FHC ressuscitou.
Está em todas.
Nunca um ex-presidente foi tão citado pela mídia.
A mídia golpista adora o FHC.
Teriam sido as "negociatas" da privataria?
A base de Alcântara, que FHC queria "entregar" aos americanos?
Ou teria sido o ministro da Justiça de FHC, um certo Renan Calheiros?
FHC palpita sobre tudo, mas nenhum repórter tem coragem de perguntar a ele quem é que pagou as contas do filho do senador com a jornalista da Globo.
Se não foi o próprio FHC, quem foi?
E o que recebeu em troca?
Eu juro para vocês: se eu encontrar o FHC na rua ou em algum evento público eu vou fazer essa pergunta.
Não devemos admitir a hipocrisia: se o Lula teve de responder e o Renan Calheiros também, devemos poupar FHC?
Devemos poupar as crianças, que não têm nada com isso.
Digo, antes de prosseguir, que o fato de que Lula desperdiça sua taxa de aprovação apoiando Renan Calheiros é nojento.
Nada justifica isso, nem a tal "governabilidade".
Renan, ACM, Sarney, Roriz - essa gente deveria ser enterrada.
É o atraso do atraso do atraso do atraso.
Pior que a elite brasileira, que é apenas o atraso do atraso do atraso.
O problema do Lula é que ele tem medo.
O sonho de Lula é ser o FHC.
E o sonho do FHC é ser tão popular quanto o Lula.
À revista Economist, que o considera presidente-em-exercício, FHC papagaiou um bordão que deve ter sido produzido no mesmo laboratório de onde saiu o Pan do Brasil.
Alguma coisa do gênero: chega de fazer comparações com o passado, devemos fazer comparações com os nossos competidores.
É óbvio que FHC não quer mais comparações com o passado.
O governo Lula dá de dez a zero em todos os sentidos, inclusive no número de CPIs instaladas e em atividade, no combate à corrupção, na defesa dos interesses nacionais, na economia, na distribuição de renda e por aí afora.
FHC comprou a sua reeleição e a mídia abafou o escândalo.
O problema do sociólogo é que a comparação do Brasil com os competidores é favorável... ao Brasil.
Se você isolar o número do PIB - que é o que fazem os puxa-sacos de FHC -, o Brasil sai perdendo.
Mas você gostaria de morar na China, país de partido único, sem democracia, com a imprensa amordaçada, problemas gravíssimos no meio ambiente, falta de terras, de água e 200 milhões de camponeses miseráveis que detonam o seu salário?
E na Índia, em pé de guerra com um vizinho, com graves problemas entre hindus e muçulmanos, terrorismo, fome, falta de água e a divisão da sociedade em castas?
E na Rússia, com um regime autocrático, em guerra com uma de suas províncias, "cercada" pelos americanos, com centenas de mísseis nucleares apontados em sua direção?
Dos BRICs o Brasil é a melhor opção para os investidores estrangeiros.
Ou é por acaso que está chovendo dinheiro no Brasil?
Que o dólar só faz despencar?
O Brasil oferece uma plataforma razoavelmente segura para investimentos, sem comoções internas, com ótimas perspectivas de crescimento, terra e água à vontade e um monte de brasileiros dentro.
É o lugar ideal para se instalar e disputar um mercado em crescimento, o da América Latina.
Sim, temos um gravíssimo problema de violência, uma guerra civil não declarada por causa de uma distribuição de renda criminosa.
Mas o governo que está no poder está enfrentando o problema, com resultados visíveis.
Em que país do mundo as vendas pela internet têm aumento de 49% em relação aos primeiros seis meses do ano anterior?
Eu não vou ficar aqui desfiando todos os números da economia.
Faça isso você mesmo e vai ver que o governo Lula, ainda que enrolado com todo tipo de trapaceiro, dá de dez a zero no de FHC.
Se o Lula ousasse um pouquinho mais e usasse a autoridade que tem com mais de 60 por cento de aprovação popular poderia passar feito um rolo compressor sobre FHC e sua turma... politicamente.
Mas o Lula é de negociar, busca sempre o consenso, o que dá a impressão de paralisia.
O Lula é melhor presidente e melhor político que FHC.
E eu imagino o quanto deva doer, num professor da Sorbonne oriundo da aristocracia paulistana, o fato de perder para um nordestino que se formou no SENAI.
(Publicado em 3 de julho de 2007)
Estou com preguiça de ajudar os tucanos.
Por isso fico no caderno Dinheiro, da Folha, de 5 de julho.
Entrada de dólares no Brasil até 17 de junho de 2007: U$ 42,9 bilhões. Em todo o ano de 2006: U$ 37,3 bilhões - e não é tudo capital especulativo, não.
Brasil deve zerar o déficit nominal em 2008.
Brasil deve criar 1,451 milhão de empregos em 2007, 18% a mais que em 2006.
Estrangeiros vendem ações no país, mas compram de novo.
Compraram, os estrangeiros, 74% do volume de novas ações emitidas por companhias brasileiras na primeira metade do ano.
Venda de motos cresce 25,83% no primeiro semestre em relação ao ano passado.
Indústria cresce 1,3% em maio.
Para Sílvio Sales, coordenador de indústria do IBGE, esse perfil de crescimento, liderado por máquinas e equipamentos (19,4% em relação a abril) é "bastante saudável", pois indica o aumento dos investimentos.
'Choque agrícola' eleva inflação em SP (acumulado de 4,88% em 12 meses)
Ainda sobre as bolsas da valores, Carlos Miranda, sócio da Ernst & Young para a área de transações, vê dados positivos no cenário do país.
Para ele, ao contrário do que acontece com os outros Brics (Rússia, Índia e China), o investidor estrangeiro que aplica nas Bolsas brasileiras prioriza investimentos de longo prazo, apostando menos em ganhos rápidos.
Tudo isso chupei de apenas um caderno da Folha.
(Publicado em 5 de julho de 2007)
Reproduzido do site Vi o mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha.
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