Recebi hoje, pelo grupo do MSM, entre outros bons textos, dois que me chamaram atenção por serem exemplos opostos de ética jornalística.
O primeiro é o texto da postagem anterior, "Para compreender a força de Lula", em que o professor Ladislau Dowbor traça um panorama da questão da desigualdade social e das políticas públicas praticadas pelo governo Lula, baseando-se em números oficiais, com fontes não só citadas como linkadas, ou seja: acessíveis a qualquer leitor. Mais do que despejar números, Dowbor cruza dados e os contextualiza, o que confere credibilidade e coerência ao texto.
O segundo é um post do blog Logística e Transporte, em que o autor, o engenheiro José Augusto Valente, põe abaixo, com dados, fontes e links, qualquer credibilidade ou coerência que poderia ter um artigo publicado no Estadão de hoje. Com o título Sem ferrovias, rodovias, hidrovias e portos, o festival de irresponsabilidades pinta um quadro tétrico para o futuro do Brasil, baseando-se em "fatos" do presente tais como "as estradas estão em petição de miséria", "as ferrovias praticamente não existem" e "os portos continuam reféns das Docas politizadas". Tais afirmações, ao contrário dos argumentos de Valente, não vêm acompanhadas de nem uma única pistazinha que ajude o leitor a descobrir de onde elas saíram, o que me faz deduzir que a origem das mesmas é tão somente (para não dizer outra coisa...) o sovaco da jornalista. Convido todos a lerem os dois - o artigo no Estadão e a análise do engenheiro - e tirarem suas próprias conclusões.
E ouso fazer um pedido: mesmo não encontrando de imediato uma fonte tão precisa quanto as do blog do engenheiro, mantenha sempre um pé atrás com a grande mídia. Pergunte-se sempre de onde veio aquela informação, quem disse, quando, em que contexto, é comprovável? Se o artigo contiver palavras e expressões do tipo "supostamente", "hipótese", "não-confirmado" ou "documentos guardados a sete chaves", desconfie em dobro. Não serei leviana de dizer que a mídia mente sempre, mas que é bom checar antes de comprar gato por lebre, ah, disso eu não tenho a menor dúvida!
quarta-feira, novembro 21, 2007
Só para comparar...
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