quarta-feira, fevereiro 06, 2008

O nome do jogo

(por Eduardo Guimarães, em 04/02)

Como os mais atentos poderão notar, as postagens neste blog estão assumindo uma dinâmica própria, na qual um assunto sucede e interconecta-se com o anterior. Isso se deve ao fato de que hoje quem decide o que será tratado aqui não sou eu ou vocês; estamos sendo pautados pela mídia tanto quanto o governo, e isso acontece porque, apesar de muitos de nós continuarem se contentando com as pesquisas que mostram invulnerabilidade do presidente da República diante da difamação midiática, a mídia vem obtendo sucessivas vitórias.

Que vitórias? Só para ficarmos nas mais recentes, são as seguintes:

1ª - a mídia conseguiu, numa tacada só, tirar recursos preciosos da Saúde e dos programas sociais e dificultar o combate à sonegação ao mobilizar a classe média contra a CPMF, que foi o que levou até senadores governistas a votarem contra o dito "imposto do cheque";

2ª - a mídia conseguiu fazer com que milhões de pessoas demonstrassem que não confiavam no governo ao fazê-las vacinarem-se desnecessariamente contra a febre amarela, apesar dos pedidos governamentais para que não o fizessem, e, com isso, criou uma catástrofe no sistema de Saúde público, via mortes e dezenas de internações de pessoas portadoras de incompatibilidade com a vacina;

3ª - a mídia conseguiu derrubar uma ministra de Estado por uma questão que deveria provocar apenas uma repreensão e uma cobrança de despesas irregulares, e conseguiu, de quebra, esconder que a ministra foi flagrada e cobrada pelo governo e não pela mídia e pela oposição, como estão dizendo;

4ª - a mídia está criando um novo escândalo, agora com base em meras suposições e não em fatos como os gastos da ministra (falarei disso mais adiante).

Entendo que houve uma mudança de tática. O bombardeio permanente - e em várias frentes - pretende desorientar o governo. Em vez de longas campanhas difamatórias como a do mensalão, adotou-se a tática de guerrilha, que consiste em bombardear o governo em várias frentes e praticamente extinguir qualquer espaço para o contraditório na imprensa escrita, que é onde ele tem um pouco mais de fôlego. Nesse caso dos cartões corporativos, os jornais continuam bloqueando qualquer opinião que não se coadune com a "certa". Foi o que fizeram no caso da febre amarela, quando impediram qualquer acusação à mídia por disseminar pânico e ainda acusaram o governo de ser o responsável pelas mortes por uma vacinação imotivada desencadeada por essa mesma mídia.

Hoje, a Folha de São Paulo sai com uma reportagem maliciosa que apresenta gastos da segurança da filha de Lula como se fossem absurdos e sem que o governo fosse ao menos ouvido sobre o assunto. Ora, a simples análise dos gastos diretos de outras esferas de governo mostra que estão tentando transformar em escândalo o que é prática comum na administração pública. Em nenhum país do mundo se questionaria gastos de 50 mil reais EM NOVE MESES com a segurança da filha do primeiro mandatário da nação.

A mesma reportagem ainda mente deliberadamente ao dizer que "O ministro Orlando Silva (Esportes) também anunciou que devolverá cerca de R$30 mil por gastos indevidos em seu cartão". Na verdade, a mentira está na omissão da informação de que o ministro devolverá o total que gastou no cartão em protesto contra a celeuma por ter gastado R$8,30 numa tapioca, e de que depois que seus gastos com o cartão corporativo forem auditados pedirá que a soma lhe seja reembolsada.

Acredito, diante de tudo isso, que está chegando um momento em que só restará ao governo e à sociedade reagirem contra a mídia e a oposição. Lamentavelmente, se Lula não optar pelo enfrentamento da mídia, se não exortar movimentos sociais, sindicatos e cidadãos comuns como nós a irem às ruas em prol do fim da sabotagem do país, essa sabotagem prosseguirá cada vez mais ousada, cada vez mais prejudicial, eventualmente gerando mais mortes, certamente impedindo que milhões deixem a miséria, fatalmente prejudicando o crescimento econômico.

Lula e seus aliados precisam saber o nome do jogo em que a mídia e a oposição meteram o país. Não se trata mais de processo democrático há muito tempo. Não se trata, muito menos, de fiscalização do Estado pela sociedade. Até porque, só uma parte desse Estado é fiscalizada pela mídia, ou seja, a parte controlada pela esquerda do espectro político. Enquanto isso, dezenas e dezenas de denúncias contra o pretenso "presidente eleito" José Serra são escondidas dos paulistas e do resto do país que ele pretende governar a partir de 2010.

O nome do jogo, meus amigos, é guerra. E se Lula não entender isso, mesmo que deixe o poder coberto de glórias, irá nos legar um país comandado pelos mafiosos do PSDB, do PFL e da mídia, que tratarão de doar aos seus comparsas endinheirados o que não conseguiram doar do patrimônio público quando estavam no poder. Além disso, interromperão a distribuição de renda, o acesso dos pobres ao ensino superior, realinharão o país comercial e politicamente a Washington, em suma, saquearão o Estado brasileiro como fizeram entre 1994 e 2002.

Lula precisa tomar coragem e não pensar só em si mesmo. Ele tem que reagir, não por si mesmo ou por seu governo, mas pelas milhões de vítimas da iniqüidade social brasileira, mais uma vez ameaçadas por seus algozes seculares.

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