infraestrutura para escoamento da produção, ou mesmo educação para trazer a economia de subsistência para o capitalismo, é jogar o Pronaf fora. Dar Bolsa Família sem viabilizar à agricultura familiar uma atividade produtiva é eternizar o Bolsa Família. Incentivar o beneficiamento da produção em cooperativa sem que a região tenha luz elétrica é jogar produção no lixo. Miríade de programas sociais que não se integram jogam dinheiro público fora e não alteram em nada a vida da população.
Fora alguns conselhos que já se reuniram para debater a prioridade de seus Territórios de Cidadania, ele ainda é uma intenção. Se o governo Lula tiver capacidade para implantar esse modelo gerencial de programas sociais, será um ganho para o país. Isso é com o Executivo. Quanto aos políticos, o que eles devem fazer, se a intenção declarada do governo tornar-se de fato um programa bem-sucedido, é repensar a forma de arregimentar eleitores. Ações que desintermediam o voto podem até beneficiar um primeiro governo, aquele que o implantou (e esse efeito pode ter ocorrido já no passado, na reeleição de Lula), mas depois passam a ser neutras politicamente. Daí, ganha votos quem fizer a melhor política.
(Maria Inês Nassif, editora de Opinião do Valor Econômico - quinta-feira, 28/02/2008)
segunda-feira, fevereiro 25, 2008
Bolsa Família ajuda a diminuir desnutrição infantil em 52%
Fevereiro de 2008 vai ficar marcado na história do Programa de Saúde da Família, do Ministério da Saúde. Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), a desnutrição infantil diminuiu em 52% depois que se associou ao Bolsa Família, o programa de transferência de renda do Governo Federal coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). O Saúde da Família atingiu com sucesso a meta de atender 50% da população brasileira.
Outro exemplo do êxito do Saúde da Família, é a proporção de recém-nascidos com mães que nunca fizeram consulta de pré-natal: o número caiu de 8,54% para 2,95%. Uma das explicações para esta queda é o cumprimento das condicionalidades do Bolsa Família, que exigem, por parte do beneficiário, manter crianças e adolescentes em idade escolar freqüentando pelo menos 85 das aulas e o cumprimento de cuidados básicos em saúde. Em resumo: manutenção de um calendário de vacinação para as crianças entre 0 e 6 anos, além de agenda pré (gestantes) e pós-natal (nutrizes). Ainda no que diz respeito à desnutrição (baixo peso por idade) se constata, desde 2002, um importante decréscimo nas taxas de hospitalizações, por desnutrição, em crianças menores de um ano no Sistema Único de Saúde.
De acordo com estudo realizado pelo MDS, Fundo para Nações Unidas para Infância (Unicef) e Universidade de São Paulo (SP), divulgado em abril de 2005, a avaliação nutricional realizada com crianças com até cinco anos de idade que vivem no Semi-Árido brasileiro mostrou que a desnutrição infantil, na região, caiu de 17,9%, em 1996, para 6,6%, em 2005. O estudo constatou que 30% da redução se deve ao Bolsa Família.
O efeito do programa de transferência de renda é ainda maior na faixa de seis a 11 meses de idade, onde grande parte das crianças deixa o aleitamento materno e precisa mais de outros alimentos. As crianças beneficiárias, de seis a 11 meses de idade, se não fossem atendidas pelo Bolsa Família, teriam 62,1% a mais de risco de apresentar desnutrição crônica.
Reduzir a desnutrição significa diminuir as internações hospitalares e, consequentemente, baixar os custos na área de saúde. Este é mais um dos efeitos positivos do Bolsa Família. Os ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome comemoram os índices.
(e-mail enviado pela assessoria do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome ao site Conversa Afiada)
Outro exemplo do êxito do Saúde da Família, é a proporção de recém-nascidos com mães que nunca fizeram consulta de pré-natal: o número caiu de 8,54% para 2,95%. Uma das explicações para esta queda é o cumprimento das condicionalidades do Bolsa Família, que exigem, por parte do beneficiário, manter crianças e adolescentes em idade escolar freqüentando pelo menos 85 das aulas e o cumprimento de cuidados básicos em saúde. Em resumo: manutenção de um calendário de vacinação para as crianças entre 0 e 6 anos, além de agenda pré (gestantes) e pós-natal (nutrizes). Ainda no que diz respeito à desnutrição (baixo peso por idade) se constata, desde 2002, um importante decréscimo nas taxas de hospitalizações, por desnutrição, em crianças menores de um ano no Sistema Único de Saúde.
De acordo com estudo realizado pelo MDS, Fundo para Nações Unidas para Infância (Unicef) e Universidade de São Paulo (SP), divulgado em abril de 2005, a avaliação nutricional realizada com crianças com até cinco anos de idade que vivem no Semi-Árido brasileiro mostrou que a desnutrição infantil, na região, caiu de 17,9%, em 1996, para 6,6%, em 2005. O estudo constatou que 30% da redução se deve ao Bolsa Família.
O efeito do programa de transferência de renda é ainda maior na faixa de seis a 11 meses de idade, onde grande parte das crianças deixa o aleitamento materno e precisa mais de outros alimentos. As crianças beneficiárias, de seis a 11 meses de idade, se não fossem atendidas pelo Bolsa Família, teriam 62,1% a mais de risco de apresentar desnutrição crônica.
Reduzir a desnutrição significa diminuir as internações hospitalares e, consequentemente, baixar os custos na área de saúde. Este é mais um dos efeitos positivos do Bolsa Família. Os ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome comemoram os índices.
(e-mail enviado pela assessoria do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome ao site Conversa Afiada)
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sexta-feira, fevereiro 22, 2008
NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE PAÍS!
Brasil é credor externo pela primeira vez na história, revela BC
(Kelly Oliveira, para a Agência Brasil)
Brasília - O Brasil passou a ser credor externo, fato inédito na história do país, informou hoje (21) o Banco Central. A autoridade monetária explicou que isso só foi possível com a redução da dívida externa total líquida, quando se deduzem da dívida externa bruta os ativos do país no exterior, constituídos fundamentalmente pelas reservas internacionais. Ou seja, as reservas internacionais e outros ativos são maiores do que a dívida externa.
De acordo com o Banco Central, a estimativa para o fechamento de janeiro de 2008 (que deve ser divulgado na próxima semana), é de que o montante da dívida líquida se tornará negativo em mais de US$ 4 bilhões, uma vez que o dinheiro aplicado no exterior supera o valor da dívida externa.
"Significando que, em termos líquidos, o país passou a credor externo, fato inédito em nossa história econômica", diz o relatório Indicadores de Sustentabilidade Externa do Brasil, divulgado pelo Banco Central. Segundo o BC, o total da dívida líquida passou de US$ 165,2 bilhões, no final de 2003, para US$ 4,3 bilhões, estimativa para o fechamento de 2007.
Para o Banco Central, os resultados no setor externo da economia brasileira nos últimos anos mostram "inquestionável fortalecimento da posição externa do país", devido aos números da balança comercial (exportações menos importações), das transações correntes (engloba a balança comercial, serviços e rendas e transferências unilaterais) e do ingresso recorde de divisas no país.
"Em resumo, diante de um cenário internacional caracterizado por aumento considerável na incerteza, pela volatilidade dos mercados financeiros e desaceleração da atividade econômica, a melhoria desses indicadores tende a mitigar, embora sem anular por completo, o impacto de eventos externos adversos".
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Como o PIG não dá o braço a torcer, hoje eu ouvi no rádio que uma das razões dessa reviravolta foi... SORTE! dá pra crer? e ainda disseram que se o governo fizesse um monte de coisa diferente estaria crescendo muito mais, mais até que a china! ô, gente, se era tão simples, pq não fizeram antes?
Na capa da Folha online, não tem nem uma chamadinha pra essa notícia. mas tem sobre a BBB que desmaiou na prova do líder. Na capa do G1, nada também. Mas tem a té foto pra notícia do nascimento dos gêmeos da J-Lo. Globo on-line? Mesma coisa. Mas lá você fica sabendo que o Eike Batista quer comprar o Hotel Glória. UAU!
(Kelly Oliveira, para a Agência Brasil)
Brasília - O Brasil passou a ser credor externo, fato inédito na história do país, informou hoje (21) o Banco Central. A autoridade monetária explicou que isso só foi possível com a redução da dívida externa total líquida, quando se deduzem da dívida externa bruta os ativos do país no exterior, constituídos fundamentalmente pelas reservas internacionais. Ou seja, as reservas internacionais e outros ativos são maiores do que a dívida externa.
De acordo com o Banco Central, a estimativa para o fechamento de janeiro de 2008 (que deve ser divulgado na próxima semana), é de que o montante da dívida líquida se tornará negativo em mais de US$ 4 bilhões, uma vez que o dinheiro aplicado no exterior supera o valor da dívida externa.
"Significando que, em termos líquidos, o país passou a credor externo, fato inédito em nossa história econômica", diz o relatório Indicadores de Sustentabilidade Externa do Brasil, divulgado pelo Banco Central. Segundo o BC, o total da dívida líquida passou de US$ 165,2 bilhões, no final de 2003, para US$ 4,3 bilhões, estimativa para o fechamento de 2007.
Para o Banco Central, os resultados no setor externo da economia brasileira nos últimos anos mostram "inquestionável fortalecimento da posição externa do país", devido aos números da balança comercial (exportações menos importações), das transações correntes (engloba a balança comercial, serviços e rendas e transferências unilaterais) e do ingresso recorde de divisas no país.
"Em resumo, diante de um cenário internacional caracterizado por aumento considerável na incerteza, pela volatilidade dos mercados financeiros e desaceleração da atividade econômica, a melhoria desses indicadores tende a mitigar, embora sem anular por completo, o impacto de eventos externos adversos".
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Como o PIG não dá o braço a torcer, hoje eu ouvi no rádio que uma das razões dessa reviravolta foi... SORTE! dá pra crer? e ainda disseram que se o governo fizesse um monte de coisa diferente estaria crescendo muito mais, mais até que a china! ô, gente, se era tão simples, pq não fizeram antes?
Na capa da Folha online, não tem nem uma chamadinha pra essa notícia. mas tem sobre a BBB que desmaiou na prova do líder. Na capa do G1, nada também. Mas tem a té foto pra notícia do nascimento dos gêmeos da J-Lo. Globo on-line? Mesma coisa. Mas lá você fica sabendo que o Eike Batista quer comprar o Hotel Glória. UAU!
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terça-feira, fevereiro 19, 2008
Apesar do PIG, aprovação do governo só aumenta!
Avaliação do governo é a melhor desde 2003, revela pesquisa CNT/Sensus
(Morillo Carvalho, da Agência Brasil)
Brasília - Pesquisa CNT/Sensus divulgada hoje (18) aponta o maior índice de aprovação do governo Luiz Inácio Lula da Silva desde dezembro de 2003, ano de seu primeiro mandato. Dos 2 mil entrevistados, 52,7% consideram a administração positiva (ótima ou boa), 13,7% a avaliam como negativa (ruim ou péssima) e 32,5%, como regular.
De acordo com a série histórica da pesquisa, o governo atinge agora o maior percentual de satisfação – o mais próximo que havia chegado do status atual foi 51,6%, em maio de 2003. No mesmo mês, o governo também atingiu o menor percentual de insatisfação: 7,2%. Desde então, a maior avaliação negativa foi de 29%, em novembro de 2005.
Questionado sobre o resultado antes do evento de lançamento da loteria Timemania, o presidente Lula afirmou: "Pesquisa, só vale para mim a de dezembro de 2010. Hoje o assunto é futebol".
Em entrevista coletiva, o diretor do Instituto Sensus Ricardo Guedes analisou o resultado: "São avaliações recordes em função do bom desempenho da economia e dos programas sociais. É basicamente isso que dá a base de popularidade e de legitimidade do governo Lula".
A pesquisa também analisou o desempenho pessoal do presidente. O resultado, 66,8% de aprovação, é melhor desde fevereiro de 2004. Em todas as pesquisas realizadas em 2003, a aprovação foi maior, chegando ao pico de 78% no mês de maio. Atualmente, 28,6% desaprovam o desempenho de Lula.
Para Guedes, a formação de um "pacto", com a colaboração de setores da direita e da esquerda, é a base que mantém a popularidade do presidente em alta.
"Eu acredito, particularmente, que o que vemos no Brasil é a formação do pacto social-democrata tipo europeu, onde a esquerda cede de um lado, a direita cede de outro, formando um pacto social central, onde parte dos recursos públicos são destinados aos programas sociais", afirmou o diretor do instituto. Ele também relaciona as avaliações positivas aos números da economia.
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Azenha pergunta:
Qual será a próxima crise?
Só este ano já tivemos a "epidemia" de febre amarela, o "fantasma" do apagão elétrico, a "falência" econômica do Brasil e o escândalo da tapioca. Porém, de acordo com a pesquisa CNT/Sensus, 85,2% dos brasileiros consideram o governo Lula ótimo, bom ou regular. Por outro lado, 13,7% consideram o governo ruim ou péssimo. É menos que os 15,2% que acham "ótimo". Não gostou? Vai reclamar com os entrevistados. Qual é a próxima crise a ser promovida pela coligação Folha-Estadão-Veja-TV Globo?
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segunda-feira, fevereiro 18, 2008
Um pernambucano, um cearense e suas histórias
(Fonte: Blog do Rovai)
Minha cidade a mil por hora
Tenho 55 anos e nunca vi nada igual ao que está acontecendo hoje meu município, cidade do Alto Sertão do Pajeú, no interior de Pernambuco, com aproximadamente 27 mil habitantes. Vou enumerá-las:
1. De 2004 para cá as pessoas não temos mais pessoas pedindo esmolas. Na época de FHC eram filas de pessoas pedindo passando em nossas residências.
2. Hoje está completando aproximadamente uns dois anos que vem se registrando uma média mensal de duas mil obras (construção de casas, reformas, construção de cisternas, troca do emadeiramento e telhado, construção de banheiros, troca do piso, etc.)
3. Na zona rural pessoas que antes não podiam comprar nem sequer uma bicicleta, hoje estão comprando motocicletas, carros e outros bem de consumo.
4. Telefone celular que a bem pouco tempo era artigo de luxo, até carroceiros, engraxates e empregadas domésticas possuem. Até na Zona Rural quase todas as residências possuem telefones.
5. Eu mesmo tenho dois cunhados que na era FHC não podiam consumir nada mais do que feijão com arroz e com muita dificuldade. Esta semana cada um cavou um poço artesiano no valor de R$ 6.000, 00 (seis mil reais) cada.
6. No ano de 2006 quando o presidente partiu para reeleição, aqui em Tabira, Lula obteve 93% dos votos válidos.
7. Em Tabira se faz um dos maiores carnavais da região e a avenida só ficava completamente lotada no sábado e no domingo. Neste ano foram cinco dias de folia sem que desse pra distinguir o dia que teve mais gente. Nunca se vendeu tanta bebida, nunca se vendeu tanta fantasia, nunca se viu tanta gente usando fantasias. Este é o nordeste que está dando certo.
8. Está havendo inclusão digital, Tabira tem aproximadamente 40 Lan Houses e as pessoas estão comprando computadores.
9. Aqui na minha cidade quem ousar falar mal de Lula corre o risco de apanhar.
10. A popularidade de Lula aqui é altíssima por que a população não dá muita importância pra o que o PIG divulga ou deixa de divulgar.
11. Se o PIG não fosse uma imprensa tendenciosa e parcial e não fizessem tanto estardalhaço como fez com a queda do avião da Gol, o acidente da TAM, a febre amarela, os apagões que nem aconteceram, os índices de popularidade de Lula seriam ainda bem mais altos. Os nordestinos não estão perdendo nada em não se informar com esta mídia golpista. Acho que este país só precisa de uma só CPI, uma CPI para investigar as maracutaias da mídia brasileira.
12. A guerra que a mídia vem travando com o PT e o governo só vai servir pra uma coisa: Para diminuir o tamanho da surra que esses Demos-tucanos vão levar nas próximas eleições.
(Antonio Moreira do Amaral)
Cadê o Tasso Jereissati?
Sou cearense e moro em Fortaleza. Há pouco tempo o inclui entre os meus favoritos, depois de ver o link no blogspot Amigos do Presidente Lula. Sabendo que você é muito bem informado gostaria de saber por onde anda o senador Tasso Jereissati. Ainda é vivo? Está passeando?
A pergunta é pertinente sim. Aqui os órgãos de imprensa onde ele é dono (TV Jangadeiro dentre outros) ou exerce influência (TV Verdes Mares, TV Diário, Rádio Verdes Mares, Jornal Diário do Nordeste – Grupo Edson Queiroz, da sogra dele – e o jornal o Povo, enfim quase toda mídia) não publicam uma mísera nota sobre o libanês cearense. Incrível. Tem uma coincidência: o sumiço aconteceu depois das notícias sobre a BrOi, onde um dos prováveis "compradores" é o irmão dele Carlos Jereissati. Nem no blog de política do jornal o Povo não se vê uma ínfima menção ao poderoso dono do Iguatemi de Fortaleza, onde, por sinal constrói um Centro Empresarial, um luxuoso prédio no mangue do Rio Cocó, à beira do seu leito. Sim, talvez não tenha nem 20 metros da margem do pequeno rio.
(Nonato Barboza)
Minha cidade a mil por hora
Tenho 55 anos e nunca vi nada igual ao que está acontecendo hoje meu município, cidade do Alto Sertão do Pajeú, no interior de Pernambuco, com aproximadamente 27 mil habitantes. Vou enumerá-las:
1. De 2004 para cá as pessoas não temos mais pessoas pedindo esmolas. Na época de FHC eram filas de pessoas pedindo passando em nossas residências.
2. Hoje está completando aproximadamente uns dois anos que vem se registrando uma média mensal de duas mil obras (construção de casas, reformas, construção de cisternas, troca do emadeiramento e telhado, construção de banheiros, troca do piso, etc.)
3. Na zona rural pessoas que antes não podiam comprar nem sequer uma bicicleta, hoje estão comprando motocicletas, carros e outros bem de consumo.
4. Telefone celular que a bem pouco tempo era artigo de luxo, até carroceiros, engraxates e empregadas domésticas possuem. Até na Zona Rural quase todas as residências possuem telefones.
5. Eu mesmo tenho dois cunhados que na era FHC não podiam consumir nada mais do que feijão com arroz e com muita dificuldade. Esta semana cada um cavou um poço artesiano no valor de R$ 6.000, 00 (seis mil reais) cada.
6. No ano de 2006 quando o presidente partiu para reeleição, aqui em Tabira, Lula obteve 93% dos votos válidos.
7. Em Tabira se faz um dos maiores carnavais da região e a avenida só ficava completamente lotada no sábado e no domingo. Neste ano foram cinco dias de folia sem que desse pra distinguir o dia que teve mais gente. Nunca se vendeu tanta bebida, nunca se vendeu tanta fantasia, nunca se viu tanta gente usando fantasias. Este é o nordeste que está dando certo.
8. Está havendo inclusão digital, Tabira tem aproximadamente 40 Lan Houses e as pessoas estão comprando computadores.
9. Aqui na minha cidade quem ousar falar mal de Lula corre o risco de apanhar.
10. A popularidade de Lula aqui é altíssima por que a população não dá muita importância pra o que o PIG divulga ou deixa de divulgar.
11. Se o PIG não fosse uma imprensa tendenciosa e parcial e não fizessem tanto estardalhaço como fez com a queda do avião da Gol, o acidente da TAM, a febre amarela, os apagões que nem aconteceram, os índices de popularidade de Lula seriam ainda bem mais altos. Os nordestinos não estão perdendo nada em não se informar com esta mídia golpista. Acho que este país só precisa de uma só CPI, uma CPI para investigar as maracutaias da mídia brasileira.
12. A guerra que a mídia vem travando com o PT e o governo só vai servir pra uma coisa: Para diminuir o tamanho da surra que esses Demos-tucanos vão levar nas próximas eleições.
(Antonio Moreira do Amaral)
Cadê o Tasso Jereissati?
Sou cearense e moro em Fortaleza. Há pouco tempo o inclui entre os meus favoritos, depois de ver o link no blogspot Amigos do Presidente Lula. Sabendo que você é muito bem informado gostaria de saber por onde anda o senador Tasso Jereissati. Ainda é vivo? Está passeando?
A pergunta é pertinente sim. Aqui os órgãos de imprensa onde ele é dono (TV Jangadeiro dentre outros) ou exerce influência (TV Verdes Mares, TV Diário, Rádio Verdes Mares, Jornal Diário do Nordeste – Grupo Edson Queiroz, da sogra dele – e o jornal o Povo, enfim quase toda mídia) não publicam uma mísera nota sobre o libanês cearense. Incrível. Tem uma coincidência: o sumiço aconteceu depois das notícias sobre a BrOi, onde um dos prováveis "compradores" é o irmão dele Carlos Jereissati. Nem no blog de política do jornal o Povo não se vê uma ínfima menção ao poderoso dono do Iguatemi de Fortaleza, onde, por sinal constrói um Centro Empresarial, um luxuoso prédio no mangue do Rio Cocó, à beira do seu leito. Sim, talvez não tenha nem 20 metros da margem do pequeno rio.
(Nonato Barboza)
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quinta-feira, fevereiro 07, 2008
Com medo da investigação, tucanos agora fogem de CPI dos cartões no Senado
Com medo de que sejam investigados os gastos corporativos durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o PSDB iniciou nesta quinta-feira (7) uma operação para tentar derrubar a CPI proposta pela base aliada no Senado – com a qual serão analisadas todas as despesas com cartões e contas similares desde 1998.
O pedido de CPI foi protocolado ontem (6) no fim da tarde pelo líder do governo na Casa, senador Romero Jucá (PMDB-RO). No primeiro momento, tucanos como Álvaro Dias (PR) e Artur Virgílio acusaram o golpe e saíram esbravejando contra a iniciativa.
Para eles, a investigação só vale se atingir exclusivamente o governo Lula. Por este motivo, decidiram hoje intensificar a ofensiva para a criação de uma CPI paralela Mista (envolvendo a Câmara e o Senado), mas com o foco voltado apenas para os cinco anos da atual administração.
Pela ótica da moralidade tucana, os gastos da equipe de FHC – que não tinham qualquer transparência e foram maiores dos que os realizados pelo governo Lula – devem permanecer ocultos da sociedade brasileira.
A instalação de uma nova CPI, nos moldes pretendidos pelo tucanato, exige no mínimo 171 assinaturas, número que eles esperam conseguir com o apoio do DEM e outros aliados de ocasião.
Já a CPI protocolada pela base aliada no Senado tinha ontem quatro assinaturas a mais do que o necessário e pode começar a funcionar "imediatamente", segundo adiantou o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-PA).
Também ontem, o líder Jucá explicou as razões pelas quais a base decidiu tomar a iniciativa da investigação.
"A CPI não seria necessária, mas pior do que fazer a CPI é ficar uma nuvem pairando em cima do governo como se o governo tivesse algo a esconder, tivesse algum comprometimento, tivesse feito alguma questão errada, como inclusive estavam levantando questões ligadas à família do presidente. Como o governo não tem o que esconder, vamos fazer a CPI e vamos averiguar", disse ele.
Gastos reduzidos
Da parte do governo, os ministros Franklin Martins (Comunicação Social), Jorge Armando Felix (Segurança Institucional) e Dilma Rousseff (Casa Civil) concederam entrevista coletiva na qual forneceram informações completas sobre o uso dos cartões.
As informações derrubaram a quase totalidade das insinuações levantadas pela oposição e pela imprensa sobre a suposta "farra" promovida com os cartões corporativos.
"Não há uma única investigação do TCU que constate grave irregularidade no uso dos cartões", disse a ministra Dilma Roussef durante a coletiva.
Ela explicou os critérios administrativos que regulam o uso do cartão, lembrou que órgãos como o TCU (Tribunal e Contas da União) e CGU (Controladoria Geral da União) fiscalizam os gastos feitos com os cartões e ressaltou que no governo Lula a ampliação no uso dos cartões foi seguida da diminuição das despesas e aumento da transparência.
Munida de números, a ministra da Casa Civil comemorou a redução de despesas de pronto pagamento de R$213 milhões em 2001 (governo FHC) para R$177 milhões em 2007.
Segundo Dilma, mesmo o cartão tendo sido criado durante o governo FHC, foi só a partir de 2003, quando Lula assume o governo, que o uso dos cartões – que dão mais transparência aos gastos governamentais – passou a ser levado a sério.
A ministra sugeriu que esta mesma transparência seja estendida a governos estaduais e municípios.
Retrocesso
Franklin Martins reforçou que o governo está absolutamente tranquilo em relação ao uso dos cartões. "Se houver alguma coisa de errado, quem fez este pagamento, irá responder pelo erro. Seria um retrocesso abandonar um cartão que oferece transparência por alguma coisa que não se sabe como é gasto".
Ele respondeu também às indagações sobre por que o governo não faz licitação para compras da alimentação consumida nas sedes do governo. "Não tem que ter licitação para o gasto de alimentação da presidência. Se houver licitação, o sigilo deixa de existir", esclareceu o ministro, lembrando que estes gastos são sigilosos para garantir a segurança institucional.
Martins também criticou os órgãos de imprensa que divulgam gastos de órgãos de governo como se fossem gastos abusivos. "É um absurdo quando a imprensa tenta mostrar que o gasto de tal órgão é um escândalo. Escândalo onde? Se aquele gasto está dentro do orçamento, qual o problema? Se há uma despesa que pareça irregular, então que se aponte qual é esta despesa, mas não se deve generalizar os gastos de toda uma repartição", afirmou o ministro.
Diante de uma pergunta incoerente de um jornalista do portal Terra, sobre o governo ter supostamente usado "dois pesos e duas medidas" nos casos dos ministros do Esporte, Orlando Silva, e da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, Martins saiu em defesa do ministro Orlando Silva e reafirmou que a despesa de R$8,30 feita pelo ministro só foi considerada irregular porque feita em Brasília e não em outra cidade e que o ministro, ao perceber o erro, devolveu o valor aos cofres públicos em tempo hábil. "Antes de qualquer órgão de imprensa apontasse o erro", destacou Martins.
Dilma também defendeu o ministro do Esporte e salientou que a despesa de R$8,30 pode ser considerada um lapso, mas em hipótese alguma pode ser dito que haja improbidade administrativa neste caso.
Segundo Dilma, o governo não pretende acabar com o uso dos cartões corporativos. Para a ministra, esse modo de pagamento é mais seguro e rastreável.
"O cartão corporativo é um avanço. Hoje, 70% dos gastos são pagos por meio de saques, de pronto pagamento e apenas 30% com cartões. Queremos inverter esses números", disse.
Gastos com segurança
O chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Armando Jorge Félix, falou sobre os gastos feitos com cartões de agentes que cuidam da segurança do presidente Lula e de familiares do presidente.
Félix disponibilizou aos jornalistas informações simples e bastante óbvias que deixam clara a má fé de quem tenta transformar em escândalo fatos que são absolutamente normais e justificáveis.
O ministro explicou, por exemplo, que por questões de segurança, são os próprios agentes e militares que fazem reformas e reparos nos escritórios da Abin situados em Florianópolis e em São Bernardo do Campo – cidades onde residem filhos do presidente Lula —, motivo pelo qual faturas de alguns cartões apresentavam despesas em lojas de material de construção. Explicou também que profissionais da área de segurança precisam de treinamento e bom preparo físico e para isso é dado a eles acesso a equipamentos de ginástica.
Por causa deste comportamento irresponsável da mídia, o governo federal estuda não divulgar alguns gastos do cartão da Presidência.
"Informações da família do presidente são sigilosas. Temos o dever de proteger os chefes de estado e suas famílias e convidados", disse Dilma.
(do site do PT)
quarta-feira, fevereiro 06, 2008
O nome do jogo
(por Eduardo Guimarães, em 04/02)
Como os mais atentos poderão notar, as postagens neste blog estão assumindo uma dinâmica própria, na qual um assunto sucede e interconecta-se com o anterior. Isso se deve ao fato de que hoje quem decide o que será tratado aqui não sou eu ou vocês; estamos sendo pautados pela mídia tanto quanto o governo, e isso acontece porque, apesar de muitos de nós continuarem se contentando com as pesquisas que mostram invulnerabilidade do presidente da República diante da difamação midiática, a mídia vem obtendo sucessivas vitórias.
Que vitórias? Só para ficarmos nas mais recentes, são as seguintes:
1ª - a mídia conseguiu, numa tacada só, tirar recursos preciosos da Saúde e dos programas sociais e dificultar o combate à sonegação ao mobilizar a classe média contra a CPMF, que foi o que levou até senadores governistas a votarem contra o dito "imposto do cheque";
2ª - a mídia conseguiu fazer com que milhões de pessoas demonstrassem que não confiavam no governo ao fazê-las vacinarem-se desnecessariamente contra a febre amarela, apesar dos pedidos governamentais para que não o fizessem, e, com isso, criou uma catástrofe no sistema de Saúde público, via mortes e dezenas de internações de pessoas portadoras de incompatibilidade com a vacina;
3ª - a mídia conseguiu derrubar uma ministra de Estado por uma questão que deveria provocar apenas uma repreensão e uma cobrança de despesas irregulares, e conseguiu, de quebra, esconder que a ministra foi flagrada e cobrada pelo governo e não pela mídia e pela oposição, como estão dizendo;
4ª - a mídia está criando um novo escândalo, agora com base em meras suposições e não em fatos como os gastos da ministra (falarei disso mais adiante).
Entendo que houve uma mudança de tática. O bombardeio permanente - e em várias frentes - pretende desorientar o governo. Em vez de longas campanhas difamatórias como a do mensalão, adotou-se a tática de guerrilha, que consiste em bombardear o governo em várias frentes e praticamente extinguir qualquer espaço para o contraditório na imprensa escrita, que é onde ele tem um pouco mais de fôlego. Nesse caso dos cartões corporativos, os jornais continuam bloqueando qualquer opinião que não se coadune com a "certa". Foi o que fizeram no caso da febre amarela, quando impediram qualquer acusação à mídia por disseminar pânico e ainda acusaram o governo de ser o responsável pelas mortes por uma vacinação imotivada desencadeada por essa mesma mídia.
Hoje, a Folha de São Paulo sai com uma reportagem maliciosa que apresenta gastos da segurança da filha de Lula como se fossem absurdos e sem que o governo fosse ao menos ouvido sobre o assunto. Ora, a simples análise dos gastos diretos de outras esferas de governo mostra que estão tentando transformar em escândalo o que é prática comum na administração pública. Em nenhum país do mundo se questionaria gastos de 50 mil reais EM NOVE MESES com a segurança da filha do primeiro mandatário da nação.
A mesma reportagem ainda mente deliberadamente ao dizer que "O ministro Orlando Silva (Esportes) também anunciou que devolverá cerca de R$30 mil por gastos indevidos em seu cartão". Na verdade, a mentira está na omissão da informação de que o ministro devolverá o total que gastou no cartão em protesto contra a celeuma por ter gastado R$8,30 numa tapioca, e de que depois que seus gastos com o cartão corporativo forem auditados pedirá que a soma lhe seja reembolsada.
Acredito, diante de tudo isso, que está chegando um momento em que só restará ao governo e à sociedade reagirem contra a mídia e a oposição. Lamentavelmente, se Lula não optar pelo enfrentamento da mídia, se não exortar movimentos sociais, sindicatos e cidadãos comuns como nós a irem às ruas em prol do fim da sabotagem do país, essa sabotagem prosseguirá cada vez mais ousada, cada vez mais prejudicial, eventualmente gerando mais mortes, certamente impedindo que milhões deixem a miséria, fatalmente prejudicando o crescimento econômico.
Lula e seus aliados precisam saber o nome do jogo em que a mídia e a oposição meteram o país. Não se trata mais de processo democrático há muito tempo. Não se trata, muito menos, de fiscalização do Estado pela sociedade. Até porque, só uma parte desse Estado é fiscalizada pela mídia, ou seja, a parte controlada pela esquerda do espectro político. Enquanto isso, dezenas e dezenas de denúncias contra o pretenso "presidente eleito" José Serra são escondidas dos paulistas e do resto do país que ele pretende governar a partir de 2010.
O nome do jogo, meus amigos, é guerra. E se Lula não entender isso, mesmo que deixe o poder coberto de glórias, irá nos legar um país comandado pelos mafiosos do PSDB, do PFL e da mídia, que tratarão de doar aos seus comparsas endinheirados o que não conseguiram doar do patrimônio público quando estavam no poder. Além disso, interromperão a distribuição de renda, o acesso dos pobres ao ensino superior, realinharão o país comercial e politicamente a Washington, em suma, saquearão o Estado brasileiro como fizeram entre 1994 e 2002.
Lula precisa tomar coragem e não pensar só em si mesmo. Ele tem que reagir, não por si mesmo ou por seu governo, mas pelas milhões de vítimas da iniqüidade social brasileira, mais uma vez ameaçadas por seus algozes seculares.
Como os mais atentos poderão notar, as postagens neste blog estão assumindo uma dinâmica própria, na qual um assunto sucede e interconecta-se com o anterior. Isso se deve ao fato de que hoje quem decide o que será tratado aqui não sou eu ou vocês; estamos sendo pautados pela mídia tanto quanto o governo, e isso acontece porque, apesar de muitos de nós continuarem se contentando com as pesquisas que mostram invulnerabilidade do presidente da República diante da difamação midiática, a mídia vem obtendo sucessivas vitórias.
Que vitórias? Só para ficarmos nas mais recentes, são as seguintes:
1ª - a mídia conseguiu, numa tacada só, tirar recursos preciosos da Saúde e dos programas sociais e dificultar o combate à sonegação ao mobilizar a classe média contra a CPMF, que foi o que levou até senadores governistas a votarem contra o dito "imposto do cheque";
2ª - a mídia conseguiu fazer com que milhões de pessoas demonstrassem que não confiavam no governo ao fazê-las vacinarem-se desnecessariamente contra a febre amarela, apesar dos pedidos governamentais para que não o fizessem, e, com isso, criou uma catástrofe no sistema de Saúde público, via mortes e dezenas de internações de pessoas portadoras de incompatibilidade com a vacina;
3ª - a mídia conseguiu derrubar uma ministra de Estado por uma questão que deveria provocar apenas uma repreensão e uma cobrança de despesas irregulares, e conseguiu, de quebra, esconder que a ministra foi flagrada e cobrada pelo governo e não pela mídia e pela oposição, como estão dizendo;
4ª - a mídia está criando um novo escândalo, agora com base em meras suposições e não em fatos como os gastos da ministra (falarei disso mais adiante).
Entendo que houve uma mudança de tática. O bombardeio permanente - e em várias frentes - pretende desorientar o governo. Em vez de longas campanhas difamatórias como a do mensalão, adotou-se a tática de guerrilha, que consiste em bombardear o governo em várias frentes e praticamente extinguir qualquer espaço para o contraditório na imprensa escrita, que é onde ele tem um pouco mais de fôlego. Nesse caso dos cartões corporativos, os jornais continuam bloqueando qualquer opinião que não se coadune com a "certa". Foi o que fizeram no caso da febre amarela, quando impediram qualquer acusação à mídia por disseminar pânico e ainda acusaram o governo de ser o responsável pelas mortes por uma vacinação imotivada desencadeada por essa mesma mídia.
Hoje, a Folha de São Paulo sai com uma reportagem maliciosa que apresenta gastos da segurança da filha de Lula como se fossem absurdos e sem que o governo fosse ao menos ouvido sobre o assunto. Ora, a simples análise dos gastos diretos de outras esferas de governo mostra que estão tentando transformar em escândalo o que é prática comum na administração pública. Em nenhum país do mundo se questionaria gastos de 50 mil reais EM NOVE MESES com a segurança da filha do primeiro mandatário da nação.
A mesma reportagem ainda mente deliberadamente ao dizer que "O ministro Orlando Silva (Esportes) também anunciou que devolverá cerca de R$30 mil por gastos indevidos em seu cartão". Na verdade, a mentira está na omissão da informação de que o ministro devolverá o total que gastou no cartão em protesto contra a celeuma por ter gastado R$8,30 numa tapioca, e de que depois que seus gastos com o cartão corporativo forem auditados pedirá que a soma lhe seja reembolsada.
Acredito, diante de tudo isso, que está chegando um momento em que só restará ao governo e à sociedade reagirem contra a mídia e a oposição. Lamentavelmente, se Lula não optar pelo enfrentamento da mídia, se não exortar movimentos sociais, sindicatos e cidadãos comuns como nós a irem às ruas em prol do fim da sabotagem do país, essa sabotagem prosseguirá cada vez mais ousada, cada vez mais prejudicial, eventualmente gerando mais mortes, certamente impedindo que milhões deixem a miséria, fatalmente prejudicando o crescimento econômico.
Lula e seus aliados precisam saber o nome do jogo em que a mídia e a oposição meteram o país. Não se trata mais de processo democrático há muito tempo. Não se trata, muito menos, de fiscalização do Estado pela sociedade. Até porque, só uma parte desse Estado é fiscalizada pela mídia, ou seja, a parte controlada pela esquerda do espectro político. Enquanto isso, dezenas e dezenas de denúncias contra o pretenso "presidente eleito" José Serra são escondidas dos paulistas e do resto do país que ele pretende governar a partir de 2010.
O nome do jogo, meus amigos, é guerra. E se Lula não entender isso, mesmo que deixe o poder coberto de glórias, irá nos legar um país comandado pelos mafiosos do PSDB, do PFL e da mídia, que tratarão de doar aos seus comparsas endinheirados o que não conseguiram doar do patrimônio público quando estavam no poder. Além disso, interromperão a distribuição de renda, o acesso dos pobres ao ensino superior, realinharão o país comercial e politicamente a Washington, em suma, saquearão o Estado brasileiro como fizeram entre 1994 e 2002.
Lula precisa tomar coragem e não pensar só em si mesmo. Ele tem que reagir, não por si mesmo ou por seu governo, mas pelas milhões de vítimas da iniqüidade social brasileira, mais uma vez ameaçadas por seus algozes seculares.
quarta-feira, janeiro 23, 2008
O desespero dos que torcem contra
A oposição e a mídia estão desesperadas!
Há razões para que a oposição e a mídia estejam desesperadas: os sucessos do governo Lula. Tanto que chegam a rogar pragas: afirmam que tudo que aconteceu de ruim no famigerado governo FHC, que fez o povo banir nas urnas o PSDB/PFL, do poder, vai se repetir no governo Lula.
Prevêem apagões, epidemias, caos na economia, desemprego, juros estratosféricos, miséria. O desespero é tão pungente que pasmem, meus amigos tem gente comemorando a queda na Bovespa, como ocorreu 2ªfeira, reclamando que queda de 6% é pouco, tem que chegar a mais de 10%; e ficaram indignados ontem, 22/1, porque a Bovespa fechou em alta de 4,45%. Eles estão vibrando com a possibilidade de que uma crise econômica mundial deflagrada pelos EUA atinja o Brasil, para abalar o ciclo virtuoso da economia conseguido pelo governo Lula. Incrível!
Tem gente resmungando que São Pedro é um traidor, pois está chovendo muito em todo o Brasil, e isso afasta o risco apagão. Outros reclamam da UNICEF, pois divulgou que houve uma queda acentuada na mortalidade infantil a partir de 2004, e o país melhorou 27 posições no ranking desse indicador (relatório "Situação Mundial da Infância 2008",divulgado em 22/1/2008). Dizem que a UNICEF está cheia de esquerdistas, que não devia divulgar esses dados que enaltecem o governo Lula.
Tem gente também reclamando de que há somente 11 casos confirmados de febre amarela, e 35 pessoas internadas porque tomaram duplamente a vacina,aterrorizadas pela mídia. Dizem que a mídia tem de inflar o número de pessoas contaminadas até 400, e não tocar no assunto dos que tomaram duplamente a vacina, que é uma oportunidade jogada fora de atacar o governo Lula.
A descoberta do megacampo de petróleo Tupi, pela Petrobras, foi sentida pelas oposição como um banho de água fria; agora desesperam-se com a nova descoberta da Petrobras na bacia de Santos, o campo Júpiter, que assegura ao país a auto-suficiência na produção de gás natural: choram lágrimas de sangue, tamanha a raiva. Uns dizem que tudo isso é mentira, outros dizem que é para encobrir a imensa epidemia de 11 casos de febre amarela. Tem gente bastante alucinada, enlouquecida, pedindo o golpe militar, pedindo que as FA boicotem todos os serviços essenciais, paralisem os céus, a terra e o mar, para impedir os avanços do governo Lula. Vou ser sincera: dou boas gargalhadas ao ler o desespero da oposição e da mídia.
O presidente está coberto de razão quando diz que a oposição está torcendo contra o seu governo; de fato, esses néscios estão torcendo contra o Brasil, estão torcendo contra o povo brasileiro. Mas o pior está por vir para a oposição e para a mídia tresloucada, pois chegaremos em 2010 sem apagão, sem crise econômica, sem FMI, com geração de emprego em alta,com juros em queda, sem inflação, com muitas obras do PAC realizadas, muitas em andamento.
A popularidade do presidente Lula estará lá nas alturas, e o presidente fará com tranqüilidade o seu sucessor. As fontes dessas citações da torcida do quanto pior melhor são os comentários nos blogs da oposição e de alguns blogueiros jornalistas inconformados com o sucesso do presidente Lula. Esses comentários eu faço questão de ler para me divertir muito.
(texto de Jussara Seixas, em seu blog Por um novo Brasil)
Há razões para que a oposição e a mídia estejam desesperadas: os sucessos do governo Lula. Tanto que chegam a rogar pragas: afirmam que tudo que aconteceu de ruim no famigerado governo FHC, que fez o povo banir nas urnas o PSDB/PFL, do poder, vai se repetir no governo Lula.
Prevêem apagões, epidemias, caos na economia, desemprego, juros estratosféricos, miséria. O desespero é tão pungente que pasmem, meus amigos tem gente comemorando a queda na Bovespa, como ocorreu 2ªfeira, reclamando que queda de 6% é pouco, tem que chegar a mais de 10%; e ficaram indignados ontem, 22/1, porque a Bovespa fechou em alta de 4,45%. Eles estão vibrando com a possibilidade de que uma crise econômica mundial deflagrada pelos EUA atinja o Brasil, para abalar o ciclo virtuoso da economia conseguido pelo governo Lula. Incrível!
Tem gente resmungando que São Pedro é um traidor, pois está chovendo muito em todo o Brasil, e isso afasta o risco apagão. Outros reclamam da UNICEF, pois divulgou que houve uma queda acentuada na mortalidade infantil a partir de 2004, e o país melhorou 27 posições no ranking desse indicador (relatório "Situação Mundial da Infância 2008",divulgado em 22/1/2008). Dizem que a UNICEF está cheia de esquerdistas, que não devia divulgar esses dados que enaltecem o governo Lula.
Tem gente também reclamando de que há somente 11 casos confirmados de febre amarela, e 35 pessoas internadas porque tomaram duplamente a vacina,aterrorizadas pela mídia. Dizem que a mídia tem de inflar o número de pessoas contaminadas até 400, e não tocar no assunto dos que tomaram duplamente a vacina, que é uma oportunidade jogada fora de atacar o governo Lula.
A descoberta do megacampo de petróleo Tupi, pela Petrobras, foi sentida pelas oposição como um banho de água fria; agora desesperam-se com a nova descoberta da Petrobras na bacia de Santos, o campo Júpiter, que assegura ao país a auto-suficiência na produção de gás natural: choram lágrimas de sangue, tamanha a raiva. Uns dizem que tudo isso é mentira, outros dizem que é para encobrir a imensa epidemia de 11 casos de febre amarela. Tem gente bastante alucinada, enlouquecida, pedindo o golpe militar, pedindo que as FA boicotem todos os serviços essenciais, paralisem os céus, a terra e o mar, para impedir os avanços do governo Lula. Vou ser sincera: dou boas gargalhadas ao ler o desespero da oposição e da mídia.
O presidente está coberto de razão quando diz que a oposição está torcendo contra o seu governo; de fato, esses néscios estão torcendo contra o Brasil, estão torcendo contra o povo brasileiro. Mas o pior está por vir para a oposição e para a mídia tresloucada, pois chegaremos em 2010 sem apagão, sem crise econômica, sem FMI, com geração de emprego em alta,com juros em queda, sem inflação, com muitas obras do PAC realizadas, muitas em andamento.
A popularidade do presidente Lula estará lá nas alturas, e o presidente fará com tranqüilidade o seu sucessor. As fontes dessas citações da torcida do quanto pior melhor são os comentários nos blogs da oposição e de alguns blogueiros jornalistas inconformados com o sucesso do presidente Lula. Esses comentários eu faço questão de ler para me divertir muito.
(texto de Jussara Seixas, em seu blog Por um novo Brasil)
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segunda-feira, janeiro 21, 2008
Combate à impunidade leva governo a recorde de expulsões
O combate à corrupção e, sobretudo, à impunidade na Administração Pública Federal levou o governo federal a aplicar, em 2007, o número recorde de 437 penas expulsivas a agentes públicos envolvidos em irregularidades. Desse total, as demissões somaram 386 casos, as destituições de cargo, 22 e as cassações de aposentadorias, 29.
Desde 2003, o número de punições expulsivas chegou a 1.622. Entre elas, 1.421 demissões, 108 destituições de cargo e 93 cassações de aposentadorias. Ao revelar os números, o secretário-executivo da Controladoria Geral da União, Luiz Navarro, explicou que eles decorrem de determinação da CGU em sepultar a histórica cultura da impunidade que há décadas vinha imperando no país.
O secretário afirma, ainda, que as punições não se restringiram a servidores modestos, alcançando também diretores, superintendentes e altos assessores de empresas estatais como os Correios e a Infraero, além de auditores e fiscais da Receita, da Previdência e do Trabalho, procuradores e subsecretários de orçamento e administração.
Motivos
O uso do cargo para obtenção de vantagens para si ou para terceiros foi o principal motivo das punições, com 779 casos; a improbidade administrativa vem a seguir, com 474; os casos de abandono de cargo chegaram a 242; os de recebimento de propina a 141 e os de lesão aos cofres públicos, 140. Um total de 511 casos foi classificado como "outros". (A soma dos casos pelos respectivos motivos excede o total de 1.622 porque, em muitas situações, o punido incorre em mais de um ou dois motivos para a punição).
Para viabilizar a intensificação dessas ações nos diversos ministérios, o governo criou o Sistema de Correição da Administração Federal, com uma unidade em cada ministério e uma coordenação central na CGU. Além disso, lançou um programa de capacitação em Processo Disciplinar, que já treinou, desde 2003, 4.697 servidores do país inteiro, de modo a que os gestores não contribuam para a impunidade, deixando de instaurar os processos que se recomendam, por falta de pessoal qualificado. Em 2007 o número de servidores capacitados chegou a 1.255.
Desse modo, com o objetivo de acabar com a impunidade, a Administração deixa de ficar apenas à espera da punição pela via judicial, reclamando da morosidade da Justiça (que não vem de incúria do Judiciário, mas das Leis do Processo, que há muito reclamam modernização) e passa, ela própria, a Administração, a aplicar as punições de sua alçada. Os processos administrativos, destaca ainda Navarro, transcorrem rigorosamente dentro da lei, observando-se o contraditório e a ampla defesa dos acusados.
Fonte: Controladoria Geral da União - informativo em questão
Desde 2003, o número de punições expulsivas chegou a 1.622. Entre elas, 1.421 demissões, 108 destituições de cargo e 93 cassações de aposentadorias. Ao revelar os números, o secretário-executivo da Controladoria Geral da União, Luiz Navarro, explicou que eles decorrem de determinação da CGU em sepultar a histórica cultura da impunidade que há décadas vinha imperando no país.
O secretário afirma, ainda, que as punições não se restringiram a servidores modestos, alcançando também diretores, superintendentes e altos assessores de empresas estatais como os Correios e a Infraero, além de auditores e fiscais da Receita, da Previdência e do Trabalho, procuradores e subsecretários de orçamento e administração.
Motivos
O uso do cargo para obtenção de vantagens para si ou para terceiros foi o principal motivo das punições, com 779 casos; a improbidade administrativa vem a seguir, com 474; os casos de abandono de cargo chegaram a 242; os de recebimento de propina a 141 e os de lesão aos cofres públicos, 140. Um total de 511 casos foi classificado como "outros". (A soma dos casos pelos respectivos motivos excede o total de 1.622 porque, em muitas situações, o punido incorre em mais de um ou dois motivos para a punição).
Para viabilizar a intensificação dessas ações nos diversos ministérios, o governo criou o Sistema de Correição da Administração Federal, com uma unidade em cada ministério e uma coordenação central na CGU. Além disso, lançou um programa de capacitação em Processo Disciplinar, que já treinou, desde 2003, 4.697 servidores do país inteiro, de modo a que os gestores não contribuam para a impunidade, deixando de instaurar os processos que se recomendam, por falta de pessoal qualificado. Em 2007 o número de servidores capacitados chegou a 1.255.
Desse modo, com o objetivo de acabar com a impunidade, a Administração deixa de ficar apenas à espera da punição pela via judicial, reclamando da morosidade da Justiça (que não vem de incúria do Judiciário, mas das Leis do Processo, que há muito reclamam modernização) e passa, ela própria, a Administração, a aplicar as punições de sua alçada. Os processos administrativos, destaca ainda Navarro, transcorrem rigorosamente dentro da lei, observando-se o contraditório e a ampla defesa dos acusados.
Fonte: Controladoria Geral da União - informativo em questão
quarta-feira, janeiro 16, 2008
As serpentes de ouro de Medusa
(J. Carlos de Assis, economista, professor e presidente do Instituto Desemprego Zero)
Creio ter sido um dos primeiros economistas políticos brasileiros a se dar conta, ainda nos anos 80, de que o neoliberalismo não era um fenômeno puramente ideológico, mas o produto de uma realidade sociológica profunda que se exprimiu em maiorias eleitorais efetivas, sobretudo européias. É o que explica o deslizamento para a ala neoliberal mesmo de partidos tradicionalmente de esquerda, como trabalhistas ingleses (Terceira Via), socialistas franceses e sociais democratas alemães.
Acredito que quem originalmente levantou a cortina sobre esse processo de fundo foi William Greider, em seu monumental "The Secrets of the Temple", sobre a história do Banco Central norte-americano. Ele "sacou" que a maioria eleitoral que apoiou Reagan em 79 era formada em grande parte de classes médias afluentes, indignadas com a perda de renda financeira oriunda da combinação entre inflação alta e juros baixos, prevalecente ao longo dos anos 70, sobretudo depois da débâcle do sistema de Bretton Woods.
Na Europa Ocidental, o que deixou apavoradas as classes médias afluentes foi principalmente a instabilidade monetária e cambial. O sucesso espetacular do experimento social-democrata do pós-guerra eliminou o medo do desemprego e mudou o eixo das preocupações dos afluentes para as oportunidades de ganho financeiro, no país de origem e no exterior, pelo que a instabilidade cambial passou a ser um estorvo. Aos poucos, a demanda de estabilidade dos ricos acabou por formar uma maioria eleitoral.
Pode-se dizer que, na Europa, o neoliberalismo é um produto da afluência da maioria. No Brasil, ao contrário, a afluência de uns poucos tem-se tornado o produto do neoliberalismo. Diferentemente da Europa, não se completou aqui o processo da democracia social, e em compensação não houve entre nós nenhum episódio eleitoral que autorize dizer que a maioria dos cidadãos optou pelo neoliberalismo. No caso de Fernando Henrique, suas eleições se deveram exclusivamente ao sucesso do Real quanto ao controle da inflação. No caso de Lula, ao desencanto com Fernando Henrique e ao compromisso de retomada do desenvolvimento e da luta contra o desemprego.
Assim, no Brasil, o neoliberalismo é um fenômeno principalmente ideológico, sem base na realidade social, esta ainda fortemente dependente de ações do Estado. É uma ideologia artificial, importada, descolada do processo sociológico, mesmo porque estamos longe de ter uma maioria de afluentes que estejam mais interessados em globalização e oportunidades de especulação do que em combater o alto desemprego e a exclusão social. Como toda ideologia, funciona como instrumento de manipulação e de dominação. Contudo, para ser eficaz, ela busca desesperadamente o status de pensamento único.
No Governo Fernando Henrique chegamos o mais próximo que se pode ao império do pensamento único. Todos os aparelhos ideológicos do Estado e quase todos os da sociedade, inclusive a maioria da grande mídia, foram colocados sem qualquer escrúpulo a serviço da difusão ideológica do neoliberalismo. Essa hegemonia foi quebrada no Governo Lula. E é isso, certamente, que está suscitando uma forte inquietação nos círculos neoliberais, vocalizada especialmente por alguns professores-banqueiros.
Se o neoliberalismo no Brasil tivesse raízes sociológicas autênticas, os economistas Márcio Pochmann, presidente do IPEA, e João Sicsú, diretor, não se veriam sob o fogo cerrado dos seus militantes mais agressivos. Pochmann disse e escreveu que a CPMF, dada a regressividade do sistema tributário brasileiro, é um dos impostos mais eficazes e mais justos. Sicsú escreveu, sempre de forma absolutamente fundamentada, que o Estado brasileiro, ao contrário do que dizem, é "nanico".
Tenham tido essa intenção ou não, meteram o dedo na ferida. A essência do neoliberalismo, desde Hayek a Friedman, é a desconstrução do Estado. O árbitro de todas as soluções, desde o meio ambiente ao emprego, é o livre mercado. Para Hayek, até a moeda teria de ser privada – algo que fez recuar, assustado, seu parceiro Friedman. Não foi o caso, porém, de nossos neoliberais. Estes conseguiram a façanha inacreditável de privatizar o Banco Central, o que valeu a seu presidente uma honraria da "Euromoney".
Pedro Malan (ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, hoje Unibanco), Alexandre Schwartsman (ex-diretor do Banco Central, hoje no Real), Marcos Lisboa (ex-secretário de Política Econômica da Fazenda, hoje no Unibanco), Maílson da Nobre (ex-ministro da Fazenda, hoje dono de consultoria financeira), todos se insurgem diante da ousadia de Pochmann e de Sicsú ao apontarem, por exemplo, que enquanto o número de servidores públicos no Brasil representa 8% do total do emprego, nos Estados Unidos é 17%, na França, 27%, e nos paises nórdicos europeus, em torno de 40%.
A administração pública direta está esgarçada. Do Ministério de Transportes ao Ministério do Meio Ambiente, não há gente para funções essenciais. Não temos fiscais sequer para supervisionar a produção de leite. Na rede estadual do Estado do Rio estima-se que faltam 30 mil professores de ensino médio. O que dizer dos outros? São notórias as deficiências de pessoal em toda a área pública de Educação, de Saúde, de Segurança Pública. Pacientes brasileiros tem recorrido à rede de saúde da Bolívia! Sucateamos nosso sistema de Defesa, e liquidamos com nossa infra-estrutura logística, a qual só começa a ser recuperada no segundo Governo Lula.
Diante desse quadro de descalabro, vêm esses manipuladores de estatística dizer que o grande mal do Brasil é o aumento dos gastos públicos primários! Charlatães, omitem os juros. Shwartzman vai além. Para provar sua tese, faz uma série histórica de aumento da carga tributária entre 1994 e 2006 que simplesmente salta o período de governo de Fernando Henrique. Omite que foi justamente nesse Governo que a carga tributária e a dívida pública explodiram, esta de 30% para quase 60% do PIB – sem qualquer relação, como afirma o Vice Presidente Alencar, com o investimento público e até mesmo com gastos correntes. Tudo para pagar juros sobre juros!
Não tenho espaço para examinar detidamente cada artigo desse quarteto. Mas, como disse Galbraith, não se pode levar a sério opinião sobre economia de quem tem interesses próprios em jogo. E esses professores-banqueiros valem para seus bancos tanto pelo que omitem quanto pelo que expressam. Vejam as operações de swap reverso do Banco Central, cuja independência é tanto exaltada por Maílson da Nóbrega. Como posso esperar opinião independente de professores-banqueiros que certamente estão entre os beneficiários diretos dos R$30 bilhões que, desde 2005, o BC doou e continua doando graciosamente ao "mercado" nessas operações?
A cabeça de Medusa tem muitas serpentes, mas a cabeça da Medusa neoliberal tem serpentes de ouro. Sua infinita audácia, no Brasil, nada tem a ver com sua propensão a ganhar dinheiro e acumular fortunas individuais. Ela vai além disso. Consiste em tentar fazer com que os outros pensem que o interesse pessoal deles é o interesse da sociedade. O resultado disso é que, na média dos anos 1993 a 2005, os juros representaram 29% da renda interna disponível. Num desses anos, foi a 44%! É um escândalo, e um escárnio. Mas é, indiscutivelmente, o principal resultado prático do neoliberalismo no Brasil.
P.S.
Já estava escrito este artigo quando li em manchete de primeira página de "O Globo", mais tarde replicada no Jornal Nacional, que Pochmann será convocado pelo líder tucano no Senado para dar satisfação do afastamento de quatro pesquisadores que se encontravam irregularmente desempenhando funções no IPEA. Lúcia Hipólito, que o próprio jornal laureou como grande cientista política, sustenta que aí estaria a prova de que o IPEA está sendo "aparelhado". Pergunto: Por quem, e com que objetivo?
Não é exatamente o oposto? Ao tempo de Fernando Henrique, e mesmo depois, enquanto o Governo Lula estava preocupado com outras coisas, não foi o IPEA, pelo trabalho ideológico de alguns de seus integrantes (emprestados) mais atrevidos, um instrumento do neoliberalismo incrustrado no Governo, vocalizador do pensamento único deste? Não é desse grupo ideológico "independente" que surgiram os textos "provando" que o Estado brasileiro é gastador, e que é do dispêndio público exagerado que resultam todos os males nacionais – sem uma única menção aos juros e à política monetária?
Não foi um desses pesquisadores que quis "provar" que no Brasil não há trabalho escravo? Obviamente, nenhum desses fâmulos neoliberais, que por certo estão contando pontos para saltar para consultorias privadas, foi afastado pelo que pensam. Foram afastados pela ilegalidade de sua posição. Se isso desagrada os neoliberais da grande mídia e do Congresso, paciência. Não existe nenhuma razão para que o Governo abrigue em seu importante instituto de formulação de política de longo prazo os que querem trocar os gastos públicos necessários pelas receitas privadas de consultoria e de palestras regiamente pagas.
Creio ter sido um dos primeiros economistas políticos brasileiros a se dar conta, ainda nos anos 80, de que o neoliberalismo não era um fenômeno puramente ideológico, mas o produto de uma realidade sociológica profunda que se exprimiu em maiorias eleitorais efetivas, sobretudo européias. É o que explica o deslizamento para a ala neoliberal mesmo de partidos tradicionalmente de esquerda, como trabalhistas ingleses (Terceira Via), socialistas franceses e sociais democratas alemães.
Acredito que quem originalmente levantou a cortina sobre esse processo de fundo foi William Greider, em seu monumental "The Secrets of the Temple", sobre a história do Banco Central norte-americano. Ele "sacou" que a maioria eleitoral que apoiou Reagan em 79 era formada em grande parte de classes médias afluentes, indignadas com a perda de renda financeira oriunda da combinação entre inflação alta e juros baixos, prevalecente ao longo dos anos 70, sobretudo depois da débâcle do sistema de Bretton Woods.
Na Europa Ocidental, o que deixou apavoradas as classes médias afluentes foi principalmente a instabilidade monetária e cambial. O sucesso espetacular do experimento social-democrata do pós-guerra eliminou o medo do desemprego e mudou o eixo das preocupações dos afluentes para as oportunidades de ganho financeiro, no país de origem e no exterior, pelo que a instabilidade cambial passou a ser um estorvo. Aos poucos, a demanda de estabilidade dos ricos acabou por formar uma maioria eleitoral.
Pode-se dizer que, na Europa, o neoliberalismo é um produto da afluência da maioria. No Brasil, ao contrário, a afluência de uns poucos tem-se tornado o produto do neoliberalismo. Diferentemente da Europa, não se completou aqui o processo da democracia social, e em compensação não houve entre nós nenhum episódio eleitoral que autorize dizer que a maioria dos cidadãos optou pelo neoliberalismo. No caso de Fernando Henrique, suas eleições se deveram exclusivamente ao sucesso do Real quanto ao controle da inflação. No caso de Lula, ao desencanto com Fernando Henrique e ao compromisso de retomada do desenvolvimento e da luta contra o desemprego.
Assim, no Brasil, o neoliberalismo é um fenômeno principalmente ideológico, sem base na realidade social, esta ainda fortemente dependente de ações do Estado. É uma ideologia artificial, importada, descolada do processo sociológico, mesmo porque estamos longe de ter uma maioria de afluentes que estejam mais interessados em globalização e oportunidades de especulação do que em combater o alto desemprego e a exclusão social. Como toda ideologia, funciona como instrumento de manipulação e de dominação. Contudo, para ser eficaz, ela busca desesperadamente o status de pensamento único.
No Governo Fernando Henrique chegamos o mais próximo que se pode ao império do pensamento único. Todos os aparelhos ideológicos do Estado e quase todos os da sociedade, inclusive a maioria da grande mídia, foram colocados sem qualquer escrúpulo a serviço da difusão ideológica do neoliberalismo. Essa hegemonia foi quebrada no Governo Lula. E é isso, certamente, que está suscitando uma forte inquietação nos círculos neoliberais, vocalizada especialmente por alguns professores-banqueiros.
Se o neoliberalismo no Brasil tivesse raízes sociológicas autênticas, os economistas Márcio Pochmann, presidente do IPEA, e João Sicsú, diretor, não se veriam sob o fogo cerrado dos seus militantes mais agressivos. Pochmann disse e escreveu que a CPMF, dada a regressividade do sistema tributário brasileiro, é um dos impostos mais eficazes e mais justos. Sicsú escreveu, sempre de forma absolutamente fundamentada, que o Estado brasileiro, ao contrário do que dizem, é "nanico".
Tenham tido essa intenção ou não, meteram o dedo na ferida. A essência do neoliberalismo, desde Hayek a Friedman, é a desconstrução do Estado. O árbitro de todas as soluções, desde o meio ambiente ao emprego, é o livre mercado. Para Hayek, até a moeda teria de ser privada – algo que fez recuar, assustado, seu parceiro Friedman. Não foi o caso, porém, de nossos neoliberais. Estes conseguiram a façanha inacreditável de privatizar o Banco Central, o que valeu a seu presidente uma honraria da "Euromoney".
Pedro Malan (ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, hoje Unibanco), Alexandre Schwartsman (ex-diretor do Banco Central, hoje no Real), Marcos Lisboa (ex-secretário de Política Econômica da Fazenda, hoje no Unibanco), Maílson da Nobre (ex-ministro da Fazenda, hoje dono de consultoria financeira), todos se insurgem diante da ousadia de Pochmann e de Sicsú ao apontarem, por exemplo, que enquanto o número de servidores públicos no Brasil representa 8% do total do emprego, nos Estados Unidos é 17%, na França, 27%, e nos paises nórdicos europeus, em torno de 40%.
A administração pública direta está esgarçada. Do Ministério de Transportes ao Ministério do Meio Ambiente, não há gente para funções essenciais. Não temos fiscais sequer para supervisionar a produção de leite. Na rede estadual do Estado do Rio estima-se que faltam 30 mil professores de ensino médio. O que dizer dos outros? São notórias as deficiências de pessoal em toda a área pública de Educação, de Saúde, de Segurança Pública. Pacientes brasileiros tem recorrido à rede de saúde da Bolívia! Sucateamos nosso sistema de Defesa, e liquidamos com nossa infra-estrutura logística, a qual só começa a ser recuperada no segundo Governo Lula.
Diante desse quadro de descalabro, vêm esses manipuladores de estatística dizer que o grande mal do Brasil é o aumento dos gastos públicos primários! Charlatães, omitem os juros. Shwartzman vai além. Para provar sua tese, faz uma série histórica de aumento da carga tributária entre 1994 e 2006 que simplesmente salta o período de governo de Fernando Henrique. Omite que foi justamente nesse Governo que a carga tributária e a dívida pública explodiram, esta de 30% para quase 60% do PIB – sem qualquer relação, como afirma o Vice Presidente Alencar, com o investimento público e até mesmo com gastos correntes. Tudo para pagar juros sobre juros!
Não tenho espaço para examinar detidamente cada artigo desse quarteto. Mas, como disse Galbraith, não se pode levar a sério opinião sobre economia de quem tem interesses próprios em jogo. E esses professores-banqueiros valem para seus bancos tanto pelo que omitem quanto pelo que expressam. Vejam as operações de swap reverso do Banco Central, cuja independência é tanto exaltada por Maílson da Nóbrega. Como posso esperar opinião independente de professores-banqueiros que certamente estão entre os beneficiários diretos dos R$30 bilhões que, desde 2005, o BC doou e continua doando graciosamente ao "mercado" nessas operações?
A cabeça de Medusa tem muitas serpentes, mas a cabeça da Medusa neoliberal tem serpentes de ouro. Sua infinita audácia, no Brasil, nada tem a ver com sua propensão a ganhar dinheiro e acumular fortunas individuais. Ela vai além disso. Consiste em tentar fazer com que os outros pensem que o interesse pessoal deles é o interesse da sociedade. O resultado disso é que, na média dos anos 1993 a 2005, os juros representaram 29% da renda interna disponível. Num desses anos, foi a 44%! É um escândalo, e um escárnio. Mas é, indiscutivelmente, o principal resultado prático do neoliberalismo no Brasil.
P.S.
Já estava escrito este artigo quando li em manchete de primeira página de "O Globo", mais tarde replicada no Jornal Nacional, que Pochmann será convocado pelo líder tucano no Senado para dar satisfação do afastamento de quatro pesquisadores que se encontravam irregularmente desempenhando funções no IPEA. Lúcia Hipólito, que o próprio jornal laureou como grande cientista política, sustenta que aí estaria a prova de que o IPEA está sendo "aparelhado". Pergunto: Por quem, e com que objetivo?
Não é exatamente o oposto? Ao tempo de Fernando Henrique, e mesmo depois, enquanto o Governo Lula estava preocupado com outras coisas, não foi o IPEA, pelo trabalho ideológico de alguns de seus integrantes (emprestados) mais atrevidos, um instrumento do neoliberalismo incrustrado no Governo, vocalizador do pensamento único deste? Não é desse grupo ideológico "independente" que surgiram os textos "provando" que o Estado brasileiro é gastador, e que é do dispêndio público exagerado que resultam todos os males nacionais – sem uma única menção aos juros e à política monetária?
Não foi um desses pesquisadores que quis "provar" que no Brasil não há trabalho escravo? Obviamente, nenhum desses fâmulos neoliberais, que por certo estão contando pontos para saltar para consultorias privadas, foi afastado pelo que pensam. Foram afastados pela ilegalidade de sua posição. Se isso desagrada os neoliberais da grande mídia e do Congresso, paciência. Não existe nenhuma razão para que o Governo abrigue em seu importante instituto de formulação de política de longo prazo os que querem trocar os gastos públicos necessários pelas receitas privadas de consultoria e de palestras regiamente pagas.
segunda-feira, janeiro 14, 2008
"Não existe risco de epidemia"
Pronunciamento do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, sobre a febre amarela, em 13/01:
"Estou aqui para tranqüilizar a população brasileira sobre um assunto que está preocupando os brasileiros nos últimos dias. O temor de que esteja ocorrendo uma epidemia de febre amarela no país. Não existe risco de epidemia.
O Brasil não tem casos de febre amarela urbana desde 1942. Os casos registrados de lá para cá foram todos de febre amarela silvestre, ou seja, de pessoas que contraíram a doença nas florestas.
Desde 2003, a ocorrência de febre amarela silvestre em seres humanos vem caindo gradativamente.
Os casos suspeitos estão localizados e restritos a áreas onde algumas pessoas não vacinadas entraram em florestas e matas nas últimas semanas.
O Ministério da Saúde tomou todas as medidas preventivas para evitar que casos da doença aparecessem antes mesmo da confirmação do caso sob investigação.
Montamos uma grande barreira sanitária nas áreas de risco protegendo estados e municípios contra a febre amarela. E, de imediato, convocamos as pessoas que vão viajar ou moram em áreas de mata para tomar a vacina.
Se você não mora ou não viajar para estas regiões não precisa se vacinar. Quem já se vacinou pode ficar tranqüilo: o efeito da vacina protege as pessoas durante dez anos.
Portanto, só procure os postos de saúde se morar ou for visitar as áreas de risco e nunca se vacinou ou foi vacinado antes de 1999.
Mas, lembre-se, tomando a vacina, você estará totalmente protegido após dez dias.
O Brasil é o maior produtor mundial de vacina contra a febre amarela. Os postos de saúde estão sendo abastecidos e as autoridades sanitárias estão preparadas para atender a quem realmente precisa tomar a vacina.
Muito obrigado e boa noite."
Enquanto isso, nossa imprensa se empenha em desacreditar o ministro e disseminar o pânico em quase todos os estados do país. Quando há alguma alusão ao seu discurso, o tom é quase de deboche, como se o mundo estivesse acabando e o ministro estivesse gritando que tudo vai bem. Informação zero, terrorismo total!
"Estou aqui para tranqüilizar a população brasileira sobre um assunto que está preocupando os brasileiros nos últimos dias. O temor de que esteja ocorrendo uma epidemia de febre amarela no país. Não existe risco de epidemia.
O Brasil não tem casos de febre amarela urbana desde 1942. Os casos registrados de lá para cá foram todos de febre amarela silvestre, ou seja, de pessoas que contraíram a doença nas florestas.
Desde 2003, a ocorrência de febre amarela silvestre em seres humanos vem caindo gradativamente.
Os casos suspeitos estão localizados e restritos a áreas onde algumas pessoas não vacinadas entraram em florestas e matas nas últimas semanas.
O Ministério da Saúde tomou todas as medidas preventivas para evitar que casos da doença aparecessem antes mesmo da confirmação do caso sob investigação.
Montamos uma grande barreira sanitária nas áreas de risco protegendo estados e municípios contra a febre amarela. E, de imediato, convocamos as pessoas que vão viajar ou moram em áreas de mata para tomar a vacina.
Se você não mora ou não viajar para estas regiões não precisa se vacinar. Quem já se vacinou pode ficar tranqüilo: o efeito da vacina protege as pessoas durante dez anos.
Portanto, só procure os postos de saúde se morar ou for visitar as áreas de risco e nunca se vacinou ou foi vacinado antes de 1999.
Mas, lembre-se, tomando a vacina, você estará totalmente protegido após dez dias.
O Brasil é o maior produtor mundial de vacina contra a febre amarela. Os postos de saúde estão sendo abastecidos e as autoridades sanitárias estão preparadas para atender a quem realmente precisa tomar a vacina.
Muito obrigado e boa noite."
Enquanto isso, nossa imprensa se empenha em desacreditar o ministro e disseminar o pânico em quase todos os estados do país. Quando há alguma alusão ao seu discurso, o tom é quase de deboche, como se o mundo estivesse acabando e o ministro estivesse gritando que tudo vai bem. Informação zero, terrorismo total!
País não corre risco de sofrer uma nova crise no setor elétrico
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu nesta segunda-feira (14) que o Brasil não corre o risco de sofrer uma nova crise no setor elétrico como o que enfrentou em 2001. "A questão energética vive de boatos", afirmou Lula em seu programa de rádio Café com o Presidente. "Todo dia tem boatos de que vai acontecer isso, vai acontecer aquilo. O dado concreto é que o Brasil está seguro de que não haverá apagão e de que não faltará energia para dar sustentabilidade ao crescimento que nós queremos ter", acrescentou.
Para garantir a normalidade do abastecimento em 2008 e em 2009 e evitar um possível apagão energético, o Ministério das Minas e Energia anunciou na semana passada uma série de medidas. Entre elas, está o imediato funcionamento de seis usinas térmicas a óleo no Sudeste para não comprometer os reservatórios da região em virtude das transferências de energia que estão sendo feitas para o Nordeste e o funcionamento, na segunda semana de fevereiro, de um gasoduto no Espírito Santo que permitirá o fornecimento de 5 milhões de metros cúbicos diários de gás para o Rio de Janeiro.
Lula disse que todo o esforço para não faltar energia será feito e que a prioridade no abastecimento de gás é para a geração de energia elétrica. "Se tiver sobrando gás, nós poderemos atender os carros, poderemos atender as empresas, mas é importante definir que a prioridade é produzir energia para atender aos interesses da sociedade brasileira", afirmou.
O presidente ressaltou que a construção da hidrelétrica do Rio Madeira vai garantir ainda mais o abastecimento de energia no país. "Nós estamos preparados para 2009, preparados para 2010. Com o começo da construção da hidrelétrica do Rio Madeira agora, nós estamos seguros de que não faltará energia no Brasil por um bom tempo", concluiu.
(Agência Brasil)
Para garantir a normalidade do abastecimento em 2008 e em 2009 e evitar um possível apagão energético, o Ministério das Minas e Energia anunciou na semana passada uma série de medidas. Entre elas, está o imediato funcionamento de seis usinas térmicas a óleo no Sudeste para não comprometer os reservatórios da região em virtude das transferências de energia que estão sendo feitas para o Nordeste e o funcionamento, na segunda semana de fevereiro, de um gasoduto no Espírito Santo que permitirá o fornecimento de 5 milhões de metros cúbicos diários de gás para o Rio de Janeiro.
Lula disse que todo o esforço para não faltar energia será feito e que a prioridade no abastecimento de gás é para a geração de energia elétrica. "Se tiver sobrando gás, nós poderemos atender os carros, poderemos atender as empresas, mas é importante definir que a prioridade é produzir energia para atender aos interesses da sociedade brasileira", afirmou.
O presidente ressaltou que a construção da hidrelétrica do Rio Madeira vai garantir ainda mais o abastecimento de energia no país. "Nós estamos preparados para 2009, preparados para 2010. Com o começo da construção da hidrelétrica do Rio Madeira agora, nós estamos seguros de que não faltará energia no Brasil por um bom tempo", concluiu.
(Agência Brasil)
domingo, janeiro 13, 2008
A linguagem do preconceito
Virou moda dizer que "Lula não entende das coisas". Ou "confundiu isso com aquilo". É a linguagem do preconceito, adotada até mesmo por jornalistas ilustres e escritores consagrados
(Por Bernardo Kucinski, na Revista do Brasil)
Um dia encontrei Lula, ainda no Instituto Cidadania, em São Paulo, empolgado com um livro de Câmara Cascudo sobre os hábitos alimentares dos nordestinos. Lula saboreava cada prato mencionado, cada fruta, cada ingrediente. Lembrei-me desse episódio ao ler a coluna recente do João Ubaldo Ribeiro, "De caju em caju", em que ele goza o presidente por falar do caju, "sem conhecer bem o caju". Dias antes, Lula havia feito um elogio apaixonado ao caju, no lançamento do Projeto Caju, que procura valorizar o uso da fruta na dieta do brasileiro.
"É uma pena que o presidente Lula não seja nordestino, portanto não conheça bem a farta presença sociocultural do caju naquela remota região do país...", escreveu João Ubaldo. Alegou que Lula não era nordestino porque tinha vindo ainda pequeno para São Paulo. E em seguida esparramou citações sobre o caju, para mostrar sua própria erudição. Estou falando de João Ubaldo porque, além de escritor notável, ele já foi um grande jornalista.
Outro jornalista ilustre, o querido Mino Carta, escreveu que Lula "confunde" parlamentarismo com presidencialismo. "Seria bom", disse Mino, "que alguém se dispusesse a explicar ao nosso presidente que no parlamentarismo o partido vencedor das eleições assume a chefia do governo por meio de seu líder..." Essa do Mino me fez lembrar outra ocasião, no Instituto Cidadania, em que Lula defendeu o parlamentarismo.
Parlamentarista convicto, Lula diz que partidos são os instrumentos principais de ação política numa democracia. Pelo mesmo motivo Lula é a favor da lista partidária única e da tese de que o mandato pertence ao partido. Em outubro de 2001, o Instituto Cidadania iniciou uma série de seminários para o Projeto Reforma Política, aos quais Lula fazia questão de assistir do começo ao fim. Desses seminários resultou um livro de 18 ensaios, Reforma Política e Cidadania, organizado por Maria Victória Benevides e Fábio Kerche, prefaciado por Lula e editado pela Fundação Perseu Abramo.
Clichês e malandragem
Se pessoas com a formação de um Mino Carta ou João Ubaldo sucumbiram à linguagem do preconceito, temos mais é que perdoar as dezenas de jornalistas de menos prestígio que também dizem o tempo todo que "Lula não sabe nada disso, nada daquilo". Acabou virando o que em teoria do jornalismo chamamos de "clichê". É muito mais fácil escrever usando um clichê porque ele sintetiza idéias com as quais o leitor já está familiarizado, de tanto que foi repetido. O clichê estabelece de imediato uma identidade entre o que o jornalista quer dizer e o desejo do leitor de compreender. Por isso, o clichê do preconceito "Lula não entende" realimenta o próprio preconceito.
Alguns jornalistas sabem que Lula não é nem um pouco ignorante, mas propagam essa tese por malandragem política. Nesse caso, pode-se dizer que é uma postura contrária à ética jornalística, mas não que seja preconceituosa. Aproveitam qualquer exclamação ou uso de linguagem figurada de Lula para dizer que ele é ignorante. "Por que Lula não se informa antes de falar?", escreveu Ricardo Noblat em seu blog, quando Lula disse que o caso da menina presa junto com homens no Pará "parecia coisa de ficção". Quando Lula disse, até com originalidade, que ainda faltava à política externa brasileira achar "o ponto G", William Waack escreveu: "Ficou claro que o presidente brasileiro não sabe o que é o ponto G".
Outra expressão preconceituosa que pegou é "Lula confunde". A tal ponto que jornalistas passam a usar essa expressão para fazer seus próprios jogos de palavras. "Lula confunde agitação com trabalho", escreveu Lucia Hippolito. Empregam o "confunde" para desqualificar uma posição programática do presidente com a qual não concordam. "O presidente confunde choque de gestão com aumento de contratações", diz o consultor José Pastore, fonte habitual da imprensa conservadora.
Confunde coisa alguma. Os neoliberais querem reduzir o tamanho do Estado, o presidente quer aumentar. Quer contratar mais médicos, professores, biólogos para o Ibama. É uma divergência programática. Carlos Alberto Sardenberg diz que Lula "confundiu" a Vale com uma estatal. "Trata-a como se fosse a Petrobras, empresa que segundo o presidente não pode pensar só em lucro, mas em, digamos, ajudar o Brasil." Esse caso é curioso porque no parágrafo seguinte o próprio Sardenberg pode ser acusado de confundir as coisas, ao reclamar de a Petrobras contratar a construção de petroleiros no país, apesar de custar mais. Aqui, também, Lula não fez confusão: o presidente acha que tanto a Vale quanto a Petrobras têm de atender interesses nacionais; Sardenberg acha que ambas devem pensar primeiro na remuneração dos acionistas.
Filosofia da ignorância
A linguagem do preconceito contra Lula sofisticou-se a tal ponto que adquiriu novas dimensões, entre elas a de que Lula teria até problemas de aprendizagem ou de compreensão da realidade. Ora, justamente por ter tido pouca educação formal, Lula só chegou aonde chegou por captar rapidamente novos conhecimentos, além de ter memória de elefante e intuição. Mas, na linguagem do preconceito, "Lula já não consegue mais encadear frases com alguma conseqüência lógica", como escreveu Paulo Ghiraldelli, apresentado como filósofo na página de comentários importantes do Estadão. Ou, como escreveu Rolf Kunz, jornalista especializado em economia e também professor de filosofia: "Lula não se conforma com o fato de, mesmo sendo presidente, não entender o que ocorre à sua volta".
Como nasceu a linguagem do preconceito? As investidas vêm de longe. Mas o predomínio dessa linguagem na crônica política só se deu depois de Lula ter sido eleito presidente, e a partir de falas de políticos do PSDB e dos que hoje se autodenominam Democratas. "O presidente Lula não sabe o que é pacto federativo", disse Serra, no ano passado. E continuam a falar: "O presidente Lula não sabe distinguir a ordem das prioridades", escreveu Gilberto de Mello. "O presidente Lula em cinco anos não aprendeu lições básicas de gestão", escreveu Everardo Maciel na Gazeta Mercantil.
A tese de que Lula "confunde" presidencialismo com parlamentarismo foi enunciada primeiro por Rodrigo Maia, logo depois por César Maia, e só então repetida pelos jornalistas. Um deles, Daniel Piza, dias depois dessas falas, escreveu que "só mesmo Lula, que não sabe a diferença entre presidencialismo e parlamentarismo, pode achar que um governante ter a aprovação da maioria é o mesmo que ser uma democracia no seu sentido exato".
Preconceito é juízo de valor que se faz sem conhecer os fatos. Em geral é fruto de uma generalização ou de um senso comum rebaixado. O preconceito contra Lula tem pelo menos duas raízes: a visão de classe, de que todo operário é ignorante, e a supervalorização do saber erudito, em detrimento de outras formas de saber, tais como o saber popular ou o que advém da experiência ou do exercício da liderança. Também não se aceita a possibilidade de as pessoas transitarem por formas diferentes de saber.
A isso tudo se soma o outro preconceito, o de que Lula não trabalha. Todo jornalista que cobre o Palácio do Planalto sabe que é mentira, que Lula trabalha de 12 a 14 horas por dia, mas ele é descrito com freqüência por jornalistas como uma pessoa indolente.
Não atino com o sentido dessa mentira, exceto se o objetivo é difamar uma liderança operária, o que é, convenhamos, uma explicação pobre. Talvez as elites, e com elas os jornalistas, não consigam aceitar que o presidente, ao estudar um problema com seus ministros, esteja trabalhando, já que ele é "incapaz de entender" o tal problema. Ou achem que, ao representar o Estado ou o país, esteja apenas passeando. Afinal, onde já se viu um operário, além do mais ignorante, representar um país?
(Por Bernardo Kucinski, na Revista do Brasil)
Um dia encontrei Lula, ainda no Instituto Cidadania, em São Paulo, empolgado com um livro de Câmara Cascudo sobre os hábitos alimentares dos nordestinos. Lula saboreava cada prato mencionado, cada fruta, cada ingrediente. Lembrei-me desse episódio ao ler a coluna recente do João Ubaldo Ribeiro, "De caju em caju", em que ele goza o presidente por falar do caju, "sem conhecer bem o caju". Dias antes, Lula havia feito um elogio apaixonado ao caju, no lançamento do Projeto Caju, que procura valorizar o uso da fruta na dieta do brasileiro.
"É uma pena que o presidente Lula não seja nordestino, portanto não conheça bem a farta presença sociocultural do caju naquela remota região do país...", escreveu João Ubaldo. Alegou que Lula não era nordestino porque tinha vindo ainda pequeno para São Paulo. E em seguida esparramou citações sobre o caju, para mostrar sua própria erudição. Estou falando de João Ubaldo porque, além de escritor notável, ele já foi um grande jornalista.
Outro jornalista ilustre, o querido Mino Carta, escreveu que Lula "confunde" parlamentarismo com presidencialismo. "Seria bom", disse Mino, "que alguém se dispusesse a explicar ao nosso presidente que no parlamentarismo o partido vencedor das eleições assume a chefia do governo por meio de seu líder..." Essa do Mino me fez lembrar outra ocasião, no Instituto Cidadania, em que Lula defendeu o parlamentarismo.
Parlamentarista convicto, Lula diz que partidos são os instrumentos principais de ação política numa democracia. Pelo mesmo motivo Lula é a favor da lista partidária única e da tese de que o mandato pertence ao partido. Em outubro de 2001, o Instituto Cidadania iniciou uma série de seminários para o Projeto Reforma Política, aos quais Lula fazia questão de assistir do começo ao fim. Desses seminários resultou um livro de 18 ensaios, Reforma Política e Cidadania, organizado por Maria Victória Benevides e Fábio Kerche, prefaciado por Lula e editado pela Fundação Perseu Abramo.
Clichês e malandragem
Se pessoas com a formação de um Mino Carta ou João Ubaldo sucumbiram à linguagem do preconceito, temos mais é que perdoar as dezenas de jornalistas de menos prestígio que também dizem o tempo todo que "Lula não sabe nada disso, nada daquilo". Acabou virando o que em teoria do jornalismo chamamos de "clichê". É muito mais fácil escrever usando um clichê porque ele sintetiza idéias com as quais o leitor já está familiarizado, de tanto que foi repetido. O clichê estabelece de imediato uma identidade entre o que o jornalista quer dizer e o desejo do leitor de compreender. Por isso, o clichê do preconceito "Lula não entende" realimenta o próprio preconceito.
Alguns jornalistas sabem que Lula não é nem um pouco ignorante, mas propagam essa tese por malandragem política. Nesse caso, pode-se dizer que é uma postura contrária à ética jornalística, mas não que seja preconceituosa. Aproveitam qualquer exclamação ou uso de linguagem figurada de Lula para dizer que ele é ignorante. "Por que Lula não se informa antes de falar?", escreveu Ricardo Noblat em seu blog, quando Lula disse que o caso da menina presa junto com homens no Pará "parecia coisa de ficção". Quando Lula disse, até com originalidade, que ainda faltava à política externa brasileira achar "o ponto G", William Waack escreveu: "Ficou claro que o presidente brasileiro não sabe o que é o ponto G".
Outra expressão preconceituosa que pegou é "Lula confunde". A tal ponto que jornalistas passam a usar essa expressão para fazer seus próprios jogos de palavras. "Lula confunde agitação com trabalho", escreveu Lucia Hippolito. Empregam o "confunde" para desqualificar uma posição programática do presidente com a qual não concordam. "O presidente confunde choque de gestão com aumento de contratações", diz o consultor José Pastore, fonte habitual da imprensa conservadora.
Confunde coisa alguma. Os neoliberais querem reduzir o tamanho do Estado, o presidente quer aumentar. Quer contratar mais médicos, professores, biólogos para o Ibama. É uma divergência programática. Carlos Alberto Sardenberg diz que Lula "confundiu" a Vale com uma estatal. "Trata-a como se fosse a Petrobras, empresa que segundo o presidente não pode pensar só em lucro, mas em, digamos, ajudar o Brasil." Esse caso é curioso porque no parágrafo seguinte o próprio Sardenberg pode ser acusado de confundir as coisas, ao reclamar de a Petrobras contratar a construção de petroleiros no país, apesar de custar mais. Aqui, também, Lula não fez confusão: o presidente acha que tanto a Vale quanto a Petrobras têm de atender interesses nacionais; Sardenberg acha que ambas devem pensar primeiro na remuneração dos acionistas.
Filosofia da ignorância
A linguagem do preconceito contra Lula sofisticou-se a tal ponto que adquiriu novas dimensões, entre elas a de que Lula teria até problemas de aprendizagem ou de compreensão da realidade. Ora, justamente por ter tido pouca educação formal, Lula só chegou aonde chegou por captar rapidamente novos conhecimentos, além de ter memória de elefante e intuição. Mas, na linguagem do preconceito, "Lula já não consegue mais encadear frases com alguma conseqüência lógica", como escreveu Paulo Ghiraldelli, apresentado como filósofo na página de comentários importantes do Estadão. Ou, como escreveu Rolf Kunz, jornalista especializado em economia e também professor de filosofia: "Lula não se conforma com o fato de, mesmo sendo presidente, não entender o que ocorre à sua volta".
Como nasceu a linguagem do preconceito? As investidas vêm de longe. Mas o predomínio dessa linguagem na crônica política só se deu depois de Lula ter sido eleito presidente, e a partir de falas de políticos do PSDB e dos que hoje se autodenominam Democratas. "O presidente Lula não sabe o que é pacto federativo", disse Serra, no ano passado. E continuam a falar: "O presidente Lula não sabe distinguir a ordem das prioridades", escreveu Gilberto de Mello. "O presidente Lula em cinco anos não aprendeu lições básicas de gestão", escreveu Everardo Maciel na Gazeta Mercantil.
A tese de que Lula "confunde" presidencialismo com parlamentarismo foi enunciada primeiro por Rodrigo Maia, logo depois por César Maia, e só então repetida pelos jornalistas. Um deles, Daniel Piza, dias depois dessas falas, escreveu que "só mesmo Lula, que não sabe a diferença entre presidencialismo e parlamentarismo, pode achar que um governante ter a aprovação da maioria é o mesmo que ser uma democracia no seu sentido exato".
Preconceito é juízo de valor que se faz sem conhecer os fatos. Em geral é fruto de uma generalização ou de um senso comum rebaixado. O preconceito contra Lula tem pelo menos duas raízes: a visão de classe, de que todo operário é ignorante, e a supervalorização do saber erudito, em detrimento de outras formas de saber, tais como o saber popular ou o que advém da experiência ou do exercício da liderança. Também não se aceita a possibilidade de as pessoas transitarem por formas diferentes de saber.
A isso tudo se soma o outro preconceito, o de que Lula não trabalha. Todo jornalista que cobre o Palácio do Planalto sabe que é mentira, que Lula trabalha de 12 a 14 horas por dia, mas ele é descrito com freqüência por jornalistas como uma pessoa indolente.
Não atino com o sentido dessa mentira, exceto se o objetivo é difamar uma liderança operária, o que é, convenhamos, uma explicação pobre. Talvez as elites, e com elas os jornalistas, não consigam aceitar que o presidente, ao estudar um problema com seus ministros, esteja trabalhando, já que ele é "incapaz de entender" o tal problema. Ou achem que, ao representar o Estado ou o país, esteja apenas passeando. Afinal, onde já se viu um operário, além do mais ignorante, representar um país?
terça-feira, dezembro 18, 2007
O Natal da discórdia
O autor aprofunda a crítica, deseja um feliz 2008, e se despede respeitosamente dos leitores de Carta Maior
(Bernardo Kucinski, para a Agência Carta Maior - os grifos são meus)
Minha crítica à greve de fome de Dom Luís ofendeu leitores e constrangeu Carta Maior. A direção segurou o texto por dois dias e quando o publicou, dele se dissociou: "Posições oficiais da Carta são assinadas por mim, Editor Chefe, pelo seu diretor-presidente, Joaquim Ernesto Palhares, ou por ambos". Assinado: Flávio Wolf de Aguiar, Editor Chefe. Leitores em penca reclamaram indignados contra sua publicação.
Já havia sentido a rejeição de muitos leitores ao modo irônico ou à crítica ao movimento ambientalista. Desta vez, parece que mexi num vespeiro. Levei o maior cacete. De fato, meu texto chega ao limite do sarcasmo porque fiquei revoltado com a distorção de informações sobre o projeto do São Francisco. Era preciso chocar para romper o emparedamento do debate. Mesmo porque está em jogo um divisor de águas no campo progressista que vai muito além do Rio São Francisco. Apesar de fugir ao meu estilo analítico costumeiro, adotando uma retórica dramática, eu tinha a boa informação.
Gostei do novo estilo. A maioria dos leitores, não. Vários me acusaram de desqualificar o bispo em vez de discutir seus argumentos. Quando enviei o artigo à redação, no domingo, dia 9, (com data para o dia 10), o bispo não havia explicitado seus argumentos em texto assinado. Só fez isso na Folha de S. Paulo do dia 12. Meu objetivo, que muitos leitores não captaram, era decifrar as razões da segunda greve de fome, já que, ao contrário da primeira, não a movia o motivo clássico desse gesto, que é forçar uma negociação. A partir dos pressupostos de que um governo democrático não poderia ceder à chantagem e o bispo, como um general da Igreja, sabia disso conclui que o Dom Luís queria mesmo era morrer. Foi ele quem se desqualificou. Eu apenas matei a charada, como diz um dos raros leitores que me apoiaram.
Agora, que o bispo explicitou seus argumentos, é possível refutá-los. Mas antes, quero falar de minhas divergências mais gerais. A primeira é em relação ao lugar do governo Lula na nossa história. Concordo com a maioria dos leitores que o governo Lula ficou aquém do que esperávamos, em especial na fase paloccista, e continua afogado em contradições. Lula fez uma aliança estratégica com os bancos? Fez. Eu mesmo apontei isso na Carta Maior. Mas criou o Pró-Uni, o Bolsa-Família, o programa Luz para Todos e o programa Quilombola; o programa de Agricultura Familiar, aumentou substancialmente o salário mínimo, dialoga com os movimentos populares; vestiu o boné do MST, o dos petroleiros e o das margaridas. Contribuiu para a o enterro da ALCA e promove a integração latino-americana. Criou o Banco do Sul e a TV Pública.
Não é pouca coisa. Não sei se tudo isso "mudará o Brasil". Sei que não quero entrar na história como um dos linchadores de Lula e de um governo que eu ajudei a eleger. Como disse Maria da Conceição Tavares, parodiando a confusão que se estabeleceu no Chile no governo Allende: "É um governo de merda mas é o nosso governo de merda."
Minha segunda divergência diz respeito à dimensão política da luta pela defesa do meio ambiente. Uma coisa é levar essa luta debaixo do tacão de um regime militar, outra coisa é no interior de um governo democrático, sensível às demandas populares e sobre o qual temos enorme influência, em especial nos aparelhos de Estado que cuidam do meio ambiente e dos programas sociais.
Divirjo também da doutrina de muitos movimentos ambientalistas. Quando fui procurado pelo Greenpeace, para participar de sua fundação no Brasil, lá pelos anos 80, instintivamente recusei.
Digo instintivamente porque somente há poucos meses topei com a teoria da minha recusa. Num pequeno artigo no Jornal do Brasil, Emir Sader dizia ser impossível tratar temas como a economia, sem considerar conceitos básicos da economia política, entre os quais o conceito de "imperialismo."
É isso. Uma coisa é uma agenda ambientalista endógena, concebida por nós, que considere nosso estágio de desenvolvimento, nossas necessidades básicas e nossa correlação interna de forças. Outra coisa é aceitar acriticamente a agenda que vem de fora. Ou não perceber que também na luta ambientalista, incidem o fator de classe e o fator imperialismo. O Norte com renda per capita de 30 mil dólares pode propugnar até mesmo crescimento zero ou de emissão zero de CO2. O Sul com renda per capita de três mil dólares tem que se orientar necessariamente pelo conceito do desenvolvimento sustentado, aquele que preserva o meio ambiente e os recursos naturais, mas garantindo as necessidades básicas da população presente.
Uma parte do movimento ambientalista brasileiro não se orienta pelo conceito do desenvolvimento sustentado e sim por um paradigma criado por sociedades já bem abastecidas em tudo, e que preferem atribuir ao nosso território o papel de uma gigantesca reserva florestal, indígena e de biodiversidade do planeta Terra. Não estão nem aí para as necessidades básicas da população brasileira.
Para atender essas necessidades e nos tornarmos uma sociedade minimamente civilizada, precisamos construir cinco milhões de moradias, e levar a elas água, eletricidade e esgoto.
Precisamos criar pelo menos trinta milhões de empregos. Erguer dezenas de escolas, hospitais e postos do Ibama e da Polícia Federal. Implantar vastas redes de transporte de massa, metrôs, hidrovias e ferrovias, tudo isso obedecendo padrões avançados de controle ambiental.
Os números são todos grandes. Mas temos recursos para isso. Nunca se ganhou tanto dinheiro no país com as exportações. É preciso lutar por políticas públicas que aloquem esses recursos em benefício da população, Mas os ambientalistas foram tomados pela cultura do não. Nada pode ser feito e, se for grande, é ainda mais condenável. Temos uma frente nacional "contra" os transgênicos, outra contra o projeto do São Francisco, e logo logo teremos, se é que já não temos, a frente nacional contra as barragens, contra o uso de células tronco e contra as estradas de integração continental. É o autismo frente às carências do povão, o fundamentalismo na luta pelo meio ambiente, e o ludismo na reação contra os avanços da biotecnologia.
Deveríamos ter, isso sim, uma frente nacional pelo zoneamento agrícola, outra pelo imposto sobre a exportação de commodities, e mais outra pela atualização dos índices de produtividade agrícola (sem o que é impossível a desapropriação para fins de reforma agrária). Uma frente nacional pela ocupação ordenada da Amazônia, outra pela integração continental. Tínhamos que pressionar pela recuperação das pequenas hidrelétricas, desativadas pelo regime militar e lutar ao mesmo tempo pela construção das de maior porte, por gerarem energia limpa, renovável e barata, a um baixo custo social.
Na oposição ao projeto da adutora do São Francisco, os traços de fundamentalismo se adensaram perigosamente, quando a Igreja se meteu na história. Leiam de novo a mensagem de apoio de Leonardo Boff a Dom Luiz, enviada por um dos leitores indignados com meu artigo. O mesmo Leonardo Boff que observou dias atrás ser incorreto discutir a existência de Deus à luz da ciência, porque a fé é uma questão de imaginação e espiritualidade, agora convoca a fé para combater um projeto terreno de captação de águas de um rio. "Acompanho com respeito e sustento com todo o coração sua decisão de doar a vida para que haja mais vida para os pobres e para o rio São Francisco... Sua opção não é a de um suicida mas de um homem livre, capaz de amar até o fim, amparado no Deus de Jesus ..." E vai por aí a fora, citando passagens da escritura e invocando repetidamente o nome de Deus.
Lembrei-me do segundo mandamento: "Não invocarás o nome de Deus em vão". E também do oitavo: "Não levantarás falso testemunho." Isso porque são falsos os argumentos de Dom Luiz, da CPT e da CNBB contra o projeto. Há restrições e críticas sérias ao projeto, mas as dos bispos são inconsistentes, resvalando para o demagógico.
O bispo começa pelo argumento de que Lula não tinha mandato para tocar esse projeto porque evitou discuti-lo durante a campanha eleitoral. Disso conclui que Lula governa autoritariamente, que Lula e não ele é o inimigo da democracia. "Vivêssemos numa democracia republicana, real e substantiva, não teria que fazer o que estou fazendo," escreve Dom Luís. Outro bispo, Dom Tomás Balduíno, em artigo no Estadão, vai além: diz que "quem dividiu o país, e até a Igreja, foi Lula e não Dom Luís Cappio."
Vamos perdoar a menção a uma "democracia republicana" por parte de uma Igreja que se opõe ao divórcio e ao uso da casmisinha. Digamos que foi um erro de digitação. Esses bispos se esquecem que depois de Lula ser eleito, a história seguiu seu curso e ele também foi re-eleito, numa segunda campanha em que a prioridade dada ao projeto já era notória. E mais: o presidente recebeu votação esmagadora na re-eleição exatamente nos Estados do Nordeste, onde vai se dar essa importante intervenção.
Lembro ainda que, por ordem do presidente, o ministro Ciro Gomes agendou uma rodada de discussões com Dom Luiz, como parte do acordo para acabar com sua primeira greve de fome. Mas Dom Luís não compareceu. Foi ele que não quis discutir.
O bispo escreve e repete que 70% da água transposta vai para uso industrial, 26% para uso agrícola e 4% para a população difusa. Isso provaria que o projeto foi feito para servir grandes empreendimentos agro-pecuários e industriais. Mas a verdade é que as águas vão perenizar os mesmos rios e abastecer exatamente os mesmos sistemas municipais, açudes e sabespes, atualmente em operação, e que já sofrem crises periódicas de abastecimento mesmo na ausência de secas.
Não encontrei no Relatório de Impacto Ambiental, (RIMA) os números do bispo, por mais que procurasse. Encontrei sim este trecho: "A demanda urbana das áreas que serão beneficiadas pelo empreendimento foi avaliada em aproximadamente 38 metros cúbicos por segundo no ano de 2025. Desse total, cerca de 24 metros cúbicos por segundo correspondem ao consumo humano e 14 metros cúbicos à demanda industrial". Portanto, pelo menos em relação à proporção demanda humana-demanda industrial, o bispo está errado. Diz ainda o RIMA: "o projeto foi planejado procurando atender o maior número de pessoas possível."
Confira em www.mi.gov.br/saofrancisco/integracao.rima.asp.
A adutora não foi feita para abastecer nenhum projeto especifico de agro-business ou industrial; ela reforça as adutoras e açudes já existentes, dando ao Nordeste uma perspectiva de longo prazo de desenvolvimento econômico, urbano, agrícola. O bispo não menciona quais seriam esses projetos gigantes. Procurei exaustivamente e acabei encontrando a origem da desinformação: um documento da Comissão Pastoral da Terra, hoje a principal produtora de falácias contra o projeto ao ponto de desbancar a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) que não admitia perder uma gota do rio que aciona seus geradores em Paulo Afonso.
A CPT alega que a adutora "vai servir para a siderúrgica do Pecém, vai servir para a agroindústria do Apodi." Ora, a siderurgia do Pecém fica próxima ao litoral, no Ceará, distante centenas de quilômetros do ramo Norte do projeto, que mal entra no Ceará, desviando-se em direção à Paraíba e Rio Grande do Norte, depois de reforçar o Riacho dos Porcos. Desse riacho até Pecém são centenas de quilômetros de rios que até mudam de nome e passam por açudes diversos. Não tem nada a ver com a siderúrgica, que já tem abastecimento local assegurado de 2 metros cúbicos por segundo, para um consumo de apenas 1,73 metros cúbicos por segundo.
Esses dados foram admitidos pela Agência Brasil, do MST (www.brasildefato.com.br). Como contradizem o argumento da CPT, a agência alega que no futuro, quando outras indústrias forem atraídas pela siderúrgica, "caso o complexo prospere, a demanda de água superará a oferta atual".
Notem o ato falho na utilização da palavra "prospere". Eles não querem que nada prospere. Também omitem que a siderúrgica vai produzir placas grossas, para exportação, e não as placas finas que atrairiam empresas metalúrgicas de processamento.
Mais falacioso ainda é chamar a agricultura de Apodi de agro-business, ao modo de um palavrão que desclassifica tudo. Apodi é uma história de sucesso e exuberância agrícola e grande diversidade de produção e formas de propriedade. Ali cresce, graças à Embrapa, a mais produtiva variedade de acerola. Ali o governo federal está implantando um projeto específico de financiamento da agricultura familiar. Ali existem seis assentamentos agrícolas e três cooperativas de produtores. Ali o governo instalou também um projeto de três mini-fábricas familiares para o processamento da castanha do caju, e um outro que vai beneficiar 400 pequenos produtores de mel. Um único projeto de irrigação em andamento no Apodi, com água pressurizada, vai atender mais de 200 agricultores.
Todas essas falácias e mais algumas foram inventadas pela CPT depois que se desmoralizou o argumento principal anterior de que a adutora ia secar o Rio São Francisco. Ocorre que em julho de 2004, depois de intensos debates técnicos, o governo inverteu a lógica do antigo projeto pelo qual as águas do São Francisco seriam transpostas para os sistemas do semi-árido sempre que seus açudes estivessem baixos, sem levar em conta o nível da represa de Sobradinho. Ficou decidido que será retirada uma quantidade mínima para garantir o consumo humano, e só quando Sobradinho tiver excesso de água, a captação será maior. Na sua nova formulação são retirados 26,4 metros cúbicos por segundo, cerca de 1% da vazão no local da captação, e somente quando Sobradinho estiver vertendo, ou seja, botando fora excesso de água, a captação pode aumentar, mesmo assim até o limite de 87,9 metros cúbicos. O RIMA estima que na média anual, a perda do rio vai ficar em 65 metros cúbicos por segundo.
Mas no sertão beneficiado o ganho é muito maior porque ao eliminar a insegurança a adutora diminui a necessidades de armazenamento dos açudes existentes, reduzindo as perdas por evaporação de seus espelhos de água em 22,5 metros cúbicos por segundo. É um efeito de "sinergismo, que segundo o RIMA, nunca existiu antes em projetos de adutoras. Por tudo isso, a nota técnica 492 da Agência Nacional de Águas (ANA) de setembro de 2004 avalizou o projeto.(www.ana.gov.br). Um ano depois a ANA concedeu ao Ministério da Integração a outorga definitiva para o uso dessas quantidades, através das resoluções 411 e 412. Está tudo na internet. Aliás, o portal do Ministério do Meio Ambiente, que abriga a maioria dessas informações, é muito abrangente.
Sem o argumento de que o rio vai secar, os padres passaram a argumentar que há um outro projeto, o Atlas do Nordeste, elaborado pela ANA, mais barato, custando apenas R$ 3,6 bilhões, metade do custo do São Francisco, e beneficiando três vezes mais gente, 44 milhões. É tudo falso, no atacado e no varejo. Ou um "equívoco", como diz educadamente o presidente da ANA, José Machado: "Em primeiro lugar o Atlas não pode ser considerado um programa ou projeto. É na verdade, um portfolio de eficientes soluções técnicas para serem eventualmente financiadas. Não visou equacionar o problema da segurança hídrica do Nordeste, uma vez que não se tratou do atendimento de usos múltiplos da água, como a produção de alimentos e irrigação. Também não foi considerado o abastecimento das sedes municipais com menos de cinco mil habitantes, dos distritos, vilas e núcleos rurais. Por outro lado, o projeto de Integração do São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) é um projeto de desenvolvimento regional com perspectiva de conseguir benefícios que se estendam para além de 2025. O Atlas e o PISF são, pois, iniciativas distintas, em sua gênese, seus objetivos e em sua área de abrangência. Não são conflitantes".
Apenas um quinto dessas soluções técnicas já tinha projetos, mesmo assim abandonados. O Atlas é um mapeamento do que prefeitos deveriam ter feito e não fizeram. Mostra que é assustador o número de municípios com mais de cinco mil habitantes em situação critica de abastecimento de água: 90% deles em Alagoas, 81% no Ceará, 65% no Rio Grande do Norte e assim por diante. O motivo é simples: é o controle da maioria dessas prefeituras por grupos locais de interesse, fazendeiros e forças conservadores ou prefeitos corruptos. Além disso, abarca apenas metade dos 2116 municípios dos dez estados analisados, os que tem mais de cinco mil habitantes. Portanto é o oposto do argumento dos bispos, de que suas soluções atendem os pequenos enquanto a transposição atende os grandes. É falso também que beneficiariam 44 milhões de habitantes. Essa é população total da região e não a população específica dos municípios mapeados.
Outro argumento falacioso é o de que o governo preferiu o grande para favorecer as empreiteiras e por isso abandonou o projeto das cisternas. Trata-se da falácia da falsa premissa. Não é verdade que o governo preteriu o projeto das cisternas. O governo apoiou com entusiasmo desde o início a proposta da Articulação do Semi Árido, que reúne 700 ONGs, incluindo-a no seu programa de Combate à Fome. Foi criada uma entidade especial para gerir o programa, que recebe recursos do governo e de empresas privadas. Lula inaugurou a primeira cisterna, justamente para dar força ao projeto. Trata-se de um projeto sofisticado, em que os moradores mesmo constroem as cisternas recebendo treinamento e suporte de uma rede de ONGs. Quando as ONGs, para as quais foram repassados os recursos se revelaram vagarosas demais, o governo entrou de sola para acelerar o programa e no último mês de julho o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome lançou o edital 13/07, oferecendo mais R$10 milhões a entidades que queiram entrar no programa. A meta de construir um milhão de cisternas está de pé. Já foram construídas 220 mil.
Cada cisterna consegue armazenar pelo menos 10.500 litros de água, o suficiente para necessidades básicas de uma família de cinco pessoas. Mas não o bastante para uso agrícola, mesmo no caso da agricultura de subsistência. As cisternas são a solução para água de beber, de banho, de cozinhar e lavar em residências isoladas, esparsas, na área rural, onde os sistemas municipais de abastecimento não chegam. Não podem ser construídas nas cidades. Um projeto complementa de forma ideal o outro.
Nos últimos documentos da CNBB, em textos de Frei Betto, de Leonardo Boff e outros, surgiu um novo argumento, o de que o projeto "não vai levar água aos índios e quilombolas". Tanto quilombos quanto aldeamentos indígenas por definição se situam em regiões isoladas mas com boa oferta de água. Foram os locais onde se fixaram, fugindo dos bandeirantes assassinos e capitães de mato. A esses locais o Luz para Todos está levando eletricidade, que não havia. Mas água já tem.
Os padres também alegam que o projeto é pleno de ilegalidades. É bem o contrário. Seus opositores é que vem se valendo de truques legalísticos, para obstar projetos que passaram por todos os crivos técnicos das agencias reguladores e todos as votações de comitês de bacias.
Entram na justiça com pedidos de liminares, sabendo que justiça vai demorar anos para entrar no mérito. Sempre que o mérito é julgado, o projeto é aprovado. Além disso, ambientalistas tem impedido o fechamento de atas de audiências públicas à força. Várias das audiências do São Francisco foram interrompidas à força. Eu pergunto: de que lado está o autoritarismo?
Termino perguntando: Será que por trás dessa campanha contra a adutora do São Francisco não está o ressentimento pela perda do rebanho dos pobres, que hoje têm um cartão Bolsa-Família? Ou dos pobres que se libertariam da opressão da falta de água no Nordeste? Ou será que estamos testemunhando o enquadramento da Igreja de Libertação na encíclica Spe Salvi, lançada pelo papa e ex-corregedor da fé, Ratzinger, o mesmo que pediu a expulsão de Leonardo Boff da Igreja?
Essa encíclica reafirma a renúncia à libertação terrena em nome de uma salvação na dor e na morte. Além de lembrar vivamente a tragédia de Dom Luís, é imobilista e reacionária. Deixa o campo da história para as forças conservadoras deitarem e rolarem, impedindo a Igreja de Libertação de disputá-lo com um projeto secular de transformação social.
(Bernardo Kucinski, para a Agência Carta Maior - os grifos são meus)
Minha crítica à greve de fome de Dom Luís ofendeu leitores e constrangeu Carta Maior. A direção segurou o texto por dois dias e quando o publicou, dele se dissociou: "Posições oficiais da Carta são assinadas por mim, Editor Chefe, pelo seu diretor-presidente, Joaquim Ernesto Palhares, ou por ambos". Assinado: Flávio Wolf de Aguiar, Editor Chefe. Leitores em penca reclamaram indignados contra sua publicação.
Já havia sentido a rejeição de muitos leitores ao modo irônico ou à crítica ao movimento ambientalista. Desta vez, parece que mexi num vespeiro. Levei o maior cacete. De fato, meu texto chega ao limite do sarcasmo porque fiquei revoltado com a distorção de informações sobre o projeto do São Francisco. Era preciso chocar para romper o emparedamento do debate. Mesmo porque está em jogo um divisor de águas no campo progressista que vai muito além do Rio São Francisco. Apesar de fugir ao meu estilo analítico costumeiro, adotando uma retórica dramática, eu tinha a boa informação.
Gostei do novo estilo. A maioria dos leitores, não. Vários me acusaram de desqualificar o bispo em vez de discutir seus argumentos. Quando enviei o artigo à redação, no domingo, dia 9, (com data para o dia 10), o bispo não havia explicitado seus argumentos em texto assinado. Só fez isso na Folha de S. Paulo do dia 12. Meu objetivo, que muitos leitores não captaram, era decifrar as razões da segunda greve de fome, já que, ao contrário da primeira, não a movia o motivo clássico desse gesto, que é forçar uma negociação. A partir dos pressupostos de que um governo democrático não poderia ceder à chantagem e o bispo, como um general da Igreja, sabia disso conclui que o Dom Luís queria mesmo era morrer. Foi ele quem se desqualificou. Eu apenas matei a charada, como diz um dos raros leitores que me apoiaram.
Agora, que o bispo explicitou seus argumentos, é possível refutá-los. Mas antes, quero falar de minhas divergências mais gerais. A primeira é em relação ao lugar do governo Lula na nossa história. Concordo com a maioria dos leitores que o governo Lula ficou aquém do que esperávamos, em especial na fase paloccista, e continua afogado em contradições. Lula fez uma aliança estratégica com os bancos? Fez. Eu mesmo apontei isso na Carta Maior. Mas criou o Pró-Uni, o Bolsa-Família, o programa Luz para Todos e o programa Quilombola; o programa de Agricultura Familiar, aumentou substancialmente o salário mínimo, dialoga com os movimentos populares; vestiu o boné do MST, o dos petroleiros e o das margaridas. Contribuiu para a o enterro da ALCA e promove a integração latino-americana. Criou o Banco do Sul e a TV Pública.
Não é pouca coisa. Não sei se tudo isso "mudará o Brasil". Sei que não quero entrar na história como um dos linchadores de Lula e de um governo que eu ajudei a eleger. Como disse Maria da Conceição Tavares, parodiando a confusão que se estabeleceu no Chile no governo Allende: "É um governo de merda mas é o nosso governo de merda."
Minha segunda divergência diz respeito à dimensão política da luta pela defesa do meio ambiente. Uma coisa é levar essa luta debaixo do tacão de um regime militar, outra coisa é no interior de um governo democrático, sensível às demandas populares e sobre o qual temos enorme influência, em especial nos aparelhos de Estado que cuidam do meio ambiente e dos programas sociais.
Divirjo também da doutrina de muitos movimentos ambientalistas. Quando fui procurado pelo Greenpeace, para participar de sua fundação no Brasil, lá pelos anos 80, instintivamente recusei.
Digo instintivamente porque somente há poucos meses topei com a teoria da minha recusa. Num pequeno artigo no Jornal do Brasil, Emir Sader dizia ser impossível tratar temas como a economia, sem considerar conceitos básicos da economia política, entre os quais o conceito de "imperialismo."
É isso. Uma coisa é uma agenda ambientalista endógena, concebida por nós, que considere nosso estágio de desenvolvimento, nossas necessidades básicas e nossa correlação interna de forças. Outra coisa é aceitar acriticamente a agenda que vem de fora. Ou não perceber que também na luta ambientalista, incidem o fator de classe e o fator imperialismo. O Norte com renda per capita de 30 mil dólares pode propugnar até mesmo crescimento zero ou de emissão zero de CO2. O Sul com renda per capita de três mil dólares tem que se orientar necessariamente pelo conceito do desenvolvimento sustentado, aquele que preserva o meio ambiente e os recursos naturais, mas garantindo as necessidades básicas da população presente.
Uma parte do movimento ambientalista brasileiro não se orienta pelo conceito do desenvolvimento sustentado e sim por um paradigma criado por sociedades já bem abastecidas em tudo, e que preferem atribuir ao nosso território o papel de uma gigantesca reserva florestal, indígena e de biodiversidade do planeta Terra. Não estão nem aí para as necessidades básicas da população brasileira.
Para atender essas necessidades e nos tornarmos uma sociedade minimamente civilizada, precisamos construir cinco milhões de moradias, e levar a elas água, eletricidade e esgoto.
Precisamos criar pelo menos trinta milhões de empregos. Erguer dezenas de escolas, hospitais e postos do Ibama e da Polícia Federal. Implantar vastas redes de transporte de massa, metrôs, hidrovias e ferrovias, tudo isso obedecendo padrões avançados de controle ambiental.
Os números são todos grandes. Mas temos recursos para isso. Nunca se ganhou tanto dinheiro no país com as exportações. É preciso lutar por políticas públicas que aloquem esses recursos em benefício da população, Mas os ambientalistas foram tomados pela cultura do não. Nada pode ser feito e, se for grande, é ainda mais condenável. Temos uma frente nacional "contra" os transgênicos, outra contra o projeto do São Francisco, e logo logo teremos, se é que já não temos, a frente nacional contra as barragens, contra o uso de células tronco e contra as estradas de integração continental. É o autismo frente às carências do povão, o fundamentalismo na luta pelo meio ambiente, e o ludismo na reação contra os avanços da biotecnologia.
Deveríamos ter, isso sim, uma frente nacional pelo zoneamento agrícola, outra pelo imposto sobre a exportação de commodities, e mais outra pela atualização dos índices de produtividade agrícola (sem o que é impossível a desapropriação para fins de reforma agrária). Uma frente nacional pela ocupação ordenada da Amazônia, outra pela integração continental. Tínhamos que pressionar pela recuperação das pequenas hidrelétricas, desativadas pelo regime militar e lutar ao mesmo tempo pela construção das de maior porte, por gerarem energia limpa, renovável e barata, a um baixo custo social.
Na oposição ao projeto da adutora do São Francisco, os traços de fundamentalismo se adensaram perigosamente, quando a Igreja se meteu na história. Leiam de novo a mensagem de apoio de Leonardo Boff a Dom Luiz, enviada por um dos leitores indignados com meu artigo. O mesmo Leonardo Boff que observou dias atrás ser incorreto discutir a existência de Deus à luz da ciência, porque a fé é uma questão de imaginação e espiritualidade, agora convoca a fé para combater um projeto terreno de captação de águas de um rio. "Acompanho com respeito e sustento com todo o coração sua decisão de doar a vida para que haja mais vida para os pobres e para o rio São Francisco... Sua opção não é a de um suicida mas de um homem livre, capaz de amar até o fim, amparado no Deus de Jesus ..." E vai por aí a fora, citando passagens da escritura e invocando repetidamente o nome de Deus.
Lembrei-me do segundo mandamento: "Não invocarás o nome de Deus em vão". E também do oitavo: "Não levantarás falso testemunho." Isso porque são falsos os argumentos de Dom Luiz, da CPT e da CNBB contra o projeto. Há restrições e críticas sérias ao projeto, mas as dos bispos são inconsistentes, resvalando para o demagógico.
O bispo começa pelo argumento de que Lula não tinha mandato para tocar esse projeto porque evitou discuti-lo durante a campanha eleitoral. Disso conclui que Lula governa autoritariamente, que Lula e não ele é o inimigo da democracia. "Vivêssemos numa democracia republicana, real e substantiva, não teria que fazer o que estou fazendo," escreve Dom Luís. Outro bispo, Dom Tomás Balduíno, em artigo no Estadão, vai além: diz que "quem dividiu o país, e até a Igreja, foi Lula e não Dom Luís Cappio."
Vamos perdoar a menção a uma "democracia republicana" por parte de uma Igreja que se opõe ao divórcio e ao uso da casmisinha. Digamos que foi um erro de digitação. Esses bispos se esquecem que depois de Lula ser eleito, a história seguiu seu curso e ele também foi re-eleito, numa segunda campanha em que a prioridade dada ao projeto já era notória. E mais: o presidente recebeu votação esmagadora na re-eleição exatamente nos Estados do Nordeste, onde vai se dar essa importante intervenção.
Lembro ainda que, por ordem do presidente, o ministro Ciro Gomes agendou uma rodada de discussões com Dom Luiz, como parte do acordo para acabar com sua primeira greve de fome. Mas Dom Luís não compareceu. Foi ele que não quis discutir.
O bispo escreve e repete que 70% da água transposta vai para uso industrial, 26% para uso agrícola e 4% para a população difusa. Isso provaria que o projeto foi feito para servir grandes empreendimentos agro-pecuários e industriais. Mas a verdade é que as águas vão perenizar os mesmos rios e abastecer exatamente os mesmos sistemas municipais, açudes e sabespes, atualmente em operação, e que já sofrem crises periódicas de abastecimento mesmo na ausência de secas.
Não encontrei no Relatório de Impacto Ambiental, (RIMA) os números do bispo, por mais que procurasse. Encontrei sim este trecho: "A demanda urbana das áreas que serão beneficiadas pelo empreendimento foi avaliada em aproximadamente 38 metros cúbicos por segundo no ano de 2025. Desse total, cerca de 24 metros cúbicos por segundo correspondem ao consumo humano e 14 metros cúbicos à demanda industrial". Portanto, pelo menos em relação à proporção demanda humana-demanda industrial, o bispo está errado. Diz ainda o RIMA: "o projeto foi planejado procurando atender o maior número de pessoas possível."
Confira em www.mi.gov.br/saofrancisco/integracao.rima.asp.
A adutora não foi feita para abastecer nenhum projeto especifico de agro-business ou industrial; ela reforça as adutoras e açudes já existentes, dando ao Nordeste uma perspectiva de longo prazo de desenvolvimento econômico, urbano, agrícola. O bispo não menciona quais seriam esses projetos gigantes. Procurei exaustivamente e acabei encontrando a origem da desinformação: um documento da Comissão Pastoral da Terra, hoje a principal produtora de falácias contra o projeto ao ponto de desbancar a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) que não admitia perder uma gota do rio que aciona seus geradores em Paulo Afonso.
A CPT alega que a adutora "vai servir para a siderúrgica do Pecém, vai servir para a agroindústria do Apodi." Ora, a siderurgia do Pecém fica próxima ao litoral, no Ceará, distante centenas de quilômetros do ramo Norte do projeto, que mal entra no Ceará, desviando-se em direção à Paraíba e Rio Grande do Norte, depois de reforçar o Riacho dos Porcos. Desse riacho até Pecém são centenas de quilômetros de rios que até mudam de nome e passam por açudes diversos. Não tem nada a ver com a siderúrgica, que já tem abastecimento local assegurado de 2 metros cúbicos por segundo, para um consumo de apenas 1,73 metros cúbicos por segundo.
Esses dados foram admitidos pela Agência Brasil, do MST (www.brasildefato.com.br). Como contradizem o argumento da CPT, a agência alega que no futuro, quando outras indústrias forem atraídas pela siderúrgica, "caso o complexo prospere, a demanda de água superará a oferta atual".
Notem o ato falho na utilização da palavra "prospere". Eles não querem que nada prospere. Também omitem que a siderúrgica vai produzir placas grossas, para exportação, e não as placas finas que atrairiam empresas metalúrgicas de processamento.
Mais falacioso ainda é chamar a agricultura de Apodi de agro-business, ao modo de um palavrão que desclassifica tudo. Apodi é uma história de sucesso e exuberância agrícola e grande diversidade de produção e formas de propriedade. Ali cresce, graças à Embrapa, a mais produtiva variedade de acerola. Ali o governo federal está implantando um projeto específico de financiamento da agricultura familiar. Ali existem seis assentamentos agrícolas e três cooperativas de produtores. Ali o governo instalou também um projeto de três mini-fábricas familiares para o processamento da castanha do caju, e um outro que vai beneficiar 400 pequenos produtores de mel. Um único projeto de irrigação em andamento no Apodi, com água pressurizada, vai atender mais de 200 agricultores.
Todas essas falácias e mais algumas foram inventadas pela CPT depois que se desmoralizou o argumento principal anterior de que a adutora ia secar o Rio São Francisco. Ocorre que em julho de 2004, depois de intensos debates técnicos, o governo inverteu a lógica do antigo projeto pelo qual as águas do São Francisco seriam transpostas para os sistemas do semi-árido sempre que seus açudes estivessem baixos, sem levar em conta o nível da represa de Sobradinho. Ficou decidido que será retirada uma quantidade mínima para garantir o consumo humano, e só quando Sobradinho tiver excesso de água, a captação será maior. Na sua nova formulação são retirados 26,4 metros cúbicos por segundo, cerca de 1% da vazão no local da captação, e somente quando Sobradinho estiver vertendo, ou seja, botando fora excesso de água, a captação pode aumentar, mesmo assim até o limite de 87,9 metros cúbicos. O RIMA estima que na média anual, a perda do rio vai ficar em 65 metros cúbicos por segundo.
Mas no sertão beneficiado o ganho é muito maior porque ao eliminar a insegurança a adutora diminui a necessidades de armazenamento dos açudes existentes, reduzindo as perdas por evaporação de seus espelhos de água em 22,5 metros cúbicos por segundo. É um efeito de "sinergismo, que segundo o RIMA, nunca existiu antes em projetos de adutoras. Por tudo isso, a nota técnica 492 da Agência Nacional de Águas (ANA) de setembro de 2004 avalizou o projeto.(www.ana.gov.br). Um ano depois a ANA concedeu ao Ministério da Integração a outorga definitiva para o uso dessas quantidades, através das resoluções 411 e 412. Está tudo na internet. Aliás, o portal do Ministério do Meio Ambiente, que abriga a maioria dessas informações, é muito abrangente.
Sem o argumento de que o rio vai secar, os padres passaram a argumentar que há um outro projeto, o Atlas do Nordeste, elaborado pela ANA, mais barato, custando apenas R$ 3,6 bilhões, metade do custo do São Francisco, e beneficiando três vezes mais gente, 44 milhões. É tudo falso, no atacado e no varejo. Ou um "equívoco", como diz educadamente o presidente da ANA, José Machado: "Em primeiro lugar o Atlas não pode ser considerado um programa ou projeto. É na verdade, um portfolio de eficientes soluções técnicas para serem eventualmente financiadas. Não visou equacionar o problema da segurança hídrica do Nordeste, uma vez que não se tratou do atendimento de usos múltiplos da água, como a produção de alimentos e irrigação. Também não foi considerado o abastecimento das sedes municipais com menos de cinco mil habitantes, dos distritos, vilas e núcleos rurais. Por outro lado, o projeto de Integração do São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) é um projeto de desenvolvimento regional com perspectiva de conseguir benefícios que se estendam para além de 2025. O Atlas e o PISF são, pois, iniciativas distintas, em sua gênese, seus objetivos e em sua área de abrangência. Não são conflitantes".
Apenas um quinto dessas soluções técnicas já tinha projetos, mesmo assim abandonados. O Atlas é um mapeamento do que prefeitos deveriam ter feito e não fizeram. Mostra que é assustador o número de municípios com mais de cinco mil habitantes em situação critica de abastecimento de água: 90% deles em Alagoas, 81% no Ceará, 65% no Rio Grande do Norte e assim por diante. O motivo é simples: é o controle da maioria dessas prefeituras por grupos locais de interesse, fazendeiros e forças conservadores ou prefeitos corruptos. Além disso, abarca apenas metade dos 2116 municípios dos dez estados analisados, os que tem mais de cinco mil habitantes. Portanto é o oposto do argumento dos bispos, de que suas soluções atendem os pequenos enquanto a transposição atende os grandes. É falso também que beneficiariam 44 milhões de habitantes. Essa é população total da região e não a população específica dos municípios mapeados.
Outro argumento falacioso é o de que o governo preferiu o grande para favorecer as empreiteiras e por isso abandonou o projeto das cisternas. Trata-se da falácia da falsa premissa. Não é verdade que o governo preteriu o projeto das cisternas. O governo apoiou com entusiasmo desde o início a proposta da Articulação do Semi Árido, que reúne 700 ONGs, incluindo-a no seu programa de Combate à Fome. Foi criada uma entidade especial para gerir o programa, que recebe recursos do governo e de empresas privadas. Lula inaugurou a primeira cisterna, justamente para dar força ao projeto. Trata-se de um projeto sofisticado, em que os moradores mesmo constroem as cisternas recebendo treinamento e suporte de uma rede de ONGs. Quando as ONGs, para as quais foram repassados os recursos se revelaram vagarosas demais, o governo entrou de sola para acelerar o programa e no último mês de julho o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome lançou o edital 13/07, oferecendo mais R$10 milhões a entidades que queiram entrar no programa. A meta de construir um milhão de cisternas está de pé. Já foram construídas 220 mil.
Cada cisterna consegue armazenar pelo menos 10.500 litros de água, o suficiente para necessidades básicas de uma família de cinco pessoas. Mas não o bastante para uso agrícola, mesmo no caso da agricultura de subsistência. As cisternas são a solução para água de beber, de banho, de cozinhar e lavar em residências isoladas, esparsas, na área rural, onde os sistemas municipais de abastecimento não chegam. Não podem ser construídas nas cidades. Um projeto complementa de forma ideal o outro.
Nos últimos documentos da CNBB, em textos de Frei Betto, de Leonardo Boff e outros, surgiu um novo argumento, o de que o projeto "não vai levar água aos índios e quilombolas". Tanto quilombos quanto aldeamentos indígenas por definição se situam em regiões isoladas mas com boa oferta de água. Foram os locais onde se fixaram, fugindo dos bandeirantes assassinos e capitães de mato. A esses locais o Luz para Todos está levando eletricidade, que não havia. Mas água já tem.
Os padres também alegam que o projeto é pleno de ilegalidades. É bem o contrário. Seus opositores é que vem se valendo de truques legalísticos, para obstar projetos que passaram por todos os crivos técnicos das agencias reguladores e todos as votações de comitês de bacias.
Entram na justiça com pedidos de liminares, sabendo que justiça vai demorar anos para entrar no mérito. Sempre que o mérito é julgado, o projeto é aprovado. Além disso, ambientalistas tem impedido o fechamento de atas de audiências públicas à força. Várias das audiências do São Francisco foram interrompidas à força. Eu pergunto: de que lado está o autoritarismo?
Termino perguntando: Será que por trás dessa campanha contra a adutora do São Francisco não está o ressentimento pela perda do rebanho dos pobres, que hoje têm um cartão Bolsa-Família? Ou dos pobres que se libertariam da opressão da falta de água no Nordeste? Ou será que estamos testemunhando o enquadramento da Igreja de Libertação na encíclica Spe Salvi, lançada pelo papa e ex-corregedor da fé, Ratzinger, o mesmo que pediu a expulsão de Leonardo Boff da Igreja?
Essa encíclica reafirma a renúncia à libertação terrena em nome de uma salvação na dor e na morte. Além de lembrar vivamente a tragédia de Dom Luís, é imobilista e reacionária. Deixa o campo da história para as forças conservadoras deitarem e rolarem, impedindo a Igreja de Libertação de disputá-lo com um projeto secular de transformação social.
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